El Brexit. La relación del Reino Unido con la Unión Europea | Alicia Gutiérrez González

El Reino Unido de la Gran Bretaña e Irlanda del Norte fue miembro de la Unión Europea (en adelante UE) desde el 1 de enero de 1973 hasta el 31 de enero de 2020. Debido a su posición –aislamiento geográfico– dentro de la plataforma continental europea, los países del Reino Unido, también llamados “naciones constitutivas” (Gales, Inglaterra, Irlanda del Norte y Escocia) han tenido un desempeño un tanto distinto del resto de Europa. Debido a lo anterior, no resulta sorpresivo que, después de 47 años de ser parte de esta comunidad política, haya decidido abandonarla. Esto fue así debido a que, desde su incorporación, gozó de un estatus jurídico particular, para obtener una “Europa a la Carta”, lo que le permitió disfrutar del privilegio llamado “cheque británico”, con el que, pese a las aportaciones económicas que estaba obligada a dar a la Unión Europea, el Reino Unido podía obtener la devolución de dos terceras partes de la diferencia “entre lo que percibe del presupuesto y lo que aporta al mismo título de recursos de Impuesto al Valor Agregado (IVA) y Renta Nacional Bruta (RNV)” (p. 40). Un estatus jurídico particular que la hacia un caso único. Leia Mais

The European Union in Africa: Incoherent policies/ asymmetrical partnership/declining relevance? | Murizio Carbone

African and European affairs are intimately and historically entwined. The twentieth first century, however, has been characterized by the ascension of a relatively new player: the European Union (EU). It was not until the 1990s, with the advent of a Common Foreign and Security Policy (CFSP) and the Common Security and Defence Policy (CSDP), which were added together with more traditional external policies, such as trade and development, that the EU acquired a “proper” foreign policy dimension.

With these characteristics in mind, “The European Union in Africa”, originally released in 2013 and re-released in paperback in 2016, is a collection of papers written by different experts on the field of European studies. It is edited by Maurizio Carbone1 and endeavours to evaluate the EU’s foreign policy in Africa in the twenty-first century. The volume aims to challenge traditional views enclosed in the subtitle: “incoherent policies, asymmetrical partnership, declining relevance?”. Leia Mais

The European Union since 1945 | Alsdair Blair

Chefe do Departamento de Política e Políticas Públicas e Professor do curso de Relações Internacionais Jean Monnet da Universidade DeMontfort, em Leicester, Inglaterra, Alasdair Blair dedicou parte de sua carreira a pesquisar os fenômenos que levaram à formação da União Europeia e o resultado pode ser visto nesse livro lançado em 2005 e revisto em 2010.

Organizada em quatro partes, a obra relata os eventos principais do processo de unificação em ordem cronológica com uma primeira parte dedicada à contextualização histórica que levou ao inicio do processo. Na segunda parte, o autor analisa os cinco períodos do processo com cortes em 1945 a 1957 quando da formação do primeiro grupo de países; 1958 a 1970 quando se decide pela primeira abertura à entrada de novos membros e constituição da Comunidade Econômica Europeia; 1971 a 1984 com o destaque para a atuação da Grã-Bretanha dentro do bloco; 1985 a 1993 onde se dá o processo de unificação monetária de parte dos países do grupo; e terminando com o período de 1994 a 2010, onde se destaca o processo de enfrentamento da crise e a entrada de novos países membros. Leia Mais

Parcerias Almejadas: Política Externa/ segurança/ defesa e história na Europa | Estevão C. de Rezende Martins

Parte da série Parcerias Estratégicas do Brasil, publicada pela editora Fino Traço, Parcerias Almejadas: Política Externa, Segurança, Defesa e História na Europa, de Estevão Chaves de Rezende Martins, professor do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB), apresenta uma versão atualizada das políticas externa, de segurança e de defesa gestadas sob a égide da União Europeia (UE), sem silenciar o peso das dinâmicas históricas do continente no desenvolvimento da integração europeia.

