Antologia del Pensamiento Crítico Caribeño Contemporáneo (West Indies, Antillas Francesas y Antillas Holandesas) | Félix Valdés Garcia

O Caribe se constitui num imenso mosaico multidimensional (cultural, político, intelectual) marcado por uma ampla diversidade de dominações, colonizações, influências, resistências e reelaborações, que estão explicitadas em suas diversas denominações. Desta forma, uma parte da região, o Caribe hispânico é chamado de ‘El Caribe’, nas ilhas anglófonas é denominado de ‘West Indies ou The Caribbean’, na zona francesa é apontado como ‘Les Antilles’ ou ‘La Caraíbes’ e na área holandesa é designado como ‘Dansk Vestindien’.

Estas diferentes denominações demonstram o caráter uno e diverso da região, combinados dialeticamente, que explicitam, de uma ou outra forma, toda sua diversidade e potencialidade.

Desta forma, apesar de partilharmos com o Caribe uma história comum, que antecede a colonização européia, e dos laços históricos, econômicos e culturais desenvolvidos há séculos tal região e, principalmente, o pensamento crítico caribenho seguem ignorados ou apontados (ainda) pelo exotismo, já que a centralidade intelectual dos países do norte, principalmente em sua vertente anglo-saxã, continua condicionando nosso olhar e nossa reflexão sobre uma região tão próxima e, ao mesmo tempo, tão distante.

Sendo assim, pode-se afirmar que, apesar de alguns avanços, a maior parte da produção intelectual caribenha, e de seu pensamento crítico, segue desconhecida, com raras exceções, e a elaboração, as temáticas e concepções desenvolvidas por intelectuais caribenhos ainda se constitui num vasto campo a ser explorado e divulgado.

Neste sentido, esta obra se constitui num trabalho fundamental, e muito instigante, para o (re) conhecimento do pensamento crítico caribenho e seus laços com a realidade brasileira, principalmente das populações originárias e dos afrodescendentes, e a construção de alternativas para uma sociedade mais justa e equitativa.

A obra é parte integrante da série ‘Países’ da coleção de Antologías del Pensamiento Social Latinoamericano y Caribeño, publicada pelo Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (CLACSO)2, na qual já foram divulgadas a produção crítica contemporânea de Uruguai, Panamá, El Salvador, Nicarágua, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Cuba, México, República Dominicana, Peru, Paraguai e Venezuela, sendo que, em breve, novos volumes sobre outros países devem ser lançados.

A coleção é composta por cinco séries: Trayectorias, Países, Pensamientos Silenciados, Miradas Lejanas e CLACSO/SIGLO XXI (publicação conjunta), cujos textos podem ser considerados essenciais para conhecer e compreender o pensamento social latino-americano e caribenho, clássico e contemporâneo.

Desde o seu surgimento, CLACSO se tornou um espaço de reflexão autônoma das questões latino-americanas, de desenvolvimento do pensamento social e crítico e do compromisso com a superação da pobreza e desigualdade, através da construção de um caminho alternativo próprio. Neste sentido, as coleções produzidas realçam a importância desta para a construção e difusão do pensamento latino-americano3, procurando incentivar a produção própria, a compreensão autônoma e a construção de um caminho latino-americano para o desenvolvimento das ciências e, principalmente, das sociedades latino-americanas.

Este trabalho foi organizado pelo professor cubano Félix Valdés Garcia, membro da Cátedra sobre o Caribe da Universidade de Havana, da Associação de Estudos do Caribe (AEC) e do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (CLACSO).

Esta obra, como a região retratada, é marcada pela diversidade de temáticas e perspectivas e se insere na dinâmica da coleção, procurando retratar uma ampla gama de autores e abordagens que possuem como fio condutor um pensamento crítico, alicerçado nas condições e desafios que a região enfrenta desde a colonização, apresentando tanto autores clássicos do pensamento caribenho como Frantz Fannon, Aimé Césaire, Eric Willians, Cyril Lionel Robert James, Edward Kamau Brathwaite e Maurice Bishop, como autores contemporâneos como Sir William Arthur Lewis, Kari Polanyi Levitt y Lloyd A. Best, Sylvia Wynter, Jean Bernabé, Patrick Chamoiseau e Raphaël Confiant.

Desta forma, o livro adquire uma coerência e uma relativa unidade, mesmo na diversidade, pois os autores apresentados conseguem demonstrar a profunda relação entre suas análises e a dinâmica social, política e econômica de seus países e região, produzindo um pensamento que procura contribuir para a transformação social, em suas diversas formas e movimentos, superando os colonialismos, em todas as suas manifestações e atualizações.

Além disto, o trabalho está marcado por uma abordagem multidisciplinar e pelo diálogo frutífero de um conjunto de correntes, relacionadas ao pensamento crítico, no qual se destacam três tradições. Primeiro, o pensamento marxista, utilizado de forma criativa e distanciado de dogmatismo e esquematismo, associado ao marxismo ocidental e, principalmente, ao impulso renovador e originário intentado pela Revolução Cubana e pelas releituras marxistas desenvolvidas na África e na América Latina ao longo das últimas décadas. Além dele, se destaca o pensamento negro, originário da diáspora africana, e sua releitura da colonização e da escravidão, bem como da condição dos negros no mundo contemporâneo, procurando resgatar suas raízes, originalidade e relevância para a superação da condição subalterna e subdesenvolvida.

