Teoria da História e as Novas Humanidades: Debates Contemporâneos | Caminhos da História | 2022

Falocentrismo Metropoles
Falocentrismo | Imagem: Metrópoles

O presente dossiê reúne contribuições que enfatizam o diálogo da Teoria da História com desafios contemporâneos que têm transformado as Humanidades e suas posições epistemológicas, ontológicas e éticopolíticas. Sabemos que a emergência e a consolidação do conceito de História na modernidade impulsionou e foi impulsionada por saberes e práticas que conferiram centralidade a uma noção euro e androcêntrica de humanidade. A fratura e o questionamento dessa experiência moderna de tempo, tendo em vista seus desdobramentos violentos, foi acompanhada da tematização e interpelação de um senso mais convencional de História com base em uma ampla revisão do papel e das potencialidades das Humanidades em geral. Leia Mais

Diálogos entre história e arqueologia: métodos e abordagens teóricas | Caminhos da História | 2022

Escavacao arqueologica no Paranoa DF
Escavação arqueológica no Paranoá, Distrito Federal | Foto: Edilson Teixeira/Arquivo Pessoal

Nas últimas décadas do século XX e atualmente, no século XXI, percebemos o recrudescimento do entrelace entre a Arqueologia e a História, o qual veio para se estabelecer em definitivo no meio acadêmico. Essa parceria serve para ampliar os horizontes de duas ciências que trazem novas perspectivas de investigação. Aqui no Brasil, o fortalecimento de ambos os campos de estudo é notório, o que poderá ser percebido através do dossiê de artigos por nós apresentado. Há, nos dias de hoje, uma preocupação na montagem de conjuntos de produções acadêmicas que abarquem a pluralidade dos tipos de documentações, da Antiguidade Clássica à Contemporaneidade. Tais iniciativas nos remetem a esperanças e motivações para seguirmos em frente com nossas metas e objetivos históricos. Dessa forma, tivemos a ideia de reunir artigos que reflitam nossos esforços em mostrar as inquietações e inovações de nosso tempo.

Nesse dossiê, estão reunidos alguns dos seminários apresentados no evento I Ciclo de Seminários de Arqueologia do Lab.Arque e G.LEIR UNESP/Franca: Métodos e Abordagens Teóricas na Arqueologia, realizado em abril de 2021. O evento, promovido pelo recém-formado Laboratório de Arqueologia (Lab.Arque) e pelo Grupo do Laboratório de Estudos sobre o Império Romano (G.LEIR) da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da UNESP Franca, é uma das iniciativas que testemunha o desejo dos dois laboratórios de promover um diálogo ativo entre a Arqueologia e a História, abrindo novos caminhos para os alunos que queiram ampliar seus conhecimentos no estudo do passado. Leia Mais

História e Saúde: as interfaces entre a ação pública, as iniciativas da Sociedade Civil e as inovações tecnológicas | Caminhos da História | 2021

Atencao basica a saude SUS
Atenção primária à saúde em Paraisópolis | Design: Ana Paula de Lima – UFSCAR

A reflexão sócio-histórica sobre a saúde, em seus múltiplos aspectos, está diretamente relacionada à ampliação da agenda histórica experenciada desde fins do século XX, que contribuiu para a incorporação de novos temas e perspectivas de abordagem. Com a ampliação do universo da investigação histórica nas análises sobre saúde, é possível observar um movimento de inserção das dinâmicas locais e regionais aos circuitos nacionais e globais, o que refletiu na incorporação de espacialidades, atores e temáticas. A história das ações e políticas em saúde nos últimos anos, no âmbito das renovações historiográficas, incorporou diferentes tipologias de fontes históricas, impulsionando a percepção dos mais variados sujeitos imersos nesses processos e uma ampliação da análise das experiências de adoecimento e das políticas em saúde, fomentando o debate com diferentes campos do conhecimento, como a sociologia, a demografia, a saúde coletiva e a ciência política.

Nesse percurso, a perspectiva histórica vem trazendo inegáveis contribuições para o campo da saúde. A compreensão dos processos históricos no domínio da saúde e das doenças, pensado como um campo de saberes e práticas interdisciplinares, possibilita uma postura crítica acerca dos diversos elementos que compõem esses domínios, como crenças, saberes, práticas, arranjos institucionais, concepções políticas, culturais e as teias de relações que envolvem a construção de aparatos de atenção e cuidados com a saúde (PERDIGUERO, et. al., 2001). A pesquisa histórica possibilita ainda a reflexão sobre ações contemporâneas no campo da saúde, através da identificação de padrões, permanências e rupturas em diferentes realidades e compreensões contextualizadas aos âmbitos social, político e econômico, permitindo lidar com complexidades, analisando movimentos e tendências culturais (BERRIDGE, 2000; FEE and BROWN, 1997). Leia Mais

Histórias das diversões: algumas possibilidades investigativas / Caminhos da História / 2021

Caminhos da Historia CH 1

Como dizer das histórias do que aqui chamamos de diversões? Para conhecer o fenômeno é necessário primeiro considerar a palavra. De acordo com a etimologia do termo, diversão se origina do verbo latim dīvertēre4, o qual, na língua portuguesa, trata-se de um substantivo feminino que pode ser traduzido como aquilo que dá prazer; por isso, afasta o espírito dos assuntos que apoquentam e é empregado como sinônimo de passatempo, recreio, entretenimento, recreação, desvio, distração, divertimento e esporte.

No entanto, compreender a ideia de diversão exige um exercício mais ampliado de percepção do que os sinônimos de um simples olhar etimológico sugerem, já que o uso do termo está necessariamente interligado a experiências concretas e a contextos históricos e culturais específicos. Nesse sentido, para compreender uma dada manifestação considerada como diversão, é preciso situá-la no tempo histórico em que existiu, percebê-la como produto de uma sociedade que a legitimou como costume e interpretá-la por meio das experiências dos indivíduos que a vivenciaram em seu cotidiano.

Sendo assim, as práticas que chamamos de diversão são muitas e atemporais: equitação, tiro, leitura, pintura, bordado, encontros amorosos; sentar no passeio, caminhar na praça, ir ao bar, conversar na esquina após a missa; assistir ao filme, ao futebol, praticar esportes de maneira recreativa, viajar, integrar um grupo musical ou simplesmente fazer cantoria nas ruas, vielas e avenidas; organizar e integrar uma festa; passar na sorveteria depois do trabalho, desviar o caminho de casa para penetrar no desfile de um bloco carnavalesco ou beber um paliativo no cabaré; laçar a vaca, o boi, o touro; aproveitar o escuro da sala do cineteatro antes e depois do espetáculo; desbravar-se em atividades de aventura; fazer da rua um lazer; subir em árvore; coordenar uma apresentação dançante ou simplesmente dançar em um, dois, três, sem limites.

O dossiê aqui apresentado é fruto de uma coletânea de artigos sobre manifestações de diversão em diferentes regiões do país, tais como Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo e Bahia. Ainda que representem localidades particulares e estejam situadas em tempos históricos díspares, as investigações se conectam em muitos aspectos, compartilhando práticas, eventos e produções culturais.

O artigo de autoria de Renata Oliveira e Ronaldo de Souza Júnior, intitulado “Itinerantes e Citadinos: a Companhia de Teatro Coimbra e suas interações com a população de Diamantina / MG”, destaca a presença da Companhia Coimbra no Teatro de Santa Izabel, em Diamantina, Minas Gerais, no ano de 1899. Para os autores, o estabelecimento foi, ao longo da segunda metade do século XIX, um dos principais espaços de divertimento da cidade, chamando a atenção o tempo em que a Companhia esteve na cidade, e os constantes noticiários carregados de elogios por sua atuação. Os autores concluem que, durante os nove meses de apresentação na cidade, os espetáculos contribuíram para a divulgação de atividades públicas de diversão, com aspectos instrutivos no que tange ao ensino da atuação teatral para a população de Diamantina.

O texto assinado por Marcela Ariete dos Santos, intitulado “O teatro em Mato Grosso (1877-1928)” analisa a forma de organização desta prática naquele período, abordando-a como um forte elemento da diversão no estado. Algumas das conclusões da autora residem na constatação de que os espaços físicos do teatro em Mato Grosso eram todos particulares e apresentavam estruturas ainda incipientes, com tempo curto de sobrevivência, principalmente por falta de recursos financeiros. A autora ainda destaca que, na óptica da imprensa, além de um entretenimento, o teatro tivera também grande importância entre os ideais civilizadores e educativos.

Já o artigo de Fábio Santana Nunes, intitulado “ ‘A Los Toros!’: As touradas em Feira de Santana (1893-1905)”, almeja identificar e analisar os espetáculos tauromáquicos promovidos em Feira de Santana, Bahia, na transição entre os séculos XIX e XX. Nos espetáculos de Feira de Santana, de acordo com o autor, foram identificados toureiros profissionais espanhóis e a possível presença de portugueses, inexistindo evidências de toureadoras. Relata ainda que, para atender as touradas na cidade, existiram arenas armadas provisoriamente em espaço já projetado, o hipódromo, ou em área aberta contígua ao traçado urbano orgânico, o Campo do Gado. O autor conclui que a festa de touros se expressou na cidade como uma diversão mercantilizada exibida de forma esporádica por companhias tauromáquicas itinerantes, já que as práticas experimentadas não foram capazes de transformála em um divertimento tradicional na cidade.

