80 anos da entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial: aspectos políticos, econômicos, culturais e regionais | Revista Maracanan | 2022

Destrocos de baleeira no litoral de Estancia SE proximo ao local do ataque ao Baependi pelos submarinos alemaes 1942 Imagem Agencia O Globo
Destroços de baleeira no litoral de Estância (SE), próximo ao local do ataque ao Baependi pelos submarinos alemães (1942) | Imagem: Agência O Globo

O ano de 2022 demarca oito décadas de uma importante efeméride da história do Brasil contemporâneo: a entrada do país na Segunda Guerra Mundial, em 22 de agosto de 1942, com a declaração de guerra aos países do Eixo. Embora tal participação tenha sido modesta quando comparada à empreendida pelas potências beligerantes daquele conflito mundial, ela foi, sem dúvida, relevante. A princípio, a política externa brasileira, durante os anos 1930, caracterizouse por uma “equidistância pragmática”, conforme definida por Gerson Moura. Significava que o governo Vargas havia evitado estabelecer alianças comerciais rígidas com qualquer uma das potências internacionais, em busca de, com isso, obter vantagens comerciais. Assim, poderia explorar as oportunidades econômicas trazidas pela disputa entre Alemanha e Estados Unidos por influência na América do Sul (MOURA, 1986, p. 28).

Esse direcionamento foi seguido mesmo após o início da Segunda Guerra Mundial, em setembro de 1939, quando a nação brasileira optou pela neutralidade em relação a tal conflito. Contudo, o ataque japonês à base de Pearl Harbor, em dezembro de 1941, e a consequente declaração de guerra dos Estados Unidos ao Eixo provocaram uma pressão norte-americana para que o Brasil estreitasse mais as relações com tal país e alterasse a linha de política externa que vinha então adotando. A partir daí, estabeleceram-se negociações entre as duas nações, que não foram fáceis, pois muitos dos integrantes do governo Vargas simpatizavam com o Eixo, como Góis Monteiro, chefe do Estado Maior, e Eurico Gaspar Dutra, ministro da Guerra. Leia Mais

Región y Nación. La construcción provincial de Chile. Siglo XIX | Armando Cartes Montory

La construcción de los Estados nacionales, como tema de interés de la historiografía, ha cobrado cada vez más importancia en las investigaciones sociales desde la década de 1980. El escurridizo concepto moderno de “nación”, según es definido por Hobsbawm (2018), ha estado en el centro del debate. Muchas de las discusiones sobre el tema se han concentrado en abordar las múltiples formas que esta abstracta idea ha tomado para convertirse en una realidad tangible para las personas que habitamos este mundo. Obras claves, como Comunidades imaginadas, de Benedict Anderson (1993), alentaron la reflexión sobre el tema en espacios extraeuropeos. No obstante, este tipo de producciones tambalearon a la hora de aplicar el análisis en la realidad latinoamericana y trabajos como el coordinado por François Xavier-Guerra y Antonio Annino (2008), entre otros, se preocuparon por pensar el problema desde un escenario diferente y con particularidades. En Chile, la inquietud también fue acogida, impulsada en parte por los festejos del bicentenario y por trabajos como el de Julio Pinto y Verónica Valdivia (2009), o el editado por Gabriel Cid y Alejandro San Francisco (2009), los cuales son referencia en esta materia, por nombrar solo algunos.

Esta brevísima lista sobre trabajos que estudian la construcción de la idea de “nación” sugiere que la dimensión territorial necesita ser considerada. La “nación” no fue un molde aplicable a cualquier realidad. Lo escrito para Europa o Asia no es extrapolable al contexto latinoamericano, pues, pensando el problema desde este espacio, surgen matices y texturas que deben ser consideradas. Lo mismo es válido desde América Latina hacia Chile, donde, si bien existen grandes redes de relación, abordar el tema anclado desde un punto en específico del mapa brinda nuevas miradas y genera diferentes sentidos de observación. Leia Mais

L’Italia del Nord nell’impero romano. Regioni e connettività | Anna Guadagnucci

Este libro es fruto de la tesis doctoral de la autora, realizada en la Università di Pisa, bajo la tutela del destacado historiador Cesare Letta, actualmente profesor emérito del Ateneo Pisano y cuyo referato estuvo a cargo del historiador británico Nicholas Purcell y de los historiadores italianos Giovanni Salmeri y Gianluca Gregori. Posteriormente, siendo becaria en la Universidad de Neuchâtel (Suiza), profundizó los lineamientos para este trabajo.

El libro se organiza en seis capítulos que dan cuenta de las distintas realidades urbanas y agrestes del Norte de Italia y la relación centro-periferia desde los reinados de Nerón hasta Trajano (60-110 d.C). Estos capítulos se titulan «Plinio y la Cisalpina», «Italia del Norte en la era de los alimenta», «Roma en la Cisalpina», «La Cisalpina en Roma», «La Cisalpina en la Cisalpina» y «Conectividad en la Cisalpina». Leia Mais

Pan-Amazônia | Revista do IHGPA | 2021

Ilha do Combu Belem Para

A Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Pará publica sua nova atual, com temas da realidade brasileira e amazônica, mantendo a continuidade de canal de expressão científica e cultural com a sociedade paraense. Na presente edição, além de textos com diferentes temas da realidade brasileira, um conjunto de artigos organizados em formato de dossiê sobre a Pan-Amazônia compõem este número.

