História, Métodos e Narrativas / História & Perspectivas / 2018

Para este Número 58, da Revista História & Perspectivas, temos a composição do Dossiê História, Métodos e Narrativas e uma seção de artigos com diferentes temáticas.

Ao definir a temática para a este dossiê, a Revista teve como objetivo reunir artigos que apontam reflexões em torno da valorização da História, do método na pesquisa e no ensino, e das narrativas que articulam campos de investigação e análises importantes para a Historiografia.

Ao fazer uso de diferentes materiais, fontes de pesquisa, narrativas sociais, os pesquisadores nos oferecerem um horizonte de metodologias e interpretações, com distintos olhares para a História em articulação com linguagens e temas diversos – imprensa, charge, música, relato memorialístico, narrativas orais; cidades, migrações, trabalho, formação profissional e outros. Trata-se de trabalho cuidadoso dos estudiosos que fazem despontar uma riqueza de memórias e narrativas sobre diferentes tempos e espaços.

O primeiro artigo, de Itamar Freitas, explora princípios e práticas de uso da História destinados às crianças e aos adolescentes, descreve como epistemologias históricas se disseminaram na formação superior de historiadores e migraram para a formação continuada de professores por meio de manuais de método de ensino nos Estados Unidos da América.

O segundo, de José D’Assunção Barros, tece considerações teóricas e metodológicas em torno de possibilidades de interação entre Música e História: “a Música como recurso para a História; a música como objeto de estudos para a História; música como meio de representação para a História ou para a historiografia; o potencial da relação interdisciplinar a partir da Música para a História, levando em conta possibilidades de usos historiográficos de conceitos musicais como ‘polifonia’ ou ‘acorde’”.

O terceiro, de Alberto Gawryszewski, adota o conceito de charge ideológica para estudar como a imprensa anarquista brasileira, no período entre 1890 e 1930, desenhou a “justiça burguesa” em charges e caricaturas.

Gláucia de Oliveira Assis e Assis Felipe Menin analisam diferentes narrativas para discutir a relação entre memórias, imigrantes e imprensa, no contexto da saída dos haitianos e senegaleses de seus países e seu acolhimento em Caxias do Sul (RS), caracterizada como uma cidade de imigração italiana e que começa a receber imigrantes haitianos desde 2011 e senegaleses a partir de 2012.

Mariana Esteves de Oliveira percorre narrativas docentes como indicativos para a pesquisa acerca da precarização do trabalho e da própria história docente. Ao abordar memórias e percepções docentes, levanta pistas para a compreensão sobre as formas como a precarização atua sobre os sujeitos e discute como a dimensão subjetiva dialoga com a constituição histórica da categoria docente e de suas identidades.

Com o objetivo de preservação da memória sindical, no atual contexto de desregulamentação das relações de trabalho e da mercantilização da educação, no Brasil, Antônio Fernando de Araújo Sá ressalta a importância da “polifonia da memória” para: o trabalho de reconstrução da trajetória do movimento docente na Universidade Federal de Sergipe em articulação com a “complexidade das experiências dos trabalhadores nas últimas décadas de reconstrução democrática no Brasil”; e para a “inclusão do tema da cidadania dos distintos sujeitos sociais no sentido do direito da narração”.

Ana Paula Squinello e Jérri Roberto Marin discorrem sobre os processos de elaboração das representações produzidas acerca de Mato Grosso e suas populações por Alfredo Maria Adriano d’Escragnolle Taunay (Visconde de Taunay) em sua experiência de viajante, narrador e expedicionário.

Na segunda seção deste número, consta um conjunto de nove artigos.

Maria Gisele Peres percorre narrativas de viajantes, livros de memorialistas e códigos de postura de Araguari (MG) em busca de evidências acerca da construção de marcos de memória que ganharam espaço no circuito de difusão de uma história sobre a cidade, para discutir a organização dos espaços, a construção de sentidos sobre seu passado e o processo de produção social de lembranças e esquecimentos.

Henry Marcelo Martins da Silva analisa a trajetória da colônia árabe de São José do Rio Preto (SP) no início do século XX. A partir de fontes impressas, como jornais e almanaques locais, descortina momentos de perseguição e conflitos e examina as estratégias do grupo para articular-se às transformações urbanas e empreender um característico e bem sucedido projeto de inserção social.

Felipe Cittolin Abal e Ana Luiza Setti Reckziegel estudam um processo transcorrido durante a ditadura militar brasileira, contra Theodomiro Romeiro dos Santos – sua prisão sua tortura e sua condenação à morte –, para discutir as relações entre a Justiça Militar e a repressão aos opositores da ditadura no Brasil.

