Teatro latino-americano contemporâneo: memória e testemunho/Literatura, História e Memória/2022

Querer ofrecer un panorama de las prácticas escénicas latinoamericanas contemporáneas o incluso, más concretamente, del teatro latinoamericano contemporáneo, es a todas luces una empresa abocada al fracaso. La amplitud y variedad de sus territorialidades culturales impide tal cometido o, en el mejor de los casos, nos llevaría al reduccionismo. Dicho esto, podemos señalar que una línea temática y escénica que el teatro latinoamericano contemporáneo frecuenta es la reflexión sobre la memoria y la historia, con inclusión en el teatro más reciente del testimonio y la consecuente liberación del concepto de representación, convirtiendo a este género artístico en un vehículo privilegiado de debate entre la cultura y la poítica y su representación. Por lo demás, la función política del teatro es reivindicada no sólo en su aspecto temático más explícito sino también en relación con el lugar que ocupa el individuo en la sociedad, el cuerpo en el espacio público, la mirada sobre el otro o la exposición a la mirada de los demás. Junto a ello, la metateatralidad, ya presente en los clásicos, cobra en la dramaturgia contemporánea una evidente preponderancia temática y escénica. Leia Mais

Aproximaciones a la Enseñanza de las Humanidades y de los Estudios Culturales a través del Teatro I Contextos – Estudos de Humanidades y Ciencias Sociales | 2020

El n° 45 de Contextos. Estudios de Humanidades y Ciencias Sociales constituye un monográfico que, esperamos, sea un aporte para quienes se dedican a la tarea de educar a niños y jóvenes. En efecto, Aproximaciones a la Enseñanza de las Humanidades y de los Estudios Culturales a través del Teatro comenzó a gestarse como un proyecto imaginado en torno a un género literario bien específico y a su enorme potencial educativo.

La convocatoria para este volumen especial de Contextos atrajo una considerable cantidad de propuestas que, girando todas alrededor de un mismo tema, proponen una variedad de acercamientos tanto al estudio del teatro como al quehacer educacional. Lo anterior se debe no solo a la diversidad de dramaturgos estudiados en los ensayos que componen este número de Contextos -lo cual ya implica una gran gama de temáticas, períodos históricos, sociedades y culturas representadas en las piezas teatrales analizadas-, sino también a las diferencias notables en el marco teórico y metodológico con que cada artículo se aproxima al teatro y al estudiantado al que van dirigidas las experiencias pedagógicas planteadas. Leia Mais

História no teatro & teatro na história | ArtCultura | 2017

Impulsionada pelo esforço permanente de buscar focos e enfoques diversificados ao explorar temas que entrecruzam os campos da História, das Artes e da Cultura em geral, a ArtCultura 34 oferece aos seus leitores, uma vez mais, um cardápio de opções variadas, que incluem a estreia de uma seção, Primeira mão, que, esperamos, venha a render bons frutos.

Logo de cara, este número apresenta o dossiê “Música folclórica: entre o campo e a cidade”, que se propõe a investigar um veio ainda intocado nas páginas da revista. Nele se procura interrogar leituras cristalizadas, na tentativa de escavar múltiplos estratos de sentido sobre uma temática que, aqui, é vista e revista sob diferentes prismas. Para organizá-lo convocamos a historiadora Tânia da Costa Garcia, que tem considerável lastro de pesquisa na área da música popular. Livre-docente em História pela UnespFranca, onde atua nos cursos de graduação e pós-graduação em História, com pós-doutorado no King’s College London, na USP e na PUC de Chile, ela marca, assim, em grande estilo, sua entrada no conselho editorial de ArtCultura, para a qual, de há muito, presta colaboração, seja como autora de artigos, seja como parecerista. Para conferir densidade internacional ao dossiê, recrutaram-se contribuições de pesquisadores da Argentina, Chile/ México, Colômbia, Estados Unidos e, claro, do Brasil, cujos trabalhos abarcam gêneros musicais diferenciados e se espraiam por geografias sonoras que percorrem o continente americano. Elas vão do samba carioca à cueca urbana chilena, passando pelo folk estadunidense, pela música popular argentina e pela música caipira em terras brasileiras. Leia Mais

História e Teatro no Brasil pós-64 / Varia História / 2016

No emblemático ano de 1968, o destacado dramaturgo Dias Gomes publicou um artigo em número especial sobre o teatro brasileiro na Revista Civilização Brasileira, então periódico de referência, apontando o que considerava uma singularidade do teatro: era a arte da palavra, que acontece diante do público.