O livro divide-se em duas partes. Em um primeiro momento, uma análise do ponto de vista das Relações Internacionais, com ênfase nos temas de integração regional, em que se discute de modo profundo o desenvolvimento da integração europeia, iniciado na década de 1950, nos campos da política externa, segurança e defesa. Na segunda parte, a influência do historiador Estevão Martins fala mais alto por meio da construção de um panorama histórico do continente europeu, desde 1840 (período de intensas transformações econômicas, políticas e sociais na Europa) até a atualidade, perspectiva sem a qual não é possível compreender as reais motivações e limitações da construção da Europa, que deixa de ser uma ficção política, emanada por pensadores como Saint-Simon, Kant e Mazzini, para se tornar uma realidade parcialmente cumprida. Diferentemente do que é atualmente concebido, primeiro apresenta-se o desenvolvimento da Política Externa e de Defesa europeia e depois é ilustrado o quadro histórico que compõe e complementa o entendimento das causas estruturais dos caminhos trilhados pela integração europeia. Leia Mais

European Union and MERCOSUR – VASCONCELOS S (EH)

VASCONCELOS, Álvaro. European Union and MERCOSUR. In: TELÒ, Mario (ed.). European Union and New Regionalism: Regional Actors in a Post-Hegemonic Era. Aldershot: Ashgate, 2007, p. 165-185. Resenha de: LAZAROU, Elena. A União Europeia e a América Latina: um panorama da cooperação interregional. Estudos Históricos, v.22 n.44 Rio de Janeiro July/Dec. 2009.

Nos últimos anos, o interesse renovado da Europa em estreitar laços políticos e econômicos com a América Latina resultou na intensificação das relações interregionais (UE-MERCOSUL) e bilaterais (UE-Brasil). Infelizmente – o que talvez seja um paradoxo – não se pode dizer o mesmo em relação à produção e publicação acadêmica sobre o assunto. Apesar de não haver dúvidas de que a “outra relação transatlântica” da UE adquire hoje um novo significado, principalmente tendo em vista seus esforços em fortalecer e definir um papel como ator internacional, até agora poucos estudos acadêmicos no Ocidente mencionaram o fato ou seguiram a evolução da relação Europa-América Latina de forma descritiva, analítica e prescritiva. Por isso, ainda hoje, é bastante provável que uma busca exaustiva por referências ou fontes relacionadas ao assunto encontre poucos resultados, sobretudo em língua inglesa.1 Isso acaba por perpetuar o círculo vicioso dos limitados conhecimentos e pesquisas sobre o estado presente e futuro das relações entre as duas regiões.

Não obstante, não se pode ignorar os poucos mas esclarecedores trabalhos existentes, particularmente os que têm o olhar voltado para os laços entre as duas regiões dentro do contexto maior da nova governança global. Tais abordagens analisam de forma conjugada o papel internacional da UE e da AL e as formas emergentes de multilateralismo e/ou novo regionalismo. Nesses termos, o livro organizado por Mario Telò em 2007, European Union and New Regionalism (A União Europeia e o Novo Regionalismo), toma o regionalismo e a globalização do ponto de vista da UE, concentrando-se na comparação com outras organizações regionais e nas relações dessas últimas com a UE. O objetivo é duplo: por um lado, oferecer suporte teórico para esse novo regionalismo, tendo em mente a experiência europeia; por outro, examinar as características da UE como ator internacional, auxiliando o entendimento de suas relações com outras organizações regionais. Telò também propõe que o estudo do regionalismo e interregionalismo – e, consequentemente, da relação da UE com outras organizações regionais – não se limite a uma mera análise econômica, mas dê atenção também às suas dimensões política e cultural. Desse ponto de vista, uma abordagem institucionalista e construtivista é indispensável ao estudo da dinâmica interregional e global.

A primeira parte do livro é voltada para as abordagens teóricas citadas acima. Andrew Gamble discute o papel dos blocos regionais dentro da nova ordem mundial e os insights que o “novo medievalismo” pode oferecer para o entendimento da governança global. Pier Calro Padoan aborda a economia política do novo regionalismo no contexto do surgimento de novas potências econômicas. Argumenta que o papel das instituições globais internacionais continua sendo crucial nesse novo contexto, já que elas aparecem como uma espécie de fórum onde os atores regionais conseguem acordos. O capítulo de Thomas Meyer agrega o fator cultural e os conceitos de cidadania global à discussão sobre as novas formas de regionalismo e governança global, enquanto o de Richard Higgot faz uma reflexão sobre os limites da cooperação regional e o lugar ocupado, dentro desses limites, pelas instituições multilaterais. Por fim, Bjorn Hettne amplia o debate sobre o “novo regionalismo” – conceito amplamente utilizado para descrever as relações da UE com as outras regiões dentro de abordagens bidirecionais (group-to-group) -, projetando a própria experiência europeia de construção da região como modelo preferencial de ordem mundial, e diferenciando, dessa forma, suas relações internacionais daquelas mantidas por potências tradicionais – nomeadamente, os Estados Unidos.