Cleber Eduardo Karls, Thaina Schwan Karls e Victor Andrade de Melo debruçam-se sobre revistas e jornais publicados no Rio de Janeiro, no século XIX, para identificar a presença da feijoada no cotidiano da cidade e discutir “as peculiaridades de conformação de uma ideia de cultura nacional em um momento em que o Brasil começava a se forjar como nação”.

André Mota e Gustavo Querodia Tarelow levantam e apresentam documentação inédita para analisar as relações entre a “política da boa vizinhança”, promovida pelos Estados Unidos, e a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, entre 1938 e 1944, no contexto de criação do Hospital das Clínicas. A partir dos artigos publicados na Revista Médico-Social, criada no ano de 1942, os autores apontam evidências da influência do modelo médico-assistencial e tecnológico americanos sobre a medicina paulista.

Osicleide de Lima Bezerra e Geraldo Alexandre de Oliveira Gomes discorrem sobre o processo de elaboração dos valores e das representações sobre o trabalho, levando em consideração noções de utilidade e produtividade e o processo de formação do mercado de trabalho na região Nordeste, para refletir acerca da consagração do trabalho durante o Estado Novo e dos modos como “os ideais do trabalho são erigidos em oposição à ociosidade e à malandragem através da música e da propaganda oficial do governo de Getúlio Vargas”.

Carlos Alberto Medeiros Lima reúne informações sobre a incidência da coqueluche entre crianças do Sudeste rural brasileiro, no período compreendido entre 1840 e 1870. Parte de três razões para se discutir a doença no Brasil: uma ligada à historiografia das doenças; outra, pelos modelos de choque microbiano; e a terceira, ligada às percepções de historiadores em torno da incidência da tuberculose, especialmente nas populações escravas. E discute a difusão da coqueluche, levando em consideração os processos de transmissão ligados aos contatos entre regiões brasileiras no contexto de mudanças do século XIX.

Raquel de Souza Felício e João Henrique Zanelatto desenvolvem reflexão acerca do processo de construção de hegemonia dos professores na direção do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Criciúma e Região, ao longo dos anos 1990. Abordam a luta sindical, as demandas de reivindicações, o perfil da própria categoria de servidores públicos na região, para discutir os fatores que contribuíram para a reconfiguração da categoria, que deixou de ser formada por uma maioria braçal masculina para ser uma maioria de profissionais da área da educação e do gênero feminino.

Felipe Cazetta estuda obras e periódicos que publicaram projetos defendidos por autores espanhóis e portugueses entre os finais do século XIX e início do XX, como Ganivet, Unamuno e António Sardinha, para analisar a circulação de projetos de hispanoamericanismo.

Desejamos a todas e a todos uma boa leitura e agradecemos às pesquisadoras e aos pesquisadores que colaboraram com a Revista História & Perspectivas.

O Conselho Editorial.

História, Métodos e Narrativas. História & Perspectivas, Uberlândia, v.31, n.58, 2018. Acessar publicação original [DR].

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Fontes e Métodos na escrita da História: novas perspectivas de abordagens / Revista Maracanan / 2017

“Sem documentos, sem história”.[1] A máxima, tão conhecida por historiadores de formação – ainda que nem sempre compreendida, de fato –, tem origem no tempo em que se ansiava para a disciplina um estatuto científico. Apesar da atualidade ainda permanente desse debate sobre a história ser ou não ciência, é inquestionável a transformação pela qual passou a substância do trabalho do historiador ao longo do tempo, desde a publicação de Introdução aos Estudos Históricos (1898).

O que nunca se transformou foi a crença de que o cerne da operação historiográfica centra-se no trato direto com as fontes.[2] Mesmo os críticos mais tenazes de Charles-Victor Langlois e Charles Seignobos (para nos restringirmos à tradição francesa) jamais deixaram de lado a possibilidade de se fazer história partindo de uma dada “realidade” do que foi. A fonte seria isso, essa possibilidade, ou caminho.

Evidentemente que a natureza do que se entende por fonte modificou-se na mesma medida em que a ciência histórica amadureceu. Para Marc Bloch e Lucien Febvre, ela poderia ser “qualquer coisa”, desde que colaborasse em responder às perguntas formuladas pelo historiador – a famosa concepção de história-problema. Autores igualmente importantes no campo da teoria da história qualificam fonte como “vestígio”, como o italiano Carlo Ginzburg. [3] Assim, mais do que um documento escrito, oriundo, normalmente, da burocracia estatal, como criam os metódicos, o historiador deve apelar para aquilo que restou do passado no seu presente. [4]

Mas, então, como realizar esse trabalho?

Partindo do método crítico, diriam alguns. Sim, aquela forma de tratar a fonte também evidenciada em Introdução aos Estudos Históricos, não à toa considerado um manual da escola metódica, a partir da influência alemã. O historiador deve questionar o documento, contextualizá-lo, atentar para suas especificidades. Saber, em última análise, quem o produziu, por que e para quem. Havia também certa obsessão em distinguir um documento original de uma falsificação, herança dos eruditos desde o Renascimento. [5] Afinal, como um documento falso poderia trazer a verdade de que necessitava o historiador?

