Posts com a Tag ‘Fronteiras (Ftr)’
Zé Dirceu Memórias. Vol.1 | José Dirceu
José Dirceu de Oliveira e Silva, nascido em 16 de março de 1946, na cidade mineira de Passa Quatro, graduado em Direito pela PUC-SP, ex-ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República, é o autor da obra aqui resenhada, intitulada: Zé Dirceu memórias Volume I, que fora escrita ao longo de 2018, enquanto estivera preso no Complexo Médico-Penal, de Pinhais, em Região Metropolitana de Curitiba. Com efeito, por si só, seu nome atrai olhares curiosos e atenções midiáticas, sejam de simpatizantes à sua trajetória de vida, sejam de críticos.
José Dirceu, como um político e personagem social recente da vida política brasileira, atinge sua significância ao relatar em sua obra momentos marcantes de atuação, de particular relevância para compreensão de seu trajeto em momentos chave da história do Brasil, como por exemplo, sua luta no movimento estudantil no enfrentamento à ditadura civil-militar (1964 – 1985), seu exílio em Cuba (1969-1974) com direito a relatos dos encontros com Fidel Castro, a criação do Partido dos Trabalhadores (PT) em 1980, a elaboração da Constituição entre os anos 1987 e 1988, o movimento “Fora Collor” em 1991, e a queda por impeachment do ex-presidente em 1992, a chegada do PT ao poder com Luiz Inácio Lula da Silva (Lula) na presidência (2002-2010), o escândalo do mensalão em 2005 e a recepção do mesmo pela mídia. Leia Mais
As ruínas da tradição: a Casa da Torre de Garcia d’Ávila/ família e propriedade no nordeste colonial | Ângelo Emílio da Silva Pessoa
O livro que ora se resenha em sua segunda edição é fruto da tese de doutoramento de Ângelo Emílio da Silva Pessoa defendida junto ao departamento de história da USP. Graduado em licenciatura Plena em história pela Universidade Federal da Paraíba (1988) e doutorado em história social pela Universidade de São Paulo (2003). Foi professor Adjunto da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Nova Andradina entre (2006 e 2008). Atualmente é professor Associado I do Departamento de História do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal da Paraíba, estando vinculado ao quadro permanente do PPGHUFPB.
O trabalho está didaticamente bem dividido em três partes que o compõe e o interligam num diálogo dinâmico; tradição é o primeiro capítulo e nele explora a historicidade da Casa da Torre, “Propriedade” é o título que ilustra o segundo capítulo e estuda aspectos da geo-história ao delimitar a extensão da propriedade ou da sesmaria que, via de regra, era de “perder de vista” e, muitas vezes, incomensurável, sobretudo, porque os limites eram, em muitos casos, imaginários e ou simplesmente abstratos. Ainda neste capítulo ao se estudar a noção de propriedade o autor revela sua enorme capacidade de intelectual decolonial para analisar a situação e a relação do senhor de terras Garcia d’Ávila com os índios, ora de amizades, mas na maior parte das vezes de conflito chegando a revelar massacres cometidos pelo grande fazendeiro expansionista em busca de novos pastos para a sua boiada, que foi o grosso dos seus negócios. O terceiro e último capítulo fecha o livro e dá o desfecho no que foi estudado intitulando-se “família”, busca analisar questões de economia ao longo das gerações que carregam o sobrenome, especificamente a pecuária, carro chefe da Casa da Torre, mas também pequenos engenhos, exploração de salitre, prata, produção de couro, e demais artífices. Leia Mais
1989: história da primeira eleição presidencial pós-ditadura | Cássio Augusto Guilherme
O livro intitulado “1989 história da primeira eleição presidencial pós-ditadura”, de Cássio Augusto Guilherme narra os acontecimentos políticos ocorridos no ano de 1989. Inicialmente a obra busca mostrar alguns episódios que a Europa enfrentava, especificamente, a queda do Muro de Berlim e o fim da Guerra Fria, o que representava uma nova reconfiguração geopolítica entre os países do Leste europeu e uma reorganização deles, gradualmente em nações capitalistas “livre agora, do perigo comunista” os Estados Unidos passam a ter as Américas central e do Sul como área de influência mais direta impondo o seu modelo neoliberal de política econômica. Isso é o que veremos no livro ora resenhado que apresenta pelas páginas do jornal O Estado de S. Paulo (OESP) a defesa desse tipo político e econômico para o Brasil.
A obra estuda como foi possível um presidente civil, José Sarney, permitir que a abertura política brasileira tenha sido tutelada pelos militares; intelectuais, trabalhadores, artistas, mas também à classe política. Revela que o ex-presidente José Sarney “ganha” a presidência da República dos militares para aos poucos implementar algo como uma democracia, mas sempre vigiada e coercitiva com os tanques às portas dos quartéis e os generais ameaçando a nova ordem. Sarney cumpre seu papel histórico de passar a faixa presidencial a Fernando Collor de Mello, o candidato do jornal OESP. Leia Mais
1989: história da primeira eleição presidencial pós-ditadura | Cássio Augusto Guilherme
O livro intitulado “1989 história da primeira eleição presidencial pós-ditadura”, de Cássio Augusto Guilherme narra os acontecimentos políticos ocorridos no ano de 1989. Inicialmente a obra busca mostrar alguns episódios que a Europa enfrentava, especificamente, a queda do Muro de Berlim e o fim da Guerra Fria, o que representava uma nova reconfiguração geopolítica entre os países do Leste europeu e uma reorganização deles, gradualmente em nações capitalistas “livre agora, do perigo comunista” os Estados Unidos passam a ter as Américas central e do Sul como área de influência mais direta impondo o seu modelo neoliberal de política econômica. Isso é o que veremos no livro ora resenhado que apresenta pelas páginas do jornal O Estado de S. Paulo (OESP) a defesa desse tipo político e econômico para o Brasil.
A obra estuda como foi possível um presidente civil, José Sarney, permitir que a abertura política brasileira tenha sido tutelada pelos militares; intelectuais, trabalhadores, artistas, mas também à classe política. Revela que o ex-presidente José Sarney “ganha” a presidência da República dos militares para aos poucos implementar algo como uma democracia, mas sempre vigiada e coercitiva com os tanques às portas dos quartéis e os generais ameaçando a nova ordem. Sarney cumpre seu papel histórico de passar a faixa presidencial a Fernando Collor de Mello, o candidato do jornal OESP. Leia Mais
A Introdução dos Estudos Africanos no Brasil (1959 – 1987) | Mariana Schlickmann
SCHLICKMANN Mariana (Aut), A Introdução dos Estudos Africanos no Brasil (1959 – 1987) (T), CRV (E), COSTA Rosivania de Jesus (Res), Fronteiras (Ftr), Estudos Africanos, América – Brasil, Séc. 20
Na obra aqui resenhada, a autora dedica-se a fazer um levantamento da literatura produzida no Brasil, entre 1959 e 1987, a respeito dos estudos africanos. O foco do livro é no modo como o continente africano figura nos trabalhos realizados por pesquisadores brasileiros.
Schlickmann apresenta dados desde o primeiro estudo acadêmico por ela identificado e cujo foco foram os estudos africanos no Brasil, realizado em 1987 por Luís Beltrán, intitulado O Africanismo Brasileiro, até pesquisas mais recentes acerca da temática, como a tese de doutoramento de Márcia Guerra Pereira, datada de 2012, História da África: uma disciplina em construção. Leia Mais
A Introdução dos Estudos Africanos no Brasil (1959 – 1987) | Mariana Schlickmann
Na obra aqui resenhada, a autora dedica-se a fazer um levantamento da literatura produzida no Brasil, entre 1959 e 1987, a respeito dos estudos africanos. O foco do livro é no modo como o continente africano figura nos trabalhos realizados por pesquisadores brasileiros.
Schlickmann apresenta dados desde o primeiro estudo acadêmico por ela identificado e cujo foco foram os estudos africanos no Brasil, realizado em 1987 por Luís Beltrán, intitulado O Africanismo Brasileiro, até pesquisas mais recentes acerca da temática, como a tese de doutoramento de Márcia Guerra Pereira, datada de 2012, História da África: uma disciplina em construção. Leia Mais
História, espaço, geografia: diálogos interdisciplinares | José D’Assunção Barros
A produção de trabalhos de História Regional são reveladoras de diversas situações históricas, culturais, sociais, econômicas e políticas que muitas vezes só podem ser percebidas quando estabelecemos um recorte espacial. Por isso, podemos considera-la como uma alternativa dentro da produção historiográfica brasileira que permite observarmos a atuação de diversos sujeitos muitas vezes anônimos se considerarmos a história escrita, ou almejada, de âmbito nacional.
