Introdução à literatura infantil e juvenil atual | Teresa Colomer

Conteúdo indispensável na formação de professores da educação básica, os fundamentos de uma teoria da literatura infantil e juvenil são importantíssimos na formação desse profissional, bem como para bibliotecários, especialistas em educação e demais formadores de leitores e mediadores de leitura. Portanto, a obra da professora e pesquisadora espanhola Teresa Colomer, Introdução à literatura infantil e juvenil atual é fundamental na biblioteca de todos aqueles que lidam ou se interessam pela temática, seja nas formações iniciais ou em serviço. A mesma autora de A formação do leitor literário (Global, 2003) e Andar entre livros (Global, 2007), nos presenteia com essa versão reelaborada e atualizada do livro publicado no finalzinho do século passado, em 1999, na Espanha. A presente edição, até então inédita no Brasil, foi traduzida pela também especialista em literatura para crianças, Laura Sandroni.

Com sua característica de manual introdutório, o livro, com 336 páginas e organizado em cinco capítulos de discussão, mais introdução e dados bibliográficos, dá uma panorâmica da literatura destinada aos leitores crianças e jovens, tratando de sua função, mediação, características e critérios de seleção. A obra também, ao mesmo tempo em que proporciona uma reflexão sobre a história da produção literária para crianças e jovens, apresenta sugestões de atividades práticas, além de uma lista extensa, dividida em vários quadros, de obras a serem trabalhadas em diferentes níveis educacionais. Leia Mais

Série Verbetes Enciclopédicos | Angela Paiva Dionisio

Na contemporaneidade, é comum o aparecimento de novas formas de leitura que extrapolam recursos linguísticos. Os textos que circulam na escola, por exemplo, combinam imagens com palavras, dentre outras semioses, exigindo, assim, competências do aluno, além do domínio do código linguístico, de modo que seja possível dar sentidos aos textos lidos dentro e fora do contexto escolar.

Essa junção de modos semióticos distintos justifica o fenômeno da multimodalidade como ferramenta que subsidia os indivíduos na leitura/interpretação de textos multissemióticos (DIONISIO; VASCONCELOS, 2013), cabendo, portanto, à escola, enquanto instância privilegiada para a exploração de práticas de letramentos, propiciar eventos de leitura desses tipos de textos, a fim de que possa desenvolver uma aprendizagem mais eficiente. Leia Mais

A formação docente do PIBID Letras. Alguns recortes de experiências | Alexandra Santos Pinheiro e Rita Maria Decarli Bottega

O livro “A formação docente do PIBID Letras no Brasil: reflexões e (con)vivências”, organizado pelas autoras Alexandra Santos Pinheiro e Rita Maria Decarli Bottega, e publicado pela editora Pontes em 2014, reúne artigos que relatam experiências vivenciadas em subprojetos do PIBID Letras de 8 universidades brasileiras, localizadas em cinco estados das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. A inquestionável validade do PIBID para a formação do licenciando dos cursos de Letras é o tema gerador do livro e uma posição partilhada pelos 11 subprojetos, cujo relato das atividades e/ou reflexão de conceitos e metodologia de trabalho compõe(m) a obra. Apesar dessa posição partilhada, os 10 capítulos que integram a obra distinguem-se pela natureza das atividades realizadas em cada subprojeto e/ou por buscarem embasamento teórico em proposições teóricas distintas, ainda que o alvo seja a formação do professor de língua portuguesa.

O capítulo 1, “Formação inicial dos docentes de letras na UFT – Experiências a partir da interdisciplinaridade”, discute as dificuldades enfrentadas com o trabalho interdisciplinar no âmbito do Projeto PIBID-PIBID, envolvendo os cursos de licenciatura em Letras, História, Biologia e Geografia da UFT. Dentre as considerações que o capítulo apresenta para o professor de língua portuguesa, ressaltam-se: a necessidade de repensar conteúdos tradicionais, que valorizam apenas conhecimentos linguísticos e literários em detrimento do desenvolvimento de habilidades e competências, as quais devem ser contempladas; e a necessidade de valorizar “discussões sociais” na proposição de conteúdos conceituais e metodologias de ensino. Leia Mais

Modelos didáticos de gêneros textuais. As construções dos alunos professores do PIBID Letras inglês | Lidia Stutz

Esta obra, organizada por Lidia Stutz, professora adjunta da Universidade Estadual do Centro-Oeste de Guarapuava -PR (UNICENTRO), apresenta uma coletânea de cinco modelos didáticos (MD) de gêneros textuais realizados no âmbito do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), desenvolvidos por alunos de letras: língua inglesa, da referida instituição. Além dos cinco capítulos dedicados à apresentação dos MD, a obra conta com um prefácio da professora Vera Lúcia Lopes Cristóvão, da Universidade Estadual de Londrina, e posfácio do professor Kleber Aparecido da Silva, da Universidade de Brasília. Após o prefácio, antes de sermos apresentados aos MD propostos, podemos conhecer o funcionamento do PIBID Letras-inglês, na apresentação da organizadora da obra, e o local onde as intervenções didáticas foram realizadas, no capítulo escrito por Priscila A. da Fonseca Lanferdini, supervisora do grupo PIBID Letras-inglês de Guarapuava. Finalizando a obra, podemos conhecer um pouco mais sobre cada autor em suas respectivas biodatas.