Ao longo do novecentos, essa postura também se alterou. No seu mais famoso trabalho, Bloch indica que mesmo a falsificação pode subsidiar o historiador. Sempre importa sua questão, aquilo que, com os olhos do presente, ele busca investigar no passado. De todo modo, a análise crítica, juntamente com a comparação, seguiu vital para o historiador profissional. “O testemunho só fala quando questionado” [6] torna-se nossa nova máxima. Tal questionamento, entretanto, segue um roteiro semelhante ao anterior: quem disse, por que, com que intenção? Se mentiu, por que o fez?

Até mesmo após os fundadores dos Annales, o método crítico não perdeu sua majestade. Qualquer historiador que se preze deve tê-lo em mente no processo de pesquisa. No entanto, assim como a concepção do que pode ser fonte, aquilo que se entende por metodologia histórica também foi alterada – ou melhor, ampliada.

Como métodos, entende-se a maneira de tratar a fonte. Mesmo com os críticos pós-modernos indagando se haveria alguma possibilidade de encontro do historiador com uma realidade prévia (ou, ao fim e ao cabo, se a própria realidade existiria, diriam eles), e, portanto, questionando esse lugar da fonte e do método, ainda hoje, grosso modo, os profissionais que fazem história centram sua análise no passado presente que é a fonte. E fazem isso tendo em vista não só a crítica histórica, mas uma série de metodologias que surgiram e vem surgindo ao longo dos anos.

Hoje existem inúmeras possibilidades sobre a forma como a fonte pode ser investigada, tratada, ou, como diria Bloch, interrogada. Análise dos discursos, história oral, história comparada, história dos conceitos, história serial e história quantitativa são apenas algumas delas. Métodos e formas que nos abrem um enorme leque de alternativas para o fazer histórico. O presente dossiê tem como propósito contar um pouco dessa história, reunindo de forma plural uma variedade de fontes e métodos utilizados pelos autores para a elaboração de seus artigos.

Em “A estranha vida dos objetos: Os alcances e limites de uma historiografia da ciência a partir dos instrumentos científicos”, Janaína Lacerda Furtado reflete acerca da cultura material como fonte e objeto para o historiador, a partir de uma análise das propostas teóricas e metodológicas surgidas nos últimos anos em torno da temática. Também Tiago Luís Gil, em seu artigo “As Listas Nominativas de habitantes como fontes para a história dos preços, 1798- 1810”, apresenta ao leitor as possibilidades de trabalho com um tipo específico de documento – as listas nominativas de habitantes – apresentando-o como fonte relevante para tratar do período colonial brasileiro, sobretudo no que diz respeito ao estudo dos preços. Já Paulo Roberto de Jesus Menezes contextualiza as “galerias ilustradas”, em “Retrato, Biografia e Conhecimento Histórico no Brasil oitocentista”. Além disso, o autor investiga como tais fontes são importantes por portar uma determinada memória a partir da conexão entre imagens e textos.

Os historiadores Francisco Gouvea de Souza, Géssica Guimarães Gaio e Thiago Lima Nicodemo propõem em seu texto “Uma lágrima sobre a cicatriz: O desmonte da Universidade pública como desafio à reflexão teórica (#UERJresiste)” uma discussão em torno do nosso ofício, enquanto pesquisadores e professores, tomando a própria historiografia como fonte de pesquisa, e o fazer histórico, por conseguinte, como objeto de estudos. Outro artigo elaborado coletivamente, “‘Entre os artistas amigos o momento bom de ternura é o aparecimento de obra nova’: O exercício da crítica literária na correspondência de Luís da Câmara Cascudo e Mário de Andrade (1924-1928)”, de Giuseppe Roncalli Ponce León de Oliveira, Marinalva Vilar de Lima e José Machado de Nóbrega, busca privilegiar as cartas trocadas entre aqueles intelectuais na década de 1920. A partir desse caminho, observou-se o debate de ideias entre os pares, sobretudo no que dizia respeito à crítica literária, tão fundamental para a configuração do movimento modernista brasileiro.

Em “A Lei de Terras de 1850 e os Relatórios do Ministério da Agricultura entre 1873- 1889”, Pedro Parga Rodrigues seleciona os referidos relatórios como fontes centrais para a pesquisa. Ao fazê-lo, traz uma nova leitura da problemática exposta, partindo do princípio, por exemplo, de que os relatórios indicam que a aplicação da legislação não foi homogênea em todo o território nacional, indicando a necessidade do olhar específico do historiador para compreender as vicissitudes de cada província.

