Uma breve história do mundo – BLAINEY (MB-P)

BLAINEY, Geoffrey. Uma breve história do mundo. São Paulo: Editora Fundamento Educacional, 2009. 342 p. Resenha de: SURCIN, Gisele. Resenha de ALVES, Igor da Silva. Marinha do Brasil/Proleitura, 2016/2017.

Das cavernas até a chegada à Lua, da invenção da escrita até a descoberta do átomo, do nascimento da humanidade na África até a colonização da América. Resumir a história da humanidade em um livro não deve ter sido tarefa fácil, mas, para Geoffrey Blainey, isso se concretizou em seu bestseller Uma Breve História do Mundo.

Para amantes da história e acadêmicos da área, o autor, talvez, não traga tanta novidade quanto a informações e passe “correndo” por assuntos tão importantes para a humanidade, como a formação da União Soviética e a divisão da Alemanha. Porém, para curiosos que desejam entender como se procedeu a evolução das civilizações, o bestseller trouxe uma interessante abordagem: fazer com que o leitor sinta-se em um filme, em que cada cena ou quadro mostra um capítulo da história do mundo. E é exatamente isso a que o livro se propõe: ser breve, em 342 páginas, em cada episódio histórico apresentado.

Uma Breve História do Mundo começa mostrando como o ser humano chegou a continentes tão distantes, habitando locais, por vezes, inabitáveis. O leitor passa a entender como o clima, o aumento do nível dos mares e a busca por alimentos facilitaram a emigração de diversos grupos. Percebe-se que a conquista sempre foi inata ao ser humano, e essa vontade de conquistar espaços e povos fez com que o homem buscasse construir meios de favorecer as longas viagens. Foi assim que as embarcações começaram a surgir, auxiliando a raça humana a percorrer os mares, como nos mostra o capítulo Maravilhoso Mar, o qual enfoca a importância das embarcações, como as galeras, as quais eram navios de guerra, usados na Antiguidade, movidos a remo e, geralmente, com auxílio de mão de obra escrava.

Esse fato, para os leitores com um conhecimento de mundo maior, inevitavelmente, trará à lembrança o filme Ben-Hur, cujo personagem principal, um mercador judeu, é escravizado e forçado a remar em uma galera romana, e a canção Cisne Branco, que cita a embarcação em dois trechos: “Linda galera que em noite apagada / Vai navegando num mar imenso” e “Sob um céu de anil / Minha galera / Também vai cruzando os mares”. Para o leitor mais informado, a leitura da primeira à última página trará várias conexões com as aulas de História da escola, com os livros já lidos e com a própria vivência de mundo.

Nessa obra, também há especial enfoque ao surgimento de cinco religiões ou povos: judaísmo, cristianismo, islamismo, hinduísmo e budismo. Num primeiro momento, o leitor pode questionar a atenção dada a essas religiões, que não se resume a um único capítulo, no entanto, posteriormente, o leitor entenderá que o surgimento de cada uma mudou radicalmente os rumos da sociedade. De forma rara na literatura mundial, o autor consegue mostrar o líder cristão por um olhar humano, evitando focar no Jesus sobrenatural: Cristo é descrito como um personagem histórico, de grande influência sobre seus seguidores, um verdadeiro líder carismático, o qual deixou um legado que influenciou a construção de um império: o Império Romano. Mesmo sendo de conhecimento de todos aqueles que frequentaram o ensino escolar mais básico, Blainey não poderia deixar de nos presentear com um capítulo sobre uma das civilizações mais importantes da história, trazendo alguns fatos básicos de conhecimento geral, mas também fatos não tão conhecidos assim. No capítulo A Ascenção de Roma, o livro nos mostra como essa sociedade lidava, por exemplo, com as questões políticas e com seu próprio exército.

A fim de facilitar o entendimento, a obra de Geoffrey Blainey utiliza desenhos de mapas como o apresentado no capítulo A Queda das Cartas do Baralho, que faz os leitores visualizarem as colônias europeias no Caribe e na América do Norte em meados do século XVIII. Essa inteligente estratégia torna a leitura mais agradável e transporta o leitor à época do acontecimento.

Por conseguinte, ao virar a última página de Uma Breve História do Mundo, a sensação é a de querer conhecer mais sobre cada fato narrado, e isso não é uma falha da obra, visto que a proposta é justamente a brevidade, sem ser superficial, e a análise feita de forma didática, podendo agradar aos leitores leigos e, até mesmo, aos catedráticos no assunto.

Gisele Surcin – Primeiro-Tenente da Marinha do Brasil

Acessar publicação original

Las utopías pendientes: Una breve historia del mundo desde 1945 – NÚÑEZ SEIXAS (I-DCSGH)

NÚÑEZ SEIXAS, X. M. Las utopías pendientes: Una breve historia del mundo desde 1945. Barcelona: Crítica (Ágora. Historia), 2015. Resenha de: PÁEZ-CAMINO, Feliciano. Íber – Didáctica de las Ciencias Sociales, Geografía e Historia, n.81, p.85-86, oct., 2015.

