Protagonismos Indígenas no Espaço Escolar / Revista Espacialidades / 2020

A sociedade atual, cada vez mais heterogênea, tem mostrado a necessidade de reconhecimento e representatividade dos diversos grupos que a compõe e nos seus mais variados âmbitos, seja político, econômico ou cultural. No Espaço escolar não seria diferente, este que pode ser entendido como um espaço de vivências sociais capaz de amalgamar a diversidade existente, assume uma posição de extensão da sociedade e, portanto, também precisa assegurar o princípio da equidade. Desse modo, o presente dossiê visa trazer discussões que privilegiem a participação direta ou indireta dos povos indígenas no processo educacional, que entre lutas e desafios, tem consolidado importantes conquistas de direitos no Brasil, como por exemplo, desde a Constituição de 1988 até ao Decreto Lei nº 6861, de 27 de maio de 2009 – no qual aprovava e definia a organização da Educação Escolar Indígena –, passando pela Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008 com a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena na Educação básica da rede pública e privada.

No decorrer da História do Brasil, os índios tiveram lugares bem específicos, em grande medida aqueles de negação e esquecimento. Contudo, uma onda de movimentos liderados por grupos indígenas em prol da defesa de seus direitos ganhou ainda mais força durante a década de 1970, período que marcou o início das articulações sociais de resistência às políticas repressivas dos governos militares. Desde então, os índios têm buscado ainda mais assumir os rumos de suas próprias histórias, construindo suas narrativas, protagonizando-as, e efetivando sua participação nos mais diversos espaços.

Aqui, o fio condutor dos debates levantados será a noção espacial, em vista que esta constitui o foco e escopo da Revista. Portanto, através dos diálogos que intersecionam o Protagonismo indígena e o Espaço escolar, reforçar-se-á a importância de abordagens que tratem dos grupos indígenas e de suas demandas, principalmente, do dever de se oferecer elementos que corroborem para a construção de uma consciência social voltada ao respeito da alteridade no meio escolar. Sendo assim, esse dossiê torna-se pertinente no sentindo da valorização da educação pautada na diversidade sociocultural e linguística dessa parcela da população, na sua reafirmação identitária e na manutenção de sua cultura.

Destarte, as pesquisas apresentadas neste dossiê através de diferentes abordagens, metodologias, fontes e arcabouço teórico, cumprem com um objetivo em comum: servirem de contribuição para endossar os debates em torno dessa temática.

Abrindo o Dossiê temático, Arthur Ramalho Freire, mestrando em Antropologia pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB, contribuiu com sua pesquisa “As intervenções estatais na Educação Escolar Indígena: da colonização a política pública, uma análise bibliográfica”, na qual realizou uma discussão perpassando por diversos momentos históricos em que os índios do Brasil foram submetidos a ações educativas pelo Estado, muitas delas impositivas. Na ocasião, portanto, o autor tratou desde o ensino proposto nas missões jesuíticas até àquele operacionalizado pelo Serviço de Proteção aos Índios (SPI) e a Fundação Nacional do Índio (FUNAI).

Já no artigo “Educação escolar indígena: o processo de gestão como forma de organização e respeito aos conhecimentos”, escrito por Oséias Poty Miri Florentino, pedagogo pela Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO, Mariana Ferreira Bayer e Suzete Terezinha Orzechowski, ambas Professoras do Departamento de Pedagogia da UNICENTRO. Os autores analisam a gestão democrática de escolas indígenas no município de Mangueirinha, no Paraná, sendo uma Guarani e outra Kaingang, identificando o envolvimento dos índios nesse processo através de visitas de campo e levantamento bibliográfico e documental.

Em sequência, há outro estudo em uma comunidade Kaingang, porém, localizada no município de Redentora, no Rio Grande do Sul. No trabalho “O espaço reservado à formação de professores em uma comunidade Kaingang”, os autores Juliana Tatsch Menezes, Especialista em Linguagem e Docência pela Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA, Ânderson Martins Pereira, doutorando em Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, e Ariane Avila Neto de Farias, doutoranda em Letras na Universidade Federal do Rio Grande – UFRG, por meio de entrevistas realizadas com Professores da Escola indígena, investigaram como se dava a prática do ensino de Língua Portuguesa e se essa atendia às determinações oficiais.

Em seguida, a próxima discussão visou elaborar mapas mentais da Reserva Indígena Caramuru Paraguaçu, no Sul da Bahia, afim de servir como material didático na escola indígena local. Portanto, o trabalho “Etnomapeamento na Reserva Indígena Caramuru Paraguaçu” foi resultado de uma pesquisa integrada por Adriana Silva Souza, graduanda da Licenciatura Intercultural Indígena no Instituto Federal da Bahia – IFBA, Campus Porto Seguro, juntamente com os Docentes da mesma Instituição de Ensino, Ana Cristina de Sousa, Carla Sandra Silva Camuso e Leonardo Thompson da Silva. O grupo de pesquisadores realizou um levantamento histórico da ocupação do território Pataxó Hãhãhãe, coletando dados referentes às construções espaciais desse povo que viessem a subsidiar o etnomapeamento.

Para encerrar esse dossiê temático, apresentou-se o artigo “O índio na escola do imperador: retomada de terreno por indivíduos que foram expulsos de seus espaços originais”, cujos autores, Marcello Miranda Ferreira Spolidoro e Beatriz Mota Ferreira, respectivamente, doutorando e mestranda em Educação pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ, analisaram o aumento da comunidade indígena na instituição pública federal de educação Colégio Pedro II. Além da observação desse movimento, ao qual eles atribuíram como “retomada de terreno”, foi colocada em questão também a importância da descolonização do currículo escolar, objetivando a valorização de práticas pedagógicas contra-hegemônicas.

O presente volume contou ainda com outros quatro trabalhos na Sessão livre, sendo o primeiro deles de autoria de Thaina Morais Avelino Maia, mestranda em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, intitulado “Da cidade imaginada à cidade escrita: o espaço urbano na narrativa do livro Constantinopla (1889)”. Neste artigo, a autora propôs uma análise do relato de viagem do escritor italiano Edmondo De Amicis (1846-1908) à capital do Império Otomano e de suas impressões descritivas também imbuídas de suas leituras fantasiosas.

O artigo seguinte, “Integralismo ‘racial’: a figura do judeu no projeto nacional brasileiro de Gustavo Barroso (1930)”, de Cícero João da Costa Filho, Doutor em História pela Universidade de São Paulo – USP, versa sobre o caráter antissemita presente nas produções bibliográficas do chefe de milícias Gustavo Barroso (1888- 1959) e, em especial, daquelas que tratavam do seu projeto de nação baseado na elite e no estado forte. Cícero Costa Filho apresentou as concepções integralistas, as noções de raça e o conservadorismo que compunham as narrativas de Gustavo Barroso sobre como deveria ser o Brasil de acordo com sua visão.

Já Lucas Aleixo Pires dos Reis, graduando em História pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, no artigo intitulado “O espaço senegambiano: uma percepção de conformação espacial a partir do comércio de ferro – século XVI” abordou a conformação das relações sociais na Senegâmbia através do comércio interno de ferro. Por meio da análise de relatos de viajantes, o autor problematizou a hierarquização existente entre povos ao norte e povos ao sul da região, baseando-se nos espaços sociais construídos durante o século XVI.

Por fim, Cristiane da Rosa Elias, mestranda em História pela Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO, contribuiu com o seu trabalho “Língua, colonização e resistência: uma discussão sobre os usos da linguagem”. Nele, a autora objetivou refletir a respeito das formas de dominação exercidas sobre a linguagem, entendendo-a como meios de disseminação de modos de ser e pensar. Dessa maneira, associou as línguas africanas a uma alternativa de resistência desses povos, em enfrentamento ao sistema colonial e as estratégias de submissão dos grupos.

Esse volume também contou com a contribuição, na sessão “Entrevista”, do Professor José Luiz Soares ou Luiz Katu como é mais conhecido, sendo uma das principais lideranças indígenas do Rio Grande do Norte, cacique da aldeia Catu, que fica entre os municípios de Goianinha e Canguaretama, e é interlocutor não apenas dos Potiguara, mas também de outros povos indígenas do estado junto aos agentes governamentais. Essa entrevista compõe o trabalho de dissertação “‘Não há conflito se for feita releitura’: a experiência escolar dos Potiguara do Catu no contexto de convivência intercultural numa escola não indígena (Goianinha / RN, 2015-2019)”, de autoria de Tiago Cerqueira Santos vinculado ao Mestrado Profissional em Ensino de História (PROFHISTÓRIA UFRJ / UFRN), e contou com a preparação, discussão e contribuições do professor Lígio José de Oliveira Maia, Professor Associado do Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Como Professor e articulador de movimentos de luta, Luiz Katu detalhou as ações executadas na tentativa de dirimir os preconceitos e os estigmas sofridos, ressaltando a importância das Escolas Indígenas João Lino e Alfredo Lima, localizadas no estado Potiguar, e do seu exercício político também enquanto docente, assim como sua preocupação com o ensino da História nas escolas não indígenas. Além disso, a liderança concedeu informações sobre os desafios enfrentados e os avanços conquistados no Catu, e pontuou ainda as principais dificuldades que passam os alunos egressos das duas Escolas Indígenas da aldeia as quais ele leciona, após a conclusão do Ensino Fundamental I.

Sendo assim, o primeiro número de 2020 da Revista Espacialidades apresenta aos leitores e às leitoras um conjunto de artigos acompanhado de uma rica entrevista, afim de corroborar com o preenchimento de lacunas na historiografia referente ao protagonismo indígena, em especial no âmbito escolar. Através das investigações e pesquisas elaboradas pelos autores e autoras, estimulam-se os diálogos e as problematizações, e assim, enriquecendo os debates históricos.

O Editor Chefe e a Equipe Editorial da Revista Espacialidades desejam a todos uma excelente leitura!

Clara Maria da Silva (UFRN) – Vice Editora Gestora

Douglas André Gonçalves Cavalheiro (UFRN) – Editor

Edcarlos da Silva Araújo (UFRN) – Gerenciador do site

Lígio José de Oliveira Maia (UFRN) – Editor Chefe

Ristephany Kelly da Silva Leite (UFRN) – Editora Gestora

Rodrigo de Morais Guerra (UFRN) – Secretário de Comunicação e Mídias Sociais

Thiago Venicius de Sousa Costa (UFRN) – Editora de texto (normatização)

Victor André Costa da Silva (UFRN) – Secretário Geral


MAIA, Lígio José de Oliveira et al. Apresentação. Revista Espacialidades. Natal, v.16, n. 01, 2020. Acessar publicação original [DR]

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Índios e Espaços: visibilidade e protagonismo históricos / Revista Espacialidades / 2019

Cada vez mais articulados, os povos indígenas nas Américas têm conquistado espaço e atuado nas mais diversas áreas. Grupos antes negligenciados, agora ocupam lugares de destaque nos meios políticos, artísticos, acadêmicos, religiosos e todos os mais que permeiam a sociedade. Se hoje o número de trabalhos acadêmicos que buscam explicitar os protagonismos e agências indígenas aumentaram é porque houve uma renovação teórico-metodológica contra a perspectiva na qual, por muito tempo, estes povos apareciam na história nacional de maneira alegórica, datada e estereotipada, pouco condizente com sua realidade e com os processos históricos pelos quais passaram desde o momento do contato.

Impossível não destacar a aproximação entre a Antropologia e a História para o enriquecimento das produções acadêmicas sobre estas populações e para o adensamento teórico das discussões desenvolvidas nas Universidades, que não se limitam ao meio acadêmico. O diálogo com outras disciplinas, como a Geografia, gerou pesquisas sobre os elementos culturais característicos de povos específicos sendo determinantes para migrações e estabelecimento de assentamento, bem como o diálogo com a História do Direito possibilitou compreender as bases legais para o trabalho (escravo ou livre) dos índios desde o período colonial.

Perceber integrantes destes povos ocupando espaços na sociedade que antes lhes eram negados ou aos quais eram desestimulados a ocupar, como as Universidades, o Congresso Nacional, ou mesmo o cotidiano de centros urbanos, nos faz perceber a importância de relatá-los historicamente como o são: agentes de suas próprias histórias. Expor artigos sobre as articulações políticas destes povos em momentos cruciais de nossa história nacional, sobre a importância de seus elementos culturais em sua organização social, sobre sua constante busca por direitos enquanto povos diferenciados, traz à luz a atuação constante e imprescindível desta população nos processos históricos nos quais estão inseridos.

Neste sentido, o dossiê Índios e Espaços: visibilidade e protagonismo históricos reúne artigos que mostram, de diversas formas, como os povos indígenas atuam e atuaram nestes diferentes espaços e como suas agências são imprescindíveis na escolha de seus elementos culturais diacríticos, formação de seus grupos e na luta por seus direitos, além de trazer artigos que contemplam discussões conceituais que vêm sendo travadas no universo acadêmico nos últimos anos.

Exemplo disso é a discussão sobre os conceitos de território e territorialidades nos estudos sobre os processos de transformação do meio em que os povos indígenas coloniais habitavam e como estes tiveram que lidar com estas transformações, como mostra Marcos Felipe Vicente, doutorando em História pela Universidade Federal Fluminense – UFF, no artigo de abertura deste dossiê, intitulado “Transformação dos espaços indígenas coloniais: algumas reflexões conceituais”.

Da mesma forma que os conceitos estão sendo revistos, a historiografia de partes específicas do país também está sendo revisitada, como a região sul de Minas Gerais, que teve grande importância no período colonial pelas minas auríferas que abrigava. Gustavo Uchôas Guimarães, professor de História na rede pública de Minas Gerais, no artigo “O trabalho de visibilização dos indígenas nos estudos sobre Minas Gerais: o caso sul-mineiro de Virgínia e seus arredores” propõe uma revisão histórica do que vem sendo produzido sobre esta região, mais especificamente sobre a Serra da Mantiqueira e o rio Verde.

O terceiro artigo desta edição traz um debate historiográfico sobre as contribuições e limitações do Estruturalismo enquanto vertente explicativa de análise dos povos indígenas, a partir de respostas às críticas tecidas por Claude LéviStrauss, publicadas no periódico L’Homme, em 2001. O artigo “Críticas ao Estruturalismo na virada do século: o debate nas páginas de ‘L’Homme’ e ‘The Americas’ (2001-2003)”, escrito por Caio Rodrigues Schechner, mestrando em História Social pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO, traz este debate tão caro ao campo da História e das Ciências Sociais.

Em “À luz da ‘civilização’: representações indígenas nas narrativas dos viajantes (MT, séc. XIX-XX)”, Carlos Alexandre Barros Trubiliano, Professor Adjunto de História da Universidade Federal de Rondônia – UNIR, utiliza a análise de discurso nos relatos de viajantes para perceber como o Estado de Mato Grosso e seus habitantes eram representados nestes relatos. Também utilizando crônicas, relatos e cartas de viajantes e conquistadores, Bruno Oliveira Castelo Branco, doutorando em História Moderna pela Universidade Federal Fluminense – UFF, investiga a etapa inicial de colonização do Paraguai, analisando a problemática das categorias de trabalho atribuídas aos povos Guarani, em “‘Paraíso de Maomé’, terra de escravos: as categorias de trabalho indígena Guarani na etapa inicial da conquista. Paraguai e Rio da Prata (1541-1556)”.

Assuntos também importantes nas produções acadêmicas sobre os povos indígenas são as questões de migrações e mobilidades espaciais. “Xukuru-Kariri: mobilidades espaciais indígenas em Alagoas na segunda metade do século XX”, escrito por Adauto Santos da Rocha, mestrando em História pela Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, e Edson Silva, Professor Titular de História na Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, buscam evidenciar as mobilidades dos Xucuru-Kariri que residem em Palmeira dos Índios-Alagoas, para trabalhos sazonais, discutindo os percursos entre as cidades nas quais os trabalhos são realizados e as aldeias Xukuru-Kariri, durante a segunda metade do século XX.