O abuso de adjetivos, embora escape a uma regra básica de redação da narrativa historiográfica, foi voluntário até aqui. Visa a destacar a força da ideia (re)criada pelo texto de Dias Gomes, corrente à época e que se perpetuou, longa e fortemente, na memória social sobre a arte engajada: o teatro seria a expressão artística de resistência mais destacada durante a ditadura militar brasileira, por algumas razões.

Por um lado, pelos projetos políticos e estéticos que engendrou, por vezes conflitantes, que queriam cumprir o papel de conscientizar o público, fosse promovendo a “catarse”, o distanciamento e / ou o estranhamento com relação à realidade imediata (Napolitano, 2001, p. 109). Por outro, pelas relações conflituosas – estratégicas e, por vezes, cômicas – que se desenvolveram entre os profissionais da área de teatro e os órgãos de repressão e censura. E, ainda, pela natureza mesma da arte dramática, que combinaria a força da literatura, “a arte da palavra” do engajamento sartreano clássico, com a possibilidade de tocar corações e almas, exortando os sujeitos à ação no momento da encenação.

Foi nesse cruzamento de peculiaridades que se construiu a temática desse dossiê da Varia: História e Teatro no Brasil Pós-64. O que se propõe é um panorama com diferentes abordagens da relação entre esses dois campos de saber / fazer – a história e o teatro – num contexto específico da nossa história, qual seja, o período que se inaugurou com o golpe civil-militar de 1964. Essa encruzilhada temática, constituída das características específicas de cada campo, e de novas, produzidas no encontro entre eles, aponta-nos uma série de problemas, dos quais se destacam três.

Em primeiro lugar, desde o campo de pesquisa em que se unem a história e o teatro, é preciso considerar especificidades teórico-metodológicas. Para além da letra – ou seja, do roteiro teatral e das fontes dele derivadas, imediatamente, como os processos de censura – o teatro é uma modalidade artística de difícil apreensão. Os espetáculos, o momento de realização da arte, são voláteis. Como apreender os sentidos de uma prática cultural que foi pensada para durar instantes, há décadas? Ademais, as fontes relativas ao processo da produção cultural raramente duram no tempo e, quando permanecem, dificilmente estão ordenadas e reunidas em arquivos próprios. Então, pesquisar uma história do teatro, ou a história por meio do teatro, implica lidar diretamente com especificidades teórico-metodológicas que vêm ganhando corpo há relativamente pouco tempo, especialmente na historiografia brasileira.

Uma segunda questão que cabe destacar é a construção de uma historiografia sobre o período da ditadura militar. O período ainda se pode inscrever na chamada “história do tempo presente”, com as delicadezas epistemológicas que envolvem a categoria. Desde a proximidade dos acontecimentos, que acabam atribuindo à memória individual e social uma força que pode chegar a comprometer a coerência dos procedimentos teórico-metodológicos da pesquisa histórica, até a dificuldade de acesso a fontes de pesquisa, o campo de pesquisa sobre a ditadura militar vem se (re)estruturando a partir de tais delicadezas. No entanto, apesar de recente, tem uma produção importante, tendo crescido consideravelmente, em número e complexidade, sobretudo nos últimos quinze anos. E, como se pode observar nas muitas teses e dissertações produzidas sobre os mais variados temas, bem como nos balanços historiográficos constantes das coletâneas publicadas nas duas efemérides do Golpe de 64 (em 2004 e 2014), o campo tem-se ocupado de qualificar melhor as interpretações sobre o período, por meio de pesquisas que ressignificam as memórias sobre o período e se beneficiam da recém-abertura de arquivos.

Finalmente, uma terceira questão são as mitologias sobre as relações entre teatro e política durante a ditadura militar, derivadas das duas anteriores. Os abusos de memória sobre esse período recente da história brasileira e a dificuldade de se realizar pesquisas sobre história e teatro acabaram perpetuando lembranças de graves embates entre artistas e censura, boa parte delas apoiada na lógica maniqueísta em que o bem absoluto reside na resistência. Essa lógica, por um lado, não considera as estratégias de acomodação e conciliação tão comuns nos conflitos políticos brasileiros, inclusive nesse período, como pondera Rodrigo Patto Sá Motta (2014, p. 14). Por outro, produziu relativa lacuna de pesquisas sobre obras de teatro que se não se enquadram em posição política definida ou alinhadas “à direita”.