A edição inicia com o artigo de Luís Pedro Dragão Jerônimo “Símbolos de riqueza e modernidade: teatros no Pará, Rio de Janeiro e São Paulo”, no qual reflete sobre o edifício teatral não apenas enquanto local de entretenimento, mas como símbolo econômico e de prestígio. Analisando aspectos materiais e simbólicos em cidades que viveram momentos de expansão econômica nos períodos de construção de seus palcos, o autor estabelece o contato entre as construções e os ideais cosmopolitas nas paisagens urbanas. Leia Mais

Dibujar la nación. La Comisión Corográfica en la Colombia del siglo XIX | Nancy P. Appelbaum

Este libro fue originalmente publicado en inglés con un título diferente, Mapping the Country of Regions. The Chorographic Commission of NineteenthCentury Colombia (The University of North Carolina Press, 2016), y recibió en 2017 el Premio Iberoamericano al Libro Académico sobre el siglo XIX de la Latin American Studies Association (LASA). Reflejo de una política editorial que procura una mayor circulación para un libro importante, el nuevo título refiere a una práctica que fue común a varias de las nacientes repúblicas latinoamericanas: cartografiar el territorio sobre el que pretendían ejercer soberanía. lo cual, con el fin de prestigiar esa labor y justificar el alto costo que esas expediciones exigían, se contrataron muchas veces expertos extranjeros para dirigirlas, como fue el caso de Claudio Gay (1830-1841) en Chile, o del propio Agustín Codazzi, primero en Venezuela (1830-1840) y luego en la República de Nueva Granada (1850- 1859). Leia Mais

Nos destinos de fronteira: história, espaços e identidade regional – ALBUQUERQUE JR (HH)

ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. Nos destinos de fronteira: história, espaços e identidade regional. Recife: Bagaço, 2008, 514 p. Resenha de: VIDAL e SOUZA, Candice. O Nordeste: algumas narrativas de lugares, gentes e modos de vida. História da Historiografia. Ouro Preto, n. 6, p.228-233, março 2011.

Para os analistas dos discursos sobre a nação (historiadores, antropólogos ou sociólogos), a primeira tarefa é compreender sobre que lugares e formas sociais o autor do texto ou imagem sobre o Brasil ou alguma de suas partes está se referindo. As fronteiras internas da nação, sua caracterização geográfica e sociológica, sua explicação histórica, são marcadas exemplarmente nos textos do pensamento social brasileiro ou na vasta literatura referida a locais de fato existentes Brasil afora (LIMA 1999; VIDAL E SOUZA 1997; IBGE 2009; SENA 2003; COSTA 2003).

O historiador Durval Muniz de Albuquerque Jr., há muito tempo, explora a invenção discursiva da região Nordeste, procurando capturar os cenários históricos e os modos de apresentação das vozes dos políticos, dos literatos, dos historiadores e dos estudiosos da cultura popular (cf. ALBUQUERQUE JR.

1988 e 2001). A coletânea em questão reúne ensaios que incidem sobre a mesma temática das formas e processos de construção das “dizibilidades e visibilidades” do Nordeste. O ponto de partida interpretativo mantém-se em torno de Michel Foucault, o qual formula os objetos e o léxico empregado na análise de falas e de imagens presentes em romances, biografias, ensaios e fotografias. Certamente, a demarcação coerente do campo de análise e das referências de apoio bibliográfico é uma qualidade constante nos ensaios. Além disso, como se pretende enfatizar posteriormente, essa fixidez impede que outras perspectivas contemporâneas sobre as narrativas das identidades nacionais ou regionais sejam incorporadas e submetidas ao debate acerca dos “poderes e saberes”. Do mesmo modo, a insistência sobre a especificidade da construção da região Nordeste afasta o autor da comparação com as formas de narrar outras regiões brasileiras, exercício fundamental para a compreensão dos mecanismos de invenção das fronteiras intranacionais e dos significados em torno da produção de alteridades/outridades.

Os vinte e dois ensaios que compõem a coletânea são distribuídos em três partes: “História e Espaços”, “História e Identidade Regional”, “História, Espaço e Gênero”. As abordagens apresentadas, em cada um deles, são diversas quanto à temática específica (o espaço como objeto da história, a visão tropicalista do Nordeste, a história regional, o Nordeste de Câmara Cascudo e Gilberto Freyre, os romances de José Lins do Rêgo e a representação da mudança, as imagens de gênero formuladas nos textos etc.), mas são reiterativas quanto ao ponto de vista interpretativo. Como os ensaios apresentam graus variados de elaboração das discussões, faltam as indicações sobre a data da primeira publicação, sobre o formato da primeira versão, como parâmetro para compreensão da “temporalidade” do pensamento do autor.