Partindo da região Nordeste para o Norte do Brasil, no sétimo artigo do dossiê, de Daniel Belik, Doutor em Antropologia Social pela Universidade de St. Andrews-Escócia, procurou compreender as experiências espaciais dos indígenas na Amazônia ao percorrer caminhos pela floresta e como a relação deste bioma com povos externos a ele ocorre de forma distinta em “Caminhos Indígenas: Espaços de movimentação pela Amazônia”.

“Migrações Terena para a periferia de Campo Grande (MS): a manutenção de relações tradicionais de parentesco em contextos urbanos”, escrito por Luiz Felipe Barros Lima da Silva, mestrando em Antropologia Social da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS, e Victor Ferri Mauro, Docente do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS, também abordam a temática dos deslocamentos. Além de analisarem os deslocamentos espaciais de um pequeno grupo Terena, os autores investigam a manutenção de redes de parentesco e compadrio.

Vinícius Alves de Mendonça, graduando em História pela Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL, analisa as pinturas corporais dos indígenas Jiripankó enquanto elemento representativo da memória e da identidade étnica deste povo, no artigo “História e grafismos: estudos sobre a pintura corporal entre os indígenas Jiripankó”. Assim como os Jiripankó tem em suas pinturas corporais um elemento representativo da memória, os Kaingang acionaram elementos identitários culturais na luta pela demarcação de suas terras. A paisagem, juntamente com outras atividades culturais, apresenta-se como lugares de memória que foram fundamentais para a consecução da demarcação da Terra Indígena Toldo Pinhal-SC, exposta no artigo “Places of memory and cultural re-signification in the indigenous land Toldo Pinhal, Brazil” escrito por Jesssica Alberti Giaretta, graduada em História pela Universidade Federal da Fronteira do Sul – UFFS, e Jaisson Teixeira Lino, Professor Adjunto na mesma instituição e Doutor pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto-Douro(UTAD) de Portugal.

Por fim, o último artigo desse dossiê, intitulado “Um quase eterno reencontro: Ailton Krenak e a Assembleia Nacional Constituinte (1987)” e escrito por Rômulo Rossy Leal Carvalho, graduando em História pela Universidade Federal do Piauí – UFPI, e Rafael Ricarte da Silva, Professor Adjunto da Universidade Federal do Piauí – UFPI. Neste artigo, os autores analisam as participações dos indígenas nos processos da Assembleia Nacional Constituinte (1987-1988), especialmente, a atuação de Ailton Krenak, da comunidade Krenak.

Na sessão “Entrevista” do presente volume, contamos com a colaboração da Professora Doutora Patrícia Maria de Melo Sampaio, pesquisadora premiada da Universidade Federal do Amazonas – UFAM, que durante toda sua vida acadêmica se debruçou no estudo das desigualdades, buscando compreender o universo do trabalho dos povos indígenas, africanos e as fronteiras existentes entre estas populações.

Fechando este volume, contamos com a contribuição do Doutor Francisco Cancela, Professor Efetivo da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, na sessão “Corpo documental”. “Leis municipais ou posturas da câmara e concelhos desta Vila de Porto Alegre: Notas para o estudo sobre política e administração nas vilas de índios”, apresenta as posturas municipais da câmara de uma vila de índio da antiga capitania de Porto Seguro chamada São José de Porto Alegre, lançando notas para futuras pesquisas sobre política e administração das Vilas de índios.

Desta forma, o presente volume da Revista Espacialidades busca corroborar com os estudos que versam sobre os múltiplos aspectos da experiência indígena e sua atuação nos mais diversos espaços. Através de artigos que abordam aspectos teóricos e metodológicos da produção acadêmica sobre estes povos, que trabalham suas migrações e / ou deslocamentos espaciais, bem como elementos culturais distintivos e sua atuação na política e na luta por seus direitos, busca-se contribuir de maneira proveitosa com esta temática tão importante e necessária.

O Editor Chefe e a Equipe Editorial da Revista Espacialidades desejam a todos uma excelente leitura!

Clara Maria da Silva (UFRN) – Editora de texto (normatização)

Douglas André Gonçalves Cavalheiro (UFRN) – Editor

Edcarlos da Silva Araújo (UFRN) – Gerenciador do site

Lígio José de Oliveira Maia (UFRN) – Editor Chefe

Ristephany Kelly da Silva Leite (UFRN) – Editora Gestora

Rodrigo de Morais Guerra (UFRN) – Secretário de Comunicação e Mídias Sociais

Thiago Venicius de Sousa Costa (UFRN) – Vice Editor Gestor

Victor André Costa da Silva (UFRN) – Secretário Geral


MAIA, Lígio José de Oliveira et al. Apresentação. Revista Espacialidades. Natal, v.15, n. 02, 2019. Acessar publicação original [DR]

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Ditadura e seus espaços de repressão / Revista Espacialidades / 2019

Compreender os regimes ditatoriais ao longo da história consiste em tarefa complexa e ampla. As ditaduras não seguem uma regra, não possuem em suas bases fundamentos universais, nem apresentam, ou podem ser representadas, por um modelo específico. Todavia, apesar das especificidades pertinentes de cada contexto histórico, as ditaduras expressam uma marca que as interliga: a repressão e, por conseguinte, seus movimentos de oposição. Dito isso, o presente dossiê tem por objetivo compreender os regimes ditatoriais a partir dos seus mais diversos Espaços de Repressão, suscitando, assim, contribuições para aprofundarmo-nos neste debate tão premente para a atualidade.

Foco e escopo da Revista, este dossiê, pois, toma o domínio espacial como princípio norteador das discussões levantadas. Tendo o espaço como campo privilegiado de análise, assume-se uma postura de verificação dos atos de repressão e de resistência ao regime autoritário sob uma ótica não tão comum, desta forma, visando suprir a necessidade de refletir sobre as experiências ditatoriais, tanto para o preenchimento das lacunas acadêmicas sobre o tema e o enfoque espacial, como para que as sociedades possam se apropriar do conhecimento sobre o passado e refutar práticas autoritárias nos dias de hoje.

A pertinência deste dossiê ainda é ressaltada pelo momento político atual no qual vivemos. Em tempos de relativismos e revisionismos históricos, descrença na ciência – sobretudo a ciência histórica – e desprezo à memória, versar sobre a repressão de regimes ditatoriais e suas profundas marcas na sociedade é fundamental. Deste modo, o liame formulado entre as propostas apresentadas pelos autores, nos leva a confrontar às estruturas autoritárias, percebendo como os valores que atribuímos ao passado podem e devem ser operacionalizados em favor das democracias.

Os textos dos pesquisadores e suas mais variadas metodologias, proposições teóricas, fontes e seus suportes contemplam um amplo debate, que aqui visa as especificidades de temas como a vida pública, censura, tortura, o aparato governamental, as resistências e subversões dentre outros tópicos.

A partir destas concepções, o trabalho “Rumores falam em luta armada: Fortaleza, 1968”, do doutor em História Social / Contemporânea II pela Universidade Federal Fluminense – UFF, e professor do Instituto Federal do Ceará (IFCE), José Aírton de Farias, abre este dossiê. Tendo a cidade de Fortaleza- CE, como espaço de repercussões políticas no ano de 1968, pelas manifestações de agentes estudantis, elabora noções sobre a composição de guerrilha pelos militantes de esquerda, como forma de enfrentamento à ditadura, analisando a inserção de militantes na luta armada, que tão logo foi sufocada pela repressão militar.

Em seguida, realizando uma a análise da obra Situação T / T1, do artista Artur Barrio, apresentada no evento Do Corpo à Terra, em 1970, a autora Tainan Barbosa, mestranda em Estética e Estudos Artísticos, com especialização em Arte e Culturas Políticas, pela Universidade Nova de Lisboa desenvolve o artigo “Um tranca-rua – A guerrilha artística e a Situação T / T1”, com a finalidade de entender de que maneira o campo artístico do período ditatorial brasileiro conjugava a arte de guerrilha, ademais, ressalta o caráter da obra enquanto um ato de resistência, ressaltando esta característica da arte.

No artigo “Militantes e guerrilhas: As mulheres e a ditadura militar no Brasil”, Ana Maria Colling, doutora em História do Brasil pela PUCRS, especialista em história das mulheres e das relações de gênero e professora do PPG em História da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e Ary Albuquerque Cavalcanti Junior, doutorando em História pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e professor de História da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, campus Coxim, discutem a participação feminina na história da ditadura militar brasileira, tomando como pressuposto a invisibilização das mulheres como sujeitos históricos desse processo, apesar de que lutaram como guerrilheiras, num espaço dominado pelos homens, como foi a Guerrilha do Araguaia.

Também neste dossiê, Selly Laryssa da Fonsêca Lins, mestranda do Programa de Pós-Graduação em História – UFRN, em seu texto “Espaços de repressão: O uso da maternidade e do feminino enquanto instrumentos de tortura no DOPS – SP, OBAN e Presídio Tiradentes (1969 – 1974)”, aponta as práticas de tortura e mortificações, realizadas nos anos da ditadura, especificamente contra mulheres, na Operação Bandeirantes (OBAN), DOPS – SP e no Presídio Tiradentes, que tinham como objetivo exercer formas de controle e sujeição, por meio de fatores sociais e biológicos da condição feminina, citada como exemplo, a maternidade.

Por conseguinte, Renan Nascimento Reis contribui para este dossiê trazendo à tona um debate sobre os tempos de ditadura na Universidade Federal do Pará. Em seu artigo, “A Universidade Federal do pará em tempos de ditadura: Memórias da criação, modernização e resistência (1957-1973)”, o doutorando em História Social da Amazônia, aborda as experiências vivenciadas nos primeiros dezesseis anos da UFPA (1957-1973), de modo que, através da História Oral, o artigo discute como a comunidade acadêmica vivenciou esse momento e, consequentemente, como a visão dos sujeitos históricos relacionada ao período está, diretamente, vinculada à posição de cada ator envolvido, resultando em memórias conflitantes sobre o mesmo contexto histórico.

Pensando na problemática das violações sistemáticas dos direitos humanos, com foco nas ações exercidas contra a classe dos agentes sociais e estudantes de Serviço Social, durante a ditadura militar no Brasil, executa-se a análise de Betânia Maria Ramos da Silva, mestranda em Serviço Social pela PUC-Rio e Inez Stampa, doutora em Serviço Social e professora associada da Universidade já citada, no artigo “O serviço social na luta contra a ditadura militar (1964-1985)”. Além disso, analisam os aspectos da repressão, a participação de profissionais de Serviço Social na luta contra a ditadura e o papel dos movimentos sociais, sejam artísticos, sindicais, estudantis, religiosos e trabalhadores, no combate ao regime.

No artigo, “Similaridades que perpassam o tempo nas representações ditatoriais”, a doutoranda em Literatura pela Universidade de Brasília – UnB, Andressa Estrela Lima, discute a partir das obras Sombras de reis barbudos (1975) de José J. Veiga e K.: Relato de uma busca (2014) de Bernardo Kucinski, os diálogos entre história, ficção e memória no contexto ditatorial brasileiro, a fim de perceber cenas tanto da vida pública como privada, entendidas pela autora como representações simbólicas do real na literatura.

Em sequência, Juliana Cristina Ferreira, doutoranda em Estudos Literários pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) traz à tona a discussão acerca das perdas territoriais e da pobreza sofridas pelas personagens rurais, no contexto do Golpe de 1964 no Brasil, através do artigo “Pobreza e perdas territoriais na obra Machombongo, de Euclides da Cunha”. Tomando a fazenda como espacialidade central onde os trabalhadores sofriam com a miséria, a autora visa se aproximar das relações de poder entre o fazendeiro e os agregados para compreender o processo de desterritorialização que os trabalhadores rurais sofriam.

Finalizando o dossiê temático do atual volume, “Dignidad: A colônia alemã a serviço da repressão chilena (1973-1977)”, escrito por Renata dos Santos de Mattos, mestranda em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), abordará a comunidade alemã Colonia Dignidad, liderada por Paul Schäfer no Chile. A partir da análise de documentos desclassificados dos EUA, a autora explora a Colonia enquanto espaço de repressão utilizado pelo principal órgão do aparato repressivo chilheno, a Dirección de Inteligencia Nacional (DINA), sob o regime ditatorial de Augusto Pinochet.

Versando sobre a história do Moçambique, Celestino Taperero Fernando, doutorando no Programa de Pós-Graduação em História da Pontífica Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), abre a sessão livre desta edição, objetivando em seu artigo “Operação produção: As estratégias de inserir os chamados improdutivos, parasitas e inimigos da revolução no governo de transição em Moçambique entre 1975 a 1992”, se aproximar das intenções do programa operação produção e as ideias do homem novo, relacionadas ao processo político, econômico e administrativo da revolução socialista em Moçambique pós-independência (1975-1992), com o intuito de discutir sobre os impactos da implementação do programa pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).

Também compondo este volume o artigo dos autores Beatriz Rodrigues e Abner Neemias da Cruz, doutorandos no Programa de Pós-Graduação em História na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP – campus Franca), versa sobre uma temática premente para novas perspectivas historiográficas: os estudos pós-coloniais. Para tanto, os autores no texto “Perspectivas historiográficas: Minorias e identidades nacionais pelo enfoque dos estudos subalternos e pós-coloniais”, traçam um panorama acerca dos percursos da produção do saber engendrados pelos estudos subalternos e pós-coloniais, enfatizando a historiografia sobre as minorias, bem como discussões acerca de identidades políticas nacionais ou locais. O artigo conta com um debate introdutório sobre os estudos subalternos; análise da produção de autores importantes para a temática; e, por fim, destaca os aspectos teórico-metodológicos dos estudos subalternos e pós-coloniais para a historiografia contemporânea.

Encerrando a sessão livre, temos a problematização da relação entre a tradição crítica revolucionária e o colonialismo, elaborada por Pablo Almada, pós- doutorando no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara – Universidade Estadual Paulista (UNESP), em seu artigo “Uma transição pós-colonial? Aproximações do discurso do Movimento das Forças Armadas (MFA) de Portugal aos movimentos de libertação colonial”, desenvolve uma leitura da influência dos movimentos de libertação colonial na África no discurso político da Revolução do 25 de Abril (1974). Percebendo no argumento principal um reposicionamento da participação dos agentes na derrocada do colonialismo salazarista, neste artigo, o autor busca compreender como as dinâmicas políticas pós-coloniais estiveram associadas à abertura democrática portuguesa.

Também compõe o presente volume a resenha “Considerações sobre a necropolítica em Achielle Mbembe”, escrita por Maciana de Freitas e Souza, Bacharela em Serviço Social pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e pós-graduada em Saúde Pública pela Faculdade Vale do Jaguaribe. Neste ensaio, intitulado como “Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte”, a autora nos mostra como Achille Mbembe, professor de História e Ciência Política na Universidade de Witwatersrand em Joanesburgo e Duke University nos Estados Unidos, reflete acerca do conceito de “necropolítica”, de modo que o compreende como o poder estatal sobre o direito, ou não, à vida. A resenha versa, portanto, sobre o tema relacionado à violência ligada à estrutura que organiza as relações sociais, reproduzindo-se no cotidiano dos diversos grupos, sobretudo, no cotidiano da população negra. A discussão sobre temas históricos como colonialismo e escravidão também se faz presente para endossar o debate.

Na sessão “Entrevista”, recebemos com grande estima a colaboração do professor doutor Rodrigo Patto Sá Motta. Professor titular da Universidade Federal de Minas Gerais e pesquisador do CNPq, tendo atuado principalmente no campo da História Política, suas pesquisas com maior destaque discutem o golpe de 1964 e o regime militar, focando na repressão política, anticomunismo, política universitária, memória e atuação da esquerda. Nesta entrevista, Rodrigo Patto discorre sobre as complexas relações entre as universidades brasileiras e o regime militar, a ligação entre a imprensa e a ditadura, e ainda avalia o fenômeno atual do antipetismo.