A partir de abertura de arquivos, organização e disponibilização de importantes séries documentais, novos diálogos conceituais com a historiografia do período e construção de conceitos e metodologias próprios para essa interface, as relações entre o teatro e a história do Brasil contemporâneo vêm sendo revisitadas. Essa historiografia recente tem produzido novas visões sobre velhos fatos, assim como tem construído novos fatos históricos, a partir de acontecimentos já conhecidos pela memória social. E os três artigos que compõem esse dossiê compõem essa “nova” historiografia.

Reinaldo Cardenuto analisa montagens teatrais e televisivas, numa comparação temporal entre realizações das décadas de 1960 / 70 e suas respectivas adaptações atuais. O autor analisa as obras Eles Não Usam Black-Tie e A Grande Família, nos dois contextos – ambas de autores ligados ao Teatro de Arena e, originalmente, relacionadas à proposta de crítica, contestação e conscientização política. Encarando a dificuldade de analisar a efemeridade dos espetáculos e a dificuldade de acesso às fontes audiovisuais, aponta uma tendência marcante do drama contemporâneo de esvaziamento do conteúdo político, em favor da construção de um humor tributário à comédia de costumes.

Saindo do circuito do teatro de companhias e voltado para o mercado, Leon Kaminski propõe uma leitura dos Festivais de Inverno de Ouro Preto (UFMG), entre 1967 e 1979. Analisa esse projeto de extensão como um espaço de criação e trocas culturais, dando especial atenção ao teatro, às suas relações com as demais performing arts e com os limites impostos pela censura oficial e extra-oficial praticada durante a ditadura militar brasileira. A partir, sobretudo, dos documentos institucionais sobre o festival e de notícias de periódicos, o autor apresenta grupos e propostas dramáticas que se constituíram no âmbito do evento, bem como os que compuseram aquele circuito cultural. Analisa, também, as tensas relações entre estado, sociedade e campo artístico na produção de sentidos sociais para obras dramáticas e práticas culturais no período.

Miliandre Garcia analisa a constituição de um espetáculo de caráter quase mitológico no imaginário sobre a arte de resistência contra a ditadura militar, a I Feira Paulista de Opinião (1968). O exame vertical do processo de censura do espetáculo – articulando roteiro, anotações de censores, pareceres técnicos e documentos anexados -, cotejado com propostas dramáticas do período, legislação e outros processos de censura, construiu uma interpretação singular sobre a obra. O roteiro, em termos políticos e estéticos, é considerado peça de resistência cultural, que guarda permanências das propostas anteriores e anuncia o que viria a ser a tônica dos anos 1970. As relações com a censura, que chegam no âmbito da justiça comum, são interpretadas como um processo de desobediência civil, característica específica dessa resistência cultural.

Olhares novos sobre esse objeto em construção – História e teatro no Brasil pós-64 – os três artigos apresentam ao leitor a possibilidade de refletir sobre as relações entre arte dramática e sociedade, política e estética, passado e presente, fontes e pesquisador, entre tantas outras combinações possíveis.

Com a “arte da palavra” (engajada ou não), nossos autores.

Referências

GOMES, Dias. O engajamento é uma prática de liberdade, Revista Civilização Brasileira – Caderno Especial de Teatro e Realidade Brasileira, ano IV, p. 7-17, 1968. [ Links ]

NAPOLITANO, Marcos. A arte engajada e seus públicos. Estudos Históricos, n. 28, p. 103-124, 2001. [ Links ]

MOTTA, Rodrigo Patto Sá. As universidades e o regime militar. Cultura política brasileira e modernização autoritária. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2014. [ Links ]

Miriam Hermeto – Departamento de História, Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail: [email protected]


HERMETO, Miriam. Apresentação. Varia História, Belo Horizonte, v.32, n.59, mai. / ago., 2016. Acessar publicação original [DR]

Acessar dossiê

Palco & Página: História & Teatro | ArtCultura | 2014

Este número de ArtCultura: Revista de História, Cultura e Arte persegue trilhas já percorridas, bem como caminhos nunca dantes navegados em suas páginas. No primeiro caso, apresentamos ao leitor o dossiê Palco & Página: História & Teatro, organizado por Kátia Rodrigues Paranhos, da UFU. Ele atravessa várias temporalidades, aclimatando-se a geografias teatrais diversas e respira ares temáticos diferenciados ao mover-se pela Europa de séculos distantes e próximos, aportar ao Brasil e se abrir a experiências que nos deslocam para lugares pouco estudados por estas bandas, como o teatro amazônico. Mais do que isso, transborda os espaços cênicos convencionais, como que derretendo divisões tradicionais, e, deixando para trás as salas de espetáculos, instala-se igualmente nas ruas.