O texto de autoria de Rogério Othon Teixeira Alves e Georgino Jorge de Souza Neto, intitulado “Volley-ball e Basket-ball no sertão mineiro: o advento dos esportes americanos em Montes Claros-MG na primeira metade do século XX”, tenciona investigar a veiculação e o desenvolvimento dessas modalidades e sua profunda relação com um evidente processo de incremento de uma cultura esportiva local. Os autores destacam que, ao passo em que entidades como escolas e associações vão surgindo, algumas práticas esportivas destacam-se no projeto modernizador / civilizatório em curso, para além do decantado e popular futebol. Relatam, ainda, a ocorrência dos festivais esportivos no período, com destaque às partidas de voleibol e basquetebol, que acentuavam a busca da distinção de uma coletividade atenta às novidades modernas, especialmente pelo viés do esporte.

“Bloco afro Ilê-Aiyê: uma história de luta antirracista” é o artigo apresentado por Juliana Araújo de Paula e tem como objetivo apresentar reflexões sobre a constituição do Bloco Afro “Ilê Ayiê”, fundado em 1974. Para a autora, trata-se de um bloco de carnaval que transborda suas realizações para além dessa festa e que tem forte papel social na luta pela igualdade racial. Ressalta ainda que a revisão de literatura da produção sobre esse contexto indica que suas práticas cotidianas de produção, divulgação, compartilhamento e fortalecimento da cultura afro-brasileira e, especialmente, de empoderamento da mulher negra, apresentam-se como tempos / espaços de ações de re-existência.

Outra importante contribuição ao dossiê é o artigo de Jordania de Oliveira Eugenio, intitulado “Os traçados históricos das ruas de lazer presentes na “abertura” da avenida paulista”, que busca refletir de que forma os traçados históricos das Ruas de Lazer, existentes em São Paulo desde 1976, compuseram o encadeamento da abertura para pessoas e fechamento para o tráfego de veículos da Avenida Paulista a partir de 2015. A autora destaca que a implantação do Programa Rua Aberta na Paulista foi cercada por embates e disputas políticas, sendo o seu uso para o lazer um dos principais argumentos dos grupos favoráveis à abertura. Além disso, identificou similaridades e contrariedades entre as Ruas de Lazer que se difundiram em São Paulo a partir de 1976 e o uso da Avenida Paulista após sua “abertura” em 2015. Por conseguinte, conclui que o exercício da cidadania, por meio da apropriação das ruas pelos próprios cidadãos, parece ocupar centralidade – ainda que indiretamente – no processo de ressignificação da Avenida Paulista.

Já o texto de Marília Martins Bandeira e Sarah Teixeira Soutto Mayor, intitulado “A construção da ‘capital brasileira da aventura’: a transformação da cidade de Brotas em destino turístico-esportivo nas décadas de 1980 e 1990”, aborda parte do percurso histórico que culminou na transformação da referida cidade, localizada no interior do estado de São Paulo, em importante destino turístico-esportivo e possibilitou uma construção discursiva que autodenominou a localidade como “capital brasileira da aventura”. O apelo recorrente à especificidade da formação geológica da região alia-se a narrativas fundadoras fragmentadas, provenientes de documentos do início do século XX, reproduzidos no website da prefeitura, folhetos turísticos e matérias jornalísticas, confererindo à cidade uma vocação natural e espontânea para a prática do turismo de aventura. As autoras sinalizam o enaltecimento de certo prestígio, relacionado a uma origem remota, por meio da valorização de um passado selecionado, para legitimar interesses e ações construídos no presente, tais como o ecoturismo esportivo como alternativa econômica menos predatória, ainda que também produtora de certos impactos mal geridos.

Por fim, o artigo de Igor Maciel da Silva, intitulado “O maior cinema na história de Barbacena: panorama dos primeiros anos do Cine-Theatro Apollo (1923 a 1925)” objetiva apresentar um panorama dos primeiros anos de funcionamento do referido estabelecimento, o cinema de rua da cidade de Barbacena, Minas Gerais, que esteve em atividade por maior número de anos, respectivamente de 1923 a 1998, a fim de entender como se deu o funcionamento, qual a equipe de trabalho, público, filmes e programações. O autor conclui que a casa abrigou diferentes tipos de programações adulto, infantil, artística e beneficente; contemplou a presença de diferentes estratos sociais, incluindo pessoas brancas e negras; inovou na compra de filmes e, por fim, incluiu mulheres de modo público em sua equipe de trabalho.

Ao final dessas apresentações dos textos que compõem esse dossiê, ressaltamos a nobre proposta da Revista Caminhos da História, visto que as produções acadêmicas sobre a história das diversões são muitas e multidisciplinares, narradas por diferentes áreas e campos dos saberes, porém, ainda são poucas as propostas que reúnem compilados heterogêneos sobre esse fenômeno.

Nesse sentido, essa reunião de artigos, tomada em conjunto, abarca parte dos desafios mais gerais para a articulação de um campo de pesquisas especializado na história do lazer ou das diversões. Primeiro, o desafio de apreender, simultaneamente, um conjunto amplo e heterogêneo de práticas, desde o teatro ao carnaval, passando pelos esportes, cinema ou outros gêneros de espetáculos, para não mencionar outros mais. Segundo, a necessidade de considerar variações regionais, o que parece especialmente relevante em um país com as dimensões e com os níveis de desigualdades do Brasil. Sudeste ou Nordeste, capitais ou cidades do interior, áreas urbanas ou rurais, são todas clivagens que atravessaram e atravessam o modo de constituição histórica das diversões no país. Quarto, há ainda desafios advindos da necessária contextualização desses fenômenos dentro de um arco temporal maior e mais longo, capaz de oferecer uma compreensão histórica mais profunda. Assim, diferenças e semelhanças entre práticas diversas no fim do século XIX ou nos princípios do século XXI constituem parte do esforço analítico e interpretativo de uma agenda de pesquisas sobre a história do lazer ou das diversões. Finalmente, tudo isso é ainda transpassado pelas relações, ora tensas, ora convergentes, entre forças da economia de mercado e intervenções políticas de diferentes ordens, da mobilização associativa de parcelas da sociedade civil à atuação do aparelho burocrático do Estado.

Um mosaico de problemas dessa ordem não é para um grupo reduzido de autores, mas para uma comunidade acadêmica inteira. Nossa expectativa é que este fascículo ofereça um tijolinho adicional para esta construção, que há de ser bonita e grandiosa. Desejamos excelentes e divertidas leituras!

Notas

4. CUNHA, Antonio Geraldo da. Dicionário etimológico da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Lexicon Editora Digital, 2007, p. 272-273.

Igor Maciel da Silva – Professor do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Juiz de Fora, Campus Governador Valadares. Orcid: http: / / orcid.org / 0000-0002-6560-0475 E-mail: [email protected]

Sarah Teixeira Soutto Mayor – Professora do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Juiz de Fora, Campus Governador Valadares. Orcid: http: / / orcid.org / 0000-0003-1643-6223 E-mail: [email protected]

Cleber Dias – Professor do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer da Universidade Federal de Minas Gerais. Orcid: http: / / orcid.org / 0000-0001-9126-5992 E-mail: [email protected]


SILVA, Igor Maciel da; MAYOR, Sarah Teixeira Soutto; DIAS, Cleber. Apresentação. Caminhos da História, Montes Claros, v. 26, n.1, jan / jun, 2021. Acessar publicação original [DR]

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História do Esporte e das Práticas Corporais / Caminhos da História / 2020

Prezadas (os) leitoras (es),

É com enorme satisfação que publicamos o primeiro número do volume 25 da Caminhos da História, Periódico do Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes-MG). Empenhados com a produção de dossiês que possam proporcionar ricos subsídios para os debates vigentes na História, apresentamos, aqui, o dossiê História do Esporte e das Práticas Corporais, atenciosamente refletido e organizado pela professora e pesquisadora Janice Zarpellon Mazo, Doutora da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança (ESEFID) e do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano (PPGCMH), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A proposta dessa coletânea de artigos agrega textos de pesquisadorxs que tratam da conexão entre os esportes e as práticas corporais com as particularidades locais e sua ligação com o que é geral e universal, até mesmo na área da História. Entre tais, destacamos: a prática esportiva em colônia de imigrantes; representações da construção da identidade torcedora no futebol; os percursos de atletas femininas paralímpicas; a presença das mulheres no esporte no início do século XX; e a ocorrência e as características de reportagens sobre o futebol feminino em programas de televisão.

Ora… Estes consistem, absolutamente, em temas caríssimos para auxiliar-nos a decifrar nosso panorama sociocultural e político-econômico. Isto porque se tratam de pesquisas que abarcam olhares a respeito do embricamento do assunto com diferentes campos científicos. Estas investigações têm se deparado com um frutífero espaço de debate com a consolidação do estudo em História do esporte e das práticas corporais a partir da concepção de múltiplos centros, núcleos e grupos de pesquisa por todo o Brasil. É nesta conjuntura que destacamos a relevância do dossiê temático proposto, o qual emergiu como ação das articulações entre pesquisadorxs do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais, a partir de parcerias estabelecidas entre grupos de pesquisa de instituições de ensino superior de ambos os estados.

Para ilustrar a edição com este importante dossiê, a Caminhos da História conta com uma pintura do italiano Giovanni Battista Tiepolo, denominada Polichinelo e os acrobatas, de 1797, período em que a ginástica reaparecia em manifestações públicas.