Finalizando este volume da Revista Espacialidades, trazemos fontes catalogadas pelo Programa de Educação Tutorial em História da Universidade Federal do Ceará – UFC. O corpo documental se refere a história da escravidão no Ceará e auxiliam no mapeamento da compra e venda de escravos ao longo do século XIX, entre 1843 a 1879. A ação faz parte do Projeto Fundo Documental e Guia de Fontes para a História da Escravidão no Ceará, tendo sido realizados entre 2007 e 2012, resultando no mapeamento do corpo documental e catalogação destes, no qual resultou em fichas / resumo e sistematização desses documentos. Tendo catalogado 12 livros, oriundos do Arquivo Público do Estado do Ceará (APEC). Nesse sentido, a Revista Espacialidades apresenta este material e agradece ao Programa de Educação Tutorial, à Kênia Rios, Viviane Nunes e Tayná Moreira, coordenadoras do projeto.


Equipe editorial. Apresentação. Revista Espacialidades. Natal, v.15, n. 01, 2019. Acessar publicação original [DR]

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Historiografia dos Espaços / Revista Espacialidades / 2018

Frequentemente, para respondermos qual o cerne da História como disciplina, recorremos à relação da ação humana ao longo das diferentes temporalidades, portanto, centralizamos o Tempo como a dimensão fundamental do conhecimento histórico. Todavia, conforme a História foi avançando, a sua complexidade também o foi, deste modo, à dimensão temporal – que ainda permanece como dimensão central da ciência histórica – foi incorporada outras dimensões fundamentais de serem perscrutadas para a compreensão da disciplina. Escopo da Revista, o Espaço surge, destarte, como uma dessas novas dimensões a serem questionadas para o enriquecimento das produções historiográficas sob os mais diversos prismas e problemáticas.

Partindo do pressuposto teórico de que a produção histórica é circunstancial, logo, suscetível de mudanças, de acordo com as diferentes interpretações da mesma, a dimensão espacial traz consigo novas perspectivas capazes de questionar a história e a memória oficial; traz consigo a capacidade de descristalização do conhecimento histórico consagrado; traz, sobretudo, um novo campo de análises que ainda tem muito a dizer. Como afirmou, certa vez, à Revista Espacialidades, o Prof. Dr. Durval Muniz: “A história, para mim, é uma empresa crítica, no sentido de abrir possibilidades de vermos coisas diferentes. Não é crítica no sentido de oferecer uma alternativa, no sentido de dizer o que é correto, mas crítico no sentido de abrir possibilidades de pensarmos diferente, de sermos diferentes, de caminharmos diferente. A história não é para oferecer receitas, mas para abrir horizontes, abrir possibilidades, fazer a gente enxergar num dado lugar, numa dada estrada, muitas veredas, muitas possibilidades de divergir, sair para o diverso, perceber os devires”. Logo, os estudos que analisam, para além do tempo, a historicidade dos espaços, preenche uma lacuna, possibilitando novos insights e representando a essência da história como ciência questionadora.

Dito isso, o presente dossiê traz artigos que contemplam a dimensão espacial como posto basilar de suas discussões, contribuindo, assim, para a Historiografia dos Espaços. Agradecemos imensamente aos membros do Conselho Consultivo que com muita generosidade, celeridade e, acima de tudo, competência, contribuíram com pareceres sérios e consistentes que garantiram a qualidade do presente dossiê. Agradecemos também aos colaboradores que, através de suas contribuições, garantem a continuidade da discussão crítica sobre diversos conceitos que abordam as espacialidades enquanto objeto histórico.

Abrindo o dossiê temos o artigo “A geografia-histórica da região metropolitana de Belém”, de Luiz Augusto Soares Mendes. O doutor em Geografia pela Universidade Federal Fluminense busca fazer uma análise histórica da produção do espaço das cidades que compõem a região metropolitana de Belém. Desse modo, o objetivo é revelar os aspectos econômicos, populacionais, sociais e a incorporação das cidades no processo de metropolização, gerando marcos espaço-temporais comuns a história das cidades alvo desse processo.

Em seguida temos o artigo “Taperoá: a capital literária do sertão-reino de Ariano Suassuna”, da historiadora Jossefrania Vieira Martins, doutoranda em História pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. O artigo relaciona história, literatura e espaço, além de explorar alguns elementos da obra do escritor paraibano Ariano Suassuna. A autora faz um paralelo entre a dinâmica espacial presente na vida do autor e suas marcas na produção literária do mesmo. Um dos objetivos do artigo é o de entender como as interações entre esses espaços vividos pelo autor se relacionam com um conceito de sertão a partir da literatura.

O próximo artigo do dossiê intitula-se “A experiência da espacialidade colonial: São Luís, cercanias e sertões (final do século XVII e início do século XVIII)”, escrito por Mariana Ferreira Schilipake. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Paraná, a autora busca discutir a espacialidade do território do Maranhão entre o final do século XVII e início do século XVIII. A perspectiva trabalhada pela historiadora, a qual busca compreender a relação de São Luís com as cidades circundantes, ajuda-nos a pensar a complexa dinâmica social da região nestes séculos, para além de contraposições entre espaços urbanos e rurais.

Compondo o volume 14 da revista espacialidades, trazemos a resenha do livro “The secret War: Spies, Ciphers and guerrilhas 1939 – 1945”, do historiador britânico Max Hastings e feita por Raquel Anne Lima de Assis. O livro busca apresentar como ocorreram as batalhas da guerra secreta entre o Eixo e os Aliados durante a segunda guerra mundial.

Na sessão “Entrevista”, temos a honra de apresentar a entrevista concedida pelo professor doutor Dilton Cândido Santos Maynard, professor colaborador no Programa de Pós-graduação em História Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHC / UFRJ), professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFS (PPGED / UFS) e do Mestrado Profissional em Ensino de História da UFS (Profhistória UFS).Na entrevista, Dilton Maynard falou sobre seu trabalho com representação, História do Tempo Presente e Ciberespaço.

Para fechar o volume 14 da Revista Espacialidades, trazemos a segunda parte do corpo documental referente à história da escravidão no Ceará. Essas fontes foram catalogadas pelo Programa de Educação Tutorial em História da Universidade Federal do Ceará, tendo como objetivo mapear documentos ligados à compra e venda de escravos no estado, ao longo do século XIX, entre os anos de 1843 a 1879. O Projeto, intitulado Fundo Documental e Guia de Fontes para a História da Escravidão no Ceará, foi realizado pelos bolsistas do Programa e teve início em 2007, com o mapeamento do corpo documental e catalogação destes, no qual resultou em fichas / resumo e sistematização desses documentos, concluída em 2012. O projeto catalogou cerca de 12 livros, que se encontram em sua versão original, no Arquivo Público do Estado do Ceará (APEC). Nesse sentido, é com imenso prazer que a Revista Espacialidades apresenta aos seus leitores, mais um trecho destas fichas / resumos. Agradecemos novamente ao Programa de Educação Tutorial pela confiança, em especial à Kênia Rios, Viviane Nunes e Tayná Moreira.

O editor-chefe e a Equipe editorial da Revista Espacialidades desejam a todos uma boa leitura!

Editor-chefe: Magno Francisco de Jesus Santos

Equipe editorial:

Arthur Fernandes da Costa Duarte – (mestrando do PPGH / UFRN)

Emanoel Jardel Alves Oliveira – (mestrando do PPGH / UFRN)

Maria Luiza Rocha Barbalho – (mestranda do PPGH / UFRN)

Matheus Breno Pinto da Câmara – (mestrando do PPGH / UFRN)

Ristephany Kelly da Silva Leite – (mestranda do PPGH / UFRN)

Rodrigo de Morais Guerra (mestrando do PPGH / UFRN)

Thaís da Silva Tenório – (mestranda do PPGH / UFRN)

Victor André Costa da Silva (mestrando do PPGH / UFRN)


SANTOS, Magno Francisco de Jesus et al; Apresentação. Revista Espacialidades. Natal, v.14, n. 01, 2018. Acessar publicação original [DR]

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Gênero, Poder e Espaço / Revista Espacialidades / 2018

As reflexões sobre gênero possuem ligação histórica íntima com o movimento Feminista. De acordo com a historiadora Joana Maria Pedro, o processo de construção da categoria de gênero acompanha a luta por direitos civis e humanos, tendo assumido novas dimensões na conjuntura social da segunda onda do movimento feminista (1960-1980), quando tal conceito emergiu nos estudos na área das humanidades, a partir dos anos 1980.

A noção de gênero foi então sendo desnaturalizada, passando a ser compreendida como um conjunto de normas que orientam as ações dos sujeitos no tempo e nos espaços – processo para o qual contribuíram diversos autores, como Judith Butler, Linda Nicholson e Joan Scott. Os padrões que orientam os comportamentos, inclusive os relativos à noção de gênero, estão situados no tecido das relações sociais e de poder. O mesmo acontece na produção e apropriação dos espaços. Deste modo, nossa proposta com o dossiê Gênero, Poder e Espaço é debater como as categorias de gênero e poder se interseccionam na produção do espaço (quer o espaço material, onde se enquadram categorias como o urbano e rural, a fronteira, o território, o público e o privado, quer o espaço simbólico, onde se encontram o espaço imaginado ou sonhado, as representações artísticas, entre outros). Dentro dessa temática recebemos artigos com temporalidade diversa que articulam a categoria de gênero a outros conceitos, tecendo assim novas narrativas e lançando novos olhares para seus objetos dentro de suas respectivas pesquisas históricas.

Agradecemos imensamente aos membros do Conselho Consultivo que com muita generosidade, celeridade e, acima de tudo, competência, contribuíram com pareceres sérios e consistentes que garantiram a qualidade do presente dossiê “Gênero, poder e espaço”, o qual passamos agora a apresentar.

Abrimos o dossiê com o artigo Operárias da companhia fiação e tecidos pelotense e suas táticas de gênero (1944- 1954) de Eduarda Borges da Silva, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde através dos processos da Justiça do Trabalho de Pelotas, salvaguardados no Núcleo de Documentação Histórica da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), observou-se pleitos de operárias da Companhia Fiação e Tecidos Pelotense, entre 1944-1954, utilizando dos conceitos de ideologia da domesticidade e táticas de gênero, a autora buscou descrever e compreender os dissídios em que o dilema da dupla jornada da trabalhadora (divisão entre a fábrica e o lar), ocorreu e porque estas mulheres operárias, mães, esposas, donas-de-casa apropriaram-se ou aceitaram a imagem de “mulheres sacrifícios”.

Em seguida, temos o artigo intitulado “Pensar pela pena que desliza, falar pela boca que se fecha”: Emília Dantas ribas como a primeira romancista dos campos gerais (paraná, 1949) de Caroline Aparecida Guebert, mestre pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Neste trabalho a autora propõe uma reflexão sobre a trajetória e parte da obra escrita de Emília Dantas Ribas (1907-1978), que atuou como professora, oradora de rádio e escritora entre as cidades de Ponta Grossa e de Curitiba, no Paraná articulando história, literatura e os estudos de gênero.

O terceiro artigo de nosso dossiê temático é de autoria de Giovanna Carrozzino Werneck, Mestra em Letras pelo IFES / Vitória, que com o trabalho Mulheres e charges políticas: a subversão pelo humor nos espaços públicos busca analisar e dar visibilidade a mulheres que produzem (ou produziram) charges políticas no Brasil, discutindo aspectos relativos aos papéis sociais atribuídos a homens e mulheres e aos estudos de gênero.

O próximo artigo intitulado Venha, venha o voto feminino: embates travados na imprensa periódica oitocentista no Rio de Janeiro de Cristiane Ribeiro Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Juiz de Fora, é proposto uma análise da discussão sobre o voto feminino travado no Império do Brasil, circulando nos impressos diários da corte a partir da segunda metade do século XIX, atentando para uma perspectiva das relações de gênero e de poder imbricados nos jornais.

Em seguida com o artigo A cozinha das mulheres: de espaço de domesticação ao de empoderamento a partir de saberes e fazeres culinários as autoras Jamile Wayne Ferreira – graduada em Gastronomia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos e Lara Steigleder Wayne – graduanda em Psicologia pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre analisam a partir da relação com a cozinha de mulheres acolhidas em uma Ocupação em Porto Alegre / RS, o poder e o conhecimento cotidiano das guardiãs de uma cozinha minusculizada pela geração da gourmetização, já que o espaço de comando das cozinhas está normalmente relacionado à construção de gênero, onde as práticas relativas ao ato de cozinhar são ora invisíveis, no caso da cozinha doméstica, ora superestimada, no caso da “alta gastronomia”.

O próximo artigo intitulado Gênero e prisão: os impactos do sistema prisional sobre a desigualdade social e invisibilidade da mulher encarcerada no estado de Alagoas as autoras Bruna Araújo de Melo Ferreira e Ialy Virgínia de Melo Baia, graduandas em psicologia pelo Centro Universitário Tiradentes de Alagoas, analisam o sistema prisional de uma maneira histórica, compreendendo a mulher como vítima da violência e da desigualdade de gênero dentro desse espaço, visto que a prisão muitas vezes culminando no processo de invisibilidade do indivíduo, acaba potencializando essa invisibilidade na mulher, uma vez que esta já vivencia essa realidade socialmente, enfatizando os casos das mulheres que estão em regime fechado no Sistema Penitenciário Feminino Santa Luzia, localizado em Maceió.

Finalizando o dossiê temático, temos o artigo Vozes de mulheres: género e cidadania em Angola de autoria de Willi Cardoso Domingos, Licenciado em Sociologia pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto, que analisa as implicações sociais da discriminação de género no exercício da cidadania e participação das mulheres em Angola, onde um diálogo entre a sociedade civil e as instituições do Estado, é fundamental, para dinamizar e ampliar a capacidade de exercício da cidadania e participação das mulheres, bem como para a desconstrução da discriminação das mulheres.

Abrindo a sessão livre do nosso dossiê temos o artigo “Ressonâncias no processo de demolição do palácio Monroe”, de autoria do doutorando em Ciências Jurídicas Políticas Daniel Levy Alvarenga (UAL). No artigo o autor discute questões acerca do patrimônio material e sua dimensão imaterial dentro de uma sociedade. Tomando como objeto de analise a demolição do palácio Monroe, busca-se apresentar como ocorreu a demolição e sua respectiva repercussão dentro do âmbito social.

Em seguida temos o artigo intitulado “Do ideal ao real: a construção de uma representação na obra literária a lenda do cavaleiro sem cabeça (1820)” escrito por Samuel Nogueiza Mazza, mestrando em história pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O autor discute no presente artigo a obra de Washington Irving, A lenda do cavaleiro sem cabeça, sob a perspectiva da teoria da representação de Roger Chartier, traçando assim um paralelo entre os personagens da obra e o contexto histórico vivido por Irvring.

Seguindo, temos o artigo de Rannyelle Rocha Teixeira, mestra em história pela Universidade do Porto. Seu artigo intitula-se “ O sentido da colonização portuguesa: a relação entre colonos nativos africanos no boletim geral das colônias (1933 – 1945)” e busca refletir acerca das aproximações e afastamentos nas relações entre colonizados e colonizadores nas colônias portuguesas na África.

As bandeiras no Estado Novo: o conceito de biodemocracia em A marcha para oeste de Cassiano Ricardo é o nome do próximo artigo da sessão livre. Escrito por Ana Paula Rodrigues, doutoranda em história pela universidade federal do Mato Grosso (UFMT), o texto tem por objetivo discutir o conceito de biodemocracia que é exposto por Cassiano Ricardo.