Por fim, emergem os trabalhos que, mantendo um diálogo com as perspectivas anteriores, incorporam as contribuições do pensamento decolonial, anti-colonial ou póscolonial, procurando descontruir a modernidade eurocêntrica, suas lógicas e determinações, resgatando os diversos elementos (culturais, políticos, sociais, econômicos, religiosos, …) associados a negritude, as populações originárias e as mulheres, dentre outras, que nos permitem repensar a condição colonial e, principalmente, a dependência e o desenvolvimento (econômico e social) da região.

Neste sentido, podemos apontar que a obra pode ser analisada a partir de cinco eixos fundamentais, que se entrecruzam e se desdobram em inúmeras reflexões.

O primeiro eixo, que perpassa toda a obra, está associado a temática do colonialismo, tanto em sua dimensão temporal como nos efeitos políticos, econômicos e culturais, ao promover um quadro de dominação econômica, política e cultural, associado a colonialidade do saber e do poder nesta região e em toda a América Latina. Neste sentido, se destacam as análises, que podem ser consideradas clássicas, de Frantz Fanon (“Los condenados de la tierra”- fragmentos) e de Aimé Césaire (“Discurso sobre el colonialismo”) e o trabalho, mais recente, de Sylvia Winter (“1492: Una nueva visión del mundo”), embora os demais textos do livro possam ser considerados um desdobramento deste eixo primordial e continuem, a seu modo, discutindo tal temática.

O segundo eixo é caracterizado pelo debate sobre a dependência e a condição periférica dos estados caribenhos, além dos desafios para a criação de uma dinâmica efetiva de desenvolvimento econômico e social. Neste sentido, são apresentados os trabalhos de Eric Willians (“Capitalismo y esclavitud” y “El futuro del Caribe”), Kari Polanyi Levitt y Lloyd A.

Best (“Un enfoque histórico e institucional del desarrollo económico caribeño” y “Bosquejo de una teoría general de la economía del Caribe” e Sir William Arthur Lewis (“La agonía de las ocho”- Teoría para el desarrollo económico y social del Caribe), dentre outros.

O terceiro eixo, presente em boa parte dos trabalhos, é relacionado a questão da negritude e da condição ‘criolla’, discutidas em múltiplas dimensões, em que se destacam os elementos culturais e políticos. No primeiro caso, estão presentes trabalhos que revisam o tema da escravidão, em sua implicação social e cultural, analisam a emergência da noção de negritude, em sua relação com o pan-africanismo, e, mais recentemente, da noção de ‘creolidad’, destacando-se os trabalhos de Edward Kamau Brathwaite (“La criollización en las Antillas de lengua inglesa”), de George Lamming (“Los placeres del exilio”) e de Jean Bernabé, Patrick chamoiseau y Raphaël confiant (“Elogio de la creolidad”- fragmentos).

No plano político e social, destacam-se trabalhos que discutem a emergência do movimento negro e de uma consciência e mobilização social regional como os trabalhos de Édouard Glissant (“El discurso antillano”), de Walter Rodney (“El Black Power. Su relevancia en el Caribe”) ou de Brian Meeks (Radical Caribbean: From Black Power to Abu Baker/ Caribe radical. Del Black Power a Abu Bakr), dentre outros.

O quarto eixo relaciona-se ao impacto das Revoluções, passadas e presentes, na constituição e desenvolvimento de um pensamento revolucionário e libertário, que incorpora as tradições culturais, africanas e ameríndias presentes na região, e procura desenvolver um projeto político-cultural que combine justiça social e valorização destas tradições subalternizadas ao longo da história caribenha. Neste sentido, diversos trabalhos promovem um contato e um diálogo com o impulso libertário da Revolução Cubana e dos processos de descolonização e independência na África, a partir dos anos 60, dos quais podemos destacar os textos de Cyril Lionel Robert James (“De Toussaint L’Ouverture a Fidel Castro”, extraído de ‘Os jacobinos negros’), de Maurice Bishop (“¡Siempre adelante! Contra el imperialismo y hacia la independencia nacional legítima y el poder del pueblo”) e de Lloyd A. Best (“Pensamiento independiente y libertad caribeña”), dentre outros.

O último eixo se relaciona a temáticas emergentes, dentre as quais se destacam as questões culturais e de gênero, que procuram, a partir da condição caribenha, redefinir o papel e a organização destas sociedades e, no segundo caso, revisar a condição subalterna das mulheres no mundo ocidental e contribuir para a superação desta condição e do empoderamento feminino. Neste sentido, se destacam os trabalhos de Elsa Goveia (“Estudio de la historiografía de las Antillas inglesas hasta finales del siglo XIX”), de Terry Agerkop (“Las culturas tradicionales y la identidad cultural en Surinam”) e, principalmente, de Alissa Trotz (“Género, generación y memorias: tener presente un Caribe futuro”).