O novo, na história da ArtCultura, fica por conta sobretudo do minidossiê História, Leitura & Cultura Midiática, que, em boa hora, Valéria Guimarães, da Unesp de Franca, houve por bem organizar. Ao mobilizar destacados pesquisadores franceses e uma consagrada estudiosa brasileira da cultura das bordas, ela reuniu contribuições relevantes para enxergar sem as viseiras habituais questões como cultura de massa e faits divers, como quem procura renovar o olhar lançado em torno de certos aspectos da história da leitura, abarcando os impressos e a temática sempre escorregadia da cultura popular. Leia Mais

Teatro no Mundo Antigo / Nearco – Revista Eletrônica de Antiguidade / 2018

TEATRO EN EL MUNDO ANTIGUO: POSIBILIDADES Y RECEPCIÓN

En estos días la noticia reflejada en la prensa mundial de que profesores españoles de lenguas clásicas, latín y griego, tomaron las calles en protesta por la poca atención brindada a la enseñanza de la lengua de los antiguos helenos en los institutos de enseñanza preuniversitaria, pone de nuevo ante la consideración de todos un viejo problema que data de las reformas en la enseñanza del siglo XIX y el debate entre la llamada universidad literaria y la científica, pero que se aguzó en el siglo XX con el acelerado desarrollo de las ciencias y las técnicas y, por ende, con la necesidad de ofrecer una enseñanza que prepare al niño, al joven, para hacer frente a sus circunstancias.

Ya por entonces José Martí, prócer de la independencia cubana y figura descollante de las letras latinoamericanas, al tiempo que defendía la búsqueda de una integralidad favorecedora de la formación no solo de “hombres de ideas” sino de “hombres de acto” (1975:10, 235), prestos a enfrentar los requerimientos de la vida moderna, recordaba que, sin embargo, no debía olvidarse los valores que enaltecen al ser humano, la enseñanza humanística que tenía su punto de partida en la Antigüedad grecorromana. A diferencia de muchos de sus contemporáneos que volvían sus ojos al pasado en busca de la belleza perdida, para Martí el estudio del pasado era una medio para comprender mejor la vida presente “sin esa ‘niebla de familiaridad’ o de preocupación que la anubla para los que vamos existiendo en ella” (15, 365), y en definitiva un medio para proyectarnos hacia el futuro.

Ya a principios del siglo XX otro ilustre antillano, Pedro Henríquez Ureña, a quienes sus contertulios del mexicano Liceo de la Juventud, entre quienes figuraba el joven Alfonso Reyes, consideraban el Sócrates del grupo, observaba -luego de la renovadora visión de la Hélade aportada por Federico Nietzche, los entonces recientes descubrimientos arqueológicos y literarios así como las teorías antropológicas originadas en esa época- que “desde el Renacimiento hasta nuestros días… no transcurre cuarto de siglo sin que en la Europa intelectual se suscite la cuestión helénica” (1960: 159) y que “enterrada la Grecia de todos los clasicismos hasta la de los parnasianos, había surgido otra, la Hélade agonista, la Grecia que combatía y se esforzaba buscando la serenidad que nunca poseyó” (1960: 294).

Fue en 1908 cuando Henríquez Ureña recurre a la dramaturgia para dar expresión a tales ideas y escribe su única obra teatral “El nacimiento de Dionisos” con la que pretende ofrecer una muestra de cómo debió ser la tragedia antes de Esquilo y consagrar mediante la apelación a los dioses griegos y su carga significativa los valores que hacía propios y necesarios para salir de la sensación de ahogo que por entonces sentían los jóvenes de su entorno, en medio de los acuciantes problemas no solo de México, sino en mayor o medida de toda el resto de la llamada “Nuestra América” por José Martí que comprendía desde el Río Grande hasta la Patagonia.

Con esa pieza teatral Henríquez Ureña se unía tempranamente, aun sin proponérselo, a los dramaturgos que también en distintos países europeos buscaban no representar sino cuestionar su entorno social. Al igual que los trágicos griegos que hacían de los mitos de todos conocidos los asuntos de sus piezas, puesto que no les interesaba presentar los hechos sino buscar y reflexionar sobre las causas y consecuencias, los modernos dramaturgos recurren a versiones de las tragedias clásicas en una medida inusitada en relación con los siglos anteriores, e igualmente esta tendencia se abrirá paso desde mediados de siglo en el teatro latinoamericano, marginado por críticos, estudiosos y aún por su propio público.