Fechando a sessão livre, trazemos o artigo de Thiago do Nascimento Torres de Paula, doutor pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), que tem como título “Do enjeitado a ouvidor: a trajetória do tenente Joaquim Lino Rangel na freguesia da cidade do Natal, 1760 – 1839”. O objetivo do autor é o de apresentar a trajetória do Tenente Joaquim Lino Rangel.

Ainda compõe neste volume a resenha da obra da obra de Graeme Wood ” A Guerra do fim dos tempos: o Estado Islâmico e o mundo que ele quer” (Cia das Letras, 2017) feita por Katty Cristina Lima Sá, Mestranda em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHC / UFRJ).

No volume 13 da Revista Espacialidades, temos também a entrevista com a professora doutora Márcia Santana Tavares professora e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares Mulheres, Gênero e Feminismo – PPGNEIM / UFBA; pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher – NEIM; membro do Observatório pela Aplicação da Lei Maria da Penha – OBSERVE / NEIM / UFBA, que nos falou sobre violência de gênero, a da Lei Maria da Penha e sua relação com o número de denúncias dos casos de violência contra mulher, direitos da mulher e a relação as questões de gênero, relações de poder e espaço na nossa sociedade.

Para finalizar o primeiro dossiê de 2018 a Revista Espacialidades, conta com o corpo documental de fontes históricas em uma de suas sessões. Essas fontes foram catalogadas pelo Programa de Educação Tutorial em História da Universidade Federal do Ceará, tendo como objetivo mapear documentos ligados à compra e venda de escravos no Ceará ao longo do século XIX, entre os anos de 1843 a 1879. O Projeto, intitulado Fundo Documental e Guia de Fontes para a História da Escravidão no Ceará, foi realizado pelos bolsistas do Programa e teve início em 2007, com o mapeamento do corpo documental e catalogação dos mesmos, no qual resultou em fichas / resumo e sistematização desses documentos, concluída em 2012. O projeto catalogou cerca de 12 livros, que se encontram em sua versão original, no Arquivo Público do Estado do Ceará (APEC). É com imenso prazer, e desde já agradecemos ao Programa de Educação Tutorial pela confiança, em especial à Kênia Rios, atual tutora do PET História, à Viviane Nunes e Tayná Moreira, bolsista e egressa, respectivamente, que tiveram salutar importância para esta parceria, que a Revista Espacialidades apresenta aos seus leitores, parte destas fichas / resumos deste primoroso acervo, que possibilita o fomento da pesquisa histórica, dando saber à sociedade deste vil período que macula nossa história.

O editor-chefe e a Equipe editorial da Revista Espacialidades desejam a todos uma boa leitura!

Editor-chefe: Magno Francisco de Jesus Santos

Equipe editorial:

Arthur Fernandes da Costa Duarte – (mestrando do PPGH / UFRN)

Emanoel Jardel Alves Oliveira – (mestrando do PPGH / UFRN)

Jessica Martins Guedes de Souza – (mestranda do PPGH / UFRN)

Lucicleide da Silva Araújo – (mestranda do PPGH / UFRN)

Maria Luiza Rocha Barbalho – (mestranda do PPGH / UFRN)

Matheus Breno Pinto da Câmara – (mestrando do PPGH / UFRN)

Ristephany Kelly da Silva Leite – (mestranda do PPGH / UFRN)

Thaís da Silva Tenório – (mestranda do PPGH / UFRN)


SANTOS, Magno Francisco de Jesus et al. Apresentação. Revista Espacialidades. Natal, v.13, n. 01, 2018. Acessar publicação original [DR]

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Gênero, Poder e Espaço / Revista Espacialidades / 2018

As reflexões sobre gênero possuem ligação histórica íntima com o movimento Feminista. De acordo com a historiadora Joana Maria Pedro, o processo de construção da categoria de gênero acompanha a luta por direitos civis e humanos, tendo assumido novas dimensões na conjuntura social da segunda onda do movimento feminista (1960-1980), quando tal conceito emergiu nos estudos na área das humanidades, a partir dos anos 1980.

A noção de gênero foi então sendo desnaturalizada, passando a ser compreendida como um conjunto de normas que orientam as ações dos sujeitos no tempo e nos espaços – processo para o qual contribuíram diversos autores, como Judith Butler, Linda Nicholson e Joan Scott. Os padrões que orientam os comportamentos, inclusive os relativos à noção de gênero, estão situados no tecido das relações sociais e de poder. O mesmo acontece na produção e apropriação dos espaços. Deste modo, nossa proposta com o dossiê Gênero, Poder e Espaço é debater como as categorias de gênero e poder se interseccionam na produção do espaço (quer o espaço material, onde se enquadram categorias como o urbano e rural, a fronteira, o território, o público e o privado, quer o espaço simbólico, onde se encontram o espaço imaginado ou sonhado, as representações artísticas, entre outros). Dentro dessa temática recebemos artigos com temporalidade diversa que articulam a categoria de gênero a outros conceitos, tecendo assim novas narrativas e lançando novos olhares para seus objetos dentro de suas respectivas pesquisas históricas.

Agradecemos imensamente aos membros do Conselho Consultivo que com muita generosidade, celeridade e, acima de tudo, competência, contribuíram com pareceres sérios e consistentes que garantiram a qualidade do presente dossiê “Gênero, poder e espaço”, o qual passamos agora a apresentar.

Abrimos o dossiê com o artigo Operárias da companhia fiação e tecidos pelotense e suas táticas de gênero (1944- 1954) de Eduarda Borges da Silva, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde através dos processos da Justiça do Trabalho de Pelotas, salvaguardados no Núcleo de Documentação Histórica da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), observou-se pleitos de operárias da Companhia Fiação e Tecidos Pelotense, entre 1944-1954, utilizando dos conceitos de ideologia da domesticidade e táticas de gênero, a autora buscou descrever e compreender os dissídios em que o dilema da dupla jornada da trabalhadora (divisão entre a fábrica e o lar), ocorreu e porque estas mulheres operárias, mães, esposas, donas-de-casa apropriaram-se ou aceitaram a imagem de “mulheres sacrifícios”.

Em seguida, temos o artigo intitulado “Pensar pela pena que desliza, falar pela boca que se fecha”: Emília Dantas ribas como a primeira romancista dos campos gerais (paraná, 1949) de Caroline Aparecida Guebert, mestre pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Neste trabalho a autora propõe uma reflexão sobre a trajetória e parte da obra escrita de Emília Dantas Ribas (1907-1978), que atuou como professora, oradora de rádio e escritora entre as cidades de Ponta Grossa e de Curitiba, no Paraná articulando história, literatura e os estudos de gênero.

O terceiro artigo de nosso dossiê temático é de autoria de Giovanna Carrozzino Werneck, Mestra em Letras pelo IFES / Vitória, que com o trabalho Mulheres e charges políticas: a subversão pelo humor nos espaços públicos busca analisar e dar visibilidade a mulheres que produzem (ou produziram) charges políticas no Brasil, discutindo aspectos relativos aos papéis sociais atribuídos a homens e mulheres e aos estudos de gênero.

O próximo artigo intitulado Venha, venha o voto feminino: embates travados na imprensa periódica oitocentista no Rio de Janeiro de Cristiane Ribeiro Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Juiz de Fora, é proposto uma análise da discussão sobre o voto feminino travado no Império do Brasil, circulando nos impressos diários da corte a partir da segunda metade do século XIX, atentando para uma perspectiva das relações de gênero e de poder imbricados nos jornais.

Em seguida com o artigo A cozinha das mulheres: de espaço de domesticação ao de empoderamento a partir de saberes e fazeres culinários as autoras Jamile Wayne Ferreira – graduada em Gastronomia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos e Lara Steigleder Wayne – graduanda em Psicologia pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre analisam a partir da relação com a cozinha de mulheres acolhidas em uma Ocupação em Porto Alegre / RS, o poder e o conhecimento cotidiano das guardiãs de uma cozinha minusculizada pela geração da gourmetização, já que o espaço de comando das cozinhas está normalmente relacionado à construção de gênero, onde as práticas relativas ao ato de cozinhar são ora invisíveis, no caso da cozinha doméstica, ora superestimada, no caso da “alta gastronomia”.

O próximo artigo intitulado Gênero e prisão: os impactos do sistema prisional sobre a desigualdade social e invisibilidade da mulher encarcerada no estado de Alagoas as autoras Bruna Araújo de Melo Ferreira e Ialy Virgínia de Melo Baia, graduandas em psicologia pelo Centro Universitário Tiradentes de Alagoas, analisam o sistema prisional de uma maneira histórica, compreendendo a mulher como vítima da violência e da desigualdade de gênero dentro desse espaço, visto que a prisão muitas vezes culminando no processo de invisibilidade do indivíduo, acaba potencializando essa invisibilidade na mulher, uma vez que esta já vivencia essa realidade socialmente, enfatizando os casos das mulheres que estão em regime fechado no Sistema Penitenciário Feminino Santa Luzia, localizado em Maceió.

Finalizando o dossiê temático, temos o artigo Vozes de mulheres: género e cidadania em Angola de autoria de Willi Cardoso Domingos, Licenciado em Sociologia pela Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto, que analisa as implicações sociais da discriminação de género no exercício da cidadania e participação das mulheres em Angola, onde um diálogo entre a sociedade civil e as instituições do Estado, é fundamental, para dinamizar e ampliar a capacidade de exercício da cidadania e participação das mulheres, bem como para a desconstrução da discriminação das mulheres.

Abrindo a sessão livre do nosso dossiê temos o artigo “Ressonâncias no processo de demolição do palácio Monroe”, de autoria do doutorando em Ciências Jurídicas Políticas Daniel Levy Alvarenga (UAL). No artigo o autor discute questões acerca do patrimônio material e sua dimensão imaterial dentro de uma sociedade. Tomando como objeto de analise a demolição do palácio Monroe, busca-se apresentar como ocorreu a demolição e sua respectiva repercussão dentro do âmbito social.

Em seguida temos o artigo intitulado “Do ideal ao real: a construção de uma representação na obra literária a lenda do cavaleiro sem cabeça (1820)” escrito por Samuel Nogueiza Mazza, mestrando em história pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O autor discute no presente artigo a obra de Washington Irving, A lenda do cavaleiro sem cabeça, sob a perspectiva da teoria da representação de Roger Chartier, traçando assim um paralelo entre os personagens da obra e o contexto histórico vivido por Irvring.

Seguindo, temos o artigo de Rannyelle Rocha Teixeira, mestra em história pela Universidade do Porto. Seu artigo intitula-se “ O sentido da colonização portuguesa: a relação entre colonos nativos africanos no boletim geral das colônias (1933 – 1945)” e busca refletir acerca das aproximações e afastamentos nas relações entre colonizados e colonizadores nas colônias portuguesas na África.

As bandeiras no Estado Novo: o conceito de biodemocracia em A marcha para oeste de Cassiano Ricardo é o nome do próximo artigo da sessão livre. Escrito por Ana Paula Rodrigues, doutoranda em história pela universidade federal do Mato Grosso (UFMT), o texto tem por objetivo discutir o conceito de biodemocracia que é exposto por Cassiano Ricardo.

Fechando a sessão livre, trazemos o artigo de Thiago do Nascimento Torres de Paula, doutor pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), que tem como título “Do enjeitado a ouvidor: a trajetória do tenente Joaquim Lino Rangel na freguesia da cidade do Natal, 1760 – 1839”. O objetivo do autor é o de apresentar a trajetória do Tenente Joaquim Lino Rangel.

Ainda compõe neste volume a resenha da obra da obra de Graeme Wood ” A Guerra do fim dos tempos: o Estado Islâmico e o mundo que ele quer” (Cia das Letras, 2017) feita por Katty Cristina Lima Sá, Mestranda em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHC / UFRJ).

No volume 13 da Revista Espacialidades, temos também a entrevista com a professora doutora Márcia Santana Tavares professora e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares Mulheres, Gênero e Feminismo – PPGNEIM / UFBA; pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher – NEIM; membro do Observatório pela Aplicação da Lei Maria da Penha – OBSERVE / NEIM / UFBA, que nos falou sobre violência de gênero, a da Lei Maria da Penha e sua relação com o número de denúncias dos casos de violência contra mulher, direitos da mulher e a relação as questões de gênero, relações de poder e espaço na nossa sociedade.

Para finalizar o primeiro dossiê de 2018 a Revista Espacialidades, conta com o corpo documental de fontes históricas em uma de suas sessões. Essas fontes foram catalogadas pelo Programa de Educação Tutorial em História da Universidade Federal do Ceará, tendo como objetivo mapear documentos ligados à compra e venda de escravos no Ceará ao longo do século XIX, entre os anos de 1843 a 1879. O Projeto, intitulado Fundo Documental e Guia de Fontes para a História da Escravidão no Ceará, foi realizado pelos bolsistas do Programa e teve início em 2007, com o mapeamento do corpo documental e catalogação dos mesmos, no qual resultou em fichas / resumo e sistematização desses documentos, concluída em 2012. O projeto catalogou cerca de 12 livros, que se encontram em sua versão original, no Arquivo Público do Estado do Ceará (APEC). É com imenso prazer, e desde já agradecemos ao Programa de Educação Tutorial pela confiança, em especial à Kênia Rios, atual tutora do PET História, à Viviane Nunes e Tayná Moreira, bolsista e egressa, respectivamente, que tiveram salutar importância para esta parceria, que a Revista Espacialidades apresenta aos seus leitores, parte destas fichas / resumos deste primoroso acervo, que possibilita o fomento da pesquisa histórica, dando saber à sociedade deste vil período que macula nossa história.

O editor-chefe e a Equipe editorial da Revista Espacialidades desejam a todos uma boa leitura!

Editor-chefe: Magno Francisco de Jesus Santos

Equipe editorial:

Arthur Fernandes da Costa Duarte – (mestrando do PPGH / UFRN)

Emanoel Jardel Alves Oliveira – (mestrando do PPGH / UFRN)

Jessica Martins Guedes de Souza – (mestranda do PPGH / UFRN)

Lucicleide da Silva Araújo – (mestranda do PPGH / UFRN)

Maria Luiza Rocha Barbalho – (mestranda do PPGH / UFRN)

Matheus Breno Pinto da Câmara – (mestrando do PPGH / UFRN)

Ristephany Kelly da Silva Leite – (mestranda do PPGH / UFRN)

Thaís da Silva Tenório – (mestranda do PPGH / UFRN)


SANTOS, Magno Francisco de Jesus et al. Apresentação. Revista Espacialidades. Natal, v.13, n. 01, 2018. Acessar publicação original [DR]

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Historiografia dos Espaços / Revista Espacialidades / 2018

Frequentemente, para respondermos qual o cerne da História como disciplina, recorremos à relação da ação humana ao longo das diferentes temporalidades, portanto, centralizamos o Tempo como a dimensão fundamental do conhecimento histórico. Todavia, conforme a História foi avançando, a sua complexidade também o foi, deste modo, à dimensão temporal – que ainda permanece como dimensão central da ciência histórica – foi incorporada outras dimensões fundamentais de serem perscrutadas para a compreensão da disciplina. Escopo da Revista, o Espaço surge, destarte, como uma dessas novas dimensões a serem questionadas para o enriquecimento das produções historiográficas sob os mais diversos prismas e problemáticas.

Partindo do pressuposto teórico de que a produção histórica é circunstancial, logo, suscetível de mudanças, de acordo com as diferentes interpretações da mesma, a dimensão espacial traz consigo novas perspectivas capazes de questionar a história e a memória oficial; traz consigo a capacidade de descristalização do conhecimento histórico consagrado; traz, sobretudo, um novo campo de análises que ainda tem muito a dizer. Como afirmou, certa vez, à Revista Espacialidades, o Prof. Dr. Durval Muniz: “A história, para mim, é uma empresa crítica, no sentido de abrir possibilidades de vermos coisas diferentes. Não é crítica no sentido de oferecer uma alternativa, no sentido de dizer o que é correto, mas crítico no sentido de abrir possibilidades de pensarmos diferente, de sermos diferentes, de caminharmos diferente. A história não é para oferecer receitas, mas para abrir horizontes, abrir possibilidades, fazer a gente enxergar num dado lugar, numa dada estrada, muitas veredas, muitas possibilidades de divergir, sair para o diverso, perceber os devires”. Logo, os estudos que analisam, para além do tempo, a historicidade dos espaços, preenche uma lacuna, possibilitando novos insights e representando a essência da história como ciência questionadora.