Além dos aspectos já mencionados, outros elementos emergem da leitura desta obra. Como demonstram os textos, os diversos autores conseguem captar, com acerto, a dicotomia entre a unidade e a diversidade que caracterizam o Caribe, principalmente, ao destacar suas diversas tradições, mas que convergem para uma história e destinos comuns, além de revelar a dinâmica política e social das pequenas nações. Além disto, demonstram que tais autores procuram associar compromisso e sensibilidade social com rigor intelectual, tornando-se relevantes para o desenvolvimento de um pensamento próprio, caribenho e latino-americano, fundamentado tanto na realidade particular de cada ilha como nos desafios comuns que marcam a região e, de certa forma, toda a América Latina.

Neste sentido, também pode ser destacado que os textos são marcados pela convergência frutífera entre uma abordagem multidisciplinar, com destaque para história, economia, as ciências sociais e os estudos culturais e a utilização de múltiplos enfoques metodológicos e culturais, enriquecendo e ampliando o escopo analítico. Finalmente, vale mencionar que a obra contribui para o desenvolvimento de estudos comparados, produzindo um panorama (político, cultural, social e econômico) que consegue combinar o global e o regional, o regional e o local e uma análise multidimensional da conjuntura para compreender as sociedades caribenhas, seu passado e presente, com suas heranças estruturais e desafios atuais.

Entretanto, como toda coletânea, resultado de opções do organizador e dos limites da publicação, embora possua inúmeros méritos e tratar-se de um trabalho muito importante, possui limitações relacionadas, principalmente, a ausência de alguns pensadores e de algumas temáticas, como a análise das instituições e da dinâmica contemporânea da Integração Regional caribenha, as relações recentes com a herança e o continente africano, o agravamento de problemas sociais e ambientais, a emergência de novas formas de organização cultural e política e o papel das novas gerações na construção de um pensamento crítico caribenho, dentre outras.

Apesar disto, é possível apontar que a obra, assim como toda a coleção de CLACSO, ao apresentar as trajetórias fundamentais do pensamento latino-americano contemporâneo, é fundamental para o conhecimento da América Latina e do Caribe, em sua unidade e diversidade, dos problemas recorrentes e seculares que afetam a região (desigualdade, dominação, submissão, silenciamentos,…) e das possibilidades de construção de alternativas, alicerçadas na construção de direitos efetivos, de respeito as culturas e povos originários, de desenvolvimento económico e social, de democracia participativa e inclusiva e justiça social.

Neste sentido, conforme aponta o organizador Félix Valdés Garcia: Así, más allá de la obra de Jamaica, Trinidad y Tobago, Martinica o Barbados, los textos reunidos expresan el cuestionamiento de una totalidad mayor, dada con mayor frecuencia en las lenguas de Próspero que en creole, papiamento o sranang tongo, pero tan agudo como la plaga roja que Caliban pronunciara a Próspero. Ella expresa la unidad de lo diverso, de lo individual y lo universal de una experiencia, de islas que se repiten una y otra vez, sin ser iguales ni siquiera consigo mismas, más allá de la proximidad física, la fragilidad, la continuidad fáctica que la historia puso a merced de antojos imperiales y de experimentos sociales y culturales más impensados de la civilización occidental. Sirva la presente selección para rebasar las divisiones, el desconocimiento de pueblos que comparten una misma suerte, semejantes herencias y un mismo sol insular y de Nuestra América (GARCIA, 2017, p. 34).

À todos, boa leitura!!!

Notas

2. O Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (CLACSO) é uma instituição não-governamental, criada em 1967 e associada a UNESCO, que reúne cerca de 394 centros de pesquisa, programas de pós-graduação ou instituições em ciências humanas e sociais de 26 países da América Latina. Além deste, também são filiadas diversas instituições de EUA, Europa, África e Ásia que se dedicam ao estudo de temas latino-americanos. Para conhecer a entidade pode-se acessar: http://www.clacso.org.ar 3 O Brasil possui, até o momento, cerca de 51 instituições, programas de pós-graduação ou centros de pesquisa filiados.

Marcos Antonio da Silva – Universidade Federal da Grande Dourados, Brasil.

 

VALDÉS GARCIA, Félix (org.). “Antologia del Pensamiento Crítico Caribeño Contemporáneo (West Indies, Antillas Francesas y Antillas Holandesas)”. Buenos Aires: CLACSO, 2017. Disponível em: http://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/se/20170707025855/AntologiaDePensamientoCriticoCaribeno.pdf. Resenha de: SILVA, Marcos Antonio da. Revista Brasileira do Caribe, São Luís, v.19, n.37, p.149-153, jul./dez., 2018. Acessar publicação original. [IF].

Invento/ luego resisto: El Período Especial en Cuba como experiencia y metáfora (1990-2015) | Elzbieta Sklodwska

Poucos países passaram, em tão pouco tempo, por mudanças tão intensas e profundas como Cuba, na segunda metade do século passado. Em menos de cinco décadas, o país vivenciou uma transformação que inseriu a ilha num processo de transição socialista, alinhado ao modelo soviético, atingindo todas as esferas da vida social e as relações políticas, econômicas, sociais e culturais.