Na seção que agrega artigos livres, expomos três preciosas contribuições. O primeiro texto apresenta um estudo sobre o exercício da Justiça criminal na cidade de Mariana-MG, a partir dos processos envolvendo escravos, no século XIX. Outro artigo debate sobre a figura de Silvio Romero, importante interprete do Brasil, na passagem do século XIX para o século XX: instigado pelas ideias naturalistas, oriundas da Europa, combateu a visão nacional em voga do romantismo brasileiro, alegando ser esta uma visão irreal, mística e fantasiosa. Por fim, apresentamos um estudo que debate as práticas preservacionistas da cidade de Belo Horizonte, apontando os desafios impostos ao poder público, entre as décadas de 1990 e 2000, quando se trata de ações voltadas para a salvaguarda de bens culturais vinculados à identidade e memória negra.

Boa leitura!

Atenciosamente,

Ester Liberato Pereira,

Rafael Dias de Castro

e Comissão Editorial!


PEREIRA, Ester Liberato; CASTRO, Rafael Dias de. Editorial. Caminhos da História, Montes Claros, v. 25, n.1, jan / jun, 2020. Acessar publicação original [DR]

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Poder e gênero nas relações políticas / Caminhos da História / 2020

A década de 2010 se encerra com o crescimento dos populismos de direita, e o forte caráter extremista é um aspecto saliente. A perseguição a valores progressistas, ou mesmo pautas que dialoguem com os Direitos Humanos, pressiona pela necessidade de uso do conceito de política de forma permanente, atuante, militante, engajada, mantendo a coerência e a seriedade. É entender que o fazer História (como quem escreve e como quem faz) é inevitavelmente permeado por ideologias, e a neutralidade é a utopia dos tolos, ou daqueles que camuflam as posições já tomadas – geralmente do lado hegemônico.

Assim, a política não deve ser vista como terreno restrito aos assuntos institucionais, ou elitistas, pois esse é masculina, eurocêntrica, falocêntrica, remetendo a um histórico de dominação colonial e imperialista e, por isso, obsoleta. Porém, embora decadentes, as estruturas dominantes não falecem em silêncio, mas reagem com violência que é típica dos grupos em hemorragia de poder. Assim, política e poder devem fugir das esferas restritamente partidárias e factuais. Uma vez tributária da sociologia, psicologia, direito público, psicanálise, linguística, matemática, informática, como afirma René Remond (1997, p. 29), a História Política tem a obrigação de se fazer plural, compreendendo os fenômenos ações coletivos como organizações extra-partidárias e movimentos sociais, sem esquecer das ações subjetivas e identitárias que marcam a pós-modernidade.

Por outro lado, não se deve ignorar que o aparato repressivo estatal existe, e continua vigorosamente utilizado como instrumento normatizador e regulador sendo, portanto, nas palavras de Mbembe, um mecanismo de instrumentalização da vida humana e destruição (literal e metafórica) de corpos humanos e populações que não se encaixam (MBEMBE, 2018, p. 10-11). O nacionalismo oficial se torna imperativo na contemporaneidade, torna o grupo hegemônico o modelo inalcançado do retrato esperado para o país. Revelador, portanto, do descompasso entre o país legal e o país real na fala do ex-ministro da Educação Weintraub, na fatídica reunião ministerial de 22 de abril de 2020: “Esse país não é… odeio o termo ‘povos indígenas’, odeio esse termo. Odeio. O ‘povo cigano’. Só tem um povo nesse país. Quer, quer. Não quer, sai de ré…”. Implicitamente se reforçou ali a imagem de um povo existente apenas de forma ideal, avessa à materialidade e a existência física e concreta de populações marginalizadas, excluídas, despidas de direitos básicos e fundamentais. Na ótica apresentada pelo ex-ministro, as minorias devem se incorporar, perdendo a identidade que lhes são definidoras ou, inevitavelmente, serão exterminadas. Dominação e / ou extermínio são as únicas escolhas permitidas àqueles externos às instâncias de decisão política em um Estado repressivo e tomado por grupos de elite despidos de representação popular.

Tal discurso afeta grupos distintos que tem como divisor comum tão somente o ícone da exclusão e da indiferença: mulheres, gays e trans; índios, retirantes, posseiros. Na lógica estreita e dicotômica dos integrantes de um Estado excludente, para somente assim construir a nação ideal, tal diversidade e pluralidade, típica das democracias saudáveis, estão desamparadas, exiladas dentro do próprio país, por não serem aceitas e incluídas ao que se espera ser “um povo nesse país”.

O dossiê “Poder e Gênero nas relações políticas” repercute as distorções e desproporcionalidades nos arranjos de poder, forçando grupos não-hegemônicos a elaborarem mecanismos e estratégias alternativos de atuação e manifestação não apenas de presença, mas de existência política e física. Tal preocupação é uma regularidade na revista Caminhos da História, conforme podemos visualizar em seus números anteriores, por exemplo, através das aproximações políticas entre América Latina e China no contexto da Guerra Fria (como no artigo de Maria Strabucchi, 2016) ou nos debates sobre intolerância e preconceito através da visão de intelectuais brasileiros da década de 1930 (Costa Filho, 2017).

Com o intuito de manifestar e repercutir esse objetivo, o atual dossiê sublinha temáticas sensíveis com relação às manifestações de poder. A decolonialidade como estratégia para romper com o modelo tradicional de historiografia, é uma das abordagens trabalhadas por Ana Paula Jardim Afonso. Em seu artigo se ressalta a importância de se combater a historiografia eurocêntrica que legitima o discurso e a narrativa do colonizador, e assim, se eleva em importância o papel das ações políticas decorrentes do “terrorismo de gênero”.

Carlos António Aguirre Rojas retoma o conceito de economia moral de E. P. Thompson, inicialmente lançado em A Formação da Classe Operária Inglesa. Nesta obra, o autor inglês buscava evidenciar a maneira de reagir às transformações impostas pela modernização e pelo capitalismo, através da associação entre tradição, identidade e as novidades que eram inseridas ao cotidiano do operariado em vias de formação. De maneira original Aguirre Rojas busca o emprego do conceito na América Latina, seja através do Movimento dos Sem Terra (MST) no Brasil, com os indígenas neozapatistas mexicanos na Marcha del Color de la Tierra em 2001, ou pelos bloqueios e a paralização em diversas cidades estratégicas da Bolívia.

De maneira correlata, está o artigo “Um debate sobre a atuação do Partido Comunista Brasileiro (PCB) no campo entre os anos de 1948 e 1964”, de Rafael Sandrin. Neste, há a análise das formas de atuação do partido de Luiz Carlos Prestes contra a violência do latifúndio durante o período democrático anterior ao Golpe Militar. Através do periódico “Terra Livre”, Sandrim percebe o esforço por mobilizar os trabalhadores agrários em torno de direitos já garantidos ao operariado, como, por exemplo, o acesso ao décimo terceiro salário. Deste modo, é abordado dentro do recorte de 1948 a 1964, temática sensível e contemporânea, ainda não resolvida no século XXI no Brasil.

A desigualdade de renda e das formas de subsistência tornam a violência meio de reação, e o crime como elemento marcante da institucionalização dos desníveis de acesso aos direitos, políticas públicas e acesso a renda. Em locais onde o Estado se manifesta de maneira negligente e atribui suas responsabilidades a iniciativa particular, há o espaço para a disputa do poder, conquistado por aquele que tem maiores recursos e potencial de manifestação da força e da violência em suas mais variadas configurações. Deste modo, Rejane Meirelles Amaral Rodrigues apresenta a trajetória do fazendeiro sertanejo marcado por essas disputas em “Literatura e banditismo social: Antônio Dó retratado por Saul Martins e Petrônio Braz”.

Por fim, Yôkissya Coelho e Monalisa Pavonne Oliveira fazem o rastreamento familiar e trajetória política de mulheres na política. Dentro da metodologia prosopográfica, o artigo “O perfil social de mulheres eleitas em Roraima (2014–2016)” se vincula a História do Tempo Presente. Portanto, tem como proposta detectar a possibilidade de ascensão social das mulheres na e pela política institucional em diferentes colorações políticas. No entanto, é ressaltada a participação das teias familiares no processo de criação do capital político para lançamento de campanhas eleitorais. Dentro dessa dinâmica familiar, o poder político se mantém limitado a determinados grupos.

Deste modo, encerramos o dossiê ancorado na atuação política em seus mais diferentes cenários e configurações. A proposta dos artigos, por mais diversas que possam parecer, tem como elemento unitário o anseio por manifestar o descontentamento através do registro, análise e investigação das desigualdades e suas marcas em seus diversos níveis sociais e econômicos, sendo manifestos desde a luta por terra, até no esforço por reconhecimento identitário subjetivo. Torcemos, que diante da conjuntura pessimista, possamos despertar o otimismo na ação e superação do conservadorismo, do reacionarismo e do proto-fascismo que germina em terreno fértil.

Referências

COSTA FILHO, Cícero João. ‘Raízes raciais’ do Projeto integralista (nacional) de Gustavo Barroso: o preconceito, a intolerância e o racismo para com a figura do judeu no Brasil da década 1930. Revista Caminhos de História, v.22, nº2, jul / dez, 2017, PPGH, Unimontes.

MBEMBE, Achile. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. São Paulo: n1 edições, 2018.

MONTT STRABUCCHI, Maria. Writing about China’ Latin American Travelogues during the Cold War: Bernardo Kordon’s ‘600 millones y uno’ (1958), and Luis Oyarzún’s ‘Diario de Oriente, Unión Soviética, China e India’ (1960). Revista Caminhos da História, vol. 21, no. 1, jan / jun., p. 93–124, 2016, PPGH, Unimontes.