Me gusta recordar como ilustrativa de lo antes expresado la anécdota contada por el crítico Rine Leal sobre la reacción del público que asistió en 1947 al estreno de Electra Garrigó, escrita por Virgilio Piñera en 1941 y que en la actualidad se considera como la obra fundacional del teatro cubano contemporáneo. Fue entonces calificada por alguno de los indignados espectadores de “escupitajo al Olimpo” (1967: 203) pues ni complacía a quienes esperaban una pieza apegada a los cánones de la tragedia ática ni a quienes reclamaban un teatro nacional y, al ver los vestuarios y los personajes, acusaban al autor de mimetismo y evasión. Sin embargo, las versiones de Antígona, Electra, Medea y de otras tragedias, y aun de algunas comedias áticas, han sido numerosas no solo en las décadas finales del siglo XX sino también en los lustros transcurridos de la centuria actual, aunque con diferencias marcadas en la forma de recepción, al tiempo que han contribuido a romper los estrecho límites localistas y proyectar la reflexión sobre el propio entorno con una perspectiva más amplia.

También desde fines de la pasada centuria las versiones latinoamericanas han comenzado a interesar a estudiosos de distintos ámbitos y se han publicado libros y actas de congresos que recogen estudios no solo sobre el teatro sino sobre la tradición o recepción clásica en general, aunque no por ello se ha dejado de cuestionar la enseñanza de las humanidades ni ha dejado de tener vigencia aquel decir de que los autores clásicos son de todos conocidos pero que nadie los lee y, habría que agregar, ocupan cada vez menos espacio en los planes de estudio de los distintos países.

Sin embargo, es obvio que el mundo antiguo sigue suscitando interés, pues como decía Henríquez Ureña la cuestión helénica se plantea con cierta periodicidad y cabe preguntarse, por ende, cómo se presenta en los inicios de este nuevo siglo. Una posible respuesta se desprende de los estudios presentados en esta revista en torno al teatro del mundo antiguo, sus posibilidades y recepción. En primer lugar habría que destacar la multiplicidad de miradas, no solo porque el hecho teatral se aborda desde distintas disciplinas y métodos de análisis, sino también por la convergencia de investigadores procedentes de diversos países y que ejercen como profesores en universidades de Brasil, Argentina, Cuba, Venezuela, España y Gran Bretaña.

El teatro como lugar de representación se convierte en punto de partida para búsquedas históricas, sustentadas en recientes hallazgos arqueológicos, los cuales ofrecen explicaciones sobre lo que anteriormente se consideraba excepcional -la estructura de teatro asentado en Thorikos, por ejemplo-, al tiempo que en su replanteo ofrecen posibilidades de reflexión sobre la tiranía de Pisístrato como patrocinadora del hecho teatral; al tiempo que las consideraciones sobre el papel de las liturgias, sus características y condicionamiento social, pero en particular el pago de los gastos de representación o coregia, hacen reparar cómo las diversas hetaírias atenienses podían aprovecharse, mediante el sufrago de los gastos concernientes al corego, para que los dramaturgos presentaran temas favorecedores a sus intereses. A la vez, la proyección de figuras sociales como la del campesino en obras de Eurípides y Aristófanes colabora a comprender las mudanzas sociales experimentadas en la época. Las piezas de este trágico también son punto de partida para la distinción de las modalidades asumidas por Dioniso en su manifestaciones como entidad divina y de los rasgos distintivos de su thiasos, ilustrado en las cerámicas de la época, e igualmente se examina la percepción de la profecía y el éxtasis provocados por Apolo y por Dioniso, con sus diferencias y puntos de contacto, a través de la adivina Casandra en los textos de Esquilo y Eurípides.

El análisis lingüístico del discurso de personajes de la comedia de Menandro advierte cómo las diferencias en el habla de los interlocutores en función de su sexo, posición social o situaciones de comunicación exigen a los traductores un especial cuidado, al tiempo que contribuye a perfilar la sociedad ateniense de la época. El vínculo con la filosofía sirve para subrayar el modo en que el tirano en Sófocles conlleva una catarsis social; mientras que textos tomados de la patrística ilustran sobre la interdicción de los espectáculos teatrales a partir de premisas originadas en el Imperio, pero también por la consideración en torno al cuerpo que se explicita en tales documentos.