Com base nessas observações, a segunda parte do volume faz uma análise comparativa da cooperação regional da África, da Ásia e da América Latina, concentrada nas respectivas relações interregionais com a UE. O capítulo sobre a América Latina, escrito por Álvaro Vasconcelos, traz um resumo das relações entre a UE e o MERCOSUL, não só retraçando sua evolução histórica, mas tocando em questões determinantes para o futuro e o presente dos laços entre as duas regiões. Entre essas questões estão o comércio, a segurança, a formação de instituições e o papel dos Estados Unidos e de suas relações com os países membros do MERCOSUL, assim como com a região como um todo. No entanto, a hipótese central do texto de Vasconcelos é de que o MERCOSUL poderia ser visto como um parceiro estratégico para a UE e sua visão de ordem global multilateral. O argumento baseia-se em quatro pontos principais:

a) Tomando como pressuposto a existência de três tipos de regionalismo – regionalismo aberto, integração profunda e cooperação subregional -, a UE e o MERCOSUL são os maiores exemplos do segundo tipo. Sem limitar-se aos acordos de livre comércio, esse segundo tipo de regionalismo é direcionado ao estabelecimento de posições comuns e instituições supranacionais, bem como à propagação de valores, como democracia política, diversidade cultural, participação dos cidadãos e soberania compartilhada.

b) Ambos, a UE e o MERCOSUL, encaram o livre comércio e a globalização de forma distinta dos Estados Unidos, já que os consideram como uma forma de desenvolvimento que não deveria colocar em risco a coesão econômica e social gerada pelos respectivos projetos de integração regional. Apesar de isso resultar num impasse quanto a um acordo de livre comércio entre a UE e o MERCOSUL, acaba por sugerir a existência de uma visão compartilhada sobre a globalização, visão esta que leva em consideração o fator regional.

c) Ambos possuem os mesmos pontos de vista em relação à ordem internacional e à governança global. Dedicam-se à construção de um sistema multilateral mais equilibrado e regulado por normas internacionais que cubram todas as áreas – incluindo comércio, segurança, direitos humanos e meio-ambiente.

d) Ambos são defensores do “soft power“, não só para atrair os países vizinhos, mas para demonstrar sua clara preferência pela diplomacia nos assuntos internacionais.

Ao refletir sobre o futuro da relação Europa-América Latina, Vasconcelos enfatiza a necessidade de a UE promover maior e mais profunda integração com o MERCOSUL. O “novo multilateralismo” da UE baseia-se no conceito de interregionalismo – isto é, de criação de diversos polos regionais interdependentes e não-antagônicos, que trabalhem juntos para atingir objetivos em comum. Consequentemente, é essencial para a UE que o MERCOSUL não se torne uma mera área de livre comércio, mas evolua para um projeto de integração supranacional, baseado no modelo da UE. Por outro lado, o MERCOSUL também pode se beneficiar da experiência europeia, como inspiração e auxílio,2 para a superação de obstáculos como a carência institucional, as divisões internas, assim como a falta de instrumentos e mecanismos de reforço à sociedade civil para assegurar uma política externa comum. Segundo Vasconcelos, uma agenda futura para a cooperação interregional deverá incluir, entre outros compromissos, a promoção de uma agenda multilateral pró-ativa com o objetivo de dar suporte à ONU; o fortalecimento da sociedade civil no gerenciamento de crises e reabilitação pós-conflitos, e a promoção do diálogo entre as regiões. Ele conclui que, se as duas partes conseguirem vencer suas crises individuais internas, juntas, a UE e o MERCOSUL poderão promover sua visão de ordem mundial multilateral com base no regionalismo e, com isso, contribuir de forma significativa para a reestruturação do sistema internacional, marcado pelo fracasso da agenda unilateral.