Durval Muniz Albuquerque Júnior, porém, nos alerta para o risco de estabelecermos uma produção historiográfica hierarquizada na qual a História Regional seria secundária em relação à História Nacional. Albuquerque Júnior questiona a falta de crítica do lugar da produção do saber historiográfico por parte de quem faz a História Regional ao ponto de que esses historiadores estariam participando de uma divisão entre História Nacional e História Regional e, consequentemente, hierarquizando os espaços no campo historiográfico (ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2011, p. 39-40). Tal crítica nos permite refletir o fazer a História Regional não como resultado de uma série de operações limitadas territorialmente e desconectadas espacialmente de outras áreas, mas como uma abordagem interdisciplinar dialogando com a Geografia, Sociologia, Antropologia, Ciência Política entre outras. Leia Mais
Mocambos e Quilombos: uma história do campesinato negro no Brasil | Flávio Gomes dos Santos
Flávio dos Santos Gomes é doutor em história, professor dos programas de pós-graduação em arqueologia (Museu Nacional/UFRJ) e em história comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Publicou livros, coletâneas e artigos em revistas nacionais e internacionais com os temas Brasil colonial e pós-colonial, escravidão, Amazônia, fronteiras e campesinato.
A obra está organizada em 13 capítulos, sendo eles: Um fenômeno hemisférico; Formação; Ataque e defesa; Família, mulheres e culturas; Aquilombados, negociações e conflitos; Misturas étnicas; Nas fronteiras com as Guianas; Formas camponesas coloniais e pós-coloniais; Em torno de Palmares; Outros quilombos coloniais; Histórias de quilombolas e mocambeiros e Remanescentes e simbologias dos vários quilombos do Brasil. Leia Mais
Os Dois Lados da Guerra Civil: análise histórica e filosófica do maior conflito entre super-heróis | Bruno Andreotti
Este texto visa resenhar o livro Os dois lados da Guerra Civil: análise histórica e filosófica do maior conflito entre super-heróis, lançado em março de 2016 pela editora paulista Criativo. Escrito pelos “Quadrinheiros”, grupo formado por Adriano Marangoni, Bruno Andreotti, Iberê Moreno e Maurício Zanolini, o livro aborda a saga quadrinística da Guerra Civil, lançada pela editora Marvel entre os anos de 2006 e 2007, e trazendo, como o próprio título sugere, uma discussão historiográfica em torno das conexões culturais, políticas e sociais trazidas pela saga, cuja temática envolve um conflito entre super-heróis americanos decorrente de uma medida governamental exigindo o registro compulsório dos mesmos junto ao governo, que dividiu os heróis.
O livro, em suas 207 páginas, está dividido em seis capítulos principais, uma introdução e uma conclusão, e em alguns chamados “extras”, incluindo um glossário e uma interessante análise estética do traço dos desenhistas da saga. Um prefácio do professor Antonio Pedro Tota (PUC/SP) introduz a obra, apresentando os autores e os temas que serão abordados no livro. Leia Mais
Ritos da Oralidade: a tradição messiânica de protestantes no Regime Militar Brasileiro | Leandro A. Seawright
Desde 2016 os pesquisadores do protestantismo e dos protestantes no Brasil têm acesso à obra de Leandro Seawright, lançada poucos meses após a defesa de sua Tese no Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade de São Paulo – USP. Ritos da Oralidade: a tradição messiânica de protestantes no Regime Militar Brasileiro, publicada pela Paco Editorial, é fruto de vasta pesquisa produzida por um estudioso profundamente envolvido com o campo da temática. Seawright é um historiador dedicado aos estudos sobre a História das Religiões, ao Brasil República e à Teoria da História, bem como é um oralista. Desde as suas graduações se dedicou, portanto, à história do protestantismo brasileiro.
Resultado de trabalho intenso (a tese original tem mais de 800 páginas!), a presente obra se constituiu como fonte de muito aprendizado, principalmente por suas extensas e cuidadosas reflexões metodológicas e teóricas – proporcionando muitas informações sobre as relações entre os setores do protestantismo brasileiro com o Regime Militar. Leia Mais
O socialismo de Oswald de Andrade: cultura/ política e tensões na modernidade de São Paulo na década de 1930 | Marcio Luiz Carreri
Obra originária de pesquisa para obtenção do título de doutor em história-social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP no ano de 2017. O livro “O socialismo de Oswald de Andrade: cultura, política e tensões na modernidade de São Paulo na década de 1930”, partindo da capa e seus contraste em preto e branco em que o autor destaca seus personagens principais que compõe sua narrativa histórica, como a Pagú, Mario de Andrade e sobretudo o Oswald tendo por base a foice e o martelo em vermelho, e acima de todos a figura emblemática de Marx.
Trata-se de escrita leve e fluente, sem o peso do academicismo que se exige para uma tese de doutorado em história, porém com o rigor metodológico dela. Marcio em seu trabalho consegue perfeitamente trafegar entre duas linhas tênues e belas que é a da confluência entre literatura e história, com o mérito de trafegar por essa zona quente sem se esquecer do metier, do construto da história. Dessa forma a literatura entra como pano de fundo para o fazer historiográfico de uma época de “tensões na modernidade de São Paulo” como diz o título. Leia Mais
O socialismo de Oswald de Andrade: cultura/ política e tensões na modernidade de São Paulo na década de 1930 | Marcio Luiz Carreri
Obra originária de pesquisa para obtenção do título de doutor em história-social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP no ano de 2017. O livro “O socialismo de Oswald de Andrade: cultura, política e tensões na modernidade de São Paulo na década de 1930”, partindo da capa e seus contraste em preto e branco em que o autor destaca seus personagens principais que compõe sua narrativa histórica, como a Pagú, Mario de Andrade e sobretudo o Oswald tendo por base a foice e o martelo em vermelho, e acima de todos a figura emblemática de Marx.
Trata-se de escrita leve e fluente, sem o peso do academicismo que se exige para uma tese de doutorado em história, porém com o rigor metodológico dela. Marcio em seu trabalho consegue perfeitamente trafegar entre duas linhas tênues e belas que é a da confluência entre literatura e história, com o mérito de trafegar por essa zona quente sem se esquecer do metier, do construto da história. Dessa forma a literatura entra como pano de fundo para o fazer historiográfico de uma época de “tensões na modernidade de São Paulo” como diz o título. Leia Mais
Sob Três Bandeiras: Anarquismo e imaginação anticolonial | Benedict Anderson
Como muito bem indicado por Mônica Dias Martins, no prefácio da edição brasileira do livro Sob Três Bandeiras de Benedict Anderson, ele “representa certa mudança no paradigma de como se estudam os nacionalismos” (p.15). Isso parece correto na medida em que é possível observar que ele desenvolveu uma análise que perpassa um conjunto de dados muito bem apresentados e analisados. Anderson se distancia, por exemplo, da clássica escrita de Hobsbawm, sobre os nacionalismos, já que não se ancora em dados não referenciados ou pouco referenciados em fontes, mas que desenvolve uma análise ampla que atravessa espaços continentais e não se restringe à preponderância dos problemas europeus. Seu trabalho não é original em relação à temática porque, anteriormente, já havia escrito Comunidades imaginadas, seu texto de referência sobre o nacionalismo, assim como Nação e consciência nacional, todavia é original ao vincular o anarquismo e a imaginação anticolonial ao que ele chamou de “Era da globalização primitiva”.