REMOND, René. Uma história presente. In. REMOND, René (org.). Por uma história política. Rio de Janeiro: Editora UFRJ / Fundação Getulio Vargas, 1997.

Felipe Azevedo Cazetta – Doutor em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Professor de História Moderna e Contemporânea da Universidade Estadual de Montes Claros, Minas Gerais, Brasil. E-mail: [email protected] ORCID: http: / / orcid.org / 0000-0002-2110-7531


CAZETTA, Felipe Azevedo. Apresentação. Caminhos da História, Montes Claros, v. 25, n.2, jul / dez, 2020. Acessar publicação original [DR]

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Culturas Populares, Gênero e Diversidade Sexual: interfaces, tensões e subjetividades / Caminhos da História / 2019

Nos últimos anos, é notório o crescente interesse pelos estudos sobre as artes e culturas populares. Multiplicam-se os trabalhos acadêmicos, artigos e livros dedicados ao tema, assim como o número de agências não governamentais e privadas interessadas na execução de projetos na área. As abordagens mais recorrentes focam questões como as tensões entre a dimensão tradicional e mecanismos de (re)invenção, processos de espetacularização, as dimensões performativas e processos de patrimonialização, dentre outros temas. Também é notória a consolidação, no Brasil, do campo dos estudos de gênero, assim como daquele sobre a diversidade sexual, ao longo das últimas quatro décadas com temas diversos e abordagens múltiplas. Mas, o que falar da relação entre as culturas populares, as perspectivas de gênero e as experiências da diversidade sexual?

Com o intuito de reunir subsídios para responder a essa pergunta, coordenamos um grupo de trabalho na terceira edição do Seminário Internacional Desfazendo Gênero, realizada em Campina Grande, em 2017, evento organizado por Jussara Carneiro Costa, na Universidade Estadual da Paraíba. O grupo de trabalho procurou reunir, assim, pesquisadores / as interessados / as em um território ainda pouco explorado em ambos as áreas de pesquisas, a saber, as interfaces entre as artes e culturas populares e as questões relativas às expressões de gênero e da diversidade sexual. O que se sabia sobre gênero e / ou sexualidade nos contextos de produção cultural, situações ritualizadas, festividades ou processos de patrimonialização? Quais as expressões de gênero e da diversidade sexual nas artes e culturas populares? Que conflitos, tensões, silenciamentos e resistências perpassam esses campos em suas interações? O que este olhar pode nos oferecer como possibilidades de visualizar formas de produção de sujeitos no mundo contemporâneo? Estas são algumas das questões levantadas pelo grupo e que os textos reunidos aqui tentam, de alguma maneira, responder. Uma parte desses textos é oriunda do grupo de trabalho, outra parte foi acrescentada em seguida ao evento com a continuidade de nossos diálogos sobre o tema.

Os saberes populares se materializam na vida social frequentemente por meio de situações ritualizadas. Os rituais são aqueles espaços-tempo em que são formuladas e reformuladas culturalmente, negociadas e renegociadas socialmente, editadas e reeditadas simbolicamente e tensionadas politicamente as múltiplas formas de pertencimento e as mais variadas demonstrações identitárias, entrecruzando os eixos da identidade (indivíduo versus coletividade) e da alteridade (mesmo versus outros). A maneira como tais saberes são performados, portanto, não são apenas um mecanismo de reprodução da vida social por meio da repetição, mas são sobretudo um conjunto de dispositivos acionados para produzir reflexões críticas acerca dos arbitrários culturais sobre os quais se assenta a ordem social e, assim, denunciar, de forma quase sempre lúdica, os efeitos de poder instituídos nos saberes, discursos e práticas sociais. Num aparente paradoxo, no âmbito das culturas populares a liminaridade dos rituais parece contribuir para a naturalização do status quo hegemônico, no que diz respeito às expressões de gênero e da diversidade sexual, representado por um regime de verdade médico-científico e jurídico-moral instaurador do binarismo de gênero, do dimorfismo sexual e da heterossexualidade compulsória, ao mesmo tempo em que subvencionam potentes críticas a essa naturalização, ao promover, ainda que momentaneamente, a subversão, a transversão, a reversão ou a inversão da ordem – ou, pelo menos, a ponderação sobre a sua versão oficial e a possibilidade de sua instabilização.

Além disso, podemos notar também que o impacto das discussões sobre identidade, gênero e sexualidade resultaram na pressão crescente para o reconhecimento e a abertura de novos espaços, dentro de tais manifestações antes ocupados majoritariamente a partir de uma lógica heteronormativa. Tais reivindicações possibilitaram a emergência de novos agentes e narrativas bem como tornando visíveis aquelas até então silenciadas. Assim, à potência das ambiguidades do espaço da liminaridade ritual somou-se também o da reivindicação e luta política.

Os resultados das pesquisas que compõem esse dossiê, de alguma maneira, tratam da tensão entre discursividades hegemônicas naturalizadas / naturalizadoras e possibilidades culturais / existenciais alternativas no que diz respeito às expressões de gênero e da diversidade sexual (e outros marcadores sociais da diferença, em alguns textos). Em certos casos aqui relatados, essa tensão é mediada (ou neutralizada?) pelas manifestações das culturas populares diretamente, como nos artigos de Hayesca Costa Barroso, de Lady Selma F. Albernaz e Jailma Maria Oliveira, de Thayanne Tavares Freitas e de Camila Maria Gomes Pinheiro; em outros, como no artigo de Diego S. Santos e Sérgio Luiz Baptista, a mediação se dá através de situações ritualizadas representadas, por exemplo, pela participação em programas especiais de promoção da cidadania e de valorização da vida, como o Programa ViraVira, que funciona como uma espécie de rito de passagem para pessoas transexuais e travestis. Os processos de patrimonialização abordados diretamente por Laura C. Vieira e indiretamente por Daniel Oliveira da Silva poderiam ser vistos também como meios daquela mediação através de situações ritualizadas.

O artigo de Hayesca Costa Barroso, intitulado “A Produção do Gênero na / da Cultura Popular: problematizando um habitus de gênero junino”, mostra como, apesar de baseadas numa estrutura simbólica heteronormativa e binária, as grandiosas festas juninas cearenses, marcadas pelas apresentações das quadrilhas, têm-se tornado um espaço importante de visibilização de pessoas homossexuais (gays e transexuais, principalmente) e de questionamento – ou reelaboração – da fixidez dos papeis de gênero tradicionais, produzindo, desse modo, uma reflexão sobre o que a autora chamou, baseada na obra de Pierre Boudieu, de “habitus de gênero da cultura popular junina”. Já o artigo de Diego S. Santos e Sérgio Luiz Baptista, intitulado “Como ser Transexual e / ou Travesti num Universo Simbólico Heterossocial? A “Carreira Bicha” na Favela da Rocinha, Rio de Janeiro” é baseado numa pesquisa de campo realizada junto ao Programa ViraVida, desenvolvido naquela favela carioca com o intuito de promover a cidadania de pessoas transexuais e travestis. Os autores analisam o que designam como “carreira bicha”, um conjunto de atividades e instrumentos que ilustram a passagem da “identidade gay” para a “identidade trans”, numa espécie de rito de passagem instituidor de uma posição política dissidente em relação à heteronormatividade hegemônica. Lady Selma F. Albernaz e Jailma Maria Oliveira, no artigo intitulado “Maracatu Nação em Pernambuco: raça, etnia e estratégias de enfrentamento ao racismo”, estudam os rituais de maracatu dos carnavais recifenses a partir de uma minuciosa análise das indumentárias utilizadas pelos / as participantes e apresentam uma instigante reflexão sobre as interseções de raça e gênero nos processos de etnização em vigor nessas manifestações culturais.

A cena dos grafismos murais conhecidos como graffitis na cidade de Belém, capital paraense, foi o objeto de estudo de Thayanne Tavares Freitas. No artigo, Thayanne apresenta os principais resultados de uma pesquisa etnográfica refinada realizada junto a um coletivo feminino de grafiteiras belenenses (que inclui mulheres e um homem transexual). A autora partiu do questionamento do processo que apagou ou excluiu as mulheres dessa cena e, no final de sua pesquisa, acabou revelando a maneira como, nos últimos tempos, o protagonismo feminino vem despontando (com muita negociação) nessas manifestações culturais, não só em Belém, mas também alhures. Por sua vez, Camila Maria Gomes Pinheiro, em seu artigo intitulado “„Mulher na Roda Não é pra Enfeitar‟! A Ginga Feminista e as Mudanças na Tradição da Capoeira Angola”, após perceber que os estudos sobre as culturas populares pouco se interessam pelas desigualdades sociais e as diversas formas de discriminação, utiliza-se também da etnografia para verificar o lugar ocupado pelas mulheres na prática da capoeira angola e, principalmente, para mostrar o modo como essa manifestação cultural vem se transformando a partir do momento em que elas passam a ocupar os espaços de poder antes exclusivamente masculinos e se tornam lideranças na organização de grupos, num movimento demonstrativo daquilo que é definido pela autora como feminismo angoleiro.