Robério Américo do Carmo Souza, ao finalizar os artigos que compõem a parte temática do dossiê, problematiza a narrativa oral, refletindo sobre sua própria construção como fonte. Tal elaboração é feita ativamente, vale lembrar, pelo historiador. “Narrativas orais como fontes para uma compreensão histórica da experiência vivida” faz parte, portanto, de um contexto investigativo importante para o campo da história oral – metodologia em crescente uso pelos historiadores, ainda que, de certo modo, permaneça sendo objeto constante de julgamentos por parte dos mais críticos.

Esta edição é enriquecida, ainda, com uma entrevista, uma tradução, além de notas de pesquisa, um artigo livre e um depoimento. Em uma agradável conversa, o arquivista Jaime Antunes, nos brindou com as memórias dos [muitos] anos em que esteve à frente da direção-geral do Arquivo Nacional. Antunes destacou aspectos de sua trajetória profissional, desde o seu primeiro estágio com ênfase para os esforços que possibilitaram a Lei de Arquivos, assim como sua importante atuação para garantir a aprovação da Lei de Acesso à Informação. Legislações recentes que asseguraram, não apenas aos historiadores, mas também ao público em geral, a disponibilidade dos documentos históricos, atravessando, para tanto, as polêmicas que ainda envolvem os arquivos da Ditadura Militar no Brasil. Ao longo da entrevista concedida à Revista Maracanan, Antunes relatou os tortuosos caminhos percorridos pelas leis de abertura de documentos ao público e a criação do “Centro de documentação Memórias Reveladas – Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil (1964-1985)”.

Em trabalho conjunto, Beatriz de Moraes Vieira e Renata Duarte nos apresentam a tradução do artigo “A escrita da história: Entre literatura, memória e justiça”, de Enzo Traverso. Um texto que nos ajuda a pensar questões metodológicas debatidas pelos historiadores nos últimos vinte anos, desde a natureza da história enquanto narrativa, até a relação entre a escrita da história e a justiça, recuperando que a história é, sobretudo, um ato de escrita.

Em um estudo sobre as redes constituídas por letrados brasileiros e portugueses no final do século XIX, Rodrigo Perez Oliveira, se debruça em seu artigo “Uma República luso-brasileira das letras: a interlocução entre Eduardo Prado, Ramalho Ortigão e Eça de Queirós no final do século XIX” sobre a correspondência entre os escritores mencionados para compreender as angústias e inquietudes desta intelectualidade luso-brasileira.

Nesta edição apresentamos três notas de pesquisa. Em “A Colônia Juliano Moreira e seus homens ‘desviantes’ (1930-1945)”, as autoras Anna Beatriz de Sá Almeida, Ana Carolina de Azevedo Guedes, Renata Lopes de Almeida Marinho e Aléxia Iduíno Duarte de Mello voltam um olhar cuidadoso para o “tratamento” da homossexualidade. Partindo de um espaço que desperta a atenção de diferentes campos de estudo, atravessam o período varguista, buscando refletir sobre o ideal de masculinidade desta conjuntura. A partir de uma contribuição estrangeira, Rodrigo Cabrera Pertusatti se debruça sobre o estudo de duas línguas da Baixa Mesopotâmia, o sumério e o acádio, em “Consideraciones en torno al contacto entre lenguas y el cambio lingüístico. Repensando el bilingüismo sumerio-acadio del tercer y segundo milenio a. C.1”. O texto de Thiago Bastos de Souza apresenta os resultados parciais de sua dissertação de mestrado. Em “Recopilación Historial / Historia de Santa Marta: notícias de uma ficção política” o autor objetiva a formulação conceitual de ficção política, enquanto uma categoria de análise sobre a crônica Recopilación Historial, escrita pelo provincial da ordem franciscana frei Pedro de Aguado para o Vice-Reino da Nueva Granada no século XVI.

Por fim, pensando a interface entre as fontes e os métodos de pesquisa, a historiadora Márcia Motta, rompe com as especificidades e limites das áreas de conhecimento. Em seu depoimento, “Um INCT em construção: Proprietas (História Social das Propriedades e Direitos de acesso)”, discorre acerca da construção de uma rede multidisciplinar de pesquisadores, norteados por um tema comum de pesquisa, a propriedade e o direito de acesso. O depoimento nos mostra, além da identidade da Rede Proprietas, e de todo o trabalho da equipe envolvida, o quanto o potencial de nossos pesquisadores é capaz de alcançar quando lhes são concedidas as condições para que isso ocorra. Diante das crises que assolam a todas as instituições de ensino, ciência e tecnologia, produção de conhecimento ou salvaguarde do patrimônio – histórico, artístico, documental, intelectual, etc. –, tais escritos nos levam a refletir acerca de diversas questões que permeiam nossa sociedade. Deste modo, a publicação do referido dossiê foi uma conquista dos professores e pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Em tempos de crise, continuamos resistindo.