Cuba, China, Japão, Espanha, Estados Unidos, Filipinas, França, são alguns dos países que integram essa tensa “Era”. Anderson demonstrou, principalmente a partir de dois autores, Isabelo de los Reyes e José Rizal, como se configurou o levante em prol da independência das Filipinas em relação à Espanha e como as ideias transitaram pelo mundo no sentido de encontrar formas de estruturação da sociedade, distintas das que, até então, estavam vigentes, sob rédeas do capitalismo ocidental. Daí o sentido do subtítulo Anarquismo e imaginação anticolonial. Leia Mais
As Universidades e o Regime Militar: cultura política brasileira e modernização autoritária | Rodrigo de Patto Sá Motta
Rodrigo Patto Sá Motta, vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais, é pesquisador da história política do Brasil contemporâneo. Sua escrita privilegia uma narrativa analítica, embasada em farto material empírico, resultado do domínio da bibliografia sobre a temática abordada, pesquisa em arquivos nacionais e nos EUA. Sua preocupação com a análise da “cultura política brasileira”, conceito esse que parece ainda não estar bem desenvolvido, também é preocupação de historiadores como Carlos Fico, Daniel Aarão Reis, Marcelo Ridenti e Marcos Napolitano. Embora não seja citado nas referências bibliográficas o nome de Sérgio Buarque de Holanda, essas reflexões parecem reabilitar o conceito de “homem cordial” por perseguirem os traços do personalismo na política, dentre outras características.
A obra As universidades e o regime militar faz parte de um conjunto de publicações realizadas no contexto dos 50 anos do Golpe Militar de 1964. Elas fazem uma espécie de “redescoberta” da ditadura brasileira, sobretudo ao analisar os aspectos autoritários de nossa cultura, manifestados nos ambientes institucionais. Algumas análises vão de encontro à memória coletiva de certos setores acadêmicos mais inclinados a ideologias esquerdistas, pois, se por um lado, confirma e aprofunda os aspectos ligados à repressão, por outro, expõe fatores que levaram à modernização das universidades, o que colaborou para a renovação da própria historiografia brasileira como, por exemplo, as mudanças trazidas pela Reforma Universitária e a sistematização e expansão da pós-graduação. Assim, o autor perpassa a transformação das universidades que antes da Reforma era uma federação de escolas e faculdades para se tornarem um sistema universitário articulado, que deslocou o poder anteriormente exercido pelos diretores de faculdades para as mãos dos reitores e modificou um “modelo” de universidade que havia perdurado por trinta anos. Leia Mais
A Alma do MST? A prática da mística e a luta pela terra | Fabiano Celho
Ao pensar na problemática da luta pela terra no Brasil, bem como no surgimento dos movimentos sociais na segunda metade do século XX, evocamos uma serie de discussões acerca da construção do sujeito Sem Terra, a mística e o símbolos utilizados nos momentos de luta pelo pedaço de chão. Essas discussões podem ser notadas no livro “A Alma do MST? A prática da mística e a luta pela terra”, resultado da Dissertação de Mestrado do professor Fabiano Coelho, defendida no Programa de Pós Graduação em História da Universidade Federal da Grande Dourados (PPGH/UFGD).
O livro dividido em cinco capítulos traz discussões pertinentes sobre identidade sem terra, origem do MST, a participação da igreja na luta pela terra, e a importância da mística na construção de memórias e identidades de trabalhadores rurais que se encontravam na condição de acampados ou assentados. Leia Mais
Colonialismo, território e territorialidade: a luta pela terra dos Guarani e Kaiowa em Mato Grosso do Sul | Thiago Leandro Cavalcante
Sem deixar de dialogar com outros campos do saber, Thiago Leandro Vieira Cavalcante construiu sua formação acadêmica essencialmente dentro da disciplina de História. Paranaense radicado em Dourados (MS) desde o início de seu mestrado em 2006, seus estudos abarcam as áreas de História e Antropologia, com ênfase em História Indígena e Etnologia Indígena. Atualmente é professor da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e pesquisador da Cátedra UNESCO “Diversidade Cultural” na mesma instituição.
Cavalcante faz parte de um rol de novos pesquisadores que, com o auxílio da perspectiva metodológica da etno-história, têm produzido trabalhos que se somam na composição da historiografia Guarani e Kaiowa2 de Mato Grosso do Sul. O seu engajamento fica visível em seu texto. Contudo, os argumentos que apresenta estão fundamentados em uma vasta documentação e na pesquisa etnográfica, o que permite perceber que engajamento e a pesquisa acadêmica não são excludentes per si. Algo particularmente importante no contexto sul-mato-grossense, estado onde as tensões entre as populações guarani e kaiowa e os grupos ligados ao agronegócio tem se intensificado nos últimos anos. Leia Mais
Especialistas na Migração: Luteranos na Amazônia (1967-1997) | Rogério Sávio Link
Desenvolvido como um trabalho acadêmico, uma tese de Doutoramento, o livro de Rogério Link, deve encontrar leitores para além do espaço universitário, por vários aspectos: a narrativa, mesmo quando trata de questões teóricas, não é hermética; os temas tratados dizem respeito a indivíduos e grupos que estão enfrentando circunstâncias que são apresentadas com clareza pelo autor, muitas vezes com as palavras dos próprios protagonistas; o livro é bem organizado, com bastantes subdivisões, permitindo facilmente a releitura de parte da obra. Eventualmente, algumas subdivisões, como 4.1.7 e a 4.2.7, poderiam ser unificadas em um rearranjo diferente, mas o importante é o texto ter sua lógica e coerência. Acrescente-se também a presença do índice remissivo, que é muito importante em um estudo que perpassou tantos agentes, indivíduos e entidades, pois, afinal, a pesquisa abrangeu luteranos vinculados àIgreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)dos estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima e parte do Mato Grosso num período de três décadas. Por outro lado, aextensa bibliografia, as inúmeras fontes documentais, a par das entrevistas, as discussões conceituais e de campos acadêmicos, sinalizam uma obra de reconhecido perfil científico. Leia Mais
Didáticas da História – entre filósofos e historiadores (1690-1907) | Itamar Freitas
Itamar Freitas (2015) não se furta a dar resposta à questão motivadora e espinal desta obra, mesmo que a faça com certa dose de anacronismo, como alerta durante o texto. Aliás, o que poderia representar para muitos historiadores como uma falha estrutural na urdidura da sua hipótese, levando ao esfacelamento e descrédito dos argumentos, Freitas vale-se do “bicho papão” dos historiadores, o anacronismo, para construir uma interpretação ousada e coerente para questão: “o que é pensar historicamente em…?”. O autor indaga a questão a cinco filósofos e historiadores que entre os séculos XVIII e XX, trataram de alguma forma dos usos da história na formação de pessoas em uma duração conjuntural.
O historiador nos informa que a opção por autores com vivência na Alemanha, França, Espanha, Estados Unidos e Inglaterra está justificada pelos nos nossos modos de ensinar história, que estiveram ancorados em epistemologias de fundo dominantemente empirista (nos casos de J. Lock e F. Herbart) e empirista/evolucionista (J. Dewey), panorama esse, que somente se alteraria no início do século XX, momento em que tais suportes são, em parte, substituídos por uma epistemologia histórica, ainda empirista, embora não positivista (R. Altamira e C.-V. Seignobos). Leia Mais
Especialistas na Migração: Luteranos na Amazônia (1967-1997) | Rogério Sávio Link
Desenvolvido como um trabalho acadêmico, uma tese de Doutoramento, o livro de Rogério Link, deve encontrar leitores para além do espaço universitário, por vários aspectos: a narrativa, mesmo quando trata de questões teóricas, não é hermética; os temas tratados dizem respeito a indivíduos e grupos que estão enfrentando circunstâncias que são apresentadas com clareza pelo autor, muitas vezes com as palavras dos próprios protagonistas; o livro é bem organizado, com bastantes subdivisões, permitindo facilmente a releitura de parte da obra. Eventualmente, algumas subdivisões, como 4.1.7 e a 4.2.7, poderiam ser unificadas em um rearranjo diferente, mas o importante é o texto ter sua lógica e coerência. Acrescente-se também a presença do índice remissivo, que é muito importante em um estudo que perpassou tantos agentes, indivíduos e entidades, pois, afinal, a pesquisa abrangeu luteranos vinculados àIgreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)dos estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima e parte do Mato Grosso num período de três décadas. Por outro lado, aextensa bibliografia, as inúmeras fontes documentais, a par das entrevistas, as discussões conceituais e de campos acadêmicos, sinalizam uma obra de reconhecido perfil científico. Leia Mais
Ángel Rama: um transculturador do futuro | Flávio Aguiar e Joana Rodrigues
Resultado do seminário internacional “Jornadas Latino-Americanas: Ángel Rama, um Transculturador do Futuro”,2 que teve lugar nas dependências do Memorial da América Latina, no mês de novembro de 2009, o livro foi organizado pelos próprios responsáveis pelo evento, os professores Flávio Aguiar e Joana Rodrigues e publicado pela editora UFMG em 2013, inserido na coleção Humanitas.