Aunque pudiera sugerirlo su título, este libro no es un ensayo con impregnación ideológica, ni mucho menos una crónica de tono periodístico con rememoraciones y anécdotas.

Es –y cabe celebrarlo– un sólido estudio de historia universal que tiene por ámbito cronológico nada menos que los setenta años transcurridos entre el final de la Segunda Guerra Mundial y los comienzos del presente 2015, cuya lectura, lápiz en mano, bien puede resultar de provecho al profesor que se disponga a abordar la parte final de un programa de historia del mundo contemporáneo, o simplemente a quien, sin obligaciones docentes inmediatas, quiera conocer mejor las raíces de nuestro tiempo.

Xosé Manoel Núñez Seixas, solvente historiador de raíz gallega y horizonte profesional europeo entre advircuyas investigaciones descuellan las referidas a los nacionalismos españoles, empieza esta obra abordando el período que se extiende desde 1945 hasta 1990, fecha en que se puede dar por concluida la Guerra Fría; al perfil de esas cuatro décadas y media dedica dos extensos capítulos: uno centrado en las relaciones internacionales y otro en la evolución económica y social.

Vienen a continuación cuatro capítulos centrales que tratan otros tantos asuntos: la huella de la historia en forma de memoria, los vaivenes de los entes nacionales, el notable avance de las mujeres y los dilemas medioambientales. El volumen concluye con un retorno al ámbito cronológico referido esta vez a los últimos veinticinco años, que suponen un tránsito «de la posguerra fría a la era global». El texto alterna pues, sin mucha merma de su brío expositivo, agrupamientos cronológicos y temáticos, y en el interior de ellos se advierte una compartimentación por espacios geográficos.

Aparecen en el libro algunas fotografías y unos pocos mapas (no muy afortunado el de la página 85 que, por mor de las fronteras entre estados, parece sugerir que Siberia, Amazonia o Alaska están entre las zonas más pobladas del planeta). Y se cierra, tras un breve epílogo centrado en la crisis presente, con una cronología y una bibliografía básica; en esta última podría haber sido oportuna la mención de alguna obra más, como la de Juan Pablo Fusi sobre el no nacionalismo en las sociedades nacionalistas.

El autor abre camino en la compleja y heterogénea materia enhebrando explicaciones, allegando datos oportunos y ofreciendo ponderados juicios, sin caer en simplismos ni entretenerse en sermones. Pese a la diversificación de los puntos de vista temáticos, el relato no abunda en reiteraciones, y trata con enfoque preciso e información actualizada temas y espacios que, por lo demás, no son muy frecuentes en la tan a menudo ensimismada historiografía española. No obstante, y aunque es obvio que en menos de cuatro centenares de páginas tienen que quedar muchos asuntos fuera, puede que el lector eche de menos en el texto alguna oportuna referencia literaria o cinematográfica, o mayor atención a la evolución política interna de los grandes países europeos. Casi nadie es imprescindible para explicar la historia, pero cabe extrañarse, por ejemplo, de que no se cite a Adenauer, de que no haya más mención a Olof Palme que la de su asesinato (en la cronología), o de que Mitterrand sólo figure a propósito de su pétainismo juvenil (p. 163) o encarnando reticencias antieuropeístas en compañía de Thatcher (p. 271).

Puestos a señalar detalles mejorables, que en todo caso no alteran la calidad global de la obra, advircuyas tamos que algunas referencias aparecen un tanto desplazadas hacia adelante en el tiempo, como cuando se afirma que fueron los años sesenta del siglo xx la ocasión en que «París se convirtió en la ciudad de la luz» (p. 72), o se alude al «lema democristiano» de la posguerra alemana que asociaba a la mujer a las «tres k» (p. 213) sin advertir que ya era popular bajo el nazismo.

También se pueden espigar algunos descuidos de detalle, entre ellos una Indonesia «que accedió a la independencia con Suharto» (p. 61), en lugar de Sukarno, o que «Bolivia vivía del zinc» (p. 132) cuando más bien lo hacía del estaño.

La lectura de este libro ilustra sobre la diversidad de espacios y tiempos e invita poco al reduccionismo. Por sus páginas desfilan progresos sociales muy notables (tras los que se percibe a menudo la impronta socialdemócrata), pero también retrocesos inesperados, contradicciones difíciles de resolver, errores más o menos bienintencionados y una buena porción de horrores.

En todo caso, no parece que la expresión «utopías pendientes» –que pudiera evocar aquella «revolución pendiente» que postergados falangistas reivindicaban bajo el franquismo– apunte en él a la recuperación de antiguos proyectos totalitarios y mesiánicos, sino a un impulso constructivo que, sobre la base de los muchos avances realizados en diversos ámbitos a partir de 1945, asuma el reto planetario de ampliar la igualdad entre los seres humanos sin sacrificar la libertad de cada uno.