Sustenta-se que a articulação dos ensaios está ligada às seguintes ideias, apresentadas por Durval Muniz de Albuquerque Jr.: Existe uma realidade múltipla de vidas, histórias, práticas e costumes no que hoje chamamos Nordeste. É o apagamento desta multiplicidade, no entanto, que permitiu se pensar esta unidade imagético-discursiva. Por isso, o que me interessa aqui não é este Nordeste “real”, ou questionar a correspondência entre representação e realidade, mas sim, a produção desta constelação de regularidades práticas e discursivas que institui, faz ver e possibilita dizer esta região até hoje. Na produção discursiva sobre o Nordeste, este é menos um lugar que um topos, um conjunto de referências, uma coleção de características, um arquivo de imagens e textos (ALBUQUERQUE JR. 2008, p. 129, grifos do autor).

A gênese da nomeação da região, genericamente chamada de Norte, até as primeiras décadas do século XX, é acompanhada pelo autor em diversos eventos, falas e textos. Nessa demarcação do Nordeste, intelectuais como Gilberto Freyre, Manuel Bandeira, Ascenso Ferreira, Ariano Suassuna, José Lins do Rêgo e outros tantos são considerados como caracterizadores do Nordeste em seus aspectos históricos, sociais, culturais e geográficos. É notável que apenas seis estados sejam tomados como o núcleo da identidade nordestina (Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Sergipe), tal como nomeia a convocação de Joaquim Inojosa no Congresso Regionalista do Recife, realizado em 1926 (ALBUQUERQUE JR. 2008, p. 140). Percebe-se que em Pernambuco a centralidade simbólica de sua capital (no sentido de SHILS 1992) e da sua civilização, em torno do engenho, serão o cenário modelar dessa configuração geo-simbólica, em torno do qual gravitam as representações sobre o sertão da seca, do banditismo, do messianismo e da religiosidade popular.

O material analisado pelo autor narra sobre os aspectos históricos, os costumes e as paisagens desses estados. Mesmo que ele mencione visões alternativas de outros intelectuais sobre a região, como, por exemplo, Djacir Menezes em seu livro “O Outro Nordeste” (1937), a produção ensaística ou literária dedicada a falar do Nordeste através das sub-regiões excluídas nas narrativas mestras ou situada nos estados excluídos na definição do centro da identidade nordestina não é pesquisada ou explorada pelo autor. Se a intenção é elaborar uma crítica das formas de representação do Nordeste, as fontes empíricas da análise deveriam incluir o discurso das margens da região, representativo de outras visões dos intelectuais sobre o seu lugar. Desse modo, o historiador crítico não escapa das fronteiras impostas pelo campo intelectual que ele pretende pôr em revista.

Quando analisa os textos de Câmara Cascudo sobre o Rio Grande do Norte e seu sertão, Durval Muniz oferece pistas sobre essas possibilidades de investigação da heterogeneidade das representações acerca do Nordeste quando observa: Chamou-nos a atenção como, em muitos de seus textos, Cascudo vai fazer esta aproximação entre a história do Ceará, da Paraíba e do Rio Grande do Norte e como vai procurar diferenciá-las da história de Pernambuco. […] Na base desta definição poderia estar a vinculação de Cascudo a um lugar de fala distinto daquele de onde foi enunciado inicialmente o discurso regionalista nordestino e de onde foi inventado o Nordeste. […] Se o Nordeste, elaborado pelas elites pernambucanas, teve São Paulo como o espaço outro, o espaço do qual se diferenciar, o Nordeste das elites cearenses, das elites norte-rio-grandenses e das elites paraibanas, talvez em menor grau, deveria se diferenciar do Nordeste elaborado pelas elites pernambucanas […] (ALBUQUERQUE JR. 2008, p.190).

Possivelmente, a incorporação das discussões sobre identidades nacionais e narrativas que se engloba, hoje, sob a denominação de estudos pós-coloniais e subalternos permitiria escapar e ir além da desconstrução foucaultiana das representações regionalistas. Ainda que seja válido compreender a solidificação de modos de falar e de ver um povo e um lugar e a sua clara vivacidade e plasticidade no presente, a consciência das relações de exclusão e subalternização no interior das representações do Nordeste só pode contribuir para o confronto com as falas autorizadas se as vozes de pensadores “menores” também forem colocadas em cena.