Laura C. Vieira, em “As Mulheres Erveiras do Ver-o-Peso e os Olhares Patrimoniais” apresenta os resultados de uma pesquisa etnográfica e histórica realizada junto a mulheres feirantes do maior complexo comercial atacadista e varejista do Norte do Brasil, em Belém, sobre os seus costumes, saberes e práticas relacionados à biodiversidade amazônica e a qualidade patrimonial que lhes é aferida. A autora alerta para os cuidados que o processo de patrimonialização em voga tem que ter para evitar objetificar, exotizar e essencializar as práticas culturais no Ver-o-Peso e, em particular, aquelas protagonizadas pelas erveiras – mulheres que comercializam principalmente ervas e produtos fitoterápicos originários da floresta e propiciam atendimentos mágico-espirituais –, gerando estigmas e retirando-lhes a agência enquanto cidadãs, comerciantes e conhecedoras das coisas amazônicas. Ainda no registro dos processos de patrimonialização, Daniel Oliveira da Silva nos oferece um texto intimista e comprometido, intitulado “Comida, Memória e o Encontro de Gerações: um estudo de caso sobre o resgate de uma receita de família”, que trata da importância da oralidade na rememoração de receitas culinárias tidas como “receitas de família”. O autor traz as histórias contadas pelas mulheres de sua família oriunda do interior do Piauí para construir uma narrativa sobre o mirrado, um bolinho feito à base de goma de mandioca. A narrativa assim constituída por essas mulheres nos ensina que as receitas condensam informações sobre trânsitos culturais passados, catalisam relações sociais presentes e se atualizam como matrizes de pensamento para a existência futura, confirmando o que Lévi-Strauss já dizia: os alimentos não são apenas comidos, mas são também bons à penser.

Já Paula Zanardi e Jorgete Lago nos oferecem uma reflexão sobre a invisibilidade das mulheres nas manifestações culturais, a partir da categoria “mestra”, com um olhar a partir do Pará. Se a primeira parte de sua experiencia enquanto gestora do patrimônio e nos provoca a pensar nas representações de genero nas culturas populares no ambito dos grupos e da formulaçao de políticas de cultura, Lago investe na abordagem de temas sobre classe, gênero e raça sob a ótica da etnomusicologia e a reflexão entre a sua subjetividade e seu papel enquanto acadêmica, mulher e cidadã.

Convidamos todas / os, através da leitura dos artigos desse dossiê, a se apropriarem das reflexões propostas pelas / os autoras / es que, de uma forma ou de outra, convidam-nos a pensar em formas de promover um mundo melhor.

Daniel Reis – Doutor em Antropologia pela UFRJ. Pesquisador do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (IPHANDF). Professor do Mestrado Profissional em Preservação do Patrimônio Cultural-IPHAN. E-mail: [email protected] ORCID: https: / / orcid.org / 0000-0002-2366-0285

Fabiano Gontijo – Professor Titular vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA) e à Faculdade de Ciências Sociais (FACS) do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Federal do Pará (UFPA). É Doutor em Antropologia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, França. [email protected] ORCID: https: / / orcid.org / 0000-0003-4153-3914


REIS, Daniel; GONTIJO, Fabiano. Apresentação. Caminhos da História, Montes Claros, v. 24, n.1, jan / jun, 2019. Acessar publicação original [DR]

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História, tempo e espaço / Caminhos da História / 2019

Prezadas (os) leitoras (es),

O dossiê desta edição da Revista Caminhos da História, do Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes-MG), propõe analisar a temática “História, tempo e espaço”. Trata-se de um dossiê organizado pelos geógrafos Dr. Emerson Costa de Melo (Doutor em Geografia pela UERJ) e Dra. Aline da Fonseca Sá e Silveira (Doutora em Geografia pela UERJ e Professora do CEFET-RJ).

Os artigos do dossiê abordam temáticas caras à relação interdisciplinar entre os campos da Geografia e da História, principalmente quando se aproximam o espaço geográfico e o tempo histórico em abordagens e perspectivas que tornam centrais temas como região, territórios, margens e fronteiras, por exemplo. Neste sentido, os artigos aqui selecionados analisam os territórios e revisões de propriedade na práxis de colonização da Companhia de Jesus na Província do Paraguai entre os séculos XVII-XVIII; a economia de abastecimento e pequeno escravista do Vale do Macacu no século XVIII; a geografia social da morte nas práticas de sepultamento na cidade de São João Del-Rei, no século XIX. Questões de ordem técnica, teórica e metodológica também são enfatizadas em discussões sobre modelos metodológicos de espacialização dos registros paroquiais de terras e na relação entre a circularidade cultural e os agenciamentos territoriais.

Esta edição conta, também, com sua seção de artigos em fluxo contínuo. Apresentamos, de tal modo, estudos que apontam a relação “cor da pele / cidadania” nas Constituições da Venezuela (1811) e do Brasil (1824), reflexões sobre a figura do Pe. Diogo Antônio Feijó e o catolicismo como religião civil e, por último, as vivências entre boiadeiros e boiadas no Noroeste paulista.

A imagem que ilustra a capa da edição é uma pintura produzida pelo ítalo-brasileiro Alfredo Volpi (1896-1988), intitulada Paisagem com carro de boi, pertencente à Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Esperamos que todxs tenham uma excelente leitura!

Atenciosamente,

Ester Liberato Pereira,

Rafael Dias de Castro,

e Comissão Editorial


PEREIRA, Ester Liberato; CASTRO, Rafael Dias de. Editorial. Caminhos da História, Montes Claros, v. 24, n.2, jul / dez, 2019. Acessar publicação original [DR]

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Memória: questões teórico-metodológicas nas pesquisas historiográficas / Caminhos da História / 2018

Prezadas (os) leitoras(es),

É com enorme satisfação que publicamos o segundo número do volume 23 da Caminhos da História, Periódico do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes-MG). Nesta edição, contamos com a presença de um dossiê. Apesar disso, não abrimos mão de uma seção livre, onde artigos que exploram diferentes temas caros à História possam ser contemplados. Nossa finalidade, com esse formato, é proporcionar números temáticos que apresentem maior evidência aos artigos que os compõem, bem como às suas autoras e aos seus autores.

No atual número, assim, apresentamos o dossiê “Memória: questões teórico-metodológicas nas pesquisas historiográficas”, organizado pelos pesquisadores Rejane Meireles Amaral Rodrigues (Unimontes) e Gilberto Cezar de Noronha (UFU). Com a intenção de congregar trabalhos produtos de estudos que exploram fontes, temáticas e enfoques teórico-metodológicos diferentes, o dossiê trava diálogo com discussões da história e da historiografia interessada na problemática da memória, dos saberes e das relações de poder / submissão / subversão nos usos políticos do passado; a gestão dos sentimentos e das paixões sociais; a construção de racionalidades, os afetos e sensibilidades, a alteridade e as subjetividades envolvidas no ato de lembrar e esquecer; questões epistemológicas relacionadas às tênues fronteiras entre memória e história e ao próprio estatuto do conhecimento histórico, em suas diversas orientações teóricas. A proposta deste dossiê, enfim, é abrir o diálogo e a possibilidade de repensar as formas, as escalas, a duração e a espacialização dos jogos de poder que instituem as relações sociais e os processos de subjetivação que envolvem a gestão da lembrança e do esquecimento.

Para ilustrar a edição deste relevante dossiê, a Caminhos da História conta com a ilustração de Salvador Dalí. Nativo de Figueres, o pintor espanhol apresenta, em sua trajetória, admiráveis contribuições por meio de sua arte surrealista. A espantosa e admirável pintura que ilustra nossa capa recebe o título de La persistencia de la memoria (1931). “Toda a minha ambição no campo pictórico é materializar as imagens da irracionalidade concreta com a mais imperialista fúria da precisão”. Esta citação de Dalí sintetiza a pintura em questão; os elementos ilusórios – relógios derretidos – embaralham-se com figuras familiares aos olhos humanos, cunhando uma impressão de que eles realmente estão ali. Ao fundo, podemos observar um penhasco e o mar no horizonte. Esse cenário é a imagem do lugar onde Dalí vivia.

A edição conta ainda com artigos livres, que perpassam o debate sobre a introdução do futebol no estado do Rio de Janeiro, a trajetória profissional de mulheres na medicina em Montes Claros-MG e sobre o processo de transformação econômica no governo de Salvador Allende, no Chile.

Atenciosamente,

Ester Liberato Pereira,

Rafael Dias de Castro,

e Comissão Editorial


PEREIRA, Ester Liberato; CASTRO, Rafael Dias de. Editorial. Caminhos da História, Montes Claros, v.23, n.2, jul / dez, 2018. Acessar publicação original [DR]

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Novos objetos, novas abordagens / Caminhos da História / 2017

Prezadas/os leitoras/es,

Ao cumprimentarmos nossas leitoras e leitores, apresentamos a mais atual edição da Caminhos da História, destacando uma série de mudanças pelas quais o periódico vem atravessando durante esse ano, com a finalidade de acolher o conjunto de processos empregados pela Qualis Capes na avaliação de periódicos científicos afiliados às Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras.

Em 2020, o periódico Caminhos da História passa a fazer parte do novo Portal de Periódicos da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Como a própria página do portal destaca, a intenção básica do portal é promover periódicos empenhados com a circulação, nacional e internacional, da produção científica, nos diferentes campos científicos, afora proporcionar apoio aos editores, autores e leitores dos periódicos, fornecendo infraestrutura, formação e facilidades de software.

Dessa maneira, o periódico do Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) da Unimontes, dentro da sua ação de reformulação, passa a integrar, ao lado de outros 17 periódicos científicos da Instituição, esse portal, cujas publicações são feitas dentro do sistema Open Journal Systems (OJS), um software de código aberto para o gerenciamento de periódicos acadêmicos revisados por pares e criado pelo Public Knowledge Project, lançado sob a General Public License – GNU.