Realizado ao longo do mês de novembro e organizado em duas mesas redondas bastante concorridas, nele foram distribuídos certificados para aqueles de deles participaram com pelo menos 75%. Somado a isso, também nos é relatado, em sua “Apresentação”, a participação da filha de Ángel Rama, Amparo Rama, que pronunciou um depoimento sobre o pai e fez a leitura de algumas cartas trocadas entre ele e o crítico paulista Antonio Candido, com alguns trechos publicados no livro em questão, retiradas de seus arquivos pessoais.
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Linchamentos: a Justiça Popular no Brasil | José de Souza Martins
Junho de 2015, programas televisivos e notícias na internet trazem as últimas manchetes policiais do dia: polícia “desfila” em carro aberto com suspeitos de matar PM na Paraíba. Nas imagens, a população local se aglomera neste “ato público” de punição aos “delinquentes”. A impressão é que todos se sentem empoderados pela “justiça”. Numa das cenas, um dos participantes, após esboçar uma careta, desfere um “cascudo” em um dos indivíduos já detido e, portanto, sobre a tutela da polícia – e do Estado. Talvez esses “delinquentes” jamais seriam devidamente processados, assim a “justiça popular” precisaria ser minimamente garantida, pelo menos constrangendo o sujeito.
Casos semelhantes, cada vez mais comuns em nosso país, embasaram o estudo do sociólogo José de Souza Martins em sua mais recente obra “Linchamentos: a Justiça Popular no Brasil” (Editora Contexto, 2015), na qual o autor se debruça sobre relatos de 2028 casos de linchamentos, comprovados ou tentados, nos últimos 60 anos, além do aprofundamento de dois estudos de caso. O livro é dividido em três partes: na primeira oferece uma análise sociológica quantitativa e qualitativa dos dados levantados com riqueza de detalhes; na segunda enfoca a relação dos linchamentos com a simbologia da morte; e na terceira oferece uma visão crítica de sua fonte de dados. Leia Mais
Linchamentos: a Justiça Popular no Brasil | José de Souza Martins
Junho de 2015, programas televisivos e notícias na internet trazem as últimas manchetes policiais do dia: polícia “desfila” em carro aberto com suspeitos de matar PM na Paraíba. Nas imagens, a população local se aglomera neste “ato público” de punição aos “delinquentes”. A impressão é que todos se sentem empoderados pela “justiça”. Numa das cenas, um dos participantes, após esboçar uma careta, desfere um “cascudo” em um dos indivíduos já detido e, portanto, sobre a tutela da polícia – e do Estado. Talvez esses “delinquentes” jamais seriam devidamente processados, assim a “justiça popular” precisaria ser minimamente garantida, pelo menos constrangendo o sujeito.
Casos semelhantes, cada vez mais comuns em nosso país, embasaram o estudo do sociólogo José de Souza Martins em sua mais recente obra “Linchamentos: a Justiça Popular no Brasil” (Editora Contexto, 2015), na qual o autor se debruça sobre relatos de 2028 casos de linchamentos, comprovados ou tentados, nos últimos 60 anos, além do aprofundamento de dois estudos de caso. O livro é dividido em três partes: na primeira oferece uma análise sociológica quantitativa e qualitativa dos dados levantados com riqueza de detalhes; na segunda enfoca a relação dos linchamentos com a simbologia da morte; e na terceira oferece uma visão crítica de sua fonte de dados. Leia Mais
Fronteira e fronteiriços: a construção das relações socioculturais entre brasileiros e paraguaios (1954-2014) | Leandro Baller
De autoria do historiador e professor do Curso de História da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Nova Andradina. O professor Leandro Baller, traz um conjunto de ideias e explicações acerca da problemática que envolve o convívio entre homens e mulheres que levam suas vidas nos contornos limítrofes entre dois países, no caso desse estudo Brasil e Paraguai, mais propriamente as relações sociais e culturais construídas pelos brasileiros e paraguaios, sem perder de vista questões políticas e econômicas que se produzem nesse contexto e são/foram operacionalizadas tambem pelos Estados.
O livro é resultado das pesquisas desenvolvidas pelo autor ao longo da sua trajetória pessoal, intelectual e acadêmica. A obra resultou de uma tese de doutoramento em História defendida junto ao programa de pós-graduação da Universidade Federal da Grande Dourados, sendo esta tese a primeira de História defendida no âmbito de doutorado pelo referido programa, bem como em uma instituição no Estado de Mato Grosso do Sul. Leia Mais
Fronteira e fronteiriços: a construção das relações socioculturais entre brasileiros e paraguaios (1954-2014) | Leandro Baller
De autoria do historiador e professor do Curso de História da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Nova Andradina. O professor Leandro Baller, traz um conjunto de ideias e explicações acerca da problemática que envolve o convívio entre homens e mulheres que levam suas vidas nos contornos limítrofes entre dois países, no caso desse estudo Brasil e Paraguai, mais propriamente as relações sociais e culturais construídas pelos brasileiros e paraguaios, sem perder de vista questões políticas e econômicas que se produzem nesse contexto e são/foram operacionalizadas tambem pelos Estados.
O livro é resultado das pesquisas desenvolvidas pelo autor ao longo da sua trajetória pessoal, intelectual e acadêmica. A obra resultou de uma tese de doutoramento em História defendida junto ao programa de pós-graduação da Universidade Federal da Grande Dourados, sendo esta tese a primeira de História defendida no âmbito de doutorado pelo referido programa, bem como em uma instituição no Estado de Mato Grosso do Sul. Leia Mais
História da educação indígena e colonialidade | Adriane Pesovento e Nicanor Palhares Sá
A presença indígena no processo de colonização do século XIX é significativa, sobretudo, na formação étnica e cultural da sociedade brasileira. Entretanto, no que se refere à História da Educação Brasileira, o segmento indígena é rotineiramente vilipendiado, sendo que os investimentos fora do contexto da chamada educação formal – “espaço privilegiado da população livre e branca, excluindo o índio, cuja a categorização oscilava entre livre e escravo” – são praticamente escassos, tal como afirmou Elizabeth Madureira Siqueira (2012), no Prefácio do livro ora resenhado. Esse contexto, restrito ao estado, pressupõe uma perspectiva do paradigma colonizador, agregando um imaginário de passividade que circunscreve o segmento indígena e sua trajetória.
Publicado por Adriane Pesovento, Nicanor Palhares Sá e Sandra Jorge da Silva, com base nas discussões realizadas pelo Grupo de Pesquisa “História da Educação e Memória” (GEM) da Universidade Federal do Mato Grosso2 , o livro História da Educação Brasileira e Colonialidade (2012) tem como objetivo analisar os mecanismos de imposição de civilização e cultura e, ainda, as resistências e interações de saberes produzidos na trajetória dos habitantes tradicionais das terras brasileiras, por meio da perspectiva da colonialidade do saber e do poder3 . Para isso, apropriou-se dos conceitos concernentes à colonialidade defendidos por Lander (2005), Castro-Gómez (2005) e Quijano (2005). Leia Mais
Uma breve história do mundo | H. G. Wells
A obra aqui resenhada foi editada pela primeira vez em 1922, pouco depois da I Guerra Mundial. Mantém-se ainda com fortes atrativos para sua leitura, tendo-se em vista que sua linguagem conserva uma combinação entre o rigor analítico e o descritivo, sem apresentar-se extensa ou profunda em excesso em um ou outro. Parecer dirigir-se ao leitor iniciante, como alunos do curso de graduação em História, assim como interessados na leitura de um texto objetivo, sucinto e altamente informativo e formativo.