Dito isso, o presente dossiê traz artigos que contemplam a dimensão espacial como posto basilar de suas discussões, contribuindo, assim, para a Historiografia dos Espaços. Agradecemos imensamente aos membros do Conselho Consultivo que com muita generosidade, celeridade e, acima de tudo, competência, contribuíram com pareceres sérios e consistentes que garantiram a qualidade do presente dossiê. Agradecemos também aos colaboradores que, através de suas contribuições, garantem a continuidade da discussão crítica sobre diversos conceitos que abordam as espacialidades enquanto objeto histórico.

Abrindo o dossiê temos o artigo “A geografia-histórica da região metropolitana de Belém”, de Luiz Augusto Soares Mendes. O doutor em Geografia pela Universidade Federal Fluminense busca fazer uma análise histórica da produção do espaço das cidades que compõem a região metropolitana de Belém. Desse modo, o objetivo é revelar os aspectos econômicos, populacionais, sociais e a incorporação das cidades no processo de metropolização, gerando marcos espaço-temporais comuns a história das cidades alvo desse processo.

Em seguida temos o artigo “Taperoá: a capital literária do sertão-reino de Ariano Suassuna”, da historiadora Jossefrania Vieira Martins, doutoranda em História pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. O artigo relaciona história, literatura e espaço, além de explorar alguns elementos da obra do escritor paraibano Ariano Suassuna. A autora faz um paralelo entre a dinâmica espacial presente na vida do autor e suas marcas na produção literária do mesmo. Um dos objetivos do artigo é o de entender como as interações entre esses espaços vividos pelo autor se relacionam com um conceito de sertão a partir da literatura.

O próximo artigo do dossiê intitula-se “A experiência da espacialidade colonial: São Luís, cercanias e sertões (final do século XVII e início do século XVIII)”, escrito por Mariana Ferreira Schilipake. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Paraná, a autora busca discutir a espacialidade do território do Maranhão entre o final do século XVII e início do século XVIII. A perspectiva trabalhada pela historiadora, a qual busca compreender a relação de São Luís com as cidades circundantes, ajuda-nos a pensar a complexa dinâmica social da região nestes séculos, para além de contraposições entre espaços urbanos e rurais.

Compondo o volume 14 da revista espacialidades, trazemos a resenha do livro “The secret War: Spies, Ciphers and guerrilhas 1939 – 1945”, do historiador britânico Max Hastings e feita por Raquel Anne Lima de Assis. O livro busca apresentar como ocorreram as batalhas da guerra secreta entre o Eixo e os Aliados durante a segunda guerra mundial.

Na sessão “Entrevista”, temos a honra de apresentar a entrevista concedida pelo professor doutor Dilton Cândido Santos Maynard, professor colaborador no Programa de Pós-graduação em História Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHC / UFRJ), professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFS (PPGED / UFS) e do Mestrado Profissional em Ensino de História da UFS (Profhistória UFS).Na entrevista, Dilton Maynard falou sobre seu trabalho com representação, História do Tempo Presente e Ciberespaço.

Para fechar o volume 14 da Revista Espacialidades, trazemos a segunda parte do corpo documental referente à história da escravidão no Ceará. Essas fontes foram catalogadas pelo Programa de Educação Tutorial em História da Universidade Federal do Ceará, tendo como objetivo mapear documentos ligados à compra e venda de escravos no estado, ao longo do século XIX, entre os anos de 1843 a 1879. O Projeto, intitulado Fundo Documental e Guia de Fontes para a História da Escravidão no Ceará, foi realizado pelos bolsistas do Programa e teve início em 2007, com o mapeamento do corpo documental e catalogação destes, no qual resultou em fichas / resumo e sistematização desses documentos, concluída em 2012. O projeto catalogou cerca de 12 livros, que se encontram em sua versão original, no Arquivo Público do Estado do Ceará (APEC). Nesse sentido, é com imenso prazer que a Revista Espacialidades apresenta aos seus leitores, mais um trecho destas fichas / resumos. Agradecemos novamente ao Programa de Educação Tutorial pela confiança, em especial à Kênia Rios, Viviane Nunes e Tayná Moreira.

O editor-chefe e a Equipe editorial da Revista Espacialidades desejam a todos uma boa leitura!

Editor-chefe: Magno Francisco de Jesus Santos

Equipe editorial:

Arthur Fernandes da Costa Duarte – (mestrando do PPGH / UFRN)

Emanoel Jardel Alves Oliveira – (mestrando do PPGH / UFRN)

Maria Luiza Rocha Barbalho – (mestranda do PPGH / UFRN)

Matheus Breno Pinto da Câmara – (mestrando do PPGH / UFRN)

Ristephany Kelly da Silva Leite – (mestranda do PPGH / UFRN)

Rodrigo de Morais Guerra (mestrando do PPGH / UFRN)

Thaís da Silva Tenório – (mestranda do PPGH / UFRN)

Victor André Costa da Silva (mestrando do PPGH / UFRN)


SANTOS, Magno Francisco de Jesus et al; Apresentação. Revista Espacialidades. Natal, v.14, n. 01, 2018. Acessar publicação original [DR]

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A rejeição ao outro: espaços de não-reconhecimento nas relações de alteridade / Revista Espacialidades / 2017

Somos todos iguais. A afirmação é comum nas culturas de tradição liberal, e se repete com muita frequência em diversas circunstâncias e ambientes (desde as conversas de bar até o debate acadêmico). Entretanto, a retórica da igualdade não apresenta correspondência imediata na realidade empírica. Somos todos iguais? Talvez a postura interrogativa seja a mais adequada à narrativa histórica. Afinal, há sempre pontos de distensão nas relações de alteridade. Historicamente, os encontros humanos foram profundamente marcados por disputas em torno da ideia do que é o humano, de tal maneira que o outro (enquanto categoria sociológica) foi não raras vezes qualificado pelos grupos dominantes como inferior, tendo, no limite, a sua humanidade absolutamente negada. Essa classificação que estabelece níveis variados de dignidade entre sujeitos ou grupos diferentes (do ponto de vista físico, social ou cultural), justificou práticas diversas de dominação e violência.

Hoje, no senso comum, tendemos a pensar que as práticas de preconceito, exclusão e violência são expressões restritas ao passado. Ou do passado remoto – coisa de gregos e romanos, que viam como bárbaros todos que não partilhavam da chamada cultura clássica –, ou do passado recente – prática de nazistas que teria desaparecido sob os escombros da Segunda Grande Guerra. Mas as tensões no reconhecimento mútuo entre grupos humanos se manifestam na história do tempo presente e no mundo autodenominado liberal: na xenofobia; nas fronteiras de reprodução do grande capital (com a destruição moralmente injustificada dos grupos indígenas); na negação do reconhecimento de cidadania efetiva a mulheres, negros e homossexuais; nas violentas disputas religiosas; no terrorismo e, igualmente, na guerra ao terrorismo; na segregação dos pobres, tangidos pelas classes hegemônicas para as periferias das cidades.

Nós, da Revista Espacialidades, apresentamos, por meio do volume que agora vai a público, a nossa contribuição para a reflexão histórica sobre o problema do não-reconhecimento nas relações de alteridade. Num mundo onde a intolerância domina os espaços de maneira terrificante, o pensamento crítico é um imperativo ao qual a comunidade acadêmica não pode se furtar. Assim, entregamos aqui o resultado do trabalho e da colaboração de pesquisadores ligados a instituições acadêmicas de todo o país que decidiram submeter seus trabalhos na Revista Espacialidades, somando esforços para a formação do conjunto de artigos do nosso 11º volume. O nosso agradecimento a cada articulista.

Agradecemos imensamente aos membros do Conselho Consultivo que com muita generosidade e, acima de tudo, competência, contribuíram com pareceres sérios e consistentes que garantiram a qualidade do dossiê A rejeição ao outro: espaços de não-reconhecimento nas relações de alteridade, o qual passamos agora a apresentar.

Para abrir o dossiê temático A rejeição ao outro: espaços de não reconhecimento nas relações de alteridade apresentamos o artigo O fechamento do horizonte índico da igreja ortodoxa copta: o caso do sacerdote do povo das índias na corte do Papa Simão de Alexandria (689-701), escrito pelo doutorando Alfredo Bronzato da Costa Cruz (PPGH – UERJ). A partir de um episódio particular – a solicitação de um sacerdote “do povo das Índias” para que o Patriarca Simão de Alexandria ordenasse um bispo para a comunidade de origem daquele sacerdote – o autor do artigo discute uma série de questões envolvendo o conceito espacial historicamente produzido de Índias e as tensões nas relações entre muçulmanos e cristãos, notadamente no mundo oriental do século VIII A.D.

Em seguida, apresentamos o artigo intitulado Narrar e pensar o outro, narrar e pensar a si: a escrita da história da África entre e etnocentrismo e a epistemologia das diferenças onde as mestras em História Regional e Local Kátia Luzia Soares Oliveira e Ana Paula Moreira Magalhães(IFBA) analisam a escrita da História da África por meio de uma perspectiva marcada pelos pressupostos da longa duração de Fernand Braudel, buscando dialogar com a obra de Achile Mbembe, observando as relações de alteridade, complexidade e diversidade que compõe os dizeres e a escrita sobre a História do continente africano.

Das representações sobre a África, passamos às representações sobre a América, com o artigo Relações inter-humanas e espaços de alteridade negada no novo mundo: Os escritos de Colombo e a visão primeira sobre a terra e sobre o outro, de autoria do mestrando em História & Espaços, Erick Matheus Bezerra Mendonça Rodrigues (UFRN). O artigo discute as primeiras percepções sobre o Novo Mundo, especialmente no âmbito da visão espacial sobre as novas terras e da caracterização do seu elemento humano, tendo como base o conceito de alteridade negada. Para tanto, a fonte utilizada são os relatos de Cristóvão Colombo acerca das novas terras descobertas e dos povos que ali habitavam no final do século XV.

O quarto artigo se intitula “Este delito tem pena de morte por direito”: André de Freitas Lessa, um sodomita na teia da Inquisição (Olinda, 1593-1595). Escrito pelo mestrando Ronaldo Manoel Silva (UFRPE), o texto trata do processo inquisitorial do sapateiro André de Freitas Lessa, sentenciado na primeira visitação do Santo Ofício à capitania de Pernambuco, no século XVI (1593-1595), por crime de sodomia perfeita, a atual prática de sexo anal homossexual, e de como a rede formada pelo sapateiro e seus clientes desafiava e rejeitava os valores morais impostos no período.

Também compõe o dossiê o artigo “Outro olhar: as práticas sociais da região do Baixo Centro (BH / MG)”, proposto pela mestranda no Programa de Pós-Graduação em Geografia – Tratamento da Informação Espacial Fernanda Mingote Colares Luz(PUC-Minas), que aborda a disposição da dinâmica de ocupação do espaço público, frisando a influência do Estado neoliberal na organização das cidades. Dando ênfase na região chamada Baixo Centro, em Belo Horizonte, Luz busca analisar como tais práticas se apresentam nessa região.

E, fechando nosso dossiê temático, temos a mestranda Daiane Santana Santos (UFCG), que apresenta seu artigo A busca por uma “cidade certa”: processos reguladores e homogeneizantes na cidade do Salvador (1940-1950), onde procura mostrar as estratégias de normatização e mobilidade dos corpos, principalmente daqueles “sujeitos infames”, na capital baiana no final da primeira metade do século XX. A autora constrói sua narrativa problematizando o discurso higienista, comportamental e disciplinador, notadamente representado pelo Escritório do Plano de Urbanismo da Cidade do Salvador (EPUCS) e os Códigos de Postura, confrontando-o com as fotografias do álbum Retratos da Bahia (1990), do fotógrafo franco-brasileiro Pierre Verger, buscando perceber o lugar (es) do(s) corpo(s) e de que maneira ele(s) se reinventa(m) e se move(m). O trabalho dialoga com Michel Foucault, Michel de Certeau e Georges Bataille, e traz uma importante reflexão sobre as práticas urbanas e as estratégias de (re)invenção cotidiana dos chamados “sujeitos ordinários”, além de flutuar em questões sobre o Urbanismo, e as tentativas de organização racional dos espaços da cidade.

Na Seção Livre, apresentamos O imaginário urbano e a fotografia: a modernidade e a ruína do bairro da Ribeira, artigo produzido conjuntamente pela professora Dra. Maria Inês Sucupira Stamatto (UFRN) e pela doutoranda em Educação (UFRN) Anna Gabriella de Souza Cordeiro. O texto traz uma análise comparativa do imaginário urbano do bairro da Ribeira (Natal, RN) no início dos séculos XX e XXI. As autoras selecionaram fotografias de quatro edifícios do referido bairro nos dois momentos recortados para a comparação a que se propuseram desenvolver. A partir das análises, fundamentadas em um instrumental teórico da história cultural, elas identificaram um deslocamento do imaginário urbano que vai da Ribeira como expressão da modernidade, no início do século XX, ao bairro como ruínas, no início do XXI. Para as articulistas, tal deslocamento reflete as dinâmicas processadas historicamente no meio urbano.

Fechando a nossa publicação, apresentamos a entrevista concedida pelo professor Dr. Rafael Chambouleyron (UFPA), historiador que tem se destacado pelas suas pesquisas sobre a atuação da Coroa portuguesa para a região Amazônica, enfocando a ocupação do espaço e a economia colonial. Na entrevista, o professor Chambouleyron tece considerações sobre a importância das categorias espaciais para a produção historiográfica, além de apresentar debates próprios do recorte temático sobre o qual vem atuando que se articulam diretamente com o tema desse dossiê, A rejeição ao outro: espaços de não-reconhecimento nas relações de alteridade.

Equipe editorial:

Arthur Fernandes da Costa Duarte

Cid Morais Silveira

Francisco Leandro Duarte Pinheiro

Giovanni Roberto Protásio Bentes Filho

Lucicleide da Silva Araújo

Maria Luiza Rocha Barbalho

Matheus Breno Pinto da Câmara

Thaís da Silva Tenório


DUARTE, Arthur Fernandes da Costa et al. Apresentação. Revista Espacialidades. Natal, v.11, n. 01, 2017. Acessar publicação original [DR]

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Espaços de guerra, territórios do desejo: conflito, negociação e relações de poder na construção dos espaços / Revista Espacialidades / 2016

O homem vive, em grande parte de sua vida, uma busca por espaço. Seja de forma concreta, um lar para morar, ou abstrata, como um lugar no espaço postmortem. Por toda a História, homens, nações, povos, etnias e sociedades empreenderam uma procura semelhante ao definirem territórios e linhas divisórias do que é seu e do que pertence ao outro. Esta definição produziu conflitos por espaços que englobaram desde a necessidade de se alimentar, como o movimento descontínuo de conquistas das terras férteis da Mesopotâmia, a busca por riquezas a serem aproveitadas, dos impérios ultramarinos e o controle das diferentes colônias, resultado de expedições e guerras travadas entre nações e povos nativos ou, no século XX, na busca dos Estados Nacionais por um “espaço vital” necessário ao progresso, até determinadas formas de conceber o mundo por meio de disputas por “lugares sagrados”, sejam eles concretos ou abstratos.