As dinâmicas complexas do campo intelectual, as filiações, as linhas de entendimento dos processos históricos e sociais que se movem de acordo com os contextos de enfrentamento dos debates (Para quem se fala? Com quem interage?), sugerem que o analista precisa situar os sujeitos da fala e sobre quem ele fala. Se essa exigência para o esclarecimento do leitor cumprese para autores como Luís da Câmara Cascudo, Gilberto Freyre ou José Lins do Rêgo, quando se dirige aos historiadores do regional, destaca-se, contudo, que tal indicação é imprecisa e genérica. Em vários momentos, o autor faz menção à história regional como a reprodução e a legitimação de formas tradicionais de compreender o Nordeste. No entanto, suspeita-se que a prática da pesquisa histórica chamada de regional persiste como contraposição à invisibilidade que se produz em relação a eventos locais no âmbito de uma história “nacional”. Não se faz história regional apenas no Nordeste e o abandono da denominação “regional” não anula as características de hierarquização do campo historiográfico quanto aos objetos e aos locais de ensino e pesquisa. O autor coloca-se contra essas autolimitações de objeto e perspectiva: […] achamos que devemos questionar a chamada ‘História regional’, porque por mais que se diga crítica do regionalismo, do discurso regionalista, está presa ao seu campo de dizibilidade. […] Ao invés de questionar a própria ideia de região, sua identidade e a teia de poder que a instituiu, ela questiona apenas determinadas elaborações da região, pretendendo encontrar a verdadeira (ALBUQUERQUE JR., 2008, p. 223).

Há pertinência relativa na observação do autor, mas ela pode ser vista como demasiado extensiva e sem referência temporal: toda a história local se faz de modo tão acrítico quanto aos efeitos de produção da realidade estudada? Quais obras e quais historiadores podem ser nomeados como parte da operação de busca da “verdadeira” região? Para esse momento da coletânea e em outros, a indicação precisa do ponto de vista, com citações diretas, por exemplo, do discurso analisado, poderia nuançar polarizações como a que aparece no ensaio sobre tradicionalistas e tropicalistas e suas formas de falar a respeito do Nordeste.

As fronteiras espaciais imaginadas, pelos mais diversos atores do campo intelectual, mais ou menos próximos do seu polo elitizado, são o ponto de reflexão mais instigante do livro. A insistência em trazer o espaço como problema da pesquisa histórica e não como um dado óbvio, um cenário no qual os acontecimentos humanos desenrolam-se, aparece na primeira parte do livro e reaparece em inúmeras passagens. Nesse aspecto, a articulação entre espaço e gênero, trabalhada na terceira parte, surpreende quanto às possibilidades de leitura de trabalhos já visitados, ora relidos sob a perspectiva de gênero.

Notavelmente articulada como constructo em torno da masculinidade, as ideias sobre o Nordeste e o nordestino colocam à margem o feminino, mas mantém em seu subtexto a presença do homossexual masculino, o contraponto forte aos exemplos de macheza e de virilidade tão associados ao sertão. Segundo o autor, “nas fronteiras que traçam os limites do ser nordestino não está inscrita a possibilidade de ser homossexual” (ALBUQUERQUE JR. 2008, p. 446). De fato, nenhum constructo sobre a região ou a nação, simbolicamente dependente das ideias de reprodução e continuidade, assenta-se sobre a tese de uma fundação homossexual de um lugar. No entanto, outras representações da região reconhecem a presença e a participação feminina, mesmo em condição englobada pelo masculino, na formação das características distintivas de um grupo (cf. a noção de “matriarcado mineiro” em VIDAL E SOUZA & BOTELHO 2001).

Na configuração das nações e de suas regiões, importa conhecer sobre a nomeação das alteridades e das descontinuidades internas, do mesmo modo que a imputação da fronteira externa. Especialmente no caso da interpretação do pensamento social, a pluralização das leituras é o antídoto contra a repetição dos modos de ver tradicionais por meio da própria análise sociológica. Outra perspectiva interessante é a de captar as comparações entre regiões efetivadas dentro das obras (cf. sobre os arranjos de família em VIDAL E SOUZA & BOTELHO 2001). Na miríade de discursos letrados sobre as regionalidades brasileiras é notável, certamente, a invenção do Nordeste; ainda que poderosa e duradoura, pode ser comparada em seus mecanismos discursivos e representacionais, assim como na sociologia de seus enunciadores e contextos de enunciação, com a goianidade, a mineiridade, o norte-mineiro, o paulista etc.

O tom geral da coletânea trata os discursos regionais como visões conservadoras. No entanto, essa compreensão uniformiza a intencionalidade dos autores individuais, como no caso de Josué de Castro, cuja abordagem sobre a fome no Nordeste tem uma visão transformadora. E, ao me colocar como parte do mesmo “nós” que o autor se inclui, lanço dúvidas sobre a validade política da destruição das identidades regionais e suas imagens hoje, quando é exatamente uma visão turística e elitista do Nordeste que quer ocultar a persistência do Nordeste da fome, da desigualdade aberrante, dos corpos mutilados e dos aleijões gerados pela pobreza denunciados em algumas falas e imagens analisadas pelo autor. O reconhecimento disso deve ser proclamado agora mais para dentro do que para plateias externas. O desejo do autor é destruir os regionalismos, “colocando no horizonte a possibilidade de vivermos sem estas prisões identitárias” (ALBUQUERQUE JR. 2008, p. 29). O olhar para o presente, no entanto, demonstra como a máquina de produção de estereótipos estigmatizantes sobre o Nordeste e os nordestinos está em franca atividade, assim como os sentimentos de pertencimento vinculados a lugares não desapareceram do horizonte dos grupos sociais. O projeto da interpretação do presente pela história ou pelas ciências sociais deve ser movido pelos universos representacionais e práticos dos sujeitos concretos. A relevância dos mundos construídos é dada pela sua própria existência e por sua disseminação, trata-se de fenômenos que inquietam o espírito investigativo.