Feliciano Páez-Camino

Acessar publicação original

[IF]

Uma breve história do mundo | H. G. Wells

A obra aqui resenhada foi editada pela primeira vez em 1922, pouco depois da I Guerra Mundial. Mantém-se ainda com fortes atrativos para sua leitura, tendo-se em vista que sua linguagem conserva uma combinação entre o rigor analítico e o descritivo, sem apresentar-se extensa ou profunda em excesso em um ou outro. Parecer dirigir-se ao leitor iniciante, como alunos do curso de graduação em História, assim como interessados na leitura de um texto objetivo, sucinto e altamente informativo e formativo.

O livro possui 67 capítulos, em geral curtos e escritos num estilo que se assemelha ao jornalístico. Seus primeiros 12 capítulos cobrem a formação da Terra e o desenvolvimento da vida, até chegar aos “primeiros homens verdadeiros” e ao “pensamento primitivo” (dois temas que intitulam, respectivamente, os capítulos 11 e 12). Obviamente, as bases em que o autor escreve esses primeiros capítulos acham-se defasadas perante as descobertas e avanços científicos verificados ao longo do Século XX. Apesar disso, mostram uma descrição e análises rigorosas a respeito, com o que havia disponível nas primeiras décadas do Século XX. A seguir, destacam-se alguns pontos do livro, tendo-se em vista tratar-se de um número de capítulos que inviabiliza a descrição de cada um deles no espaço de uma resenha. Leia Mais

Insegnare la storia come se i poveri, le donne e i bambini contassero qualcosa – BRAZIER (CC)

BRAZIER, Chris. Insegnare la storia come se i poveri, le donne e i bambini contassero qualcosa, avec la collaboration de Claudio Economi et Antonio Nanni. Turin: Editions Sonda, 2001 (1re éd. or. 1989 ; 1re éd. it. 1992), 240 p. Resenha de: HEIMBERG, Charles. Le cartable de Clio – Revue romande et tessinoise sur les didactiques de l’histoire, Lausanne, n.1, p.217-218, 2001.

Brève histoire du monde, tel est le titre d’un court essai de Chris Brazier dont la traduction en italien constitue l’essentiel de ce petit volume. Paru à l’origine, il y a une douzaine d’années, dans la revue New Internationalist, ce texte constitue une tentative de décloison- ner l’histoire enseignée, de l’ouvrir à une approche plus universelle et plus attentive à toutes les composantes de l’aventure humaine (y compris, comme l’indique le sous-titre, du point de vue des pauvres, des femmes et des enfants).

L’orientation de ce bref récit de l’histoire universelle est clairement annoncée : elle est à la fois écologiste et internationaliste, elle se veut d’abord attentive au point de vue des opprimés et des dominés. En tant que telle, elle est aussi profondément discutable, notamment quand l’auteur remet en question l’idée de progrès en désignant désormais le conservatisme comme correspon- dant à une attitude de préservation de l’avenir de la planète, en termes de développement durable et d’un point de vue écolo- giste. Ce qui revient à liquider, par un ren- versement des points de vue, deux siècles de luttes politiques et sociales pour la démocra- tie et les droits humains (p. 193).

La lecture de cet essai ouvre toutefois des portes sur des mondes ou des domaines trop longtemps ignorés. Par exemple, l’auteur voque le génocide des peuples aborigènes en Australie. Ou les apports si riches, mais tellenent négligés, de la civilisation indienne. Malheureusement, la brièveté de la démarche l’enferme forcément dans une vision par- tielle, à tel point qu’il n’évoque même pas, par exemple, un événement aussi révélateur et symbolique que les massacres coloniaux de Sétif de mai 1945. En fin de compte, nous avons là une version anglo-saxonne de la démarche originale de reconstruction d’un récit historique sans emprise nationale que l’historienne Suzanne Citron a déjà engagée dans l’espace francophone (voir L’histoire des hommes, Paris, Syros, 1996).

Tous les chapitres de cette histoire universelle renouvelée donnent lieu à des proposi- tions de lecture, souvent fort judicieuses, mais qui ne concernent que les publications en italien. Et cette démarche, complétée par une mise au point transalpine portant sur la dernière décennie, est fort intéressante. Elle reste cependant très incomplète. Non seule- ment parce qu’un nombre de pages si limitéempêchait d’embrasser vraiment tous les aspects significatifs de l’histoire humaine. Mais surtout parce que le renouvellement de l’histoire enseignée ne saurait se contenter seulement d’une ouverture thématique – attentive à l’histoire des minorités comme à la diversité des points de vue possibles – dans la mesure où il doit s’interroger également sur la manière de proposer aux élèves la construc- tion d’une véritable pensée historique.

Charles Heimberg – Institut de Formation des Maîtres (IFMES), Genève.

Acessar publicação original

[IF]