De acordo com a ideia original de Telò, no sentido de que as novas formas de regionalismo e de uma ordem mundial multilateral funcional podem ser mais complementares do que mutuamente excludentes, as observações de Vasconcelos sugerem que a UE e o MERCOSUL são capazes de atuar como líderes na criação de um “multilateralismo multicamadas”, que reuniria as regiões em prol de uma governança global mais efetiva. Ao elaborar essa concepção, embora também apontando os riscos e obstáculos de forma pragmática, Telò e Vasconcelos dão uma contribuição significativa ao estudo das relações da UE com a AL, área que tende a estar no centro das discussões sobre relações internacionais nos próximos anos.

Notas

1. É importante ressaltar a existência de um maior número de trabalhos em espanhol, português e francês.

2. Por exemplo, o programa (2007-2013) da estratégia regional para o MERCOSUL da UE fornece 50 milhões de euros para o fortalecimento regional, para fomentar a participação da sociedade civil e para preparar para o acordo de Associação.

Elena Lazarou – Pesquisadora associada do Centre of International Studies da Universidade de Cambridge, Cambridge, Inglaterra, e pesquisadora visitante do European Institute da London School of Economics, Londres, Inglaterra ([email protected] ).

Los Jóvenes ante el reto europeo. Conocimientos y expectativas del alumnado de Educación Secundaria – PRATS et al (ECS)

PRATS, Joaquim (Director); PEÑA, Tòfol A. Trepat José Vte.; VALLS, Rafael; URGELL, Ferran (Coordinador). Los Jóvenes ante el reto europeo. Conocimientos y expectativas del alumnado de Educación Secundaria. Barcelona: Fundación “la Caixa”, 2001. (Col. Estudios sociales, núm. 7), 284 p. Resenha de: GONZÁLEZ, Isidoro. Enseñanza de las Ciencias Sociales, v.1, p.111-113, 2002.

Este libro ha sido elaborado por un equipo de investigación dirigido por Prats, catedrático de Didáctica de las Ciencias Sociales de la Universidad de Barcelona, integrado por Trepat, que actuó como coordinador y es también profesor de la Universidad de Barcelona, por el sociólogo de la educación, Peña, de la Universidad de Oviedo, por Valls, de la Universidad de Valencia y por Urgell, sociólogo investigador del Grupo DIGHES.

Se trata de un ambicioso estudio que incorpora diversas metodologías y técnicas de investigación en didáctica de las ciencias sociales y en sociología. Es una buena prueba del alto nivel que puede alcanzarse. Está publicado en una prestigiosa colección de libros que edita la Fundación «La Caixa» y que pueden verse en internet en la dirección www.estudios.la caixa.com. La investigación ha tratado de indagar en cuatro aspectos fundamentales sobre cómo se vive la dimensión europea en las aulas de la ESO, y qué peso parece tener en estas vivencias la instrucción recibida y construida por el alumnado.

Todas las comunidades españolas han sido estudiadas, tanto en lo que se refiere al estudiantado como en lo relativo al uso de los libros de texto que, en su mayoría, están homologados por las diferentes administraciones.

La generación de alumnado elegido tiene especial interés como población para ser estudiada, ya que los estudiantes de 4.o de ESO se encuentran en su último año de educación obligatoria y no están condicionados por experiencias profesionales o por trayectorias escolares diversificadas.

Es una generación que ha estudiado siguiendo los programas escolares de la reforma educativa que estableció la LOGSE, programas que incorporan el estudio de Europa y la dimensión europea en los términos más actuales. Al tiempo, esta generación de escolares es la última que asistirá a una etapa de educación obligatoria sin la experiencia de utilizar el euro, hecho que producirá consecuencias, aún por determinar, en el imaginario y la vida de los ciudadanos europeos de la Unión.

Según los autores, los resultados de la investigación demuestran un deficiente conocimiento sobre la historia y la geografía de Europa en un grupo muy numeroso del alumnado que acaba esta etapa educativa; y más si tenemos en cuenta que la prueba de conocimientos que se realizó incluía solamente contenidos muy básicos.