Notas

  1. LANGLOIS, Ch. V.; SEIGNOBOS, Ch. Introdução aos Estudos Históricos. São Paulo: Renascença, 1946, p. 15.
  2. CERTEAU, Michel de. A operação historiográfica – 1. Um lugar social. In: A Escrita da história. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002, p. 65-77.
  3. Ginzburg, além de entender a fonte como vestígio, indica o trabalho do historiador como algo aproximado ao de um detetive. Cf. GINZBURG, Carlo. Sinais: raízes de um paradigma indiciário. In: Mitos, emblemas e sinais. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 143-180.
  4. “A história faz-se com documentos escritos, sem dúvida. Quando eles existem. Mas ela pode fazer-se, ela deve fazer-se sem documentos escritos, se os não houver. Com tudo o que o engenho do historiador pode permitir-lhe utilizar para fabricar o seu mel, à falta das flores habituais. Portanto, com palavras. Com signos. Com paisagens e telhas. Com formas de cultivo e ervas daninhas. Com eclipses da lua e cangas de bois. Com exames de pedras por geólogos e análises de espadas de metal por químicos. Numa palavra, com tudo aquilo que, pertencendo ao homem, depende do homem, serve o homem, exprime o homem, significa a presença, a atividade, os gostos e as maneiras de ser do homem”. FEBVRE, Lucien. Combates pela história. Lisboa: Editorial Presença, 1989, p. 249.
  5. Cf. FURET, François. O nascimento da história. In: A oficina da história. Lisboa: Gradiva, p. 109-135; PAYEN, Pascal. A constituição da história como ciência no século XIX e seus modelos antigos: fim de uma ilusão ou futuro de uma herança? História da historiografia, Ouro Preto, n. 6, p. 103-122, mar. 2011.
  6. BLOCH, Marc. Apologia da história, ou, O ofício de historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001, p. 78.

Ana Carolina Galante Delmas – Professora com vínculo pós-doutoral ao Programa de Pós-graduação em História da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGH-UERJ). Possui graduação, mestrado e doutorado em História pela UERJ. Suas pesquisas têm se voltado para a história do Brasil no período joanino e história do Brasil Império, privilegiando as abordagens no campo da história política, da história cultural e da história do livro e da leitura. Integra o Laboratório Redes de Poder e Relações Culturais (UERJ) e o Grupo de Pesquisa Ideias, cultura e política na formação da nacionalidade brasileira – CNPq.

Marina Monteiro Machado – Professora da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FCE-UERJ) e do Programa de Pós-Graduação em História da mesma instituição. Possui graduação em História pela Universidade Federal Fluminense e mestrado e doutorado em História Social pela mesma instituição. Atualmente, é coordenadora de curso da FCE-UERJ; integrante do Núcleo de História Rural; membro-fundador e vice-coordenadora do INCT Proprietas. É autora do livro Entre Fronteiras: posses e terras indígenas nos sertões (Rio de Janeiro, 1792-1824) (Horizonte / Unicentro / EdUFF, 2012).

Isadora Tavares Maleval – Professora da área de Teoria e Metodologia da História no Departamento de História de Campos da Universidade Federal Fluminense (CHT-UFF). Possui doutorado e mestrado pelo Programa de Pós-graduação em História da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGH-UERJ); cumpriu estágio doutoral na Université Paris-Sorbonne e pós-doutoral no Departamento de História da UERJ. É especialista em temas relacionados à teoria da história, historiografia, história do Brasil Império e história do livro e da leitura.


DELMAS, Ana Carolina Galante; MACHADO, Marina Monteiro; MALEVAL, Isadora Tavares. Apresentação. Revista Maracanan, Rio de Janeiro, n.17, 2017. Acessar publicação original [DR]

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A religião, novos e antigos contornos: repensando teorias, métodos e formas de classificação | Ciências da Religião | 2014

Recentemente, a religião tem sido fonte de inspiração tanto para novas formas de associativismo quanto de sectarismo. Enquanto na Europa cresce o número de islâmicos, nos países ao sul do Equador, os grupos pentecostais arregimentam milhares de fiéis, fomentando transformações que evidenciam o imbricamento do campo religioso com a cultura moderna. Assiste-se a uma série de hibridações que vão dos movimentos de Nova Era aos poucos estudados “movimentos pentecostais gays”, passando pelo ciberativismo religioso e o revigoramento de antigas formas de associativismo religioso. Assim, se, por um lado, a persistência do discurso religioso levou teóricos a afinarem seus antigos instrumentos de pesquisa, por outro, lançou sobre esse campo de estudos certa crise de paradigmas, fomentando trabalhos que não só propunham reformas, mas também que apregoavam a obsolescência do modelo da secularização. Leia Mais