A construção dos espaços pode estar intimamente ligada àquilo que se almeja ter, que se sonha para um propósito, com um novo lugar para viver, a extensão do poder de conquista, a expansão de mercados, o aumento do lucro ou até o imaginário de um lugar sagrado. Nesse sentido, o desejo pelo espaço que já era de outrem ou que estava entre interesses diferentes, levou à disputa de grandes guerras, conflitos, embates e transformações nos indivíduos e na sua forma de compreender os espaços. Tais relações de poder foram fundamentais à definição de pertenças, o estabelecimento ou não de fronteiras, a organização de movimentos de resistência e de negociação. Todas essas dinâmicas contribuíram à (des)construção dos espaços que eram almejados por indivíduos, povos, etnias ou quaisquer organizações estatais – que empreendiam esforços e estratégias para dominar àquilo que sonhavam ter sob suas posses. Percebendo-se a constância das disputas pelo espaço na História e a maleabilidade das fronteiras estabelecidas pelas diferentes formas de territórios e espacialidades e a importância desta temática para o enriquecimento do debate da relação História e Espaços, pauta central deste periódico, é com imenso prazer que a Revista Espacialidades apresenta o seu 9° volume com o dossiê “Espaços de guerra, territórios do desejo: conflito, negociação e relações de poder na construção dos espaços”.

O projeto deste dossiê começou a ser pensado já meados de 2015 como resultado de conversas a respeito de qual seria a temática do dossiê do volume 9, referente ao semestre janeiro-junho de 2016. Após uma longa divulgação da chamada para o dossiê foram recebidas diferentes propostas para esta publicação. Criteriosamente avaliadas pelo Conselho consultivo da Revista Espacialidades, composto por professores e pesquisadores de universidades das mais diferentes regiões do país, os artigos recebidos e aprovados estão aqui apresentados neste volume. Além dos 8 artigos que compõe o dossiê temático “Espaços de guerra, territórios do desejo: conflito, negociação e relações de poder na construção dos espaços”, este volume contém mais 5 artigos na sua seção livre. Após a seção livre, apresentamos também uma resenha e uma entrevista realizada pela Equipe editorial da Revista com a professora Dra. Sabrina Evangelista Medeiros, envolvida com pesquisas que se encaixam com o tema do dossiê “Espaços de guerra, territórios do desejo: conflito, negociação e relações de poder na construção dos espaços”. Publicações estas que serão explicitadas logo em seguida, nesta breve Apresentação.

A Equipe editorial da Revista Espacialidades composta por membros do Programa de Pós-graduação em História da UFRN e sob a chefia editorial do professor Dr. Magno Francisco de Jesus Santos, professor do Departamento de História da UFRN, orgulha-se da sua mais nova publicação, resultado de muito trabalho e de contribuições feitas por pesquisadores de todo o país, que se interessaram em publicar na Revista Espacialidades enviaram as suas propostas. A todos, nosso agradecimento.

Não somente aos proponentes de publicações, agradecemos imensamente aos membros do Conselho consultivo deste volume. Professores e pesquisadores das mais diversas universidades que com muita dedicação e criticidade contribuíram, em grande medida, para a consolidação do projeto pensado ainda em 2015 para este volume. Por meio de suas avaliações e pareceres, foi possível selecionar as publicações deste dossiê e ainda proporcionar o diálogo e enriquecimento das pesquisas e trabalhos de todos os que enviaram propostas de publicação para este volume. A Equipe editorial agradece ainda ao mestre pelo PPGH-UFRN, Adriel Silva, que contribuiu com a elaboração da capa deste dossiê, que com seu talento nos presenteou com a expressiva montagem que abre o volume 9 do nosso periódico.

Seguimos com uma breve apresentação dos textos e seções que compões este volume, publicações que certamente contribuírão para o avanço do diálogo, da pesquisa e do debate dentro da relação História e Espaços.

Inaugurando o Dossiê desta edição a professora Dra. Katia Maria Paim Pozzer, do Departamento de Artes Visuais da UFRGS, apresenta o artigo “Para além das guerras: a representação do espaço na arte assíria”, tratando sobre à representação imagética do espaço geográfico no período da neoassíria, por meio do estudo de um relevo parietal em uma conjuntura de forte expansão territorial do Império.

Em seguida têm-se o artigo “O saque de Roma pelos visigodos: visões tardo-antigas” trabalho realizado pelo doutorando em História pela UFRJ Fabiano de Souza Coelho e pelo doutorando em História pela UFES, Luís Eduardo Formentini, no qual fizeram uma análise do saque de Roma realizado pelos visigodos em 410 a.c, debatendo a influência deste acontecimento no processo de desagregação do Império do Ocidente.

O terceiro artigo do dossiê intitula-se “Conjuntura e estruturação dos espaços de poder do marquesado da Toscana no século XI” e foi proposto pela mestranda em História da UFMT, Natalia Dias Madureira. O texto aborda os conflitos existentes no contexto do concílio realizado em Mântua, em 1064, no marquesado de toscana, discutindo as relações de poder entre Igreja e famílias da região que estiveram envolvidas no concílio.

Em seguida, saindo dos trabalhos que compreendem o recorte temporal da antiguidade e do medievo, apresentamos o artigo “Conflitos judiciais, espaços de jurisdição e estruturação administrativa da justiça na capitania do Rio Grande (Comarca da Paraíba / Rio Grande do Norte, 1789 – 1821)”, trabalho do prof. Dr. Antonio Filipe Pereira Caetano, do Departamento de História da UFAL. Neste artigo, o autor tem como foco discutir os conflitos de jurisdições e os problemas administrativos ocorridos na Capitania do Rio Grande (do Norte) entre 1789-1821.

Ainda tratando do contexto do Rio Grande do Norte, mas agora no período do Brasil Império o artigo “Os retirantes e a municipalidade no Rio Grande do Norte durante a seca de 1877”, elaborado Ana Carolina da Silva Santana, graduada em História pela UFRN e por João Fernando Barreto de Brito, doutorando em História pela UFRJ, tem como objetivo analisar os conflitos entre a massa de trabalhadores livres e as elites locais, na conjuntura das Comissões de Socorros, estabelecidas pelos presidentes de província durante a seca de 1877.

Nessa ordem, ainda tratando do Rio Grande do Norte, o quinto artigo deste dossiê, de autoria do doutorando em História da PUC – RS, Saul Estevam Fernandes, “Os engarrafadores dos espaços ou a disputa pela produção espacial norte rio-grandense e cearense durante na retomada da questão de limites entre os sócios do IHGA-CE e o IHG-RN”, objetiva discutir a retomada da Questão de Limites entre os estados do Rio Grande do Norte e Ceará (1894-1920). Além disso, o texto toma como problemática central as tentativas dos intelectuais cearenses e potiguares em dizerem os territórios dos dois estados por meios de cronistas, memórias, descrições, comemorações e mapas.

Mudando de uma temática mais concentrada no Rio Grande do Norte para a Paraíba, mas ainda tratando da relação entre conflitos e espaços, apresentamos o artigo intitulado “Banditismo e modernização: cangaceiros, malfeitores, ladrões de cavalos e suas redes de solidariedade avessas ao poder policial (Paraíba, 1930-1950) ”, trabalho realizado pelo mestrando em História da UFPB Luiz Mário Dantas Burity. Nessa proposta, o autor visa, em uma análise da decadência do banditismo, atentar para as mudanças e permanências que ocorreram nas regiões atingidas pelo banditismo, na Paraíba, entre 1930 e 1950.

Fechando o dossiê “Espaços de guerra, territórios do desejo: conflito, negociação e relações de poder na construção dos espaços”, trazemos o artigo “O Brasil, a América Latina e a Europa: o acordo Mercosul / União Europeia, um retrospecto de umanegociação ainda não concluída”, do bacharel e licenciado em Ciências Sociais pela UFRJ, Rodrigo Cássio Marinho da Silva. O trabalho aborda as implicações da política de subsídio europeia e as consequências para o Mercosul e seu processo de integração, encerrando o dossiê com um tema ligado a negociação, espaços e poder nas relações internacionais.

Abrindo a Seção livre deste volume, trazemos o artigo “Fronteiras da memória, identidades imaginadas: uma análise histórica e cultural das fronteiras da Carélia no contexto da emancipação finlandesa, XIV-XIX”, de autoria do graduado em História pela UFCG, Marcos Saulo de Assis Nóbrega. O artigo tem como objetivo analisar as questões pertinentes a cultura da região fronteiriça da Carélia, desde o século XIV, abordando ainda o processo de emancipação da Finlândia e seu processo de formação do ideário nacionalista no século XIX.

Já o trabalho do mestrando em História pela UFRN, Kleyson Bruno Chaves Barbosa, “A câmara faz a festa, “ainda que estranho se acordacem tão tarde”: celebrações possíveis na Natal setecentista”, trata sobre o papel do Senado da Câmara da cidade do Natal quanto a organização e a celebração de festividades na cidade, no século XVIII, analisando um dos aspectos do cotidiano do espaço urbano colonial neste período.

O artigo “Uma discussão de classe e uma história social do blues no sul dos Estados Unidos”, feito pelo graduado em História pela UFPB, André Felipe de Albuquerque Espínola nos traz uma análise da experiência cultural com a música, o blues, desenvolvida entre os trabalhadores dos Estados Unidos no início do século XX, ao redor do Delta do Mississippi. Assim, o autor tenta compreender como essa experiência contribuiu para o desenvolvimento de estilo musical entre as décadas de 1930 3 1940.

Como parte da seção livre deste volume, temos também o artigo ““Como essa nunca tinha visto!” – devoção a Nossa Senhora Medianeira – a Igreja, o poder municipal e os devotos”, da doutoranda em História pela UPF Francielle Moreira Cassol. O artigo traz uma análise sobre a romaria de Nossa Senhora Medianeira, no interior do Rio Grande do Sul, problematizando a sua patrimonialização e a transformação do evento religiosos em acontecimento de caráter também turístico.

Encerrando a seção livre do nosso volume 9, apresentamos o trabalho realizado pelo professor Dr. Alessandro Dozena, do departamento de História da UFRN e pelo doutorando em Ciências Sociais, pela mesma instituição, Valdemiro Severiano Filho. O artigo “O carnaval de Natal (RN): espaços de transformação no tempo da folia” traz um estudo sobre a institucionalização do carnaval em Natal a partir da década de 1930 até o tempo presente, considerando as dinâmicas sociais ligadas à festividade com foco nas relações de poder nela estabelecidas.

Na seção Resenhas, têm-se a análise da obra O Eldorado, de autoria de José Miguel Arias Neto, realizada pelo pós-graduando em História pela UEL Osvaldo Fiorato Junior. A resenha intitulada “As representações do progresso em Londrina, uma História regional do norte do Paraná”, considera a influência da obra na constituição da historiografia regional do Norte do Paraná, fazendo um paralelo da relação entre a produção historiográfica e a construção dos espaços.

Fechando o nosso dossiê, na última seção do nosso volume, apresentamos a entrevista concedida pela professora Dra. Sabrina Evangelista Medeiros, professora da UFRJ e da Escola Naval do Rio Janeiro. Especialista nos debates sobre relações internacionais, a professora Sabrina Evangelista traz em sua fala importantes debates sobre a conjuntura internacional contemporânea, tratando de forma muito enriquecedora sobre temas relevantes da atualidade, referentes a conflitos, negociações e política nas relações internacionais no tempo presente.

O editor-chefe e a Equipe editorial da Revista Espacialidades desejam a todos uma boa leitura!

Editor-chefe: Magno Francisco de Jesus Santos

Equipe editorial:

Aledson Manoel Silva Dantas

Cid Morais Silveira

Francisco Leandro Duarte Pinheiro

Giovanni Roberto Protásio Filho

Lívia Brenda da Silva Barbosa

Raphael Alves da Costa Torres

Tyego Franklim da Silva


SANTOS, Magno Francisco de Jesus et al; Apresentação. Revista Espacialidades. Natal, v.9, n. 01, Jan- Jun, 2016. Acessar publicação original [DR]

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Espaços da cultura e representações do espaço: entre o simbólico e o concreto / Revista Espacialidades / 2015

A Revista Espacialidades, por meio do dossiê intitulado Espaços da cultura e representações do espaço: entre o simbólico e o concreto – voltado às discussões, manifestações e problematizações das diversas matizes que envolvem a ideia e o conceito de cultura –, apresenta seu 8º volume. Organizar este dossiê, como todos os outros, não foi uma tarefa simples, mas é o resultado final que nos faz, ano após ano, perceber o quão importante é esta publicação. A certeza de que nossa publicação é fundamental à comunidade científica e demais leitores interessados nos fez decidir que esta tarefa se tornará mais prazerosa e onerosa, visto que é este o último volume anual da Espacialidades – que passará a ser semestral a partir do ano vindouro.

Agradecemos ao nosso quadro de pareceristas, formado por profissionais de destacado renome nacional e internacional, que com seu profissionalismo atua para que a qualidade desta publicação se mantenha com o passar dos anos. Outrossim, os articulistas que nos confiaram a missão de divulgar suas produções merecem também nosso profundo agradecimento. É para nós salutar expressar também os mais sinceros agradecimentos a Tyego Flankim da Silva, que exerceu a função de editor-gestor na edição passada, pela valorosa ajuda também neste volume, e a Adriel Silva, aluno do Programa de Pós-Graduação em História (PPGH), cujo talento nos brindou com a belíssima imagem que ilustra a capa desta edição.

Este volume, cujo dossiê é voltado à discussão cultural, é contemplado ainda com duas entrevistas, uma resenha e um resumo de dissertação, nova modalidade de publicação que resolvemos acolher. De maneira igualmente fundamental apresentamos os artigos da seção livre, cujas temáticas abordadas são múltiplas, sem as quais não seria possível a diversidade desta publicação.

Recebemos textos de articulistas de diversas universidades, e mantivemos em nossa publicação um artigo escrito por um aluno de nosso Programa de Mestrado, como tradicionalmente defende a Revista. Doravante, apresentaremos esses textos e contamos com a divulgação e apreciação por parte de vocês, leitores – a parte central da engrenagem que forma e que motiva a Espacialidades e sua equipe editorial.

Abrindo o 8º volume da Revista Espacialidades, Carolina Ferreira de Figueiredo e Nicoll Siqueira da Rosa, ambas mestrandas em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), apresentam o artigo “A eficiência cultural da forma: apontamentos sobre o uso de imagens nas áreas de história e antropologia visual”, e fazem uma discussão teórica acerca do uso das imagens como forma de produção do conhecimento, em um momento em que o debate acerca da cultura visual é relevante à compreensão do mundo contemporâneo.

Em seguida, Alicia Karina Valente, mestranda do Instituto de Historia del Arte Argentino y Americano – Facultad de Bellas Artes, da Universidad Nacional de La Plata (UNLP – Argentina), apresenta seu texto, “Palimpsestos visuales en un espacio cultural autogestionado”, que traz a análise de uma forma estética marcada pela presença do graffiti e do sténcil no interior e exterior de um espaço cultural autogerido, o Centro Cultural y Social El Galpón de Tolosa, da cidade de La Plata, na Argentina.

Aguiomar Rodrigues Bruno, mestre pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), apresenta seu texto “Tractatus de arte et scientia bene moriendi: a literatura pedagógica da morte no interior Fluminense Oitocentista (Freguesia de Piraí)”, que busca evidenciar o alcance e a influência da literatura devocional da boa morte no imaginário e nas práticas populares mortuárias no interior do Vale do Paraíba Fluminense, especificamente na freguesia de Piraí, na primeira metade do século XIX.

Amanda Teixeira da Silva, professora da Universidade Federal do Cariri (UFCA), proporciona ao leitor o estudo intitulado “A fisionomia da pedra: um olhar sobre a escultura de Agostinho Balmes Odísio”, que aborda a influência da arte funerária sobre a escultura de Agostinho Balmes Odísio, escultor italiano que viveu em Juazeiro do Norte entre os anos de 1934 e 1940.