Nesse impulso, seria proveitoso que o ímpeto desconstrucionista dessa coletânea se expandisse para temas e materiais atuais de formulação da identidade nordestina e que a colocasse em diálogo com formas positivas e destrutivas de formulação das fronteiras entre grupos que se registra no Brasil e alhures. Estabelece-se, assim, o dilema de quem analisa a nação ou a região: abdicar de pensar o que há em nome do dever ser.

Referências

ALBUQUERQUE JR, Durval Muniz de. A Invenção do Nordeste e outras artes. São Paulo: Cortez; Recife: Massangana, 2001.

ALBUQUERQUE JR, Durval Muniz de. Falas de astúcia e de angústia: a seca no imaginário nordestino – de problema à solução (1877-1920).

Campinas: UNICAMP, 1988 (Dissertação de mestrado em História).

ATLAS DAS REPRESENTAÇÕES LITERÁRIAS DE REGIÕES BRASILEIRAS. Sertões Brasileiros I, vol. 2. Rio de Janeiro: IBGE, 2009.

COSTA, João Batista de Almeida. Mineiros e baianeiros: englobamento, exclusão e resistência. Brasília: Departamento de Antropologia/ UnB, 2003. (Tese de doutorado em Antropologia Social).

LIMA, Nísia Trindade. Um sertão chamado Brasil. Rio de Janeiro: REVAN/ IUPERJ, 1999.

SENA, Custódia Selma. Interpretações dualistas do Brasil. Goiânia: Editora UFG, 2003.

SHILS, Edward. Centro e Periferia. Lisboa: Difel, 1992.

VIDAL E SOUZA, Candice. A pátria geográfica. Sertão e litoral no pensamento social brasileiro. Goiânia: Editora UFG, 1997.

VIDAL E SOUZA, Candice e BOTELHO, Tarcísio R. Modelos nacionais e regionais de família no pensamento social brasileiro. Estudos Feministas Vol 9, n. 2: p. 414-433, 2001.

Filme, história e narrativa Film, history and narrative ROSENSTONE, Robert. A história nos filmes / Os filmes na história. São Paulo: Paz e Terra, 2010, 264 p.

Candice Vidal e Souza – Professora Adjunta Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais [email protected] Av. Itaú, 505, Prédio Emaús, 3º andar – Dom Bosco 30730-280 – Belo Horizonte – MG Brasil Enviado em: 14/2/2011 Aprovado em: 24/3/2011 228 As formas de narrar a nacionalidade brasileira, em variadas modalidades de representação, (ensaísmo, cinema, artes visuais e literatura) convergem na apresentação de diferenças e descontinuidades internas à nação. De fato, no esforço de diversos intérpretes do Brasil, nota-se a ideia da fragmentação, da pluralidade cultural, ambiental, socioeconômica. As inquietações intelectuais e políticas geradas por essa diversidade ocupam muito mais os intelectuais fixados em pensar a nação do que a eventual reflexão comparativa com outras nações.

Mato Grosso do Sul: o universal e o singular | Gilberto Luiz Alves

“Agora a nossa realidade se desmorona.

Despencam-se deuses, valores, paredes…

Estamos entre ruínas.

A nós, poetas destes tempos, cabe falar dos morcegos que voam dentro dessas ruínas.

Dos restos humanos fazendo discursos sozinhos nas ruas.

A nós cabe falar do lixo sobrado e dos rios podres

que correm por dentro de nós e das casas.”

Manoel de Barros

Se ao poeta destes tempos cabe alertar sobre a fragmentação da sociedade e, sobretudo, sobre a fragmentação que atinge nossa visão sobre a mesma – tarefa cumprida com maestria pelo cantador do Pantanal, Manoel de Barros -, a perspectiva do pesquisador é procurar compreendê-la. Em outras palavras, como mesmo aponta Gilberto Luiz Alves na obra Mato Grosso do Sul: o universal e o singular, a importância do conhecimento está exatamente em captar a condição humana que nos aproxima, em sua relação com os singulares nos quais esta humanidade vem se expressando, em diferentes espaços e momentos da história.

Esta é a proposta central desta obra: discutir o movimento histórico de como se constituem, em permanente relação, o universal de nossos tempos, a sociedade capitalista, e suas diferentes expressões singulares, marcadas pelas particularidades próprias ao desenrolar da constituição histórica do capital em diferentes paisagens sociais. Ao adentrar tal caminho, contudo, o autor acaba por confrontar-nos com discussões centrais na historiografia atual, de interesse não só àqueles que se dedicam à temática educacional e regional, nas quais Alves tem concentrado seus trabalhos de pesquisa1.