Solamente algo más de la mitad de los estudiantes obtienen unos resultados aceptables. Los porcentajes concretan más esta afirmación: un 59% aprobaría frente a un 41%, que suspendería; aunque de los que aprueban, ninguno obtiene una calificación excelente. En este terreno de los conocimientos, los alumnos de los centros privados concertados superan en casi un punto de nota media a los de los centros de titularidad pública.

Pero la investigación demuestra que no es éste el factor fundamental que determina el nivel de conocimientos. El componente familiar (socioprofesional y el llamado capital cultural) es, según las conclusiones de este estudio, el factor más influyente a la hora de explicar el mayor o menor rendimiento académico del alumnado, al menos en los temas que se han estudiado. De esta manera, los estudiantes que obtienen una calificación más destacada son los que pertenecen a familias de clase alta o clase media alta con padres que poseen estudios superiores o secundarios. Dentro de esta tendencia, pesa mucho más lo que se denomina capital cultural que la pertenencia a un determinado grupo socioprofesional.

En conocimientos sobre Europa, los chicos alcanzan casi medio punto de nota media más que las chicas. En el presente estudio, esta diferencia se aprecia no sólo en los conocimientos, sino también en el mayor grado de interés que muestran los chicos sobre otros aspectos más concretos, como son la política europea, la valoración del proceso que está siguiendo la Unión, o sobre las cuestiones ligadas a las posibilidades políticas, económicas o de otro tipo que supone la pertenencia a la Unión Europea. Se alcanzan mejores resultados en los temas de geografía que en los de historia.

Los autores del estudio se preguntan: ¿Son europeístas nuestros jóvenes de 16 y 17 años? La respuesta a la que llegan es que los jóvenes españoles, al término de los estudios obligatorios (ESO), se sienten mayoritariamente europeos (así se manifiestan tres de cada cuatro, mientras que sólo uno no se siente europeo). Pero la excelente matización que tiene cada una de las afirmaciones de esta investigación nos aclara que esta afirmación general contiene muchos matices. Las razones que esgrimen los jóvenes a favor de su pertenencia a Europa son de carácter fundamentalmente geográfico y hay pocas menciones a otro tipo de argumentos ligados a factores culturales, políticos o históricos.

Cuando afirman que se sienten europeos se refieren a una impresión muy general, en muchos aspectos imprecisa y bastante ambigua en su definición.

Como señala el libro, el sentirse europeo no implica necesariamente que los jóvenes reconozcan en esta filiación su identidad principal. Solamente lo han hecho así un 5%. Como era de esperar el sentimiento más fuerte de identidad se produce con España compatibilizándolo con el de su pueblo o ciudad, el de su comunidad autónoma o con otros ámbitos más próximos y cercanos. Así, de cada diez, seis jóvenes se declararían españoles, uno de su pueblo o ciudad, uno de su comunidad y uno no contestaría; del resto, la mitad (5’3%) se declararía de la Unión Europea.

El que no se declaren de la Unión no descarta que se sientan de ella, pero se trata de una identidad bastante tenue y lejana.

Aunque debe señalarse que los jóvenes españoles esperan más cambios e influencia en sus vidas, de la pertenencia a la Unión, que la mayoría de los otros jóvenes europeos.

A pesar de la importancia que en la concepción de Europa tiene la Unión Europea, lo cierto es que la información que manejan sobre ésta es muy escasa. El trabajo nos ofrece multitud de ejemplos: un alto porcentaje de escolares no sabe distinguir los estados que forman la Unión y confunden los países miembros con los que no lo son. Igualmente hay países europeos que, sin formar parte de la Unión, son considerados también como miembros de ella, como es el caso de Suiza, Eslovaquia, Rumania e incluso Rusia.

Para los autores tiene un especial interés el saber cómo se relacionan los conocimientos con expectativas, sentimientos y actitudes ante Europa y el proceso de que está llevando la Unión Europea. Los resultados de la investigación nos indican que, pese al desconocimiento medio que se aprecia en los temas relacionados con Europa y, más en concreto, con la Unión Europea, los jóvenes adolescentes españoles creen que la pertenencia de España a esta organización es positiva. Casi nadie cree que el ingreso de España en la UE haya sido negativo. Además, la mayoría aprueba el proceso de unión y piensa que este paso será positivo. Casi la totalidad de los encuestados no desearía que se detuviese o se cancelase el proceso de unión y la mayoría lamentaría que desapareciese la Unión Europea.