Alexandra Lis Alvim, mestranda em História Cultural pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), apresenta seu artigo, intitulado “‘Anos 70, não deu pra ti…’: considerações sobrea memória, juventude e período autoritário através do filme “Deu pra ti, anos 70…” (1981) e da peça teatral ‘Bailei na Curva’ (1983)”, no qual a autora se propõe a fazer uma análise das produções culturais surgidas nos anos finais da última ditadura brasileira: o longa-metragem em Super 8, lançado em 1981,“Deu pra ti, anos 70…”, de Nelson Nadotti e Giba Assis Brasil, e a peça teatral “Bailei na Curva”, que estreou em 1983, pelo grupo Do Jeito Que Dá – duas produções que discorriam em tom nostálgico e reflexivo sobre a experiência da geração que cresceu sob o período autoritário.

Henrique Masera Lopes, aluno do Programa de Pós-Graduação em História da UFRN, oferece ao leitor seu artigo “A linha de fronteira se rompeu: poéticas musicais de um nordeste psicodélico nos anos 70”, que se ocupa em problematizar a emergência de novas culturas espaciais a partir da segunda metade do século XX através do que se convencionou denominar por corrida espaço-sideral.

Partindo à segunda parte desta publicação, cujas temáticas são livres, Ada Raquel Teixeira Mourão, docente da Universidade Federal do Piauí (UFPI), José Elierson de Sousa Moura, mestrando pela UFPI, e Larice Íris Marinho Moura, licenciada em História pela UFPI, através do texto “Picos nas sombras do tempo: a cidade pré-reforma urbanística como espaço da saudade” analisam o estranhamento identificado em alguns moradores com relação à cidade de Picos (Estado do Piauí) da contemporaneidade, evocado através do sentimento de saudade da cidade associado à década de 1950, período de destaque da economia agrícola às margens do Rio Guaribas, e da década de 1960, quando a cidade oferecia uma variedade de espaços de lazer e convivência para os citadinos.

Francisco Ramon de Matos Maciel, mestre em História e professor do Projovem Campo Ceará, apresenta em seu texto, intitulado “Territórios da Seca: ordenamento e resistência na cidade de Mossoró na seca de 1877”, um estudo das formas de ordenamento e controlo espacial encontrado na cidade de Mossoró durante a seca de 1877.

Cristiano Luiz da Costa e Silva e Ludmila Pena Fuzzi, ambos do Instituto de Pesquisa Histórica e Ambiental Regional (IPHAR), em artigo intitulado “Identidade sustentável: espacialidade, identidade e memória nos estudos sobre comunidades quilombolas”, tratam da relação das comunidades quilombolas com seu território, buscando na Identidade Sustentável do Instituto de Pesquisa Histórica e Ambiental Regional (IPHAR) respaldos para a manutenção e perpetuação das Memórias Solidificadas, propiciando a legitimação destes espaços.

Carlos Alexandre Barros Trubiliano, docente da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), apresenta o texto “A fundação do homem público nos primórdios do coronelismo em Campo Grande – MT / MS (1905-1917)”, que trata do papel de Campo Grande enquanto principal centro econômico e político do sul de Mato Grosso. O artigo discute sobre a elite política formada por homens cuja principal fonte de riqueza provinha da criação de gado. Para esses coronéis, a administração pública era uma continuidade da sede da fazenda.

Edson Silva, mestre em História pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), no artigo “A produção do lazer na urbe: a construção do Estádio Municipal Francisco Rocha Pires (Jacobina – BA – 1955-1959)” promove uma análise da edificação do estádio municipal Francisco Rocha Pires, inserida dentro de um processo de modernização urbana, ocorrido na cidade de Jacobina em meados da década de 1950. O autor procura descrever e examinar a construção do campo esportivo na medida em que esse espaço instituía no mapa urbano um ambiente de lazer e prática de esportes.

Julio César dos Santos, docente do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) e doutorando em História pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em parceria com Luciene Aparecida Castravechi, doutoranda em História pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), apresentam o texto “Alberto Torres: uma revisita historiográfica”. Os autores contextualizam os escritos de Alberto Torres dentro de um complexo processo de discussão acerca da identidade da nação brasileira, nos finais do século XIX e inícios do século XX, a partir de sua mais significativa publicação: “A Organização Nacional”, datada de 1914.

Elynaldo Gonçalves Dantas, mestre em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), apresenta no texto “Gustavo Barroso, um intérprete do Brasil: a nação na escrita integralista barrosiana” uma reflexão sobre a organização do espaço nacional no pensamento integralista de Gustavo Barroso, utilizando-se dos livros “O Integralismo em Marcha” e “O Integralismo de Norte a Sul” como fontes.

João Paulo França, mestre em História pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), através do artigo “A Rua do Esquecimento: a memória dominante nos logradouros centrais de Campina GrandePB”, apresenta uma visão acerca do processo de nomeação e renomeação das ruas do núcleo central da cidade de Campina Grande, alertando que as mudanças pelas quais passaram a cidade ficaram registradas nos nomes que foram conferidos às Ruas, demonstrando assim, um processo de transformação espacial e cultural.

Francisco Antônio Zorzo, Leda Maria Fonseca Bazzo, professores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Lucian Conceição de Alcântara, discente da mesma universidade, apresentam seu texto “Território Urbano e Memória Coletiva – As Lavandeiras Comunitárias de Salvador e o caso do Alto das Pombas”, que trata de uma pesquisa em desenvolvimento em uma lavanderia pública estadual de Salvador, a saber, a lavanderia Nossa Senhora de Fátima. A pesquisa, além de levantar dados sobre o funcionamento do equipamento e da história das lavandeiras comunitárias mantidas pelo governo do Estado da Bahia, investiga as formas de resistência cultural empreendidas pelas lavadeiras para manter o seu modo de vida e garantir o seu espaço de moradia e de trabalho.

Rodrigo Pereira, doutorando pelo Museu Nacional (UFRJ), faz em seu texto “As transformações no matriarcado Nagô nos candomblés do estado do Rio de Janeiro (séculos XX e XXI): a figura do homem no comando dos axés”, a apresentação de uma amostragem de dados sobre candomblés fluminenses em que a quantidade de dirigentes do sexo masculino é maior que a feminina. O autor discute como o sexo masculino tem ganhado espaço em um processo histórico de aceitação destes na liderança dos axés.

Inaugurando a seção que engloba resumos de dissertações e teses, Rodrigo dos Santos apresenta as discussões realizadas em sua dissertação, intitulada “Discursos sobre imigração no jornal Folha do Oeste – Guarapuava, Paraná”, produzida na Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), sob orientação do Prof. Dr. Fernando Franco Netto. O objetivo principal de seu texto é analisar os discursos do jornal Folha do Oeste sobre imigrantes, no período de 1946 a 1960.

Roger Diniz Costa, mestrando em História pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOSTE), apresenta a resenha intitulada “A construção do engenho e a saudade na literatura de José Lins do Rego”, cujo livro é de autoria de Diego José Fernandes Freire e se intitula: “Contando o passado, tecendo a saudade: a construção simbólica do engenho açucareiro em José Lins do Rego (1919-1943)”.

O fechamento deste volume ocorre com duas entrevistas com os professores doutores Flavia Galli Tatsch, professora adjunta de História da Arte Medieval na Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), e Paulo Roberto Tonani do Patrocínio, professor do Departamento de Letras-Libras da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os professores nos presenteiam com duas entrevistas sobre suas trajetórias acadêmicas, suas produções recentes e sobre os desafios enfrentados pelo pesquisador diante dos seus objetos.

Boa leitura a todos!

Marcia Vasques – Doutora, editora-chefe; Aledson Manoel Silva Dantas; Flávia Emanuelly Lima Ribeiro Marinho; Francisca Kalidiany de Abrantes Lima; Keidy Narelly Costa Matias; Livia Brenda da Silva Barbosa e Raphael Alves da Costa Torres, membros da equipe editorial do corrente ano.


VASQUES, Marcia Severina; MARINHO, Flávia Emanuelly Lima Ribeiro; et al. Apresentação. Revista Espacialidades. Natal, v.8, n. 01, 2015. Acessar publicação original [DR]

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História Ambiental, relações socioculturais e suas espacialidades / Revista Espacialidades / 2014

A Revista Espacialidades, idealizada pelos discentes do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, apresenta com satisfação os resultados de seu sétimo volume, intitulado “História Ambiental, Relações Socioculturais e suas espacialidades”.

Neste dossiê temático, a Espacialidades tem como objetivo propiciar a discussão de trabalhos que abordem as mais diversas categorias espaciais presentes nos estudos da História Ambiental. Aqui publicamos artigos que discutem o processo de caracterização de ambientes naturais e suas transformações, análises históricas das ideias, percepções e valores aplicados ao mundo natural e estudos sobre os processos de exploração econômica e seu impacto sociocultural no ambiente natural; considerando as diversas relações que caracterizam o espaço como uma produção histórica.

Sendo assim, iniciamos nossa revista com o artigo de Cícero Pereira da Silva Júnior e Pere Petit, intitulado “Memórias Alagadas: a Amazônia Oriental e os projetos hidrelétricos, o caso da UHE de Estreito (MA / TO)”. Nele o autor analisa os depoimentos dos moradores do reassentamento “Mirindiba”, da cidade de Araguaína, em Tocantins, para investigar as memórias dessas pessoas que tiveram de deixar suas moradias, na Ilha de São José, por ocasião da inundação da barragem.

Em seguida, tendo por tema a questão da seca, trazemos o artigo de Antonio Alexandre Isidio Cardoso, intitulado “As secas e as migrações entre o Ceará e o território amazônico (1845-1877)”. Inserindo o papel do próprio migrante, o autor busca problematizar a perspectiva que enxerga o fenômeno de 1977-79 através do estudo das políticas públicas / migração percebidas como desdobramentos da estiagem.

Silvano Fidelis de Lira e João Batista Gonçalves Bueno, no texto “Modernizar a agricultura, salvar o ’Nordeste’: considerações acerca da polifonia discursiva sobre a agricultura no Nordeste no início do século XX”, discutem o papel da cultura do agave como elemento para o discurso de modernização do setor agrícola nordestino. Os autores oferecem uma análise da atuação tanto do governo quanto dos agrônomos envolvidos diretamente nesse processo.

Ana Paula da Cruz Pereira de Moraes, no texto “Sertão, sociedade e meio ambiente no Rio Piranhas, Capitania da Paraíba do Norte, 1670-1750”, discute sobre o envolvimento dos agentes sociais com o meio ambiente no contexto da colonização dos sertões da América, sobretudo, do sertão do Rio Piranhas, no interior da Capitania da Paraíba do Norte.

Emy Falcão Maia Neto, no artigo “O abastecimento de água em Fortaleza – CE (1813 –1867)”, reflete sobre o papel dos trabalhadores domésticos e carregadores de água no contexto do abastecimento de água em Fortaleza, entre os anos de 1813 e 1867. Recorrendo a textos de memorialistas e literatos, o autor demarca a importância fundamental dos chamados “carregadores humanos”, tentando extrair daí os sentidos da água para a população naquele momento histórico.

Diego José Fernandes Freire, no artigo “O Passado Verdejante: a defesa das árvores nos artigos jornalísticos de Gilberto Freyre (1921- 1926)”, utiliza-se do “Diário de Pernambuco” como fonte para destacar a dimensão saudosa de Gilberto Freyre frente ao arvoredo recifense, na medida em que os textos do Jornal alertam para a preservação ambiental.

Natascha de Vasconcellos Otoya, em texto intitulado “Conexão Brasil-Namíbia: duas nações em busca de petróleo e progresso”, reflete sobre a ligação entre esses dois países por meio da questão petrolífera. A autora discute sobre a exploração do petróleo vinculado a uma ideia de progresso, demarcando, nesse contexto, a questão da importância da preservação do meio ambiente.

David Durval Jesus Vieira, no artigo “Sensibilidade (In)civilizada: poder público, animais de tração e touradas em Belém (1897-1911)”, reflete sobre o “Código de Polícia Municipal” dessa cidade, preocupando-se com as políticas relativas ao uso de animais durante os anos de 1897 e 1911, período do apogeu da economia gomífera.

Assis Daniel Gomes, no texto “O ‘Rio Civilizador’ e o ‘Vale Do Cariri’: a eletrificação urbana do sul do Ceará (1949-1961), analisa as construções imagético-discursivas do Rio São Francisco no âmbito da criação da Companhia de Eletricidade do Cariri, defendendo ser uma correlação de forças entre passado, presente e futuro que atuou no sentido de reinventar a imagem do Rio.

Encerramos o dossiê temático com o texto de Raimundo Nonato Ribeiro Santana que, no artigo “História e Natureza: mudanças ambientais no norte de Goiás em relatos de cronistas e viajantes naturalistas no século XIX”, qualifica o Brasil desse período como recebedor de inúmeros viajantes naturalistas. Detendo-se ao estudo da então Província de Goiás, o autor analisa as transformações regionais perceptíveis a partir da documentação produzida por tais viajantes. Dessa forma, oferece um estudo sobre a transformação paisagística e a navegação do Rio Araguaia.

Dando prosseguimento, com o intuito de ser um mecanismo de ampla divulgação de produção científica, a Revista Espacialidades conta ainda com a Seção Livre. Nela contamos com publicações de temáticas variadas, não contempladas pelo dossiê temático, dentro da área História e Espaço.

Nesse sentido, apresentamos a contribuição de Helder Alexandre Medeiros de Macedo, em artigo intitulado “Reflexões sobra a questão indígena no Seridó: entre a História e o patrimônio cultural”. Em seu texto, o autor destaca a importância da presença pretérita de comunidades indígenas para a cultura do Seridó norte-rio-grandense, fazendo parte do patrimônio cultural da região.

Em seguida, contamos com a contribuição de Gil Eduardo de Albuquerque Macedo, que em seu artigo intitulado “Theatrum Mundi: Antônio Vieira e a comédia de Deus”, discorre sobre a “História do Futuro”, polêmica obra do jesuíta Antônio Vieira. O “Quinto Império”, cuja emergência está descrita na obra do jesuíta, tinha como intuito situar Portugal como responsável pela expansão do cristianismo pelo mundo. Através da análise da metáfora “Teatro do Mundo”, o artigo investiga a postura do homem diante do mundo através da obra do padre jesuíta.

Recebemos ainda a contribuição de Felipe Alves Paulo Cavalcanti, através do artigo intitulado “À procura das infâncias perdidas: espaço, poesia e sensibilidades saudosistas em ‘Evocação do Recife’, de Manuel Bandeira (1925-1936)”. Fazendo uso da categoria espacial em sua dimensão poética, o autor discute sobre as formas de pensar e de sentir a saudade presentes no poema “Evocação do Recife”, do escritor Manuel Bandeira. Interessante destacar que esse poema foi escrito a pedido do intelectual pernambucano Gilberto Freyre, por ocasião da publicação do “Livro do Nordeste”.

A revista encerra seu sétimo volume com o artigo escrito por João Gilberto Neves Saraiva, intitulado “Relatos de viagens, mapas e noticiário de Guerra: representações do Nordeste brasileiro no The New York Times antes das instalações militares norte-americanas (1940-1941)”. O autor faz uso dos conceitos de “representação” e de “espaço” para refletir sobre as representações do Nordeste brasileiro, a partir do que fora produzido pelo jornal The New York Times, no recorte temporal imediatamente anterior ao ingresso oficial dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, nos últimos dias de 1941.

Nós da “Espacialidades” agradecemos aos articulistas por considerarem a nossa revista como o meio de divulgação para as suas produções científicas, bem como aos professores pareceristas do Conselho Consultivo, e aos colaboradores convidados por terem se dedicado e contribuído imensamente no âmbito da revisão dos artigos deste volume. Por fim, convidamos os leitores a apreciarem os textos de nossa revista.

Boa leitura e até o próximo volume!

Cordialmente,

Equipe Editorial da Revista Espacialidades.