Mais que isso, o autor nos brinda com uma reflexão acerca do próprio significado epistemológico e da importância heurística destas duas categorias, universal e singular, dentro do campo teórico marxista. Com isso, apresenta uma discussão profícua para que sejam discutidos os particularismos que ainda hoje se apresentam no campo teórico das Ciências Humanas, ainda mais quando as manifestações de um regionalismo estreito têm impregnado diferentes análises, sob o invólucro da defesa do direito à diferença.

Neste sentido, Alves rejeita qualquer análise que desconsidere o singular e sua importância enquanto espaço de manifestação das leis gerais que operam na sociedade capitalista. Já que o universal, nunca é demais lembrar, encontra aí seu espaço de materialização histórico-social; mas também alerta para o perigo de autonomizar-se o movimento do particular, tornando-o auto- explicativo, perdendo a perspectiva de que seu móvel encontra-se no próprio movimento do todo, encontra-se na sociedade capitalista do qual é parte constituinte. Como forma específica de realização do universal, portanto, os distintos singulares presentes na realidade social estão a ela subordinados, e somente nesta relação dialética serão encontradas as chaves para seu entendimento.

Tais reflexões tornam-se ainda mais interessantes quando ao exercício teórico somam-se os resultados das pesquisas de campo realizadas pelo autor, momento em que expõe seu enfrentamento com os problemas concretos trazidos pela necessidade, imperiosamente colocada ao teórico marxista, de considerar adequadamente a relação universal/singular. Necessidade esta, diga-se de passagem, que vai além do campo meramente explicativo, mas que tem raízes na própria práxis do profissional engajado nos embates sociais de seu tempo.

Como resultado deste confronto, vemo-nos frente a quatro trabalhos, escritos em distintos momentos da vida acadêmica do autor, mas alinhavados teoricamente, como declara este último, pela proposta metodológica de destacar como o marxismo se posiciona frente à relação entre o universal e o singular, objeto de suas reflexões no primeiro texto desta coletânea (Universal e singular: em discussão a abordagem científica do regional). Para a apresentação de suas conclusões, nada melhor do que evidenciar a própria trama de que resulta o processo de formação e consolidação da sociedade capitalista, materializada nas expressões singulares que conformaram esta mesma sociedade no Novo Mundo. Estas últimas são trazidas à cena histórica, por um lado, fazendo menção àquilo que universaliza a ação humana nesta parte do globo, ou seja, as manifestações do capital enquanto elemento inerente e essencial no processo societário em curso; por outro, este capital, na sua dinâmica concreta, encontrou sua materialidade nas formas distintas por meio das quais expressou-se nesta parte do mundo, manifestas na atividade jesuítica, nas diferentes formas de colonização das Américas, na maneira como se deu a utilização da força de trabalho índia, negra ou imigrante, ou mais modernamente, como se expressou no continente a doutrina de segurança nacional.

O autor destaca, contudo, a necessidade de que sejam desveladas, neste esforço teórico-metodológico, as representações ideológicas que reforçam o estranhamento entre os povos americanos, na medida em que desviam a atenção do pesquisador da relação dialética necessária entre o singular e o universal. Na verdade, os regionalismos, os nacionalismos, em seus diferentes matizes, levam ao esquecimento da necessidade de se enfatizar a subordinação dos distintos singulares ao movimento universal da sociedade capitalista, uma vez que estes singulares são formas de realização desta mesma sociedade. Na práxis política, destaca ainda, isso significa a construção das bases para uma ação política significativa para o conjunto da humanidade, isto é, capaz de colaborar para o projeto emancipatório do homem hodierno.

O segundo texto (Nacional e regional na historiografia educacional brasileira: uma análise sob a ótica dos estados mato-grossenses) promove um balanço da historiografia educacional produzida no e sobre os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, entre os anos 70 e 90. O critério a partir do qual esta parcela da historiografia regional será analisada está centrado na relação universal/singular, desta feita discutida a partir de algumas das expressões desta singularidade, a questão regional e a questão educacional.

Com base nestas premissas é discutida a historiografia sobre esta região do país, tanto aquela que teve a educação como objeto como aquela que, embora não centrada nos fenômenos educativos, é essencial para que se compreenda a constituição do processo capitalista nesta parte do Brasil. Revelam-se assim, no exercício cotidiano da pesquisa em História da Educação, os liames que permitem reconstituir os processos educativos em curso naquela determinada região do país, em determinado momento de sua história, a partir da reconstituição das relações que os processos em foco guardam com a totalidade da sociedade capitalista.