XIII Jornada de História Antiga – Temas, Fontes e Métodos / Nearco – Revista Eletrônica de Antiguidade / 2013

História Antiga no Brasil – perspectivas sobre temas, objetos e pesquisa

Mediante os estudos recentes sobre a produção brasileira, da área de História Antiga, foi possível notarmos uma ampliação deste campo histórico nas universidades públicas e privadas. Ao dialogarmos com os escritos do pesquisador Pedro Paulo A. Funari, na coleção de textos didáticos Repensando o Mundo Antigo, nº47-2005, podemos indicar que para além da formulação de textos em nosso idioma, também houve um crescimento das traduções de documentos históricos e de publicações estrangeiras, o que possibilitou o acesso para muitos estudantes.

Em nossas concepções, a referida ampliação ocorreu devido a elementos como: o uso da internet para pesquisas de livros, artigos, e podemos acrescentar o próprio acesso as documentações conservadas no exterior. Também chamamos atenção para o aumento da massa crítica interessada em Antiguidade, que seria oriunda de espaços como a indústria cinematográfica e os periódicos infanto-juvenis (quadrinhos) com temáticas relacionadas com o mundo antigo.

Apesar do grande desenvolvimento da História Antiga, em terras brasileiras, nós ainda enfrentamos alguns entraves nas produções científicas. Assim salientamos que em muitos casos, assumimos uma posição mais de consumidores da produção estrangeira, do que produtores de publicações na área. Contudo, as pesquisas nacionais existentes têm nos mostrado um trabalho de total qualidade e que está atenta a reflexões teóricas e metodológicas aplicadas ao documento, a partir de suas problemáticas. Segundo Fábio Faversani, em Entrevista para o Jornal Philía nº32 – 2009, há uma necessidade no Brasil de que os profissionais de História Antiga comecem a valorizar as produções nacionais e também se leiam. O historiador citado assinala que a utilização da historiografia brasileira, nos cursos de graduação, não se iguala ao quantitativo de livros que são elaborados, pelos especialistas nacionais. Faversani nos convoca a superarmos tais obstáculos, a fim de fomentarmos os debates de forma enriquecedora, inserindo os nossos estudos na prática de ensino e pesquisa.

A partir de tais reflexões mencionadas surgiu a oportunidade de estabelecermos uma parceria entre o Programa de Pós-graduação em Letras Clássicas da UFRJ, o NEA / UERJ e o POIEMA / UFPel para a elaboração de um evento sobre ensino e pesquisa em História Antiga. Ratificamos em nosso escrito, que o trabalho coletivo entre os centros de pesquisa é uma iniciativa fundamental para o desenvolvimento acadêmico no Brasil. Assim a XIII Jornada de História Antiga – Temas, Fontes e Métodos da UFPel foi desenvolvida, em um clima de comprometimento e fraternidade entre os integrantes, no período de 21 a 23 de janeiro de 2013.

A publicação, neste volume da NEARCO / 2013.2, apresenta os textos resultantes de comunicações realizadas durante a jornada, assim coroa com êxito os objetivos que levaram a selar nossa cooperação nesta edição da jornada, sendo, certamente, a primeira de várias outras experiências de cooperação acadêmica a serem desenvolvidas entre estes grupos.

No dossiê podemos verificar artigos como o de Alessandra Serra Viegas, com o texto O amor de Aquiles: de quem é o coração do herói mais belo da Ilíada de Homero? Pátroclo ou Briseis? A autora convida a todos os leitores para revisitarmos a Ilíada de Homero, a fim de refletirmos sobre os diversos níveis que integravam as relações interpessoais no período Arcaico da Hélade e analisarmos os processos sócioculturais helênicos como o da Philía. Outro texto que podemos ressaltar é o de Carolyn Souza Fonseca da Silva, que chama atenção para uma temática tão cara as sociedades ocidentais, que é a democracia, através do artigo Sólon na democracia e na cidadania de Atenas no século VI a.C.. Silva objetiva analisar a figura de Sólon e os pressupostos democráticos da sociedade grega, em especial a pólis ateniense, que atuava sob a alcunha do princípio da isonomia – termo precursor da democracia e que representava a igualdade perante a lei.

Ainda nos estudos helênicos podemos contar com a contribuição de Alair F. Duarte, em Uma análise sobre os cultos religiosos e a projeção do poder marítimo ateniense através do porto do Pireu no século V a.C.. O autor destaca a área portuária do Pireu na pólis dos atenienses, como um lugar cosmopolita no V séc. a.C. Na região havia culto para divindades locais e estrangeiras, assim como a circulação de navios e pessoas de diversas etnias mantendo uma intensa interação sociocultural. Agregamos ao nosso dossiê os estudos desenvolvidos por Jussemar W. Gonçalves e Matheus Barros da Silva, em a Tragédia Grega e o Político. Os pesquisadores apontam que o Teatro Grego no decorrer do V século a.C., retratou em cena questões que diziam respeito à pólis.

