Os brancos da lei: liberalismo/escravidão e mentalidade patriarcal no Império do Brasil | Jurandir Malerba

Não tem sido muito comum se fazer uma resenha de um livro em segunda edição. Os novos tempos acabam por nos impingir a última novidade. Contudo, assumimos esta ousadia por esse livro tratar originalmente de uma dissertação de mestrado do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal Fluminense (PPGH-UFF) de excepcional qualidade, de um historiador que se tornou referência nos estudos da história do Brasil. Tal é o caso do livro de Jurandir Malerba, cuja primeira edição remonta a 1994, publicado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), oriundo da sua dissertação de mestrado defendida no PPGH-UFF, em 1992 – Sob o verniz das ideias: liberalismo, escravidão e valores patriarcais no Código Criminal do Império do Brasil – sob orientação do saudoso professor Hamilton de Matos Monteiro Leia Mais

Faces da Hidra Anarquista: linguagens utópicas e projetos políticos (1945-1970) | Cláudia Tolentino Gonçalves Felipe

O fim da Segunda Guerra Mundial abriu um período de reorganização e ressurgimento público do movimento libertário em âmbito global. Em vários países se pôde constatar esse reaparecimento, marcado, entre outras atividades, pela elaboração de projetos políticos de cunho anarquista, a reabertura ou criação de organizações, a circulação de periódicos, uma notável atividade editorial, a realização de conferências e congressos e mesmo o trânsito de pessoas, voluntário ou não, buscando reforçar os laços militantes dentro da perspectiva internacionalista do movimento. Leia Mais

Do U dy grudy ao Cantares: as vozes e os acordes da moderna canção popular piauiense | Hermano Carvalho Medeiros

A configuração do campo de estudos em torno da música popular vem se definindo, no âmbito da escrita da história do Brasil, como parte da virada historiográfica decorrente da ascensão de paradigmas teóricos e metodológicos vinculados à história social e à história cultural em universidades de diferentes regiões do país. Contemplando pesquisas que versam sobre temas diversos dentro desse universo, tais como a polifonia paulistana na década de 19301, o samba e suas conexões com o Estado Novo2, a Tropicália e suas controvérsias3, a chamada “música cafona”4, o rap5 e a música sertaneja6, tais produções permitiram que, para além do eixo Sul-Sudeste, ocorresse uma crescente regionalização do debate que põe sons e sentidos no foco de historiadores.

Investido desse manancial de referências, o historiador piauiense Hermano Carvalho Medeiros trilhou um percurso acadêmico cujos argumentos, de algum modo, buscavam estudar distintas modalidades de cultura, sobretudo no campo musical. Desde sua graduação, pautada na mitificação do poeta e letrista Torquato Neto em sua terra natal7, passando pelo seu mestrado, que objetivou compreender a denominada “polifonia musical” teresinense8, seus esforços como pesquisador concentram-se em inserir os circuitos sonoros daquele estado nordestino no concerto acadêmico nacional, possibilitando que ganhasse lugar na historiografia como temática autorizada pelos seus pares. Leia Mais

Escutas sensíveis, vozes potentes: diálogos com mulheres que nos transformam | Marta Gouveia de Oliveira Rovai

Lançado em 2021, pela Editora Cancioneiro, o livro Escutas sensíveis, vozes potentes: diálogo com mulheres que nos transformam, organizado pela historiadora e professora da Universidade Federa de Alfenas (Unifal), Marta Gouveia de Oliveira Rovai, se propõe a apresentar o diálogo entre saberes de inúmeras e diversas histórias de mulheres através do encontro entre a história acadêmica e a história fora dos muros da universidade. A obra conta com vinte e duas mulheres que compartilharam sua história de vida com trinta e oito pesquisadore (a)s que fazem uso da história oral e dos debates sobre memórias, gêneros e identidades, em um processo de escuta dialógica sobre as demandas inclusivas do tempo presente.

A obra de Rovai (2021) traz uma importante contribuição sobre a importância da ação dos pesquisadores quanto ao ato de ouvir e a reflexão sobre uma ética da escuta, envolvendo o respeito às narradoras, às suas memórias e expectativas, por meio de uma postura que envolve olhos, ouvidos e alma. A autora evidencia que o livro não fala de mulheres subalternas, mas subalternizadas, e que as escritas registradas na obra só foram possíveis devido ao processo dialógico, em que as mulheres desejaram ver suas histórias compartilhadas por ouvintes que ampliaram suas vozes. Leia Mais