Global Classics | Jacques Bromberg

Jacques Bromberg Imagem University of Pittsburgh
Jacques Bromberg | Imagem: University of Pittsburgh

Na primeira semana de fevereiro de 2021, a The New York Times Magazine publicou um (já célebre) perfil de Dan-El Padilla Peralta, latinista estadounidense negro de origem dominicana, que escancarava os compromissos do campo de Classics – ou Estudos Clássicos, a partir de seu paralelo brasileiro – com o colonialismo e o racismo (POSER, 2021). O título da reportagem era sintomático acerca das implicações do debate: “Ele quer salvar Classics da branquitude. O campo conseguirá sobreviver?”. O texto gerou debates em diversos lugares e veículos do mundo, da imprensa grega (IOANNIDIS, 2021), acostumada a discutir a centralidade econômica do turismo histórico, a mesas redondas de antiquistas brasileiros (GT DE HISTÓRIA ANTIGA, 2021), marcados pelos intensos debates sobre o lugar da Antiguidade no ensino de História no Brasil.

O perfil e as subsequentes entrevistas de Dan-El Padilla Peralta permitiram que sujeitos de diferentes partes do mundo percebessem as tensões e contradições do (afluente) campo universitário estadounidense. Visto do Brasil, o debate tornava evidentes tanto os paralelos, como por exemplo a importância da “tradição greco-romana” na formação das elites escravistas e de uma identidade europeia, quanto os contrastes, como na quantidade de instituições universitárias e de financiamento acadêmico, ou ainda na experiência social do imperialismo a partir de posições antagônicas. Este jogo de paralelos e contrastes se explica pela história recente do Brasil. A partir da redemocratização dos anos 1980, a historiografia brasileira iniciou um movimento de revisão profunda de seus pressupostos eurocêntricos, o que motivou o surgimento de perspectivas alternativas, como as histórias dos grupos populares e subalternos, das relações de gênero, dos usos do passado ou dos processos globais de integração. O debate em torno das críticas de Padilla Peralta, então, apontava para o surgimento, nos Estados Unidos, de uma ainda marginal crítica aos compromissos eurocêntricos e elitistas do campo. Num curioso caso de “vantagem do subdesenvolvimento”, antiquistas brasileiros puderam “anacronizar” a academia estadounidense, assistindo a um debate intenso ali, mas já datado aqui. Leia Mais

Grecorromana. Revista Chilena de Estudios Clásicos | UAB | 2019

Grecorromana

Grecorromana. Revista Chilena de Estudios Clásicos (Viña del Mar, 2019-) es una publicación afiliada al Departamento de Humanidades de la Universidad Andrés Bello, Chile. De periodicidad anual, su propósito es el estudio del mundo antiguo grecorromano, así como su proyección en la Tardoantigüedad y su recepción en períodos posteriores (Recepción Clásica). Como publicación académica, su objetivo es establecer un espacio de análisis crítico y reflexivo sobre la Antigüedad Clásica y promover el diálogo entre las disciplinas que componen los estudios clásicos (historia, filosofía, filologías, arqueología, arte, etc.).

Periodicidade anual.

Acesso livre.

ISSN 0719 9902

Acessar resenhas

Acessar dossiês

Acessar sumários

Acessar arquivos

Partir pour la Grèce – HARTOG (VH)

HARTOG, François. Partir pour la Grèce. Paris: Flammarion, 2015. 286 p. TRABULSI, José Antonio Dabdab. Partir pour la Grèce. Varia História. Belo Horizonte, v. 33, no. 62, Mai./ Ago. 2017.

Na década de 1960, meu querido mestre Pierre Lévêque convidava os franceses a viajar, numa série de guias então muito conhecidos (Partons pour la Sicile; Partons pour la Grèce). E é para uma viagem igualmente interessante, mas de outra natureza, uma verdadeira viagem ao interior da nossa cultura, que nos convida François Hartog. E é um encantamento viajar com ele, nas páginas deste livro.

Trata-se de uma coletânea de textos mais ou menos recentes, ligados pelo interesse permanente do autor pelas relações que a nossa cultura manteve com a Antiguidade. É uma feliz iniciativa, essa de juntar num volume esses escritos de vária natureza (artigos, introduções, prefácios e outros), alguns de difícil acesso, outros de acesso quase confidencial, pois esses textos formam um conjunto coerente e uma reflexão de fundo sobre a questão. Conhecemos a importância do tema para o autor, especialmente em seus livros sobre Le XIXe siècle et l’Histoire. Le cas Fustel de Coulanges (Paris, PUF, 1988), Régimes d’historicité (Paris, Seuil, 2003), Anciens, Modernes, Sauvages (Paris, Galaade, 2005), ou ainda Evidence de l’Histoire (Paris, Editions de l’EHESS), entre outros.