Mais uma questão abraçada pelo periódico foi a reformulação de sua Comissão Editorial, com evidência para o Comitê Consultivo. Neste ponto, o periódico expõe um conjunto de pesquisadorxs doutorxs especialistas em múltiplos domínios da História e campos afins. Nosso escopo foi, basicamente, contar com pesquisadorxs de Universidades Estaduais e Federais das cinco regiões brasileiras, afora pesquisadorxs estrangeirxs que pudessem colaborar com novos olhares para refletirmos acerca da História no Brasil. De tal modo, compõem o quadro pesquisadorxs vinculadxs a universidades na América Latina e Europa. Procuramos, ainda, ter o cuidado de combinar pesquisadorxs já estabilizados em suas carreiras com pesquisadorxs em ascensão, para que o periódico possa ser mantido por diferentes caminhos acadêmicos. Para nós, a finalidade dessa cartografia intelectual é clara: primar pela heterogeneidade geracional, institucional, de gênero e de fluxos de investigação. Por fim, mas não menos importante, gostaríamos de destacar a configuração que o periódico recebeu em 2019. O periódico passou a pertencer ao Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) da Unimontes, um programa com curso de mestrado.

Perante esse quadro, neste fascículo, apresentamos ao público 07 artigos originais e uma resenha, decompostos em duas seções: a primeira parte compõe um dossiê, com a temática “Novos objetos, novas abordagens”, organizado pela Profa. Dra. Ilva Ruas de Abreu, do Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) da Unimontes. Nele, os artigos destacam desde a História das Ciências, o campo médico-científico e suas técnicas e procedimentos, passando por novos olhares sobre os debates de gênero e suas formas de análise, enfatizando abordagens diversas que focam objetos instigantes, como a implementação de tecnologias e a sociabilidade esportiva. A segunda parte, composta por artigos de temáticas livres, conta com artigo sobre práticas fúnebres vinculadas a irmandades nos séculos XVIII e XIX, a análise do projeto integralista de Gustavo Barroso, finalizando com uma resenha do livro “Egressos do Cativeiro”, de Roberto Guedes, debatendo os significados da mobilidade social de diferentes camadas do período.

Como dito anteriormente, primamos pela diversidade institucional. Deste modo, o número ora apresentado agrega produções de autorias de distintas origens e formações do Brasil.

Indo direto ao ponto: esperamos que toda(o)s tenham uma excelente leitura!

Ester Liberato Pereira

Rafael Dias de Castro


PEREIRA, Ester Liberato; CASTRO, Rafael Dias de. Apresentação. Caminhos da História, Montes Claros, v.22, n.2, jul / dez, 2017. Acessar publicação original [DR]

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China: relações e história entre América Latina e China / Caminhos da História / 2016

É com satisfação que a Revista Caminhos da História, vinculada ao Departamento de História da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), apresenta o dossiê dedicado à República Popular da China. A ideia deste dossiê surgiu em Shanghai, em 2015, durante o Quarto Fórum de Alto Nível China-América Latina, do qual participaram pesquisadores chineses e de diversos países da América Latina, de cuja delegação fez parte o Prof. Dr. Marcos Fábio Martins Oliveira, docente da Unimontes.

O presente dossiê conta com a contribuição de professores da China, Espanha, Argentina, Chile e Brasil, que versam sobre diversos aspectos da História recente deste importante parceiro estratégico do Brasil e de tantos outros países da América Latina.

O primeiro artigo “El conocimiento sobre América Latina del mundo académico de China”, escrito por Han Qi, prestigioso especialista chinês em estudos latinoamericanos, trata de fazer uma análise retrospectiva sobre os avanços dos estudos de sobre nossa região na China. Han Qi destaca que a Revista de Estudos Latinoamericanos é a única publicação especializada em estudos sobre América Latina na China. Isto refletiu o amadurecimento do nível de conhecimento sobre a América Latina do mundo acadêmico chinês. Desde a publicação de sua primeira edição, em 1979, foram publicados mais de três mil, demonstrando que os acadêmicos chineses estudam e prestam atenção a uma ampla gama de questões sobre a Região, que em geral tem uma estreita relação com o desenvolvimento da China e também com o desenvolvimento das relações sino-latino-americanas. Considerando a amplitude dos temas relacionados a esta relação, os académicos chineses intentam avaliar de forma objetiva e imparcial as questões sobre a América Latina e buscam de conhecer uma verdadeira América Latina.

Em seguida, Gustavo E. Santillán, docente da Universidade Nacional de Córdoba e pesquisador do CONYCET, com seu texto “Caminos para entender la modernización socialista: un examen de las fuentes ideológicas de la política china contemporánea”, visa discutir os aspectos teóricos e políticos da estratégia chinesa de modernização, abrangendo o período de Reforma e Abertura, desde 1978 até os dias atuais, quando o Presidente Xi Jinping propôs em 2013 a meta de um “Sonho Chinês” e do “Rejuvenescimento Nacional”.

O texto de Gladys Nieto, professora da Universidade Autônoma de Madrid, “Permanencias en la visión tradicional china del mundo” busca analisar como, ao longo da História do Estado chinês, sob uma maioria étnica Han, foi tratada a questão da diversidade étnica do país, perpassando pelos períodos imperial, republicano, maoísta e, mais recentemente, durante o período de “Reforma e Abertura”. Nesse sentido, busca identificar a permanência de uma visão tradicional chinesa como um modelo civilizatório frente a outros povos.

Analisando um aspecto específico da história chinesa, justamente quando ocorreu a última participação da China em uma guerra com seus vizinhos, o texto “CHINA’S ENGAGEMENT IN THE VIETNAM WAR: ITS STRATEGIC REASONS”, Jorge E. Malena, docente argentino da Universidadde Del Salvador, considera que a principal razão para o envolvimento da China na Guerra do Vietnã foi a dissuasão. A liderança em Pequim procurou persuadir os EUA a não escalar no conflito, porque os custos para Washington seriam muito altos. Tendo isso em vista, o artigo do Professor Malena procura, em primeiro lugar, delinear quatro fontes principais que influenciaram a estratégia chinesa; em segundo lugar, apresentar os eventos em 1965 que levaram a liderança chinesa exercida na Guerra do Vietnã; e, por último, contrastar essas principais fontes com a decisão da China de entrar na guerra.

A pesquisadora chilena Maria Montt Strabucchi, docente da Universidade Católica do Chile e doutoranda da Universidade de Manchester (UK), apresenta o texto “Writing about China’ Latin American travelogues during the Cold War: Bernardo Kordon’s ‘600 Millones y Uno’ (1958), and Luis Oyarzún’s ‘Diario De Oriente, Unión Soviética, China e India’ (1960)”. Nele, a autora investiga o modo como as crônicas de viagem, publicadas pelos viajantes à República Popular da China durante a Guerra Fria, buscavam prover conhecimento que influenciariam os discursos políticos, econômicos e culturais da América Latina daquela época. Por meio da análise dessas duas crônicas de viagem, o artigo demostra que estes dois textos revelam que seus autores foram descobridores e intérpretes de um modelo que depois apresentaram nos seus países de origem. Debruçando-se sobre as complexas identidades que emergem nos textos, pretende-se argumentar que, embora as crônicas apresentem uma atitude essencialista com relação à China e à cultura do país, buscavam apresentar, simultaneamente, um conhecimento mais amplo do mesmo sujeito, além das atitudes Orientalistas e as noções fixas da alteridade. Pretende-se argumentar, finalmente, que estes textos podem ser considerados como resultados bem-sucedidos da diplomacia cultural chinesa na América Latina.

Com o artigo “Una desmitificación del Estado de derecho hacia el ejemplo de la RPC”, Maria Francesca Staiano, professora da Universidade Nacional de La Plata, pesquisa os diferentes significados do Estado de Direito em alguns países ocidentais, como Alemanha e França, em que prevalece a tradição jurídica do Common Law, constatando que ainda existe uma experiência nem inequívoca nem dogmática a este respeito, para posteriormente compará-los com o modelo chinês Fazhi, valendo-se de uma abordagem histórica , linguística e cultural acerca dos processos legais.

Em complementação à temática tratada no artigo anterior, a professora Marina Gusmão de Mendonça, da Universidade Federal de São Paulo, oferece uma visão abrangente das “Características gerais do Sistema Jurídico Brasileiro e suas implicações em acordos e contratos comerciais com empresas estrangeiras”, buscando demarcar as diferenças entre os sistemas jurídicos brasileiro e chinês que, muitas vezes, levam a conflitos aparentemente incompreensíveis para estes, mas que estão conformes as regras do ordenamento legal e do funcionamento do Poder Judiciário no Brasil. Para que não restem dúvidas a respeito dos principais traços dessas diferenças, buscou-se fazer uma breve explanação das características do Direito brasileiro, procurando apontar suas origens e sua consolidação na estrutura do sistema jurídico Romano-Germânico.

Este dossiê termina com a entrevista “Una mirada sobre el Noreste Asiático: producción, traducción y perspectivas” com o historiador argentino Jorge Santarrosa, presidente de la Asociación Argentina de Estudios Coreanos. Na entrevista concedida a Gustavo E. Santillan, o profesor Santarrosa trata da evolução das pesquisas sobre o Extremo Oriente na Argentina, para a qual os investigadores da Universidade Nacional de Córdoba deram uma significativa contribuição. Esperamos que os leitores disfrutem deste número da Revista Caminhos da História em que a China ocupa o lugar central.