Para esta exposição, são retomadas as obras da historiografia educacional diletante, marcadas essencialmente pelo registro e reconstituição factual da história. Entre estes trabalhos que antecederam a produção acadêmica destaca-se a obra de Melo e Silva, único intelectual a lançar-se à análise do momento histórico que era foco de suas preocupações – a década de 40 do século XX, em especial na fronteira sul do então estado de Mato Grosso, obra que ainda permanece como um desafio para a historiografia regional, dada esta sua especificidade.

O surgimento da produção acadêmica a partir dos anos 70, fortalecida na década seguinte pelo aparecimento dos primeiros cursos de pós-graduação naqueles estados, dá ensejo não só ao maior conhecimento e problematização da questão educativa regional, como à sua incorporação no debate nacional. A formação de coletivos de pesquisa, o levantamento de fontes para a pesquisa, a organização de arquivos, centros de documentação, entre outras iniciativas, fortaleceu a discussão sobre os entraves representados pelo regionalismo, e a necessidade do fortalecimento da discussão acerca da relação universal/singular, no entendimento das formas assumidas pelo processo educativo nos dois estados.

Além disso, mais recentemente, como o demonstra este próprio texto, escrito por ocasião do I Congresso Nacional de História da Educação, realizado sob os auspícios da Sociedade Brasileira de História da Educação (SBHE), as reflexões sobre a historiografia educacional mato-grossense e sul-mato-grossense, na medida em que desvele as singularidades assumidas pelo processo educativo nestas regiões do Brasil, pode contribuir para iluminar a produção historiográfica sobre o tema em todo o país, em dois sentidos. Primeiro, ao levantar hipóteses de trabalho sobre como fenômenos produzidos nacionalmente, fruto do processo de expansão capitalista, singularizam-se nestes estados, e de como estas singularidades podem ou não tornarem-se expressões presentes em outras regiões do Brasil. Segundo, colaborando para que certas idéias que se tornaram comuns na historiografia educacional brasileira sejam confrontadas com sua materialidade, o que pode favorecer a crítica científica de certos equívocos que vem se perpetuando entre os estudiosos da área.

O terceiro texto retoma a mesma discussão sobre o singular e o universal, desta feita ao tratar sobre A trajetória histórica do grande comerciante dos portos em Corumbá: 1857-1929.

Tendo como preocupação central analisar o surgimento da casa comercial em Corumbá, na segunda metade do século XIX, o autor demonstra, em um texto de rara inspiração, os liames que fazem desta uma expressão, no distante Mato Grosso, do período de transição da fase manufatureira para aquela centrada na Revolução Industrial, ou seja, na produção de bens industrializados, no interior da etapa concorrencial do capitalismo.

Alves demonstra, recorrendo a exemplos relativos ao mesmo fenômeno em outras partes do continente sul-americano, como se deu a formação, o desenvolvimento e, posteriormente, o ocaso desta atividade comercial que marcou tão intensamente a vida daquela região de Mato Grosso2. O autor destaca ainda como essas marcas provocaram a cosmopolitização da vida em Corumbá, dando ensejo a manifestações culturais e sociais até hoje presentes naquele município fronteiriço, como é o caso do conjunto arquitetônico denominado Casario do Porto. No momento em que se discutem propostas de revitalização destas e de outras edificações em Corumbá, nada mais importante do que se ter sob os olhos este passado, base para as reflexões presentes sobre o seu uso continuado e, acima de tudo, centrado nos interesses de construção de uma sociedade cidadã.

No quarto e último texto o autor volta suas preocupações aos primórdios da atividade que, em momento histórico posterior ao comércio, virá a ser determinante na região pantaneira. Estamos falando da pecuária na segunda metade do século XIX, e sobre um de seus principais mentores no Pantanal neste período, temas do trabalho José de Barros: a formação de um pioneiro.

Sobre os destaques deste texto, é interessante assinalar, primeiramente, a utilização sistemática da obra de cronistas e viajantes para descrever aspectos da região neste momento histórico, destacando a forma como se davam as relações humanas nesta etapa da sociedade capitalista no Pantanal. Em outras palavras, como se singularizou, na região da Nhecolândia, uma determinada forma de expressão, particular a este espaço e momento histórico, da sociedade capitalista.

Num segundo momento, Alves demonstra ainda como os limites materiais impostos a esses homens neste processo de formação e consolidação das fazendas de gado levaram-nos a determinadas soluções no processo de recolonização da região. Neste sentido, por exemplo, embora valorizasse o ensino formal, – traço este que parece ter destacado a sua família frente a outros pioneiros -, José de Barros teve que abandonar a escola regular, após ter aprendido os seus fundamentos (ler, escrever e realizar as quatro operações aritméticas), dados os precários recursos materiais de sua família.

As necessidades impostas pelas dificuldades inerentes ao trabalho com a família lhe impuseram continuar sua formação na “escola do trabalho”, aquela que lhe permitiria, junto aos conhecimentos e hábitos adquiridos graças à escola regular, alguns anos depois, criar as condições concretas para o sustento e a formação de uma vasta prole, criada e ambientada na região pantaneira.