Quando tal processo parecia se estabilizar, a derrocada do campo socialista e o desaparecimento da URSS, na última década do século XX, conduziram à ilha caribenha a mais profunda crise econômica e social de sua história, com efeitos que ainda persistem, apesar da recuperação de certos indicadores e foi denominado, oficialmente, de “Período Especial em Tempos de Paz”.

Sobre tal período, apesar de uma relativa quantidade de publicações literárias e acadêmicas ainda persistem inúmeros debates, questões e lacunas que merecem ser aprofundadas, por todos aqueles que se debruçam sobre a ilha caribenha. Neste sentido, podem ser analisados a validade (ou não) de tal denominação, o período exato de sua duração ou sua continuidade e, principalmente, a necessidade de construção de um quadro abrangente desta etapa, que incorpore as diversas dimensões e impactos na vida social (política, cultural, social, religiosa, populacional, …) e que se constitui na possibilidade de compreensão, adequada, da sociedade cubana contemporânea.

Disto decorre duas constatações fundamentais sobre o “Período Especial em Tempos de Paz”. Primeiro, toda a política e a sociedade cubana foi marcada pela ‘lógica da sobrevivência’, evidenciada nas mudanças econômicas e na reinserção internacional do país e foi marcado por profundas transformações. Desde então, o país vive numa transição que procura se adequar à nova realidade mundial e reorganizar o tecido social local. Além disto, a segunda constatação se refere ao fato de que, apesar das dificuldades intensas no momento inicial, uma narrativa multidimensional, da academia à literatura e as artes, vem emergindo e, apesar de sua diversidade, possibilita a compreensão de como os cubanos lidaram com tal situação, com drama, criatividade e, inclusive, senso de humor, apresentando inúmeras possibilidades de leitura, de reflexão e pesquisa sobre tal etapa.

Neste sentido, esta obra torna-se uma leitura fundamental, pois a partir dos estudos culturais, procura construir um quadro abrangente, envolvendo a noção ampla de cultura, que busca compreender a dinâmica e os impactos de tal período no dia-a-dia dos cubanos e seu reflexo no campo cultural, bem como a atuação dos principais autores e coletivos culturais que atuaram na ilha nas últimas três décadas.

A obra reflete o trabalho e a perspicácia da autora, Elzbieta Sklodowska, que se formou como latino-americanista nos EUA, com uma tese sobre o testemunho hispano-americano, e na Polônia, com uma tese sobre a paródia na narrativa hispano-americana, e, desde então, vem se dedicando aos estudos culturais e literários, com ênfase na literatura latino-americana e, principalmente, a narrativa caribenha dos séculos XIX e XX e a literatura e cultura cubana nos últimos dois séculos3.

A obra, fundamentada na abordagem dos estudos culturais, incorpora conceitos e abordagens de diferentes disciplinas das ciências humanas, desenvolvendo uma aproximação sócio-crítica do discurso social, oficial (e outros), e procura explorar as diversas perspectivas e formas que a literatura, as artes e o cinema cubano refletiram sobre tal período e os impactos na vida social das mudanças enfrentadas pelo fim do bloco soviético e a profunda crise que a ilha se viu submergida. Para tanto, o trabalho está organizado, além dos elementos introdutórios, em seis capítulos.

O primeiro capítulo, intitulado “Pretérito imperfecto: las metáforas del Período Especial”, oferece uma visão panorâmica sobre os aspectos mais representativos do período, discutindo a história política, social e econômica dos anos de 1990 e repassando os debates sobre sua denominação e duração. A partir de poemas, de Reina M. Rodríguez e Carlos A.

Alfonso Barroso, e a produção artística, de René de la Nuez e Eduardo A. Guirola, dentre outros, apresenta como a década foi marcada pelo catastrofismo, niilismo e desamparo, pela migração interna e como a estratégia de sobrevivência se tornou fundamental no dia-a-dia dos cubanos (‘la lucha’).

O segundo capítulo, denominado de “Sin pan, pero con palabras: escribir (en) el Período Especial”, discute, a partir da noção de ‘neofala’ de Michael Glowinski, a recriação paródica do discurso oficial, apontando uma resistência crítica de certos círculos intelectuais, como observados no compêndio, paródico, “No hay que llorar”, que apresenta uma reflexão sobre o impacto afetivo da crise.

O terceiro capítulo, com o título “Temas y anatemas: la revolución y la administración del hambre”, discute, evidentemente, o tema da fome nos anos de 1990. Neste sentido, analisa a origem e a evolução da ‘libreta’, a presença de tal temática na literatura, em obras como “Paisaje de Otoño” de Leonardo Padura (um dos principais escritores cubanos na atualidade), desenvolve uma análise linguística de livros e folhetos editados pelo editorial Verde Olivo (“Con nuestros propios esfuerzos” e “El libro de la família” e do programa televisivo de Nitza Villapol (‘Cocina al minuto’), demonstrando como eles contribuíram para a redefinição, cultural, do que seria comestível ou não.