Como o século V a.C. foi um momento histórico de grandes transformações na Hélade, podemos lançar olhares sobre outras regiões. O artigo de Luis Filipe Bantim de Assumpção intitulado O discurso de Xenofonte e o processo de formação na Esparta Clássica contribui para os estudos atuais sobre a historicização da sociedade espartana. Sendo assim, Assumpção analisa o discurso de Xenofonte acerca do processo de formação espartano, por meio das críticas e comparações que o mesmo estabelece com a sociedade ateniense do V século a.C.. Ao passarmos para os estudos do século IV a.C. podemos somar as pesquisas elaboradas por Fabio Vergara Cerqueira e Eduarda Peters, com o texto Mulheres em Atenas, no século IV a.C. O testemunho do Contra Neera, de Demóstenes. O presente texto discorre sobre a vida de algumas prostitutas e concubinas que se tornaram famosas pelos bens e prestígio que conquistaram em Atenas, e objetiva, através de relatos da época, demonstrar como era a vida de então, especialmente da mulher do período e de seu papel na sociedade.

O dossiê também conta com a colaboração de Otávio Zalewisk, com o artigo Literatura helenística com roupagem judaica: o caso da Carta de Aristeas a Filocrates. O artigo nos apresenta os processos de interações culturais entre gregos e judeus no período que ficou conhecido como helenístico. Marcello de Albuquerque Maranhão, em Recuperando historiadores fragmentários: o problema da recuperação da História da Sicília grega em Timeu demonstra aos historiadores possibilidades de análise sobre documentos históricos fragmentários, como no caso dos escritos de Timeu.

Agregamos ao grupo de textos que visa problematizar o campo teórico aplicado aos estudos helênicos, o artigo A sociologia do conhecimento como suporte metodológico para uma análise da tessitura sociopolítica de Sociedades Antigas de Luis Fernando Telles D`Ajello. A partir das propostas de Berger e Luckmann, D’ Ajello trata desta área do conhecimento como um plano metodológico para a compreensão da construção social da realidade. Outra análise importante que integra nosso dossiê foi sobre a guerra, no artigo elaborado por Fabio Vergara e Ricardo B. da Silva, A guerra na política grega, formas de combate e constituições políticas na Grécia Antiga. Os autores salientam que a guerra é e foi um importante definidor cultural, e, nesse aspecto, veremos no texto como as constituições políticas das principais póleis gregas foram influenciadas pelo caráter guerreiro de suas sociedades.

O evento contou com contribuições no campo dos estudos romanos, como os que foram elaborados por Deivid Valério Gaia e Diego Rosa em Análise da fonte Commentarii de Bello Gallico, de Julio Cesar. Neste artigo foi abordada uma visão sócio-política sobre o processo de expansão romana pela região da Gália transalpina, além das expedições pela costa sul da atual Inglaterra e através das margens germânicas do rio Reno entre os anos 58 a.C e 51 a.C. com base em uma interpretação da obra “Commentarii De Bello Gallico” (Em português, “Comentários sobre a Guerra Gálica”), escrita pelo próprio César durante esta campanha. Ainda sobre os estudos envolvendo a figura do cidadão romano, Júlio César, podemos ressaltar a participação no dossiê de Kassia Amariz Pires, Adriana Mocelim de Souza Lima e Etiane Caloy Bovkalovski com o artigo A Vida de Júlio César sob a visão de Plutarco e Suetônio (século I d.C.). O artigo apresenta uma comparação dos escritos de Plutarco e Suetônio sobre a vida de Júlio César. As autoras analisaram através de fontes, os discursos dos pensadores clássicos e apresentaram estudos atuais sobre a composição de seus livros.

Marcos Antonio Collares nos brinda com uma preciosa reflexão teórica aplicada aos estudos romanos, com o texto História Antiga e documentação textual: considerações sobre temas e contextos-formas. No referido artigo, Collares tece algumas considerações sobre a constituição de temas e no trato com os mais diversos documentos textuais legados da Antiguidade. Quanto ao Império Romano no século IV d.C. coube aos pesquisadores Deivid Gaia e Gustavo S. Ribeiro, produzir o texto intitulado os Aspectos econômicos na obra “A Vida de Santa Melânia”: o impacto das doações. O objetivo do artigo foi o de analisar o contexto histórico, onde Santa Melânia, a Jovem, viveu. Procurando compreender a situação complexa em que se encontrava a sociedade romana no século IV d.C., os autores apontaram suas primeiras impressões sobre os impactos econômicos causados pelas volumosas doações feitas por Melânia durante suas viagens pelo Mediterrâneo. Como fonte, os mesmos recorreram à biografia de Santa Melânia, a Jovem, escrita por um homem chamado Gerontius durante o século V d. C.