Os escritos diversos aqui reunidos são enquadrados por um prefácio substancial (“La Grèce vient de loin”, pp. 9-48), e por um epílogo (“Vers d’autres départs”, pp. 269-276) que augura e deseja que outras viagens sejam empreendidas. Ao longo dos capítulos, o conjunto de temáticas caras ao autor são tratadas. Destaquemos algumas, como “O duplo destino dos estudos clássicos”, pp. 49-68), onde ele explica os estudos clássicos como “mais e menos do que uma disciplina” (p. 50 sq.), para mergulhar em seguida num questionamento sobre as condições de surgimento da nossa disciplina. Em referência às Sagesses barbares caras a Momigliano, ele nos explica a “endurance du Barbare” (pp. 115-137), um de seus primeiros textos, que testemunha de seu interesse de sempre pelas relações entre Antigos, Modernos, Bárbaros e Selvagens.

Os capítulos 3 a 6 formam um verdadeiro elenco de “partidas para a Grécia”, onde, voltando a Winckelmann, ele faz a revista das abordagens mais importantes ao longo da época contemporânea: a partir da Romênia, com Mircea Eliade (pp. 149-157); a partir de Cambridge, com Moses Finley (pp. 157-162); a partir do “fim da democracia ateniense”, com Claude Mossé (pp. 162-178). Ele examina também uma série de “partidas francesas” para uma Grécia à moda francesa”, senão até para “cidades gregas à francesa”, de Fustel de Coulanges a Emile Durkheim, e de Emile Durkheim a Jean-Pierre Vernant. Ele aí retraça os percursos a partir de uma posição de grande conhecedor dos problemas e da maioria das pessoas envolvidas (o que dá ao texto deste historiador considerado austero um tom afetivo inabitual). É uma das mais belas “aventuras gregas” do nosso século XX, a da antropologia histórica e a da psicologia histórica, com Gernet, Meyerson e Vernant, e também a das relações entre memória e história, com Vidal-Naquet, que é aqui tratada. Na apresentação do livro, tínhamos recebido a promessa de uma investigação sobre o nosso relacionamento com a Grécia, pois “essa herança, durante tanto tempo no coração da cultura europeia, é feita de múltiplas viagens em direção a um objeto feito e refeito ao longo dos séculos. De que significações a Grécia foi sucessivamente portadora, em Roma, na Idade Média, no Renascimento, e desde a Revolução francesa? De que maneiras ela ajuda a definir as identidades culturais ou nacionais, a democracia, a história? E que sentido isso pode ter, ainda hoje, ‘partir para a Grécia’?” (quarta capa). Podemos dizer que a aposta foi ganha com o texto do livro.

O leitor me perdoe, por favor, por não entrar mais no detalhe dos capítulos deste livro impossível de resumir, em sua grande variedade de temáticas. Que ele considere isto mais uma notícia do que uma resenha. O livro, entretanto, apesar de um aspecto um pouco disperso por ser uma coletânea de textos escritos em momentos muito diferentes da vida do autor, possui uma unidade profunda, que é a do pensamento de Hartog. Para os que conhecem bem os livros do autor, sua leitura será um prazer renovado e prolongado; para os que não conhecem seus livros, será uma excelente introdução, que dará certamente vontade de ler todos os outros. Pensando bem, ele é talvez uma espécie de balanço da obra de Hartog; mas tudo o que nós pedimos a ele é que não pare de nos levar em outras viagens.

José Antonio Dabdab Trabulsi – Departamento de História. Universidade Federal de Minas Gerais. Av. Antônio Carlos 6627, Campus Universitário Belo Horizonte, MG, 30.310-770, Brasil. [email protected].

A noção de propaganda e sua aplicação nos estudos clássicos. O caso dos imperadores romanos Septímio Severo e Caracal | Ana T. M. Gonçalves

Ana Teresa Marques Gonçalves é natural do Rio de Janeiro, cidade na qual nasceu em 1969. É graduada em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre em História Social e doutora em História Econômica pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, é professora associada de História Antiga e Medieval na Universidade Federal de Goiás (UFG) e uma das mais importantes historiadoras e pesquisadoras acerca do período Severiano (II e III d.C.).

O livro, publicado em 2013 e composto por três capítulos, além da apresentação da obra, do prefácio, escrito pelo Prof. Dr. Norberto Luiz Guarinello e das considerações finais, tem por título “A noção de propaganda e sua aplicação nos estudos clássicos. O caso dos imperadores romanos Septímio Severo e Caracala”, e resulta da tese de doutoramento, pela USP, em História Econômica da referida autora. Ela busca mostrar, aos interessados na área de História Antiga e aos que desejam se deleitar com uma leitura objetiva e explicativa no que tange à História da Roma dos séculos II e III d.C., mais especificamente, como se deu o processo de afirmação dos dois primeiros imperadores Severianos (Septímio e seu filho, Caracala). Leia Mais

Arqueologia – FUNARI (RBH)

FUNARI, Pedro Paulo Abreu. Arqueologia. São Paulo: Ática, 1988. Resenha de: LÓPEZ, Marcelo Castro. Ampliando os Estudos Clássicos. Revista Brasileira de História, São Paulo, v.9, n.18, n.15, p.259-263, ago.1988/set.1989.

Acesso apenas pelo link original

[IF]