O quarto capítulo, denominado de “Sin guarniciones: (re) invenciones gastronómicas y la (re) creación artística”, reflete sobre os testemunhos de tal período, discutindo a luta diária por sobrevivência de vários setores, as tensões entre a carência e as promessas e a ‘criatividade’ gastronômica da ilha. Neste sentido, analisa, dentre outros, o trabalho de Antonio José Ponte (Las comidas profundas”), de Alberto Pedro Torriente (“Manteca”) e a performance “Ping Pong” da dupla Luis Garciga Romay e Miguel Moya.

O quinto capítulo, intitulado “Entre lo sublime y lo abyecto: el Período Especial a través del lente de género”, analisa, a partir da temática de gênero, a inserção da mulher em tal período e como seu papel tradicional, de dona de casa, foi um dos mais afetados e politizados. Além disto, discute a emergência das ‘jineteras’ e os debates derivados de tal prática, analisando o alcance e os limites da perspectiva de que tal prática se constitui numa forma de empoderamento feminino, que nem sempre se fundamenta na realidade, ao discutir os maus tratos que este papel traz a mulher. Neste sentido, analisa, dentre outros, o filme ‘La película de Ana’ (de Daniel Díaz Torres), o trabalho híbrido de Reina Maria Rodríguez (“Variedades de Galiano”) e o relato de Damaris Calderón (‘Angelillo’).

Finalmente, o último capítulo, denominado de “Reinventar la rueda: el archivo material del Período Especial”, discute como o interesse pela cultura material tem emergido no caso cubano e como isto afeta a auto-produção e a reinvenção de objetos de uso cotidiano, diante do cenário de escassez material. Neste sentido, revela a emergência de uma ‘desobediência tecnológica’, de apropriação e ressignificação do uso de certos objetos, discutindo as obras de Laidi F. de Juan, do editorial artesanal Vigía, de Daniel V. Rodríguez (“De Buzos, leones y tanqueros”) e, principalmente, a obra dos integrantes do coletivo “Los Carpinteros”, que desenvolveram trabalhos de repercussão mundial.

Desta forma, a obra se constitui numa leitura instigante para a compreensão do período especial e se destaca pela perspicácia, abrangência e diversidade dos temas desenvolvidos e pela contraposição entre o discurso oficial e a experiência vivida (a ‘realidade’) envolvendo inúmeros atores do campo artístico. Neste sentido, a produção cultural que analisa inclui diversas manifestações como a literatura (poesia, contos, romances, teatro e narrativas), os meios audiovisuais (cinema e artes plásticas), a comida, performances artísticas e a cultura material.

Além disto, o trabalho possibilita a compreensão de que, até mesmo os tempos de crise e penúria material, podem servir de ‘inspiração’ e estímulo para o trabalho artístico e a inserção social e apresenta a extraordinária criatividade dos cubanos, persistente até os nossos dias e nos mais variados campos, para a (re) invenção e a resistência, como sugere o título.

Desta forma, se os problemas enfrentados, nos anos de 1990, determinaram o imaginário estético cubano, tal determinação não limitou a imaginação e a criatividade da população, e dos artistas, do país.

Outro elemento fundamental que pode ser inferido desta leitura, é que o ‘Período especial em tempos de Paz’ também pode ser compreendido como uma experiência e metáfora de toda a América Latina. Neste sentido, vale destacar que, embora a região tenha vivenciado, nos anos de 1980, a chamada “década perdida” (devido ao endividamento e a crise econômica e social), continua persistindo uma enorme dívida com amplos setores da população latinoamericana que são marcados pela carência, exclusão e marginalidade e, ainda, a região (assim como a maior das Antilhas) ainda não conseguiu se reinserir no mundo globalizado, de forma autônoma e ativa, possibilitando o desenvolvimento com equidade. Enfim, tal experiência e metáfora parece ser um componente da realidade latino-americana, adaptando-se as especificidades nacionais.

Apesar disto, a obra apresenta algumas limitações, que não desqualificam sua importância, mas se constituem em elementos que poderiam ser aprofundados. Em primeiro lugar, pode-se destacar que não realiza tal abordagem em direção a outras manifestações culturais que poderiam ser, igualmente, instigantes como a música, a linguagem corporal e os murais ou grafites, dentre outras. Além disto, poderia incorporar os processos que se passam em outros campos, como no religioso, e como em tal período ocorre um ‘reencantamento’ da ilha e ressurgimento de inúmeras práticas religiosas e seus efeitos culturais e materiais.

Também poderia ser explorado, tanto em termos de nostalgia como de continuidade nos processos culturais e na cultura material, a complexa e mal resolvida relação com a URSS.

Por fim, a abordagem, por vezes, idealiza a realidade cubana e analisa a atuação governamental como sendo somente ilusória ou negativa desconectada desta, o que acaba por desconsiderar os esforços, no sentido de superação de tal estado, e, principalmente, não considera a complexidade e a ambivalência de tal período, para além da dicotomia entre o discurso oficial e artístico.