Encerramos o dossiê através do artigo História e Egiptomania de uma pirâmide em Caxias do Sul (1984-2006) de Wellington Rafael Balem e Cristine Fortes Lia. O trabalho analisa traços culturais da antiguidade egípcia re-significados em um edifício piramidal de Caxias do Sul, RS, ao longo de seus usos. Trata-se de uma réplica, reduzida em escala, da pirâmide de Quéops, que sediou o Centro de Pesquisas Metafísicas (1984-1996) e a Rosacruz, AMORC (1997-2006). A temática aborda-se à luz da egiptomania.

Além do dossiê ainda expomos em nossa edição, a contribuição de três artigos na sessão de temas livres. Desta forma apresentamos o texto de Fábio Feltrin de Souza intitulado de O paradoxo do tempo nas Histórias de Heródoto. Souza propõe uma aproximação com a filosofia e a sofística dos séculos V e IV, investigando o que considerou como “desvio operado no pensamento grego” e a emergência de uma experiência do tempo, em que chronos e aion, dessacralizados, passaram a conviver de maneira paradoxal. Outra participação que devemos destacar neste volume é a de Andréia Tamanini, com o artigo Livia para os íntimos: imagem e estratégia sobre camafeus. A autora frisa que a análise dos camafeus busca observar as transformações que as representações de Livia sofreram desde a vitória sobre Marco Antônio e Cleópatra, e a subsequente instituição do principado, até a morte da imperatriz. Desta forma Tamanini aponta para uma crescente “divinização” da imagem de Livia, que foi subsumida numa tipologia iconográfica que vai do que chamaremos da mater mundi à imperatrix aeterna.

No que tange as práticas mágicas no Império Romano, o NEARCO apresenta o artigo de Luis Augusto Schmidt Totti em A magia em um texto técnico agronômico da Antiguidade Romana: o Opus Agriculturæ, de Paládio. No artigo o autor apresenta algumas receitas expostas por Paládio, denominadas de remedia, para a proteção da propriedade rural e da horta contra pragas e fenômenos climáticos, como o granizo e os nevoeiros.

Em suma os editores deste volume ratificam a necessidade do trabalho em conjunto para o desenvolvimento do campo histórico no Brasil. O ato de caminhar em conjunto em nossa área de estudo, nos propiciará ir mais longe do que se ficarmos isolados. Uma boa leitura a todos

Carlos Eduardo da Costa Campos – Docente e o coordenador da área de Estudos Romanos do Curso de Especialização em História Antiga e Medieval da UERJ. O mesmo integra o corpo de docentes do Curso de Especialização em Educação, Patrimônio e Cidadania – CEPEC / SP. Campos é membro do Núcleo de Estudos da Antiguidade, coordenando a área de atividades de extensão e publicações. Campos também atua como pesquisador do membro do grupo Arq. Histórica / UNICAMP e Atrium / UFRJ.

Deivid Valério Gaia – Professor de História Antiga na Universidade Federal de Pelotas e doutorando em História Econômica e Social pela École des Hautes Etudes en Sciences Sociales – Paris, sob a orientação de Jean-Michel Carrié (dir. E.H.E.S.S.), Jean Andreau (E.H.E.S.S) e de Norberto Guarinello (USP) em cotutela com a Universidade de São Paulo.

Fábio Vergara Cerqueira – Professor Associado do Departamento de História da Universidade Federal de Pelotas, atuando nas disciplinas de História Antiga. Na mesma universidade, integra o Programa de Pós-Graduação em História e o Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural. Atua ainda como membro do Polo Interdisciplinar de Estudos do Mundo Antigo, do Laboratório de Estudos da Cerâmica Antiga, do Laboratório de Antropologia e Arqueologia, do Museu Etnográfico da Colônia Maciel. Editor da publicação “Cadernos do LEPAARQ. Textos em Antropologia, Arqueologia e Patrimônio”. Bolsista Produtividade CNPq.

Maria Regina Candido – Professora associada da área de História Antiga da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. A mesma integra o Programa de Pós-Graduação da UERJ e o Programa de Pós-Graduação em História Comparada da UERJ. Candido atua como coordenadora do Núcleo de Estudos da Antiguidade, o Curso de Especialização em História Antiga e Medieval da UERJ e o Curso de Especialização em Educação, Patrimônio e Cidadania – CEPEC / SP.


CAMPOS, Carlos Eduardo da Costa; GAIA, Deivid Valério; CERQUEIRA, Fábio Vergara; CANDIDO, Maria Regina. Editorial. Nearco – Revista Eletrônica de Antiguidade, Rio de Janeiro, v.6, n.2, 2013. Acessar publicação original [DR]

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