El análisis literario y sus posibilidades para una mejor comprensión de los textos trágicos, los cuales no por las centurias transcurridas han sido siempre entendidos de forma adecuada, se demuestra al develar cómo interacciona el coro con los protagonistas en dos momentos de intercambio lírico de la Antígona de Sofocles; mientras que la recepción actual de la antiguas tragedias se presenta en cuanto a la indagación de las razones que explicitan cómo el personaje de Agamenón, importante pero siempre secundario en las obras conservadas de la Antigüedad grecorromana, adquiere una importancia inusitada para los dramaturgos contemporáneos españoles, quizás como respuesta, se me ocurre pensar, a la súplica del Agamenón Garrigó de la Electra de Virgilio Piñera cuando clamaba: “¡Pero, decidme, os suplico, decidme!, ¿Cuál es mi verdadera tragedia? (…) ¡Una tragedia! Yo vivo una tragedia y se me escapa su conocimiento” (2002: 19). Indagación dentro de la propia dramaturgia a la que se suma la recepción actual de una Antígona entre gente de pueblo en Perú a quien la violencia ejercida durante el fujimorismo había negado el derecho de enterrar a sus muertos y, tal como Ismene, se atuvo al silencio; de modo que la puesta de la versión trágica del colectivo teatral Yuyachkani, después de no menos de veinticinco centurias del estreno de la tragedia sofoclea en el teatro de Dioniso en Atenas, alcanza igual resonancia. La Hélade agonista, de la que hablara el dominicano Henríquez Ureña, sigue presente.

Resalta, pues, en el conjunto de artículos aquí reunidos la importancia de un enfoque multidisciplinario, tan acorde con los reclamos de la investigación actual; pero, sobre todo, sin importar el punto de visto seleccionado, prima el hecho de que en todas las propuestas no solo se busca una mejor comprensión del pasado, sino se procura iluminar nuestro presente, tal como en su tiempo subrayara José Martí al precisar aquello de que: “No desdeñemos lo antiguo…” (15, 365).

Elina Miranda Cancela

Referências

HENRÍQUEZ UREÑA, P. (1960), Obra crítica, México, F.C.E.

LEAL, R. (1967), En primera persona, La Habana, Instituto del Libro.

MARTÍ, J. (1975), Obras completas, La Habana, Ed. Ciencias Sociales.

PIÑERA, V. (2002), Teatro completo, La Habana, Ed. Letras Cubanas.


CANCELA, Elina Miranda. Editorial. Nearco – Revista Eletrônica de Antiguidade, Rio de Janeiro, v.10, n.2, 2013. Acessar publicação original [DR]

Acessar dossiê

História & Teatro | ArtCultura | 2013

Edição especial: Ano XV

Como quem participa de uma corrida de obstáculos – o pão nosso de cada dia de todos os que têm pela frente a edição de periódicos universitários –, a ArtCultura 27 comemora o Ano XV da revista. Para nossa satisfação, as dificuldades encontradas ao longo do caminho foram em grande parte superadas graças ao esforço e colaboração de um sem-número de pessoas e agências. No caso destas, ressaltamos a injeção de recursos que, em diferentes momentos, recebemos do CNPq, da Capes e da Fapemig, bem como da Edufu.

Ao retomarmos as pegadas de sua caminhada, constata-se que uma publicação que nasceu ancorada num projeto relativamente tímido adquiriu, com o passar do tempo, adquirindo maior musculatura intelectual. Abriu-se, por assim dizer, para o mundo a ponto de acolher contribuições de distintos países das três Américas e da Europa (neste número, por exemplo, contamos com colaboradores radicados na Alemanha, Estados Unidos, França e Inglaterra). Ao convocarmos igualmente colegas brasileiros para juntarem-se a nós, a resposta obtida foi a mais positiva. Centenas e centenas de textos assinados por pesquisadores de todos os cantos do país chegaram até nós, o que nos possibilitou procurar manter a qualidade dos artigos publicados, algo atestado por nossos quase mil assinantes. Leia Mais

História, Teatro & Imagem | ArtCultura | 2011

Esta edição da ArtCultura: Revista de História, Cultura e Arte, serve, em parte, como um termômetro de diferentes frentes de pesquisa em que vêm atuando muitos dos nossos colegas que incursionam pelos domínios da história, sejam eles ou não historiadores de ofício. As referências acionadas são as mais diversas, compondo, portanto, um mosaico temático que expõe a carne viva da História, que oferecemos, com prazer, à degustação dos nossos leitores.