De toda forma, trata-se de uma obra importante que, além de sua importância fundamental no campo dos estudos culturais e na excelente compilação sobre tal período, demonstra a necessidade de continuidade de pesquisas e reflexões sobre o “Período Especial em Tempos de Paz” em Cuba, tanto no que se refere a outros campos e produções artísticas (música, escultura, linguagem corporal, murais,…) como em outras dimensões da vida (social, política e econômica) que continuam desafiando as ciências sociais, incluindo a história, latino-americanas. Boa leitura!!

Marcos Antonio da Silva – Universidade Federal da Grande Dourados, Brasil.


SKLODWSKA, Elzbieta. Invento, luego resisto: El Período Especial en Cuba como experiencia y metáfora (1990-2015). Santiago de Chile: Editorial Cuarto Propio, 2006. 499p. Resenha de: SILVA, Marcos Antonio da. Revista Brasileira do Caribe, São Luís, v.19, n.35, p.165-169, jul./dez., 2017. Acessar publicação original. [IF]

 

Repensar las fronteras/ la integración regional y el território | Willy Acosta

“Yo no quiero un cuchillo en manos de la patria. Ni um cuchillo ni un rifle para nadie: la tierra es para todos, como el aire”. “Creo que los países serán un solo sitio de amor para los hombres, a pesar de los pactos, a pesar de los límites, los cónsules, a pesar de los libres que se dan por esclavos”. (Jorge Debravo, pg. 11 e 16).

A temática das fronteiras se constituiu num dos temais fundamentais das ciências sociais e das relações internacionais e adquire uma relevância crescente no mundo contemporâneo, por envolver uma série de elementos e desafios que compõem a nova ordem mundial como a persistência dos conflitos bélicos, a migração internacional e os refugiados, os efeitos do desenvolvimento desigual e das tensões Norte-Sul, as consequências do aquecimento global, a ocupação forçada de territórios e o aprofundamento dos processos de Integração Regional, dentre outros. Tal processo (e seus desafios) afeta todas as regiões do planeta e, especialmente, a América Latina, pois sua dinâmica e seus efeitos incidem sobre as relações regionais e a persistente dívida econômica e social que afeta os estados latino-americanos. Sendo assim, pode-se constatar a necessidade de produção e divulgação de pesquisas e reflexões sobre a intricada relação entre fronteiras, territórios e integração regional, que se constitui no objetivo fundamental desta obra e a torna extremamente relevante. Leia Mais

Antologia do pensamento crítico contemporâneo | Antologias do Pensamento Social Latino-Americano e Caribenho

Apesar dos avanços recentes boa parte da sociedade brasileira desconhece ou ignora a América Latina. Apesar da (suposta) especificidade brasileira, tal desconhecimento se relaciona ao distanciamento histórico de nosso país em relação à região, alicerçado em diversas causas (políticas, econômicas, culturais, geopolíticas, …), determinado pelo que Francisco de Oliveira chamou de “Fronteiras Invisíveis” que sempre foram mais sutis, profundas e eficazes que as fronteiras oficiais1.

Da mesma forma ao longo dos últimos dois séculos surgiram importantes pensadores que buscaram a produção e o desenvolvimento próprio (latino-americano) e adquiriram relevância mundial (Mariátegui, Dussel, Quijano, entre outros). Apesar disto, tal pensamento continua, apesar de raríssimas exceções, desconhecido ou ignorado pelo pensamento social e a academia brasileira. Leia Mais

Revolução e Reforma | Vladimir Pomar

Apesar dos avanços recentes, boa parte da sociedade e da academia brasileira ainda possui um profundo desconhecimento ou distanciamento em relação à América Latina. Apesar da (suposta) especificidade brasileira, tal desconhecimento se relaciona ao distanciamento histórico de nosso país em relação à região alicerçado em diversas causas (políticas, econômicas, culturais, geopolíticas, …) que se acumularam ao longo do tempo.

Isto gerou o que Francisco de Oliveira denomina, para pensar tal relação, de “Fronteiras Invisíveis” que sempre foram mais sutis, profundas e efi cazes que as fronteiras oficiais1.

No caso de Cuba, além dos aspectos acima mencionados, e apesar do aparente número de publicações, tal desconhecimento é evidente e reforçado pelas barreiras ideológicas, a “eterna guerrafria”, que dificulta o desenvolvimento de análises objetivas, amplas e complexas da sociedade cubana contemporânea com suas características específicas, seus avanços e contradições, seus dilemas e desafios.

conhecimento da ilha caribenha e sua atualidade. Tal obra é parte da “Coleção Nossa América Nuestra2” da Fundação Perseu Abramo que, além da referência ao grande líder cubano José Martí e sua perspectiva latino-americana, pretende superar o desconhecimento e a escassa bibliografi a sobre a região e realizar um balanço sobre o denominado “ciclo progressista” na região em que conviveram os governos Lula e Dilma (Brasil), Chávez e N. Maduro (Venezuela), Evo Morales (Bolívia), Néstor e Cristina Kichner (Argentina) e Tabaré Vásquez e Pepe Mujica (Uruguai), Rafael Correa (Equador), Daniel Ortega (Nicarágua) e Mauricio Funes e Salvador Sánchez Cherén (El Salvador), além de Raul Castro (Cuba), dentre outros.