Marcia Severina Vasques – Doutora (editora responsável), Flávia Emanuelly Lima Ribeiro Marinho, Francisca Kalidiany de Abrantes Lima, Keidy Narelly Costa Matias, Priscilla Freitas de Farias, Renan Vinícius Alves Ramalho, e Tyego Franklim da Silva.


VASQUES, Marcia Severina et al. Apresentação. Revista Espacialidades. Natal, v.7, n. 01, 2014. Acessar publicação original [DR]

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Quando espaço e política se encontram: diálogos possíveis / Revista Espacialidades / 2013

A Revista Espacialidades, em seu 6° dossiê, intitulado Quando espaço e política se encontram: diálogos possíveis, conta com artigos de diversas universidades de diferentes lugares do país. Todos eles versam sobre um eixo que consiste na proposta do presente número, que é a aproximação entre a política e o espaço. Nesse sentido, interessou aos autores dos artigos publicados analisar como essas categorias podem estar presentes em um mesmo texto, em uma mesma reflexão, revelando que quando existe uma aproximação entre elas novos significados são revelados, novas relações se tornam visíveis, novas interpretações surgem. Os textos que seguem, portanto, apresentam um dos elementos que sustenta a pesquisa acadêmica, que é a inovação. Essa foi proporcionada por pesquisas envolvendo fontes, metodologias, teóricos e historiografia, mas foi propiciada igualmente por aquilo que compreende a proposta do presente dossiê da Revista Espacialidades, ou seja, por diálogos possíveis entre política e espaço.

Este volume conta com alguns artigos que trabalham com díspares concepções do que é política e do que é espaço. Essa pluralidade de percepções consiste em uma das principais riquezas desta publicação e a leitura dos textos a seguir será crucial para a compreensão e aprofundamento de como isso pode ser útil à pesquisa, de como existem várias formas de se construir investigações e de como, ao longo do tempo e em diferentes esferas da sociedade, essas categorias foram trabalhadas e vivenciadas pelos sujeitos históricos. Desse modo, as propostas dos artigos merecem ser sintetizadas para que o leitor as conheça minimamente e, assim, realize suas escolhas. Elas serão, então, apresentadas na mesma ordem em que aparecem no presente dossiê, que, aliás, será encerrado com uma entrevista realizada com Renato Amado Peixoto, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte que respondeu a algumas perguntas feitas pela Equipe Editorial acerca de aproximações entre política e espaço.

O texto O indígena nas revistas do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro: entre o problema e a solução (1839-1845), de Luis Fernando Tosta Barbato, tem por objetivo examinar como o indígena foi tratado dentro das revistas do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) durante o período no qual o cônego Januário da Cunha Barbosa esteve no posto de primeiro-secretário do grêmio. Nessa época a fragmentação territorial do país parecia iminente e o referido instituto passou a procurar construir marcas simbólicas da brasilidade, utilizando, dentre outros, o indígena brasileiro. Luis Barbato procurou analisar, portanto, as diferentes formas como os nativos apareceram no periódico do IHGB, percebendo ambiguidades e disputas internas entre membros da instituição.

Em Es / crer / ver a nação: espacialidade forjada na narrativa barrosiana, de Elynaldo Gonçalves Dantas, o historiador procura fazer uma reflexão sobre a organização do espaço nacional no pensamento do integralista Gustavo Barroso a partir do aporte teórico metodológico da desconstrução derridiana. Como material de análise o autor utiliza um dos capítulos da obra Brasil, Colônia de Banqueiros, onde Barroso utiliza o tropo da animalização para a construção espacial e identitária da nação. Esse exame, no entanto, ultrapassa a compreensão desse documento como texto escrito e considera que o trabalho que adota como a fonte, para sua constituição, recorre a imagens, possui uma dimensão visual que rabisca um quadro do que seria a nação.

O trabalho intitulado Visões da “família provincial do Império”: política e representação do espaço no Brasil do século XIX, da historiadora Pérola Maria Golfeder e Castro, trata das relações entre política e espaço sob a perspectiva das representações do território brasileiro no século XIX. Por meio da análise de compêndios geográficos impressos no Brasil entre as décadas de 1830 e 1870 a professora analisa como as transformações no arranjo institucional do Império influíram na maneira de se enxergar o território brasileiro. Por isso, a autora entende que conhecer o território é, necessariamente, fazer política.

Para Renato Marinho B. Santos, a Intendência Municipal procurou formar uma nova ordem urbana em Natal entre os anos de 1904 e 1929. Dessa maneira, no estudo intitulado Entre Bockham e Babel: a gestão do espaço urbano natalense na primeira República, o autor analisa o funcionamento da Intendência, seus limites de ação, sua relação com o governo do estado, seus mecanismos de atuação na capital. Ele examina também a elite que administrou a cidade do Natal durante a primeira República, pois entende que a formação de uma nova ordem urbana está relacionada aos gestores do município.

Em As lutas políticas dos congadeiros da cidade de Oliveira (MG), 1950-2009, Fernanda Pires examina as lutas políticas enfrentadas pelos participantes da festa do Congado da cidade de Oliveira (MG). Em meio a proibições e permissões os descendentes de escravos lutaram e ainda lutam para conseguirem manifestar sua devoção à Nossa Senhora do Rosário e aos santos padroeiros pelas ruas da cidade e também conquistar o respeito da população local à sua expressão cultural. Por isso, para a historiadora, a luta política dos congadeiros pode ser evidenciada através de diferentes ações como a conquista de espaços públicos de Oliveira, considerados por eles como sagrados e que fazem parte da história de seus antepassados.

Para Carolino Marcelo de Sousa Brito, em Cidades históricas da Chapada Diamantina: patrimônio baiano ou mineiro?, o patrimônio foi um importante vetor no processo de reconhecimento do passado minerador da Chapada Diamantina, Bahia, na década de 1970. Essa região, para o autor, estava em decadência social e econômica desde o declínio da atividade mineradora no final do século XIX e passou a ter dizibilidade e visibilidade por meio do patrimônio histórico, quando teve seus sítios urbanos comparados aos consagrados sítios urbanos mineiros por estudos realizados pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC). Este processo levou ao tombamento dos primeiros sítios urbanos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) entre os anos de 1973 e 1980.

No artigo A cidade e as manifestações coletivas: a constituição da Praça Sete como espaço da expressão política, de Fabiano Rosa de Magalhães, continua o debate em torno das relações entre política e espaço por meio de uma análise inspirada na sociologia das manifestações. Esse texto busca compreender a constituição da referida praça enquanto espaço privilegiado de manifestações políticas, destacando o embate entre diversas forças e suas diferentes concepções sobre o espaço público.

Valores em plenária: moralidades e religiosidades na discussão sobre as “uniões homoafetivas” pelo Supremo Tribunal Federal, artigo de Ricardo Andrade Coitinho Filho, como o título deixa claro, realiza uma discussão em torno da questão jurídica ligada à problemática das uniões homoafetivas. Tal debate percebe o Supremo Tribunal Federal enquanto espaço de disputas no qual questões da moral religiosa surgem enquanto problemáticas em um debate que por natureza é de caráter público.

O artigo Assistência social ou controle sócio-espacial: uma análise das espacialidades políticas da Fundação Leão XII sobre as favelas cariocas (1947-1962), de Igor Martins Medeiros Robaina, tem como foco compreender as relações conflituosas entre grupos que adotavam diferentes posturas em relação ao ativismo político-social no espaço das favelas do Rio de Janeiro. O plano de fundo da discussão é o surgimento da Fundação Leão XIII, criada no dia 22 de janeiro de 1947, de modo que interessa ao autor analisar a articulação entre Estado e Igreja Católica nesse embate.

O trabalho intitulado Movimento Quilombola do Piauí: participação e organização para além da terra, é um texto de dupla autoria escrito por Daniely Monteiro Santos e Solimar Oliveira Lima. Esse escrito apresenta uma reflexão sobre as experiências do Movimento Quilombola no Piauí desde seu início, na década de 1980, até seu fortalecimento nos últimos dez anos. Por meio de uma problemática espacial, a territorialidade, o autor demonstra o desenvolvimento de dispositivos institucionais que ampararam e ampliaram o acesso de tais comunidades a seus direitos.

O último artigo desta edição, Um sacerdote integral: o padre João Maria na narrativa do monsenhor Alves Landim (Natal – RN, 1933-1936), Antonio Ferreira de Melo Júnior investiga um momento notório da história da cidade de Natal. Em 1935 as organizações familiares do estado do Rio Grande do Norte passavam por um momento de crise; ocorrera, ainda o Levante Comunista. Levando isso em consideração, o autor investiga o surgimento de uma identidade católica na capital pautada no padre João Maria Cavalcanti de Brito. Para tanto, ele analisa a narrativa do monsenhor Alves Landim, que desempenhara importante papel na construção da memória do referido padre enquanto seu primeiro biógrafo.

Fechamos nosso número, conforme se tornou perfil da revista, com uma entrevista. Intitulada Para além da história política: História e Historiografia, ela foi feita com Renato Amado Peixoto, que é doutor pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, professor do Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e trabalha com História da Historiografia, cartografia e pensamento católico. Por isso, na presente entrevista, o professor e pesquisador se concentra em questões de História Política, espaço e Historiografia que emergem do seu livro Cartografias Imaginárias, no qual a problemática da formação da nação, dos exercícios de poder sobre o espaço e do papel da cartografia enformando o espaço nacional recebem devido destaque.

Os editores da Revista Espacialidades desejam a todos uma ótima leitura.

Equipe Editorial

Diego José Fernandes Freire

Felipe Tavares de Araújo

Gabriela Fernandes de Siqueira

Priscilla Freitas de Farias

Renan Vinícius Alves Ramalho

Tyego Franklim da Silva


FREIRE, Diego José Fernandes; ARAÚJO, Felipe Tavares de et al. Apresentação. Revista Espacialidades. Natal, v.6, n. 05, 2013. Acessar publicação original [DR]

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Espaços do prazer, prazeres no espaço / Revista Espacialidades / 2012

A revista Espacialidades, em seu 5º dossiê, intitulado Espaços do prazer, prazeres no espaço, procura contemplar os mais variados âmbitos, desde a antiguidade até os tempos atuais. Os artigos presentes neste número são bastante diversificados, mas estão relacionados por analisarem a formação de certos espaços. Para isso, todos eles possuem o tema do prazer como premissa. Seja por meio do prazer proporcionado pela música, pelo lazer, pela leitura, pelo amor ou pelo sexo, os espaços analisados foram desnaturalizados em seu processo de formação.

Espaço e prazer caminham pari passu, seja por um possibilitar o outro, seja por um significar o outro, construindo-o. É nesse sentido que a revista Espacialidades apresenta este número, que conta com artigos que versam sobre o chorinho em Natal, o lazer em Campina Grande, o amor em Porto Alegre, o sexo e o erotismo no Egito Antigo, o fetichismo do romantismo brasileiro, o canto na Igreja do Ocidente Medieval e a fruição literária da paisagem da Ilha de Santa Catarina. Fechando o dossiê Espaços do prazer, prazeres no espaço há uma entrevista sobre esse tema realizada com a renomada historiadora Margareth Rago. Esperamos que o leitor deste novo número aprecie e se deleite.

Equipe Editorial – PPGH-UFRN

Carolino Marcelo de Sousa Brito

Diego José Fernandes Freire

Felipe Tavares de Araújo

Gabriela Fernandes de Siqueira

Vitória Mônica de Andrade Carvalho.


BRITO, Carolino Marcelo de Sousa; FREIRE, Diego José Fernandes; et al. Apresentação. Revista Espacialidades. Natal, v.5, n. 04, 2012. Acessar publicação original [DR]

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Mundo urbano / Revista Espacialidades / 2011

O dossiê “Mundo urbano”, tem a proposta de publicar artigos em que as mais diversas espacialidades presentes no meio urbano fossem discutidas e analisadas.

O dossiê apresentou 10 artigos e uma entrevista, intitulada “Patrimônio urbano entre fronteiras”, realizada com a professora Cristina Meneguello. O principal tema abordado foi a cidade, seus habitantes e seus costumes em várias temporalidades.

Equipe editorial do Volume 4

Carolino Marcelo de Sousa Brito
Renato Marinho Brandão Santos
Saul Estevam Fernandes
Vitória Mônica de Andrade Carvalho


BRITO, Carolino Marcelo de Sousa et al. Apresentação. Revista Espacialidades. Natal, v.4, n. 03, 2011. Acessar publicação original [DR]

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História, espaço e imagens / Revista Espacialidades / 2010

Em 2010 o terceiro volume da Espacialidades foi publicado com o dossiê “História, espaço e imagens”, dialogando os mais diversos usos das imagens nas pesquisas históricas.

O volume contou com 6 artigos e uma resenha crítica. O principal tema abordado foi a cidade e o urbano, a partir de análises que tomam as imagens como fontes fundamentais para o estudo dessas espacialidades.

Roneilson da Silva Santos – Mestrando em História – UFRN.


SANTOS, Roneilson da Silva. Apresentação. Revista Espacialidades. Natal, v.3, n. 02, 2010. Acessar publicação original [DR]

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Espaços: relações de poder / Revista Espacialidades / 2009

Em 2009 foi publicado o segundo volume da Espacialidades, com o dossiê “Espaços: relações de poder”. O volume contou com 7 artigos, abordando diversas temáticas envolvendo a produção dos espaços e o exercício de poder.

Urbano, regionalismo, modernidade, identidade, corpo… foram alguns dos temas discutidos no segundo volume.

Edianne dos Santos Nobre – Mestre em História – UFRN.


NOBRE, Edianne dos Santos. Apresentação. Revista Espacialidades. Natal, v.2, n. 01, 2009. Acessar publicação original [DR]

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Espacialidades / Revista Espacialidades / 2008

Em 2008, um grupo de discentes do recém-criado mestrado acadêmico em História da UFRN, resolveu criar uma revista acadêmica para difundir o conhecimento da área de concentração de seu programa de pós-graduação: História e Espaços. Estes foram os primeiros passos da Revista Espacialidades, criada com a missão de publicar artigos científicos de pesquisas originais da área de História e demais Ciências Humanas, que fizessem um diálogo entre a História e a produção dos Espaços.

Dialogar História e Espaços não é uma tarefa das mais simples. Refletir sobre como o homem produz e pratica os espaços – bem como as formas de se pensá-lo e representá-lo – são caminhos que permitem o historiador a enveredar-se pela árdua tarefa de desnaturalizar os espaços.

Em seu primeiro volume, a Espacialidade publicou o dossiê “Espacialidades”, com cinco artigos e uma resenha. “Fronteira”, “Região”, “Sertão”, “Território”… são algumas das primeiras categorias espaciais discutidas pela revista.

Edianne dos Santos Nobre – Mestre em História – UFRN.


NOBRE, Edianne dos Santos. Apresentação. Revista Espacialidades. Natal, v.1, n. 00, 2008. Acessar publicação original [DR]

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Espacialidades

Revista Espacialidades Espacialidades

A Revista Espacialidades (2008-) é uma publicação com periodicidade semestral dos discentes do Programa de Pós-Graduação em História – área de concentração em História e Espaços -, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, campus de Natal – RN.

Sua proposta é transdisciplinar com as diversas áreas do conhecimento em que o Espaço é utilizado como categoria de análise e compreensão das ações humanas, tais como a Antropologia, Sociologia, Geografia, Arquitetura e Urbanismo, entre outras. A revista não conta com restrições quanto a titulação acadêmica dos(as) autores(as) que venham a contribuir com manuscritos em suas publicações.

O periódico eletrônico existe desde 2008 e até 2015 era uma publicação anual. Porém, a partir de 2016 tornou-se uma publicação semestral, sendo publicado, após uma chamada pública, a primeira edição do ano em junho e a segunda edição em dezembro. Também são aceitos artigos em fluxo contínuo.

Esta revista oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona maior democratização mundial do conhecimento.

ISSN 1984-817X

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