Para los jóvenes adolescentes, Italia y Francia son los países que más atraen, y los italianos son los europeos que se ven con más simpatía y los que reciben una mejor valoración. Después de los citados, Gran Bretaña, Alemania o Portugal serían países apetecibles para ir a vivir, independientemente de que sus ciudadanos no susciten, en un porcentaje elevado, demasiadas simpatías, especialmente los alemanes y británicos, que son vistos con recelo e incluso con una relativa hostilidad. El resto de países europeos y sus ciudadanos reciben valoraciones más variadas. Así, por ejemplo, los holandeses son valorados muy bien y los rusos muy mal, aunque también es cierto que, a más lejanía, el grado de indefinición es mucho más alto.

En el estudio dirigido por Prats se introduce una valoración de contraste que lleva a descubrirnos que los jóvenes españoles muestran una gran aceptación e identificación por los estadounidenses, a pesar de que sus sentimientos hacia ellos son contradictorios. En conjunto, los jóvenes españoles les otorgan una valoración más alta que a muchos de sus conciudadanos europeos (alemanes, franceses, portugueses y holandeses). Esta actitud contrasta con la poca aceptación que les suscitan los marroquíes. Para los estudiantes, los estadounidenses son ricos y poderosos; seguramente estas características los hacen más atractivos. Otros, los marroquíes, son percibidos como pobres, tienen una lengua, cultura y religión muy distintas y ello, probablemente, los hace menos deseables; incluso se han percibido algunos rasgos que recuerdan posturas hostiles a estos ciudadanos con indicios de una incipiente xenofobia. Y, finalmente, es digno de mención que ven con mucha más normalidad la llegada de europeos de la Unión a ocupar puestos de trabajo que la de otros extranjeros no comunitarios; incluso aceptan que un comunitario ocupe un puesto de trabajo en España si está más preparado que el español.

Por último, una parte especialmente interesante es el estudio de los libros de texto. Los autores han analizado los textos que utilizan más del 80% del alumnado español. La primera conclusión a la que llegan es que los libros de ciencias sociales de la etapa educativa secundaria obligatoria (ESO) son, sin duda, los que mayor espacio y atención han dedicado a los temas europeos en la historia de la educación española. También es constatable que los estereotipos negativos respecto de los países europeos han desaparecido de los manuales. Se puede afirmar, en este sentido, que los textos escolares españoles actuales son los más europeístas que han existido hasta el presente.

Pese a esta presencia de contenidos europeos, los libros ofrecen algunas incoherencias, cuando no errores o distorsiones.

La dificultad de definir con suficiente precisión el concepto de Europa hace que los manuales escolares reflejen esta situación y que éstos no propongan realmente ninguna definición correcta, ni se atrevan normalmente a plantear el problema existente o las diversas posibilidades de su definición. Además de ser confusos a la hora de delimitar qué es Europa en sus elementos definidores (historia, cultura, religión, etc.), los manuales escolares también lo son en otros aspectos más sencillos como, por ejemplo, al hablar de los límites geográficos. Otro problema no menos importante es que la mayor parte de los libros de texto ofrece una visión excesivamente occidentalista dentro del ámbito europeo.

El libro introduce un apartado de recomendaciones que pueden ser consideradas poco interesantes en su conjunto y un apéndice metodológico. Conviene comentar que este apartado es una extraordinaria muestra de cómo el rigor, la calidad técnica y el acierto en la elección de caminos metodológicos hace posible un auténtico camino de investigación en el área de didáctica de las ciencias sociales.

En resumen, una interesante aportación como las que ya son habituales en el potente departamento de Didáctica de las Ciencias Sociales de la Universidad de Barcelona y, en concreto, del grupo de investigación DIGHES (Didáctica de la Geografía e Historia en la Educación Secundaria) que dirige con acierto Prats y cuenta con investigadores tan solventes como, entre otros, Trepat. En este trabajo los investigadores del grupo se han ayudado de dos buenos especialistas como son Peña y Valls.

Isidoro González – Universidad de Valladolid.

Acessar publicação original

[IF]