Boa Leitura!

Gustavo E. Santillán

Organizador do dossiê.


SANTILLÁN, Gustavo Enrique. Apresentação. Caminhos da História, Montes Claros, v. 21, n. 1, 2016. Acessar publicação original [DR]

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Celtas e Germanos: olhares interdisciplinares / Brathair / 2013

Seguindo a tradição da revista Brathair de unir pesquisadores de várias áreas tratando de temáticas sobre os celtas e germanos, a edição de 2013.1 é consagrada aos olhares interdisciplinares, relacionados a esses povos. Neste sentido, os trabalhos dessa edição, percorrem os caminhos da História, Literatura, Filologia e Filosofia.

Pode-se dizer que a temática central é a relação entre História e Literatura, na medida em que entre os documentos analisados pelos autores temos o tratado médico, Capsula eburnea, obras hagiografias, biografia, textos literários e os escritos filosóficos de Heidegger e sua apropriação pelo nazismo.

Chiara Benati, da Università degli Studi di Genova, Itália, analisa o tratado médico Capsula eburnea (séculos IV / V), cuja versão original grega os medievais atribuíam ao médico Hipócrates, valendo-se do dispositivo retórico típico – um verdadeiro topos nas obras escritas e mesmo nos conteúdos orais disseminados na Idade Média – a que designamos por auctoritas. Trata-se de uma lógica segundo a qual a predicação de autoria a um clássico, padre da igreja, santo, filósofo / teólogo, autor inspirado de um Evangelho ou personagem bíblica, por exemplo, garantia ao conteúdo credibilidade e potencial de ampla difusão entre as camadas letradas e mesmo no lastro da cultura oral.

Nestes termos, o artigo de Benati denota rigor filológico ao traçar o estema das versões alto e centro-medievais alemãs do pequeno tratado médico, evidenciando-se as conexões e as interações culturais entre o Sul da Europa e as regiões alemãs. Desta forma, o texto revela o mérito de exemplificar, para os pesquisadores brasileiros – entre eles os historiadores – como proceder, de modo rigoroso e conceitualmente lastreado, ao trabalho filológico como instrumento de análise, crítica e reconstituição historiográfica e literária.

Analisando as relações entre História, Economia e Historiografia, tendo por base textos de pensadores cristãos como Ildelfonso, Isidoro de Sevilha e Aurélio Prudêncio, Mário Jorge da Motta Bastos (UFF / Translatio Studii) se propõe repensar, analisando e problematizando, um artigo do clássico medievalista francês Georges Duby. Trata-se de breve artigo publicado, em 1958, na prestigiosa Revue des Annales, sob o título de La Féodalité? Une mentalité médiévale, cujo intuito era rediscutir a noção de feudalidade (féodalité). Esta revisão historiográfica deu-se por ocasião da comemoração do clássico Qu’est-ce que la féodalité (1944) do historiador belga François-Louis Ganshof.

Com este objetivo, o autor realiza uma apropriada e necessária definição do campo semântico do feudalismo como complexo mais amplo de relações sociais de produção, dominação, resistência e elaboração de formas de pensar e representar o mundo. Desta noção abrangente e sistêmica, o autor destaca e particulariza, para fazer justiça ao pensamento de Duby, a ideia de feudalidade como traço de mentalidade, conjunto de representações de mundo conscientes ou irracionais, uma forma de sensibilidade coletiva. A originalidade do enfoque proposto no artigo reside no fato de que o autor demonstra, sofisticadamente e com o imprescindível recurso às fontes primárias, como o batismo engendrou, como legitimação ideológica, a fides enquanto instrumento contratual entre Deus e os integrantes do grêmio da Igreja. Os últimos, redimidos do pecado da insubordinação a Deus e libertos do domínio demoníaco, celebram com Deus um pacto em que se tornam mancipium Christi. Esta lógica produz, reproduz e é, por sua vez, reproduzida e ampliada pelos vínculos de feudovassalagem e de dominação senhorial.

Ronaldo Amaral (UFMT) tece relações entre História, Santidade e Religiosidade, em um texto adequadamente didático e, como tal, oportuno para a difusão e exemplificação do trabalho historiográfico com fontes hagiográficas. Partindo da Vita Fructuosi (século VII), o autor pretende problematizar o papel do imaginário e do contexto mental e ideológico na gesta da hagiografia como gênero retórico destinado a propagar um modelo de homem e de história. O trabalho prima pelo ineditismo da fonte e por conseguir ultrapassar a tendência à história interna ou filológica do corpus textual. O recorte, conquanto evidente para os historiadores de ofício, mostra-se inovador quando considerada a Vita Fructuosi, vez que não se cinge a discussões sobre a autoria ou gênese do documento. Evita-se, assim, recair em uma falsa questão historiográfica.

Márcia Manir Miguel Feitosa (UFMA / Mnemosyne) analisa textos literários que possuem um fundo celta. A partir do romance Crônica do Imperador Clarimundo, obra portuguesa de João de Barros, composta no século XVI, relaciona o romance com obras da Matéria da Bretanha, em especial A Demanda do Santo Graal, que teve uma importante circulação no reino luso.

Dentre as analogias entre a Crônica e a Demanda salientadas por Feitosa podemos destacar as qualidades do herói, semelhantes a do rei Artur, e sua espada, que guarda analogias com Excalibur. Além disso, Clarimundo, de acordo com o artigo, também possui analogias com outro herói da Demanda, Lancelot, por se voltar aos valores do cavaleiro cortês (a proteção das damas e a realização de façanhas heroicas).

Já o artigo, de redação inglesa, escrito por Ismael Iván Teomiro García (UNEDEspanha) prima pela erudição filológica e linguística, filiando-se, em sua linha de estudos, a uma concepção de gramática generativa, muito cara à teoria de Algirdas Julius Greimas, semiólogo lituano paradigmático para os estudos da linguagem. O autor evidencia alguns aspectos peculiares da sintaxe do atual irlandês, que evolui do antigo gaelic e adquire estatuto de língua nacional oficial em 1922, com a independência da Irlanda do Sul em relação ao Reino Unido. Neste esforço, faz-se oportuna a tradução de fonemas e sua sintaxe para o inglês, idioma do texto, uma vez que o mesmo foi o instrumento cultural de assimilação e imposição de suserania por parte da Inglaterra às populações gaélicas da Irlanda, hoje figurando como uma das línguas oficiais da República da Irlanda e sua verdadeira língua franca.

Analisando a relação entre História e Política, Dominique Vieira Coelho dos Santos e Anderson Souza (FURB) analisam uma biografia anglo-saxã dedicada ao rei Alfredo, a Vita Ælfredi Regis Angul Saxonum, escrita por Asser. Neste relato, o monge galês procura valorizar as características do rei Alfred como bom guerreiro e letrado. De acordo com o artigo, pode-se fazer uma analogia entre o Renascimento Carolíngio e o Renascimento Anglo-Saxão ocorrido no período de Alfred, que assim como Carlos Magno estimulou no seu governo a circulação de obras clássicas. O artigo é bem construído e discute o uso da narrativa para a valorização do rei e sua ligação com valores positivos como a guerra e a cultura.

Também tratando das relações entre História e Política na relação do uso da Filosofia pelo poder, temos o artigo de Moisés Romanazzi Tôrres (UFSJ), que problematiza, mobilizando um amplo espectro de conceitos e noções fundamentais da ontologia de Martin Heidegger (1889-1976), um aspecto de relevância para a compreensão não apenas do complexo pensamento do autor alemão, como de sua participação política e comprometimento ideológico com o Nazismo.

O ensaio, conquanto breve, é bastante denso e evidencia domínio do autor sobre os temas fundamentais desta ontologia histórica e pós-metafísica, ainda pouco problematizada pelos historiadores. Tratando-se de uma proposta de fundamentação da historicidade da condição humana e sua aderência à dimensão inescapável da temporalidade, a filosofia de Heidegger oferece contribuição inegável para uma Teoria da História.

Como tradução, Gesner las Casas Brito Filho apresenta-nos O sermão do Lobo aos ingleses (c. 1010-1016). A homilia – gênero retórico renovado na Idade Média Central, sobretudo por parte dos dominicanos, franciscanos e beneditinos, com fulcro no sermo rusticus ou sermo humilis herdado da Patrística – é uma das composições mais conhecidas de Wulfstan de York. O mesmo se intitulava Lupus (lobo, em latim) em seus textos, pois Wulfstan, traduzido do inglês antigo, significa pedra-lobo (wulf-stan).

O Sermo Lupi ad Anglos é um dos únicos documentos que descreve as invasões nórdicas à Inglaterra anglo-saxônica. No período de sua escrita, vivia-se nova fase da ofensiva nórdica, que redundaria em um processo de tomada política do reino inglês. Processo que culminará – entre batalhas, acordos, fugas do rei Æthereld para o continente e outros conflitos – com a coroação do rei dinamarquês Cnut, o grande, como rei da Inglaterra em 1016. Por conseguinte, trata-se de uma fonte para a História das práticas de poder e suas tensões, latentes e patentes, no norte da Europa, durante o início da Idade Média Central, tão mais importante e adequada para a presente edição de Brathair quanto ainda rara e inexplorada pela Medievalística brasileira.