Desta forma, como mencionado na introdução do livro: “A coleção Nossa América Nuestra integra um programa de estudos e pesquisas mais amplo da Fundação Perseu Abramo (FPA), que visa reunir e produzir dados, análises e interpretações sobre os processos e signifi cados do que se convencionou chamar de “ciclo progressista” na América Latina. Deste programa participam estudiosos com longa trajetória acadêmica, profissional e/ou militante em relação à conjuntura da América Latina e Caribe. A Fundação pretende, assim, fomentar a investigação das dimensões políticas, sociais, econômicas e culturais desse processo, em cada país e na região tomada como um todo, avaliando também suas implicações geopolíticas, seja no que se refere aos projetos de integração regional, seja no que tange a sua inserção na ordem internacional” (POMAR, 2016, p. 11).

O livro sobre Cuba de Vladimir Pomar, jornalista, filho de comunistas e militante político com larga trajetória (atuou no PCB, PC do B e PT) e com uma produção expressiva voltada para a análise da China contemporânea, para a reflexão sobre a teoria e a prática de construção do socialismo e, finalmente, para o conhecimento da história do Brasil e da esquerda brasileira.

Esta obra procura compreender as características e impasses do processo revolucionário cubano, principalmente depois da queda do bloco soviético, pois como aponta na introdução: A partir daí, até 1998, Cuba fez um esforço sobrehumano para sobreviver ao naufrágio do socialismo de tipo soviético no contexto de uma forte ofensiva mundial de caráter neoliberal. Esse período, que os cubanos chamam de “especial”, foi suportado sem mudanças signifi cativas. Tal “modelo soviético” permaneceu mesmo quando a situação interna teve certa melhora, o que ocorreu quando emergiram governos progressistas e de esquerda na América Latina. No entanto, tendo em conta as difi culdades enfrentadas internamente pelos cubanos, a crise no mundo capitalista desenvolvido, a emergência da China e do Vietnã como países socialistas em forte desenvolvimento, bem como a transformação de antigas semicolônias africanas e asiáticas em países em processo de desenvolvimento industrial, fi cou evidente que o modelo de construção socialista em Cuba precisava de profundas reformas para enfrentar os novos desafi os nacionais e internacionais. Os debates sobre essas reformas, que os cubanos têm chamado de “atualização”, parecem representar uma retirada estratégica no contexto dos impasses da emergência progressista na América Latina, África e Ásia, do surgimento da China como país socialista de mercado e como grande potência econômica, da crise capitalista internacional e do reordenamento das relações com os Estados Unidos (POMAR, 2016, p. 19).

O livro, apesar de se constituir num estudo introdutório, possui inúmeros méritos que podem ser destacados. Em primeiro lugar, apresenta um excelente balanço histórico dos dois últimos séculos da história do país e da situação atuação do processo revolucionário cubano, apontando os efeitos da incorporação do modelo soviético, que se constitui numa herança que ainda continua difi cultando o desenvolvimento cubano e seu processo de atualização do modelo. Além disto, o trabalho apresenta, ainda que brevemente, os principais traços do debate cubano contemporâneo, discutindo as opções políticas e econômicas que são discutidas pelas lideranças e intelectualidade cubana, considerando diversos modelos para a sobrevivência, a renovação e o aprimoramento do socialismo cubano. Ainda, apresenta os elementos principais da aproximação com EUA, mostrando sua dinâmica e os desafi os para que a normalização das relações realmente ocorra e suas possíveis implicações para o destino do país. Finalmente, outro mérito da obra, refere-se a apresentação de documentos em anexo que, apesar de poucos, nos fornecem uma perspectiva interessante para refl etir sobre as origens, o desenvolvimento e o momento atual do processo revolucionário cubano com trechos de discurso de Raul Castro e trechos da obra de Juan Valdés Paz sobre as mudanças institucionais em curso, além de trechos das obras de José Martí, Fidel Castro, Charles Bettheleim e Ernest Mandel.

O trabalho também é importante pois ao refletir sobre os dilemas atuais que enfrenta tal processo e as ações que desenvolve conclui que: Em termos gerais, trata-se de realizar uma retirada estratégica do socialismo totalmente estatista para um socialismo de transição nacional em que o capitalismo, sob o comando do Estado socialista, deve contribuir para o desenvolvimento das forças produtivas e esgotar seu papel histórico em condições em que o mercado não seria totalmente burguês. Na União Soviética e no Leste Europeu essa retirada não chegou a ser realizada e o sistema socialista de tipo soviético afundou no mar do soerguimento do capitalismo. Na China e no Vietnã, cada um com suas características nacionais próprias, a retirada estratégica continua em curso, com os riscos e perigos que todo tipo de retirada envolve. Cuba parece haver sustentado o socialismo de tipo soviético até seus limites (…) (POMAR, 2016, p. 94).