O livro possui 67 capítulos, em geral curtos e escritos num estilo que se assemelha ao jornalístico. Seus primeiros 12 capítulos cobrem a formação da Terra e o desenvolvimento da vida, até chegar aos “primeiros homens verdadeiros” e ao “pensamento primitivo” (dois temas que intitulam, respectivamente, os capítulos 11 e 12). Obviamente, as bases em que o autor escreve esses primeiros capítulos acham-se defasadas perante as descobertas e avanços científicos verificados ao longo do Século XX. Apesar disso, mostram uma descrição e análises rigorosas a respeito, com o que havia disponível nas primeiras décadas do Século XX. A seguir, destacam-se alguns pontos do livro, tendo-se em vista tratar-se de um número de capítulos que inviabiliza a descrição de cada um deles no espaço de uma resenha. Leia Mais
Bandeirantes paulistas no sertão do São Francisco: povoamento e expansão pecuária de 1688 a 1734 | M. Santos
O bandeirantismo e a história das bandeiras paulistas já foi um tema nobre na pesquisa histórica brasileira, do século XVIII, quando surgiriam as primeiras descrições circunstanciadas sobre o assunto, até as primeiras décadas do século XX (ABUD, 1985). Mas, com a afirmação e consolidação dos estudos históricos nas universidades, tais estudos foram, aos poucos, sendo deixados em segundo plano, em função da diversificação das abordagens, das variações dos temas pesquisados e do maior volume de estudos sobre outras regiões do país. Entretanto, nos últimos vinte anos, novamente o tema tem despertado a atenção dos pesquisadores, mas com o fim, não de vislumbrar a importância da capitania, depois, província, e atualmente estado de São Paulo, junto a Federação, e sim com o propósito de inquirir quais as marcas que aquele empreendimento deixou em outras regiões, como os letrados do passado fizeram uso de certas estratégias para abordar o passado e o visualizar como opção a ser reproduzida no presente, quais as relações entre o local, o regional e o nacional, de que maneira se constituíram as fronteiras territoriais e como o bandeirantismo serviu de base para a construção de uma identidade regional, na qual São Paulo se veria distintamente do resto do país. Leia Mais
Aquellos otros inversores | Raúl Jacob
En la década de 1970, pero con mayor empuje en las dos décadas siguientes, los Históriadores uruguayos comenzaron a estudiar a la industria y a los empresarios, tanto nacionales como extranjeros, y a la inversión exterior. Con la renovación del campo historiográfico en el país y en América Latina, al abordarse temáticas económicas y sociales, este tipo de investigaciones ayudaron a deconstruir y problematizar ciertos lugares comunes. Una visión vulgar de la História uruguaya – aún presente, no obstante, en la academia – marcaba la presencia insoslayable del estado, en especial en la etapa batllista, como industrializador del país, ante una burguesía nacional débil o inexistente, considerando además, a la inversión británica, como la única de envergadura durante el siglo XIX y las primeras décadas del XX. La obra de autores como Luis Stolovich, Alcides Beretta Curi y Raúl Jacob1, ha servido para corregir o matizar estos planteos. En las Jornadas Rioplatenses de História Comparada: Respuestas reformistas al Estado oligárquico (1890 – 1930) organizadas por el CLAEH en 1989, evidenciado el desarrollo de estos estudios, se les dio cabida.2 No obstante esto, en la agenda institucional y en el interés del público, estas temáticas siguen siendo marginales. Quizás pueda deberse esto a la especificidad de las investigaciones, a un abordaje más descriptivo que interpretativo, o a un enfoque basado en la teoría de redes, la microHistória o los estudios de caso; pero tampoco se puede desechar la desidia o la pereza intelectual de los lectores y/o académicos ante planteos poco transitados. Leia Mais
Tragédias, batalhas e fracassos: as derrotas brasileiras nas Copas do Mundo (1950-1982) | Leonardo Pacheco Turchi
Não são apenas as vitórias que compõem o imaginário futebolístico. “Instrumento de renovação da vida” e o “começar de novo”, tal como afirmou Carlos Drummond de Andrade – oportunamente citado por Leonardo Pacheco na introdução do seu livro “Tragédias, Batalhas e Fracassos” – as derrotas têm um papel essencial dentro do universo esportivo. Publicado com base em seu doutorado defendido no Departamento de História da UFM, o livro de Leonardo tem como objetivo pensar as derrotas brasileiras nas Copas do Mundo entre 1950 e 1982 a partir das narrativas, discursos e imagens dos períodos pesquisados que, em sua maioria, centravam as análises nas questões ligadas à masculinidade e ao envelhecimento2. Para isso, relacionou estes dois temas principais para analisar o universo futebolístico, aqui compreendido por meio de seu principal momento ritual: a Copa do Mundo de Futebol.
Dividido em seis capítulos, cada dedicado a uma Copa do Mundo, o livro permite evidenciar que embora as questões e elementos vinculados às derrotas variem a cada evento, assinalados por um caráter multifacetado, que alternam concepções valorativas ora positivas e ora negativas, tais discursos relacionados às masculinidades e envelhecimento são marcados por certas permanências. A compreensão hegemônica de masculinidade é problematizada e reelaborada ao longo do trabalho, visto que é possível pensar a existência de múltiplas masculinidades em um mesmo contexto. Nesse sentido, faz-se importante o estudo do masculino em relação a outros conceitos e marcadores (geracional, de classe, corporal, racial etc.), decisivos para uma compreensão relacional do que é ser homem em determinados contextos socioculturais. Nesse sentido, o autor pensa o gênero como um conceito plural e relacional, construído e reconstruído socialmente, que abarca múltiplas experiências e marcado por diversas relações de poder. Leia Mais
A história na escola: autores, livros e leituras | Helenice Aparecida Bastos Rocha, Luís Reznik e Marcelo de Souza Magalhães
Na última década, tenho vislumbrado um significativo avanço nas pesquisas na área de ensino de história no Brasil, traduzido pela presença de dissertação e teses defendidas nos programas de pós-graduação em História e Educação versando sobre temas como produção, circulação e usos dos livros didáticos, formação e prática do professor, novas linguagens e tecnologias, políticas públicas e currículos entre outros. Esse crescente interesse pelo assunto fica evidente na quantidade de livros, coletâneas e dossiês em periódicos científicos publicados no país. A Revista de História da Biblioteca Nacional, criada em 2005, à guisa de ilustração, desde o seu primeiro número tem dedicado uma seção às questões do ensino da História na escola de educação básica.
Em 1998, quando iniciava os primeiros passos na pesquisa, podia-se rapidamente levantar mentalmente a pequena lista de obras de referência sobre a história do ensino da História no Brasil, mesmo as dissertações e teses ocupavam poucas páginas após uma busca bibliográfica. Não me esqueço da alegria que fora mim receber do orientador de iniciação científica a coletânea O saber histórico na sala de aula, organizado pela historiadora Circe Bittencout. Até então só conhecia Repensando a história, organizado por Marcos Silva (1984), Ensino de História: revisão urgente (1986), de Conceição Cabrini e outras autoras, O ensino de história e a criação do fato (1988), organizado por Jaime Pinsky, Caminhos da história ensinada, de Selva Guimarães Fonseca (1993), e artigos publicados em um ou dois dossiês na Revista Brasileira de História e Cadernos CEDES. Leia Mais
Historiografia contemporânea em perspectiva crítica | Jurandir Malerba e Carlos Aguirre Rojas
Apresentar os caminhos do pensamento histórico e de sua escrita no século XX. Esta é a proposta da obra aqui resenhada. Obviamente, o século XIX não pode ser deixado de lado, pois dele procede a matriz historicista, metódica, cientificista que transformou a história numa área acadêmica. Como demonstram diversos capítulos do próprio livro, essa matriz foi universalizada conjuntamente com a expansão da cultura ocidental européia.
Uma das grandes contribuições dos organizadores foi, todavia, demonstrar campos historiográficos muito além do eixo europeu. Ele está presente, claro, nos artigos sobre a recente movimentação historiográfica na França pós-crise dos Annales, no excelente texto acerca da historiografia alemã, nas análises da micro-história italiana, do pensamento histórico espanhol e lusitano. Mas há também estudos sobre as novas tendências da historiografia russa e, especialmente, uma destacada ênfase na produção latino-americana. Em outras palavras, em que pese a influência européia sobre as outras regiões, ela, a Europa, se torna provicializada no decorrer da leitura. Leia Mais
Historiografia contemporânea em perspectiva crítica | Jurandir Malerba
Apresentar os caminhos do pensamento histórico e de sua escrita no século XX. Esta é a proposta da obra aqui resenhada. Obviamente, o século XIX não pode ser deixado de lado, pois dele procede a matriz historicista, metódica, cientificista que transformou a história numa área acadêmica. Como demonstram diversos capítulos do próprio livro, essa matriz foi universalizada conjuntamente com a expansão da cultura ocidental européia.