Se, nas revistas n. 11, 15 e 19, acolhemos três dossiês de caráter geral sobre História & Teatro, agora, ainda sob a organização de Kátia Rodrigues Paranhos, professora do Instituto de História da UFU e co-editora da ArtCultura, chegou a hora calibrar o foco de análise em torno da inter-relação entre História, Teatro & Imagem. Neste caso específico, o minidossiê aqui apresentado reúne três colaborações que revelam as relações viscerais mantidas entre teatro e cinema no fazer teatral e, assim, abrem espaço para revisitarmos questões que dizem respeito ao mundo das imagens e suas tecnologias. Leia Mais

História & Teatro | ArtCultura | 2009

Edward Palmer Thompson já assinalou que, com sua confortável evocação da idéia de consenso e compartilhamento, a noção de cultura, tal como freqüentemente foi e/ou é utilizada, pode nos conduzir a perder de vista as fraturas, os conflitos, enfim, as contradições que se manifestam no interior de um determinado conjunto social ou cultural. Percebê-la como algo que no move dentro de um campo de forças é, por isso mesmo, o propósito do dossiê que a ArtCultura 19 oferece aos seus leitores.

Para tanto, é necessário revolver as múltiplas camadas de sentido que, historicamente, se colaram ao conceito de cultura e, cavando mais fundo, remover as crostas que o aprisionaram a uma bitola estreita. Ao quebrar a rigidez de uma visão de corte elitista, o dossiê História & Culturas de Classe — organizado por Paulo Fontes, professor e pesquisador do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (CPDoc/FGV-RJ) — trabalha, à la Raymond Williams, com uma concepção distendida de cultura como modo de vida, ao qual se incorporam, como sujeitos culturais, integrantes das classes trabalhadoras. Se os trabalhadores, como acentuou Gramsci, são, igualmente, intelectuais e filósofos, à sua moda, aqui eles despontam como portadores de práticas reveladoras de culturas de classe, concebidas no plural e entrecortadas pelas relações de gênero. Trata-se, pois, numa palavra, de promover o desencapsulamento de uma dada noção de cultura. Nessa trilha, este número de ArtCultura tem o orgulho de ser aberto, na seção Tradução, por ninguém menos que E. P. Thompson, sem favor algum um dos mais importantes historiadores do planeta, referência e influência marcante nos estudos na área de Ciências Humanas a partir da segunda metade do século XX. Leia Mais

História & Teatro | ArtCultura | 2007

Sob os auspícios do CNPq, da Capes e da Edufu — aos quais se somará, em 2008, a Fapemig —, colocamos em circulação mais uma edição da ArtCultura: Revista de História, Cultura e Arte. Uma vez mais, as contribuições aqui reunidas buscam revolver as múltiplas camadas que compõem a textura do real e explorar, em particular, as íntimas conexões existentes entre a História, a cultura e as artes em geral.

Para tanto, mobilizamos um seleto grupo de colaboradores, a começar pelo historiador Carlo Ginzburg, pesquisador de lastro internacional, ao qual dedicamos um minidossiê que mapeia os percursos de sua vasta obra, marcada, entre outros aspectos, pela emergência de personagens miúdos que saltam do anonimato para a História. Afinal, o transcurso dos 30 anos de lançamento do livro matricial O queijo e os vermes (traduzido no Brasil já lá se vão 20 anos) não poderia, de maneira alguma, passar em branco. Por isso, Henrique Espada Lima, professor do Departamento de História da Universidade Federal de Santa Catarina, expert na produção ginzburguiana, lançou-se, com todo desvelo, à tarefa de dar o toque de reunir que atraiu outros estudiosos afinados com as temáticas que são objeto de pesquisa de Carlo Ginzburg. Leia Mais

História & Teatro | ArtCultura | 2005

Muitas vezes o melhor drama está no espectador e não no palco.

Machado de Assis

A revista ArtCultura apresenta, neste número, um dossiê sobre História & Teatro, uma tradução, cinco artigos e duas resenhas. Como organizadora do dossiê, gostaria de destacar que a reflexão sobre teatro não implica tão-somente uma abordagem da escritura teatral. Para além desta, temos o autor, os atores, os críticos e o público. A epígrafe citada — retirada do conto “A chinela turca”, escrito em 1875 — recupera exatamente essa idéia. Afinal, os diferentes canais de leitura e de recepção estão sintonizados, cada vez mais, com a arte dramática.