Nas resenhas, Álvaro Alfredo Bragança Júnior (UFRJ) analisa o livro de Ruy Oliveira de Andrade, Imagem e Reflexo, que estuda a cultura, religiosidade e política no reino visigodo de Toledo na Alta Idade Média. João Lupi (UFSC) detalha a importância do Kalevala, edição portuguesa de um conjunto de poemas da Finlândia, compilada no século XIX, por Elias Lönnrot, mas cujo fundo mítico tem influência do período medieval, em especial de aspectos da cultura viking. Lupi destaca também os elementos do poema, sua importância para a cultura da Finlândia, seus aspectos míticos, a relação destes com outras culturas e as características da tradução da obra, daí a importância em estudá-la nos dias atuais.

Por fim, cumpre ressaltar que, à pluralidade de temas, fontes primárias e enfoques analíticos aqui presentes, esta edição de Brathair procurou somar um incentivo à reflexão acerca das fecundas possibilidades de interface entre História, Filosofia e Teoria Literária para a exegese não apenas dos documentos coligidos, mas, principalmente, para nos conceder uma visão mais ampla e sistêmica a respeito da cultura letrada medieval, seja latina ou vernácula. As análises que aqui ofertamos aos leitores, colegas ou diletantes que nos honram com sua leitura, procuram evidenciar a interação entre escrita e oralidade na gesta do cotidiano e das práticas de poder, bélicas ou simbólicas, dos homens e mulheres da Idade Média.

Marcus Baccega – Professor Doutor (UFMA). Pós-Doutorado Université Paris I, 2013. E-mail: [email protected]

Adriana Zierer – Professora Doutora (UEMA). Pós-Doutorado École des Hautes Études en Sciences Sociales, 2013-2014. E-mail: [email protected]


ZIERER, Adriana; BACCEGA, Marcus. Editorial. Brathair, São Luís, v.13, n.1, 2013. Acessar publicação original [DR]

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Histórias e Experiências: as interfaces e os múltiplos olhares históricos / Caminhos da História / 2013

O que descobrimos (em minha opinião) está num termo que falta: “experiência humana”. (…). Os homens e mulheres também retornam como sujeitos, dentro deste termo – não como sujeitos autônomos, “indivíduos livres”, mas como pessoas que experimentam suas situações e relações produtivas determinadas como necessidades e interesses e como antagonismos, e em seguida “tratam” essa experiência em sua consciência e sua cultura (…) das mais complexas maneiras e em seguida (…) agem, por sua vez, sobre sua situação determinada. (THOMPSON)

As experiências humanas se concretizam no cotidiano a partir das relações que os sujeitos históricos – homens e mulheres – estabelecem na sociedade em que vive. Viver é experimentar o outro e o mundo que nos rodeia. A História se preocupa com estas questões e reflete as possibilidades do seu olhar na interface com outras ciências como a arquitetura, turismo, geografia, economia, sociologia, psicologia e pedagogia, conforme se apresentam os artigos, em especial desse dossiê. As experiências históricas, conforme Thompson (1991, p. 180-2001), constituirão outras histórias, pensadas na perspectiva da diversidade e da luta de classes. Esse dossiê “Histórias e Experiências: as interfaces e os múltiplos olhares históricos” se propôs a escrever a história no plural, trazendo análises distintas e interdisciplinares, revelando silêncios antes ocultos em formatos historiográficos que primavam pela ordem vigente e descritiva. Neste sentido, com múltiplos olhares históricos iremos fazer a experiência da leitura de vivências concretas de sujeitos que, cujas práticas diárias, se mostram por meio de teorias e conceitos concebidos por pensadores que tentam compreendê-los (des)(re)construindo a história.

Dessa forma, os artigos “Homem, lugar & paisagem – topofilia e topofobia: reflexões sobre o patrimônio histórico, arquitetônico e urbanístico de Diamantina – MG”, “Gestão de políticas públicas de cultura: o poder legislativo e as leis de proteção ao patrimônio cultural em Montes Claros, Minas Gerais” e “Morte à espreita: história de um turismo macabro associado à caça da baleia em Lucena – Paraíba (1970-1990)” nos inserem no mundo do patrimônio cultural, turismo e meio ambiente, abordando o sentimento de pertencimento e a identidade que advém desses bens na consciência humana e na concepção estatal. Ao tratar de Diamantina e Montes Claros, cidades mineiras, e de Lucena localizada na Paraíba – apesar de se situarem em estados diferentes e distantes um do outro, não obstante, no mesmo país: Brasil -, percebemos que há uma lógica capitalista que permeia o entendimento de cultura entrelaçada ao poder com o objetivo de desfigurar uma proposta que não despreza a noção de pertencimento de vidas coletivas.

Os artigos “Trabalho fora dos trilhos: impactos da privatização sobre os ferroviários no norte de Minas Gerais” e “Mototaxistas nos bairros da região sul na cidade de Montes Claros / MG: os relatos sobre a profissão”, utilizando a história oral revela outras histórias através do estudo de um trabalho informal – mototaxistas – e formal – ferroviários – que se vêem na mão dupla da sobrevivência física e mental. “Higienismo e sanitarismo em Montes Claros entre 1889 e 1926” discute as ações higienistas e sanitaristas em Montes Claros-MG entre os anos de 1889 e 1926. Para tanto, as experiências nesta perspectiva na cidade utilizou como fonte a imprensa periódica escrita e a produção de memorialistas da região. Estas análise nos mostram uma Montes Claros se (des)organizando para o “desenvolvimento” e o “progresso”.

“Aprendendo a ser professor(a) através da Revista Pedagógica (1890-1896)”, analisa como fonte uma revista específica, que ajuda a compreender as atribuições do professor na escola primária brasileira, bem como a relação das mulheres e suas possibilidades de atuação no magistério. Novas fontes e metodologias proporcionam estudos que revelam experiências históricas diversificadas e bastante instigantes.

“De tatus moqueados e porcos fumados: caça e criação de mamíferos na América Portuguesa Quinhentista”, “As câmaras e os ouvidores na construção da administração de Minas Gerais no século XVIII” e “Movimentos reativos e lideranças católicas no século XIX no Brasil”, apresentam experiências históricas que pensam séculos diferentes, no entanto, os seus sujeitos históricos se mostram diante de conflitos e tensões próprias das relações humanas inseridos em sistemas que predispõem a luta de classes.

Esse dossiê na sua diversidade de escrita historiográfica e por meio da interdisciplinaridade apresenta, de acordo com a lógica histórica, vivências do ser humano que, nos embates, conflitos, tensões e disputas revelam as interfaces e os múltiplos olhares da História.

Por fim, os artigos livres “O fenômeno da educação na construção da história”, “’Deu a louca na Chapeuzinho’ e história: uma análise possível” e Uma revisão histórica da economia do desenvolvimento: os pioneiros da Escola Anglo-Saxã”, expõem teorias que permitem pensar o universo da educação, assim como a introdução de fontes como a mídia para a reflexão historiográfica e a relação da História da Economia do Desenvolvimento de acordo com a abordagem da escola Anglo-Saxã.

Filomena Luciene Cordeiro Reis – Professora de História / Unimontes.


CORDEIRO, Filomena Luciene. Apresentação. Caminhos da História, Montes Claros, v. 18, n.1, 2013. Acessar publicação original [DR]

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História da Unimontes – Educação / Caminhos da História / 2012

Apresentamos a Revista Caminhos da História, periódico editado desde 1998, sob a responsabilidade de pesquisadores do Curso de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes e convidados.

A Unimontes comemora, no ano de 2012, cinquenta anos de existência. Atualmente, desenvolve significativas atividades, entre pesquisa, ensino, extensão e gestão, para o desenvolvimento do norte de Minas Gerais e para todo o Estado mineiro.

Na oportunidade, organizamos os Dossiês intitulados: “História da Unimontes” e “Educação” com trabalhos que refletem sobre a Instituição e o papel da educação nas relações sociais e no desenvolvimento regional. Embora a maioria dos textos trate da Unimontes e / ou da cidade que a abriga, também integram este Dossiê três artigos que abordam outros espaços geográficos, o que certamente contribuíra para o alargamento de nossas reflexões sobre o papel da educação na História do Brasil.

Os artigos livres, em consonância com a política de publicação do periódico, trazem contribuições de pesquisadores de diversas regiões do país. Aquilo que os caracteriza enquanto conjunto é, certamente, a multidisciplinaridade, tanto em relação à temática quanto aos métodos de investigação. Por fim, a resenha do livro “Uma Arqueologia Social. Autobiografia de um Moleque de Fábrica”, de autoria de José de Souza Martins, fecha esta edição que, por sua extensão, reúne os números 1 e 2 do volume 17 da Revista.

Agradecemos, em nome da Comissão Editorial, os colaboradores, autores, pareceristas e Corpo Técnico, que contribuíram conosco desde 1998. Aproveitamos para informar aos leitores que a partir da próxima edição, volume 18, editaremos a Revista somente na sua forma eletrônica. Desejamos a todos boa leitura,

Márcia Pereira da Silva

Regina Célia Lima Caleiro

CALEIRO, Regina Célia Lima; SILVA, Marcia Pereira da. Apresentação. Caminhos da História, Montes Claros, v. 17, n.1, n.2, 2012. Acessar publicação original [DR]

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Coisas de Cidade: diálogos culturais e interdisciplinares / Caminhos da História / 2011

SILVA, Marcia Pereira da; MARTINS JUNIOR, Carlos. Apresentação. Caminhos da História, Montes Claros, v.16, n.2, 2011. Acesso apenas pelo link original [DR]

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