Uma das grandes contribuições dos organizadores foi, todavia, demonstrar campos historiográficos muito além do eixo europeu. Ele está presente, claro, nos artigos sobre a recente movimentação historiográfica na França pós-crise dos Annales, no excelente texto acerca da historiografia alemã, nas análises da micro-história italiana, do pensamento histórico espanhol e lusitano. Mas há também estudos sobre as novas tendências da historiografia russa e, especialmente, uma destacada ênfase na produção latino-americana. Em outras palavras, em que pese a influência européia sobre as outras regiões, ela, a Europa, se torna provicializada no decorrer da leitura. Leia Mais
Inimigos da esperança; publicar/ perecer e o eclipse da erudição | Lindsay Waters
Este breve livro – ou breve ensaio – escrito pelo editor da Harvard University Press dá conta, em boa medida de argumentos, sobre o malestar que se espalha entre intelectuais estadunidenses e que, por conseqüências históricas, deve aportar no Brasil. A indisposição que motiva o livro é o frenesi da produção acadêmica que cresceu na mesma proporção em que se mantém(ve) desconhecida. Se quisermos, não consumida.
De um locus privilegiado, Waters realiza uma releitura do fenômeno da hiperprodutividade editorial que só fez crescer desde a segunda metade do século XX. Tal fenômeno decorreu das exigências adotadas pelas instituições universitárias e, principalmente, das agências de fomento que passaram a adotar o princípio da produção quantitativa como mote para mensurar a atuação dos profissionais vinculados à elabração do saber. Leia Mais
Inimigos da esperança; publicar/ perecer e o eclipse da erudição | Lindsay Waters
Este breve livro – ou breve ensaio – escrito pelo editor da Harvard University Press dá conta, em boa medida de argumentos, sobre o malestar que se espalha entre intelectuais estadunidenses e que, por conseqüências históricas, deve aportar no Brasil. A indisposição que motiva o livro é o frenesi da produção acadêmica que cresceu na mesma proporção em que se mantém(ve) desconhecida. Se quisermos, não consumida.
De um locus privilegiado, Waters realiza uma releitura do fenômeno da hiperprodutividade editorial que só fez crescer desde a segunda metade do século XX. Tal fenômeno decorreu das exigências adotadas pelas instituições universitárias e, principalmente, das agências de fomento que passaram a adotar o princípio da produção quantitativa como mote para mensurar a atuação dos profissionais vinculados à elabração do saber. Leia Mais
A violência e o futebol: dos estudos clássicos aos dias de hoje | Maurício Murad
O futebol tem ocupado, cada vez mais, um espaço como objeto de estudo dos vários pesquisadores, cuja formação se liga à História, à sociologia, à antropologia e demais áreas correlatas. Isso significa que o esforço de análise acerca desta temática vem deixando de ser algo restrito a uma prática diletante, para também ser analisada no âmbito das universidades. Neste aspecto, não tenho dúvidas quanto ao pioneirismo e ao brilhantismo do Professor Maurício Murad, quando nos reportamos à reflexão sobre a temática apontada, sobretudo no que diz respeito a um dos principais problemas que habita o universo do futebol: a violência. O livro é parte de amplas pesquisas que o autor já vem realizando há algum tempo, o que o coloca como indispensável para aqueles que estudam ou venham a estudar e/ou conhecer questões relacionadas ao futebol, também numa perspectiva da pesquisa acadêmica.
Desde já, creio ser necessário concordar com uma das principais teses do autor em questão, quando ele nos sugere em seu livro, que não se deve comparar a violência no futebol com a violência do futebol. A partir desta premissa, provavelmente o autor queira nos alertar quanto às ocasionais conclusões que poderiam naturalizar o futebol como algo estruturalmente violento, tal como muitas vezes alguns jornais impressos, programas de rádios e/ou de televisão, enfim, os diferentes veículos de comunicação poderiam nos levar a crer, quando noticiam os jogos de futebol. Não se trata de rejeitar a existência de absurdos ligados à violência absolutamente condenáveis que, de fato, estão presentes no esporte. Leia Mais
A violência e o futebol: dos estudos clássicos aos dias de hoje | Maurício Murad
O futebol tem ocupado, cada vez mais, um espaço como objeto de estudo dos vários pesquisadores, cuja formação se liga à História, à sociologia, à antropologia e demais áreas correlatas. Isso significa que o esforço de análise acerca desta temática vem deixando de ser algo restrito a uma prática diletante, para também ser analisada no âmbito das universidades. Neste aspecto, não tenho dúvidas quanto ao pioneirismo e ao brilhantismo do Professor Maurício Murad, quando nos reportamos à reflexão sobre a temática apontada, sobretudo no que diz respeito a um dos principais problemas que habita o universo do futebol: a violência. O livro é parte de amplas pesquisas que o autor já vem realizando há algum tempo, o que o coloca como indispensável para aqueles que estudam ou venham a estudar e/ou conhecer questões relacionadas ao futebol, também numa perspectiva da pesquisa acadêmica.
Desde já, creio ser necessário concordar com uma das principais teses do autor em questão, quando ele nos sugere em seu livro, que não se deve comparar a violência no futebol com a violência do futebol. A partir desta premissa, provavelmente o autor queira nos alertar quanto às ocasionais conclusões que poderiam naturalizar o futebol como algo estruturalmente violento, tal como muitas vezes alguns jornais impressos, programas de rádios e/ou de televisão, enfim, os diferentes veículos de comunicação poderiam nos levar a crer, quando noticiam os jogos de futebol. Não se trata de rejeitar a existência de absurdos ligados à violência absolutamente condenáveis que, de fato, estão presentes no esporte. Leia Mais
Arqueologia dos buracos de bugre: uma Pré-História do Planalto Meridional | José Alberione dos Reis
O ponto de partida de José Alberione dos Reis, uma proposta que ganha força entre os arqueólogos que estão revisando e reorganizando dados acumulados por décadas em diversas regiões do Brasil, visa realizar “um trabalho de propostas, de sugestões, de sistematização, de apontar problemáticas”. O cumprimento deste objetivo foi possível graças a uma ampla organização e sistematização das informações contidas nos trabalhos sobre os sítios arqueológicos do tipo “buracos de bugre”, incluídos nas tradições Taquara, Itararé e Casa de Pedra presentes na Região Sul. O resultado é uma síntese balizada com rigor pelos parâmetros da Arqueologia Processual, que ordena os dados publicados e que realmente aponta para novos caminhos, a partir de uma minuciosa análise das informações coletadas desde a década de 1960. Ao mesmo tempo, o livro apresenta de forma didática os conceitos e a seqüência de passos necessários para análise de aspectos ambientais, tecnológicos, econômicos e sociais a partir da abordagem processual. Além disso, também mostra um histórico das pesquisas realizadas, examinando os itinerários intelectuais de onde saíram as idéias e as práticas daqueles que formataram a maior parte do conhecimento arqueológico sobre o sul do Brasil. Leia Mais
Arqueologia dos buracos de bugre: uma Pré-História do Planalto Meridional | José Alberione dos Reis
O ponto de partida de José Alberione dos Reis, uma proposta que ganha força entre os arqueólogos que estão revisando e reorganizando dados acumulados por décadas em diversas regiões do Brasil, visa realizar “um trabalho de propostas, de sugestões, de sistematização, de apontar problemáticas”. O cumprimento deste objetivo foi possível graças a uma ampla organização e sistematização das informações contidas nos trabalhos sobre os sítios arqueológicos do tipo “buracos de bugre”, incluídos nas tradições Taquara, Itararé e Casa de Pedra presentes na Região Sul. O resultado é uma síntese balizada com rigor pelos parâmetros da Arqueologia Processual, que ordena os dados publicados e que realmente aponta para novos caminhos, a partir de uma minuciosa análise das informações coletadas desde a década de 1960. Ao mesmo tempo, o livro apresenta de forma didática os conceitos e a seqüência de passos necessários para análise de aspectos ambientais, tecnológicos, econômicos e sociais a partir da abordagem processual. Além disso, também mostra um histórico das pesquisas realizadas, examinando os itinerários intelectuais de onde saíram as idéias e as práticas daqueles que formataram a maior parte do conhecimento arqueológico sobre o sul do Brasil. Leia Mais
Corumbá de todas as graças | Augusto César Proença
Augusto César Gomes da Silva, mais conhecido pelo nome literário Augusto César Proença, é um escritor corumbaense que publicou diversas obras desde a década de 1970, entre elas os contos Snack Bar (1979), A Sesta (1993), A Condução (1993), Para Qualquer Lugar (1995), a novela Raízes do Pantanal, (1989), o livro Pantanal: Gente Tradição e História (1993) e o conto Nessa Poeira Não Vem Mais Seu Pai (1996), adaptado para o teatro pelo grupo Anteato de Artes Cênicas e roteirizado em 1999 para o filme de curta-metragem pelo cineasta Tito Teijido. Nota-se que o autor possui uma variedade de obras que não lhe confere a designação de um simples memorialista. Contudo, no seu mais recente livro Corumbá de todas as graças está intrínseca a exaltação de um passado, um dos traços comuns da memória enquanto representação.