Os quatro primeiros artigos avançam do século XVI à primeira metade do século XX. Eles põem em destaque gêneros teatrais não só distintos como aparentados. Orna Messer Levin acompanha a presença do entremez no eixo Brasil–Portugal e sua disseminação como gênero editorial, resultado do crescimento da atividade tipográfica e da leitura de folhetos impressos. Ezio Bittencourt discute o teatro ligeiro musicado nos palcos do Rio Grande do Sul, no século XIX, a partir das companhias artísticas internacionais e nacionais que freqüentaram os teatros sulinos bem como dos autores e das obras encenadas. Tomando por base algumas peças, Antonio Herculano Lopes também focaliza o teatro musical ligeiro, no caso do Rio de Janeiro das décadas de 1910 e 1920, e, ao tratar dessa manifestação tão desprezada pela crítica e pela historiografia teatral, dá ênfase sobretudo aos processos culturais e às relações raciais. Já Vera Collaço aborda o universo das personagens cômicas que ganharam sustentação ao serem encenadas por um grupo de operários de Santa Catarina durante os anos 1930, trazendo à tona suas sensibilidades e seu imaginário.

Os textos seguintes englobam uma discussão que reúne dois temas: o da recepção e o da militância e/ou do engajamento social. Luiz Humberto Martins Arantes incursiona pela questão da recepção teatral, tendo como alvo Jorge Andrade e sua dramaturgia, nos anos de 1950 e 1960. Para tanto, coloca no centro da análise a relação autor/obra e leitor/expectador. Maria Sílvia Betti — embasada no crítico Fredric Jameson — discorre sobre a atualidade do método de pensamento e de trabalho de Bertolt Brecht. Alia a esta premissa a proposta de uma rediscussão da atualidade do trabalho e do pensamento crítico de Oduvaldo Vianna Filho. Kátia Rodrigues Paranhos examina dois grupos de teatro operário no ABC paulista, salientando a importância da militância no pós-1964, o processo de criação coletiva, a aproximação entre operários, intelectuais e artistas de esquerda e a sua atuação na periferia urbana. Victor Hugo Adler Pereira fecha o debate ao relacionar os movimentos cênicos ocorridos entre 1964 e 1968, de resistência ou protesto contra o regime militar, e os que vêm crescendo desde os anos de 1990, que exprimem uma denúncia da exclusão social sem que ela implique uma contestação da lógica do capital.

Na seção Tradução, Elizabeth Wilson procura capturar o sentido da presença da mulher na esfera pública no século XIX, na Inglaterra e na França. Ela aponta para o deslocamento da identidade do flâneur do masculino para o feminino ao chamar a atenção para a história da feminização dos modos da flânerie, essa elemento-chave na literatura crítica da modernidade e da urbanização.

A seção Artigos é aberta por Mônica Pimenta Velloso, que passa em revista a constituição das falas da cidade do Rio de Janeiro, ao promover o cruzamento polissêmico de sons, imagens e grafias, na busca da compreensão da pluralidade de sentidos que marcam o processo de conflitos e negociações em torno da identidade cultural carioca no início do século XX. Luiza Mara Braga Martins se atém a esse mesmo território e nos transporta para os anos 1930, colocando no centro da análise o imaginário social que o samba pôs em movimento. Suas referências básicas são os músicos Lamartine Babo, Noel Rosa e Assis Valente, vistos como criadores da imagem de um Brasil folião que procedem à desconstrução de certos símbolos nacionais. Em seguida, saltando várias décadas, José Roberto Zan nos conduz aos anos 1970 para iluminar o pano de fundo e a boca da cena em que surge, ainda no Rio de Janeiro, “cidade do samba”, a Banda Black Rio, um ícone do “samba-funk” e do “soul brasileiro”, em tempos de “milagre econômico” e de redefinição global das estratégicas do marketing fonográfico.

Na seqüência, temos ainda dois artigos que enveredam pelos mundos da produção artística. Artur Freitas levanta o tema da validade e do alcance da noção de autonomia social da arte. Entrecruza tal discussão com a formação inicial do moderno campo da arte no Brasil e, depois, com a sua crescente institucionalização no atual cenário neoliberal. Por outro lado, a partir de uma série de documentos escritos, orais e visuais, Maria de Fátima Morethy Couto e Lígia Luciene Rodrigues analisam a importância da obra de Siron Franco e sua série Césio, incluindo o exame iconográfico de algumas obras desse conjunto.

A edição se completa com duas resenhas assinadas por Luciene Lehmkuhl e Rosângela Miranda Cherem que enfocam, respectivamente, livros escritos por José Emilio Burucúa e Raúl Antelo.

Boa leitura.


Organizadora

Kátia Rodrigues Paranhos – Editora.


Referências desta apresentação

PARANHOS, Kátia Rodrigues. Apresentação. ArtCultura. Uberlândia, v.7, n. 11, jul./dez. 2005. Acessar publicação original [DR]

Acessar dossiê