Apesar dos aspectos acima destacados, o trabalho apresenta, mesmo considerando o espaço limitado e a amplitude das questões envolvidas, algumas limitações que, embora não prejudiquem sua qualidade, podem ser observadas. Em primeiro lugar, os dados apresentados não estão atualizados e alguns indicadores (crescimento econômico, desemprego, turismo, migração, indicadores de desigualdade, dentre outros) já possuem números mais recentes e alguns podem ser acessados no site da Ofi cina Nacional de Estatística e Informação (ONEI) ou da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL). No que se refere à luta revolucionária e a construção do socialismo, algumas dimensões (como a cultura, o debate econômico envolvendo Che Guevara) importantes foram marginalizadas e o papel das organizações revolucionárias deve ser analisado com cuidado, pois novos estudos tem rediscutido tal questão.

Neste sentido, também se destaca a ausência de algumas questões, relacionadas ao ciclo progressista, como a questão racial e mesmo a transparência e abertura do Estado á população.

Além disto, o texto, em certos momentos, faz uma generalização excessiva (POMAR, 2016, p. 71) e não consegue nomear certos autores que seriam importantes para todo leitor (POMAR, 2016, p.66 e 67). Por fi m, não consegue se aprofundar algumas críticas, como a relação entre Estado e propriedade privada, a relação com a Venezuela (e em que medida reproduziu o “modelo soviético”) e, mais complexo, a viabilidade (ou não) dos diversos aspectos (quais?) do socialismo cubano.

Em suma, trata-se de uma análise importante que, no entanto, somente pode ser compreendida com o aprofundamento de certas questões e a superação da “ilusão do progressismo e do socialismo do século XX” e deve ser lida, como todo bom trabalho, como um convite à refl exão, sem ufanismo. Ou seja, em tal etapa e considerando as especifi cidades de cada nação certamente ocorreram avanços em diversos planos (diminuição da desigualdade, maior autonomia no cenário internacional e fortalecimento da integração regional, crescimento econômico, melhoria de indicadores sociais, empoderamento de certos grupos, indígenas, por exemplo, dentre outros), no entanto, estas e outras transformações estruturais não podem ser tomadas como consolidadas ou nos induzir a pensar que a América Latina encontrou, fi nalmente, o caminho de democracia, desenvolvimento e justiça social. Há um longo caminho a percorrer e Cuba, assim como a esquerda, deverá se reinventar para tal processo tenha continuidade ou se aprofunde.

Finalmente, convém destacar que tal coleção é fundamental para todo leitor interessado em América Latina e que, embora incompleta, já nos fornece um quadro amplo e profundo da dinâmica e dos desafi os políticos contemporâneos na região.

Neste sentido, como mais um esforço para a superação das “fronteiras invisíveis”, já mencionadas, pode contribuir para uma efetiva refl exão (um “descobrimento”) e engajamento tornandose, portanto, leitura fundamental para todo latino-americano e para a construção de “Nuestra América” com desenvolvimento, justiça e igualdade. Boa Leitura!

Notas

1 Como aponta Oliveira: “A sugestão do título deste ensaio é de que fronteiras invisíveis entre o Brasil e América Latina sempre foram mais efi cazes para a falta de intercâmbio que as fronteiras ofi ciais. Terão perdido efi cácia tais fronteiras invisíveis? Parece que foram substituídas pela globalização como a nova fronteira, invisível, mas bem presente. (…) Enfim, num mundo de crescente complexidade, o projeto latinoamericano ainda não conseguiu se construir como outro pólo de poder, economia e cultura. Continuamos a erguer entre nós fronteiras invisíveis” (Oliveira, Francisco de. Fronteiras Invisíveis. In: Oito Visões sobre a América Latina. Adauto Novaes- org. São Paulo: Editora Senac, 2006, pgs. 23-48).

2. Além do livro sobre Cuba foram lançados os seguintes títulos: Bolívia de Igor Fuser, professor da Universidade Federal do ABC; Chile de José Renato Viera Martins, professor da Unila e presidente do FOMERCO; e Uruguai de Silvia Portela, socióloga e assessora de Relações Internacionais. Em breve serão lançados novos volumes discutindo outros países. Todos estão disponíveis no site da fundação: http://novo.fpabramo.org.br.

Marcos Antonio da SilvaUniversidade de São Paulo, USP, São Paulo, Br.


POMAR, Vladimir. Cuba: Revolução e Reforma. São Paulo: FPA, 2016. Resenha de: SILVA, Marcos Antonio da. Revista Brasileira do Caribe, São Luís, v.17, n.33, p.227-232, jul./dez., 2006. Acessar publicação original. [IF]

A Pesquisa em História / Maria P. Vieira, Maria R. Peixoto e Yara A. Khoury

VIEIRA, Maria do Pilar; PEIXOTO, Maria do Rosário; KHOURY, Yara Aun. A pesquisa em História. São Paulo: Ática, 1987. Resenha de: SILVA, Marcos Antônio da. Revista Brasileira de História, São Paulo, v.9, n.19, n.15, p.259-263, set.1989/fev.1990.

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