Em Corumbá de todas as graças Proença traçou parte da trajetória histórica daquela cidade, destacando não só o comércio fluvial internacional como também suas festas e seus costumes. Trata-se de uma narrativa sem o compromisso de análise e sem muito rigor cronológico. Nela o autor descreveu tanto o período colonial quanto os primeiros anos do século atual e intercalou na história de Corumbá a presença dos salesianos. Leia Mais
Educação e Sociedade na Primeira República | Jorge Nagle
No ano de 2001, à guisa de comemoração do terceiro milênio, a DP&A Editora brindou estudiosos, professores de história da educação brasileira e aos demais interessados com a publicação da obra do Prof. Jorge Nagle, Educação e Sociedade na Primeira República. Sua primeira edição (1974), bem como, a reimpressão (1976), resultado de uma parceria entre a Fundação Nacional de Material Escolar/MEC (Rio de Janeiro) e a Editora Pedagógica Universitária (São Paulo), estavam esgotadas há muito tempo. Tal situação forçava as pessoas, por necessidade de ofício, a violar os direitos autorais, xerocopiando a obra no todo ou em partes.
Trata-se de uma obra ímpar na interpretação da educação brasileira, no período da Primeira República. O Autor cunhou as categorias “entusiasmo pela educação” e “otimismo pedagógico”, para explicar a efervescência dos debates e disputas teóricas sobre a trajetória da educação, num momento em que a sociedade brasileira passava pela transição de uma sociedade agrário-comercial por outra, urbano-industrial. Leia Mais
Corumbá de todas as graças | Augusto César Proença
Augusto César Gomes da Silva, mais conhecido pelo nome literário Augusto César Proença, é um escritor corumbaense que publicou diversas obras desde a década de 1970, entre elas os contos Snack Bar (1979), A Sesta (1993), A Condução (1993), Para Qualquer Lugar (1995), a novela Raízes do Pantanal, (1989), o livro Pantanal: Gente Tradição e História (1993) e o conto Nessa Poeira Não Vem Mais Seu Pai (1996), adaptado para o teatro pelo grupo Anteato de Artes Cênicas e roteirizado em 1999 para o filme de curta-metragem pelo cineasta Tito Teijido. Nota-se que o autor possui uma variedade de obras que não lhe confere a designação de um simples memorialista. Contudo, no seu mais recente livro Corumbá de todas as graças está intrínseca a exaltação de um passado, um dos traços comuns da memória enquanto representação.
Em Corumbá de todas as graças Proença traçou parte da trajetória histórica daquela cidade, destacando não só o comércio fluvial internacional como também suas festas e seus costumes. Trata-se de uma narrativa sem o compromisso de análise e sem muito rigor cronológico. Nela o autor descreveu tanto o período colonial quanto os primeiros anos do século atual e intercalou na história de Corumbá a presença dos salesianos. Leia Mais
Velhos Amigos | Ecléa Bosi
Ouvir o que os velhos têm a dizer sobre o passado raramente é experimentado e entendido como uma atividade aprazível. Identificar a poesia e a beleza contidas no conteúdo das narrativas memoriais é, ainda mais, uma tarefa de difícil realização. A exceção fica por conta dos interessados em estudar a memória, a oralidade, a narratividade e outros temas que vicejam nos campos acadêmicos, cultivados por pesquisadores, intelectuais e similares. Desde a modernidade que a memória parece relegada ao plano dos estudos, se descolando da característica de atividade construtiva do cotidiano humano.
Mas a professora Ecléa Bosi, ao conceber e escrever Velhos Amigos, não se deteve nessas questões, felizmente! Velhos Amigos tem ares de reencontro com narradores do ontem e do hoje, exibindo as fímbrias da teia que estabelecem os elos entre passado e presente. Esse texto estabelece o retorno a Memória e Sociedade; lembranças de velhos, tese de livre-docência da autora, publicada em 1973. Na apresentação do trabalho – originalmente a argüição a tese –, Marilena Chauí, a certa altura, escreveu que “o pensamento compartilhado. Outrora, a filosofia o nomeava: diálogo” (p. XXI). Ao terminar a leitura de Velhos amigos, recordei dessa afirmação esclarecedora. Fui conferi-la e criei a impressão de que Ecléa Bosi constrói essa interlocução de forma saborosa no livro em tela. Leia Mais
Educação e Sociedade na Primeira República | Jorge Nagle
No ano de 2001, à guisa de comemoração do terceiro milênio, a DP&A Editora brindou estudiosos, professores de história da educação brasileira e aos demais interessados com a publicação da obra do Prof. Jorge Nagle, Educação e Sociedade na Primeira República. Sua primeira edição (1974), bem como, a reimpressão (1976), resultado de uma parceria entre a Fundação Nacional de Material Escolar/MEC (Rio de Janeiro) e a Editora Pedagógica Universitária (São Paulo), estavam esgotadas há muito tempo. Tal situação forçava as pessoas, por necessidade de ofício, a violar os direitos autorais, xerocopiando a obra no todo ou em partes.
Trata-se de uma obra ímpar na interpretação da educação brasileira, no período da Primeira República. O Autor cunhou as categorias “entusiasmo pela educação” e “otimismo pedagógico”, para explicar a efervescência dos debates e disputas teóricas sobre a trajetória da educação, num momento em que a sociedade brasileira passava pela transição de uma sociedade agrário-comercial por outra, urbano-industrial. Leia Mais
Velhos Amigos | Ecléa Bosi
Ouvir o que os velhos têm a dizer sobre o passado raramente é experimentado e entendido como uma atividade aprazível. Identificar a poesia e a beleza contidas no conteúdo das narrativas memoriais é, ainda mais, uma tarefa de difícil realização. A exceção fica por conta dos interessados em estudar a memória, a oralidade, a narratividade e outros temas que vicejam nos campos acadêmicos, cultivados por pesquisadores, intelectuais e similares. Desde a modernidade que a memória parece relegada ao plano dos estudos, se descolando da característica de atividade construtiva do cotidiano humano.
Mas a professora Ecléa Bosi, ao conceber e escrever Velhos Amigos, não se deteve nessas questões, felizmente! Velhos Amigos tem ares de reencontro com narradores do ontem e do hoje, exibindo as fímbrias da teia que estabelecem os elos entre passado e presente. Esse texto estabelece o retorno a Memória e Sociedade; lembranças de velhos, tese de livre-docência da autora, publicada em 1973. Na apresentação do trabalho – originalmente a argüição a tese –, Marilena Chauí, a certa altura, escreveu que “o pensamento compartilhado. Outrora, a filosofia o nomeava: diálogo” (p. XXI). Ao terminar a leitura de Velhos amigos, recordei dessa afirmação esclarecedora. Fui conferi-la e criei a impressão de que Ecléa Bosi constrói essa interlocução de forma saborosa no livro em tela. Leia Mais
História do Rio Grande do Sul dos dois primeiros séculos | Carls Teschauer
A reedição da historiografia colonial há muito esgotada é um dos desafios do presente para o setor editorial acadêmico brasileiro, pois a maioria das bibliotecas não possui acervos completos. Esse é um dos fatores que influenciam no desequilíbrio entre as pesquisas realizadas sobre cada um dos períodos em que tradicionalmente é dividida a História do Brasil (colônia, império e república), na qual os estudos coloniais detêm um percentual médio de 14% nas últimas duas décadas. Certamente, com bibliotecas bem abastecidas, existiria mais incentivo para atrair novos talentos e aumentar a produção da historiografia colonial, cuja renovação e construção são muito necessárias.