À guisa de conclusão, consideramos aqui as palavras iniciais do autor quando, na página de abertura da obra Mato Grosso do Sul: o universal e o singular, dedica seu trabalho ao poeta Manoel de Barros, “poeta que se universalizou ao cantar o Pantanal.” Da mesma forma, cremos que Alves, partindo de uma discussão centrada na temática regional, – intenção claramente exposta desde o início no próprio título dado a este trabalho, – tenha alcançado seu intento de demonstrar e discutir questões que são de interesse para pesquisadores de todas as áreas do conhecimento. Em outras palavras, o autor também se universaliza, trazendo a baila um trabalho que, pelo rigor com que discute uma questão central no universo metodológico marxista, contribui para o debate teórico enfrentado pelos estudiosos de hoje, sejam quais forem seus recortes temáticos específicos. Neste sentido, torna-se uma obra importante para quantos tenham interesse de trabalhar, teórica e ou praticamente, a relação entre o singular e o universal na pesquisa científica.

Notas

1. Eis, a título de exemplo, algumas das obras do autor nestes campos temáticos: ALVES, Gilberto Luiz. Educação e história em Mato Grosso: 1719-1864. 2.ed. rev. Campo Grande: UFMS, 1996.; Id. Mato Grosso e a história: 1870-1929 (Ensaio sobre a transição do domínio econômico da casa comercial à hegemonia do capital financeiro). Boletim Paulista de Geografia, São Paulo, v. 2, n. 61, p. 5-81, 1984; Id. O pensamento burguês no Seminário de Olinda: 1800-1836. 2. ed. rev. Campo Grande: UFMS; Campinas: Autores Associados, 2001.; Id. A produção da escola pública contemporânea. Campinas: Autores Associados, 2001.

2. Trata-se aqui do estado de Mato Grosso antes do processo de divisão, ocorrida em 1979, que deu origem a duas unidades federativas: Mato Grosso e Mato Grosso do Sul

Silvia Helena Andrade de Brito – Departamento de Ciências Humanas e Sociais. CCHS/UFMS. E-mail: [email protected]


ALVES, Gilberto Luiz. Mato Grosso do Sul: o universal e o singular. Resenha de: BRITO, Silvia Helena Andrade de. Reconstituindo as teias da relação entre o universal e o singular. Albuquerque – Revista de História. Campo Grande, v. 1, n. 1, p. 229-235, jan./jun., 2009.

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All About Canadian Geographical Regions – McDERMOTT; McKEOWN (CSS)

McDERMOTT, Barb; McKEOWN, Gail. All About Canadian Geographical Regions. Edmonton: Reidmore Books, 1999. 28p. Resenha de: DARLING, Linda Farr. Canadian Social Studies, v.37, n.1, 2002.

I’m always delighted to find engaging and informative nonfiction books for primary students. Children who are just beginning to read independently appreciate (and need) a wide variety of literature to explore. The All About Series was designed to give new readers a nonfiction reference series they can read, and to develop an awareness of what Canada is, and what it means to be Canadian. The first goal is fairly straightforward and not too hard to reach. The second is more complex and demanding, if only because there are so many different senses of what it means to be Canadian. Nevertheless, these seven paperbacks on Canada’s six geographical regions (and one overview on all of Canada) are sensibly organized, full of basic but generally important (and accurate) facts, along with unusually well-reproduced photographs and illustrations.

Each booklet (they range from 29-49 pages) is made to look like a series of postcards. On each page a color photograph or illustration is paired with descriptive text about the region. The booklets include geologic history and natural features, climate, flora and fauna, people and resource-based occupations, and more. Yes, this is a lot to cover, and that’s both the strength and a possible weakness of the set I saw. The sheer breadth and diversity of this country is truly amazing, and at times these small booklets strain at the seams to contain it. There is a detailed glossary and an index at the back of each book to offer helpful pointers, but young readers will still need the guidance of teachers and parents to make sense of the wealth of facts. Taken together, the books make a small encyclopedia on Canada’s regions.

The postcard theme could have been used to even better advantage as a focus for some of the information, which in its present form may simply be overwhelming for some young readers. Perhaps a young traveler could have been created to visit the six regions and write about what she noticed in particular. Or a resident of each region could speak about the place he calls home. Or, the authors could have scaled back their use of specialized vocabulary. Even with the excellent definitions presented at the back, there is quite a bit of new vocabulary in each booklet. This will challenge many, and frustrate some. But these are relatively small worries. In fact, just before reviewing the series, I was browsing in a local children’s bookstore and recognized their distinctive covers on a wall display. Two seven or eight year-old girls were flipping through The Cordillera and exclaiming about places that looked familiar, and a few that just looked awesome. Surely that’s the kind of endorsement the authors are looking for from their audience. Barb McDermott and Gail McKeown have given primary teachers of social studies a rare treat: a visually appealing, nicely produced, and above all, accurate geographical resource for curious learners.

Linda Farr Darling – Faculty of Education. University of British Columbia. Vancouver, B.C.

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