Contribuindo para superar os limites da escassez de obras antigas, a Editora da Unisinos presta mais um grande serviço ao publicar a segunda edição da obra magna de Carlos Teschauer, considerado o pai da história gaúcha pela historiografia tradicional. Publicada originalmente no intervalo de 5 anos, veio ao lume em 1918 (406 p.), 1921 (446 p.) e 1922 (509 p.), sendo um marco editorial no Rio Grande do Sul e mesmo no Brasil, onde poucas obras dessa envergadura haviam sido publicadas. Sua importância, além do conteúdo, foi a criação de uma narrativa baseada em vasta quantidade de documentos inéditos, muitos publicados ali pela primeira vez, levantados em diversos arquivos do Brasil, Argentina e Uruguai. Também pelo uso das principais obras sobre o tema, as quais foram tratadas com uma perspectiva bastante crítica e rara para a época, conforme declara Teschauer na introdução da obra: “Grande parte dos nossos historiadores ainda está – o que parece incrível e não tem razão de ser – sob a influência e pressão da historiografia do século XVIII. Esta levantou, no correr dos tempos, uma espécie de muralha de inverdades, inexatidões e prevenções e criou uma tradição falseada quase insuperável, que se alteia entre o nosso tempo e a verdade histórica”. Leia Mais
História do Rio Grande do Sul dos dois primeiros séculos | Carlos Teschauer
A reedição da historiografia colonial há muito esgotada é um dos desafios do presente para o setor editorial acadêmico brasileiro, pois a maioria das bibliotecas não possui acervos completos. Esse é um dos fatores que influenciam no desequilíbrio entre as pesquisas realizadas sobre cada um dos períodos em que tradicionalmente é dividida a História do Brasil (colônia, império e república), na qual os estudos coloniais detêm um percentual médio de 14% nas últimas duas décadas. Certamente, com bibliotecas bem abastecidas, existiria mais incentivo para atrair novos talentos e aumentar a produção da historiografia colonial, cuja renovação e construção são muito necessárias.
Contribuindo para superar os limites da escassez de obras antigas, a Editora da Unisinos presta mais um grande serviço ao publicar a segunda edição da obra magna de Carlos Teschauer, considerado o pai da história gaúcha pela historiografia tradicional. Publicada originalmente no intervalo de 5 anos, veio ao lume em 1918 (406 p.), 1921 (446 p.) e 1922 (509 p.), sendo um marco editorial no Rio Grande do Sul e mesmo no Brasil, onde poucas obras dessa envergadura haviam sido publicadas. Sua importância, além do conteúdo, foi a criação de uma narrativa baseada em vasta quantidade de documentos inéditos, muitos publicados ali pela primeira vez, levantados em diversos arquivos do Brasil, Argentina e Uruguai. Também pelo uso das principais obras sobre o tema, as quais foram tratadas com uma perspectiva bastante crítica e rara para a época, conforme declara Teschauer na introdução da obra: “Grande parte dos nossos historiadores ainda está – o que parece incrível e não tem razão de ser – sob a influência e pressão da historiografia do século XVIII. Esta levantou, no correr dos tempos, uma espécie de muralha de inverdades, inexatidões e prevenções e criou uma tradição falseada quase insuperável, que se alteia entre o nosso tempo e a verdade histórica”. Leia Mais
Breve painel etno-histórico de Mato Grosso do Sul | Gilson Rodolfo Martins
A década de 1990 testemunhou o florescimento de obras de divulgação sobre povos indígenas no Brasil, feitas por antropólogos, historiadores e arqueólogos profissionais. Em grande medida, esses livros levaram ao grande público informações básicas e corretas, suplantando uma série de erros e má interpretações perpetradas e reproduzidas pela maioria dos livros didáticos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Outra contribuição importante desses trabalhos é a difusão de conteúdos politicamente orientados, visando levar ao público conhecimentos que auxiliem na formação de opiniões humanitárias e democráticas baseadas na ética e na justiça social, tanto para reduzir o preconceito e etnocentrismo arraigados contra os povos indígenas, quanto para que se possa ponderar adequadamente sobre os diversos conflitos interétnicos, especialmente em relação à luta pela manutenção e/ou reconquista de territórios tradicionais. Leia Mais
Breve painel etno-histórico de Mato Grosso do Sul | Gilson Rodolfo Martins
A década de 1990 testemunhou o florescimento de obras de divulgação sobre povos indígenas no Brasil, feitas por antropólogos, historiadores e arqueólogos profissionais. Em grande medida, esses livros levaram ao grande público informações básicas e corretas, suplantando uma série de erros e má interpretações perpetradas e reproduzidas pela maioria dos livros didáticos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Outra contribuição importante desses trabalhos é a difusão de conteúdos politicamente orientados, visando levar ao público conhecimentos que auxiliem na formação de opiniões humanitárias e democráticas baseadas na ética e na justiça social, tanto para reduzir o preconceito e etnocentrismo arraigados contra os povos indígenas, quanto para que se possa ponderar adequadamente sobre os diversos conflitos interétnicos, especialmente em relação à luta pela manutenção e/ou reconquista de territórios tradicionais.
De forma simpática e concisa, porém crítica e cientificamente consistente, Gilson Rodolfo Martins traça um completo painel sobre as populações indígenas situadas no território do Estado do Mato Grosso do Sul. Trata-se de uma segunda edição, revista e ampliada, que resume com clareza a Pré-História das populações que ocuparam a região a partir de, pelo menos, 10 mil anos atrás, conforme as inúmeras evidências e pesquisas arqueológicas realizadas nas últimas duas décadas. Na seqüência apresenta as populações da região desde os primeiros contatos com os europeus até o presente, destacando alguns aspectos marcantes das suas sociedades, das suas culturas materiais e dos seus imaginários, destacando a composição multiétnica dos povos indígenas. Leia Mais
Breve painel etno-histórico de Mato Grosso do Sul | Gilson Rodolfo Martins
A década de 1990 testemunhou o florescimento de obras de divulgação sobre povos indígenas no Brasil, feitas por antropólogos, historiadores e arqueólogos profissionais. Em grande medida, esses livros levaram ao grande público informações básicas e corretas, suplantando uma série de erros e má interpretações perpetradas e reproduzidas pela maioria dos livros didáticos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Outra contribuição importante desses trabalhos é a difusão de conteúdos politicamente orientados, visando levar ao público conhecimentos que auxiliem na formação de opiniões humanitárias e democráticas baseadas na ética e na justiça social, tanto para reduzir o preconceito e etnocentrismo arraigados contra os povos indígenas, quanto para que se possa ponderar adequadamente sobre os diversos conflitos interétnicos, especialmente em relação à luta pela manutenção e/ou reconquista de territórios tradicionais. Leia Mais
Vera: A Princesinha do Nortão. Uma contribuição ao estudo da ocupação da Amazônia Mato-grossense | Alexandre Panosso Netto
Vera: A Princesinha do Nortão. Uma contribuição ao estudo da ocupação da Amazônia Mato-grossense, de autoria de Alexandre Panosso Netto, licenciado em Filosofia e bacharel em Turismo pela Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande-MS e Especialista e Mestre em História pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Dourados.
Seu primeiro livro buscou resgatar a memória da cidade de Vera-MT, que se caracteriza como primeiro núcleo de colonização da Amazônia Mato-grossense a receber incentivos fiscais do Governo Federal após a criação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária -INCRA. Leia Mais
Vera: A Princesinha do Nortão. Uma contribuição ao estudo da ocupação da Amazônia Mato-grossense | Alexandre Panosso Netto
Vera: A Princesinha do Nortão. Uma contribuição ao estudo da ocupação da Amazônia Mato-grossense, de autoria de Alexandre Panosso Netto, licenciado em Filosofia e bacharel em Turismo pela Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande-MS e Especialista e Mestre em História pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Dourados.
Seu primeiro livro buscou resgatar a memória da cidade de Vera-MT, que se caracteriza como primeiro núcleo de colonização da Amazônia Mato-grossense a receber incentivos fiscais do Governo Federal após a criação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária -INCRA. Leia Mais
Fronteiras | UFGD | 1997
A revista Fronteiras (Dourados, 1997-) é uma publicação semestral vinculada ao Programa de Pós-Graduação em História (PGH/FCH/UFGD) que publica artigos inéditos e de pesquisas originais da área de História e de áreas que fazem um diálogo profícuo para/com a historiografia contemporânea, divulgando práticas de pesquisas e resenhas de livros.
A revista Fronteiras tem por finalidade publicar e divulgar, preferencialmente, trabalhos inéditos da área de história e áreas afins, evitando sua apresentação simultânea em outro periódico.
Periodicidade semestral.
Acesso livre.
ISSN 2175-0742 (Online)
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