O prefácio da obra inicia-se com uma comparação entre os protestos de junho de 2013, no Brasil, dentre eles, aqueles que reivindicavam mais qualidade para a educação, com os protestos ocorridos no Chile, em 2006. Cristóvão interroga, quando mencionamos qualidade na educação, o que realmente estamos querendo dizer. Para tanto, recorre a uma entrevista [1] de Paulo Freire concedida ao educador Moacir Gadotti, em 1993, em que tratou sobre a importância de se valorizar as dimensões regionais “para compreender a cultura multiculturalmente” (p. 8). A valorização do trabalho multicultural depende da recriação de táticas diárias para se explorar de modo amplo o sentido desse trabalho multicultural na educação. Leia Mais

Como fazer relatórios de pesquisa | investigações sobre ensino e formação do professor de língua materna | Wagner Rodrigues Silva

O livro “Como fazer relatórios de pesquisa investigações sobre ensino e formação do professor de língua materna”1, de Wagner Rodrigues e Silva e Luiza Helena de Oliveira da Silva, aborda um tema importante para os alunos de licenciaturas, por que, nesses cursos, vários professores pedem relatórios de pesquisa ou de estágio, porém nenhum deles deixa bem claro como eles querem que esses sejam construídos, nem tampouco nos dá modelos para que possamos segui-lo. Esse livro de Wagner e Luiza trazem exemplos bem didáticos e cristalinos para que possamos nos espelhar, facilitando assim nossa vida acadêmica.

Os organizadores desse livro são professores adjuntos da Universidade Federal de Tocantins, no Campus Universitário de Araguaína. Ambos lecionam a Linguística Aplicada na graduação e pós-graduação em Letras. Os dois já publicaram alguns capítulos de livros e artigos em periódicos importantes. As colaboradoras do livro são: Lucia Teixeira, que é professora da Universidade Federal de Tocantins; Elcia Tavares, Geovana Dias Lima e Nadizenilda Sobrinho que são professoras de Educação Básica e fazem ou fizeram parte dos grupos de pesquisas PIBID e CNPq na Universidade Federal de Tocantins, na época da publicação do livro, aos quais os autores também estavam ligados.

Teixeira faz uma avaliação bastante positiva no prefácio do livro Ela ressalta que essa obra tem o intuito de mostrar, de forma clara, que é possível construir um relatório prazeroso de se ler. Para tal, a obra apresenta resultados de três pesquisas científicas. Na criativa apresentação chamada Demandas de Relatório de Pesquisa na Formação do Professor, a autora afirma que o objetivo de apresentar os modelos de relatórios de pesquisas é ajudar o leitor a ficar íntimo dos trabalhos específicos desse gênero, suas características, compreensões e limitações. Esses modelos de relatórios podem ser feitos nos mais distintos campos acadêmicos.

Após apresentação, os três capítulos que compõe a obra são, na verdade, três relatórios de pesquisa. Os autores Silva e Tavares apresentam no primeiro relatório intitulado Práticas de Análise Linguística em Abordagens Didáticas Interdisciplinares, abordando em um primeiro momento que a gramática tradicional tem passado por conflitos e tensões, porque há estudiosos nessa área que estão tentando inovar o ensino gramatical nas escolas. Pesquisadores junto à escola tiveram como objetivos claros investigar as dificuldades encontradas no trabalho interdisciplinar pelos estagiários supervisionados em língua portuguesa, examinar as práticas pedagógicas, colaborar para o ensino da gramática e ajudar o professor a organizar suas aulas na perspectiva de projetos didáticos.

Em seguida os autores mostram de forma relevante que a análise linguística tem sido agraciada cientificamente em suas práticas na Educação Básica escolar, ao começar a estudar o letramento e a interdisciplinaridade. Por fim, os professores citam que a abordagem transdisciplinar está correlacionada com a Linguística Aplicada. A discussão teórica dos professores mostra de forma objetiva os conceitos estudados para orientar e refletir as teorias utilizadas no livro.

O segundo relatório de pesquisa, cujo título é Leituras de Textos Pluricódigos Mediadas por Professores em Formação, de autoria de Silva e Lima, de forma bem didática e inteligente, analisa alguns ensaios de práticas pedagógicas dos estagiários de Língua Portuguesa. Tais práticas utilizam diversos gêneros textuais, textos pluricódigos, assim como também o fazem os docentes atuantes, que precisam de subsídios teóricos que os auxiliem na leitura dos mais diversos tipos de gêneros. Os gêneros são organizados por intermédio do movimento das linguagens verbal (textos de jornais, gráficos, entre outros) e não verbal, música (rap, samba, MPB) e visual (quadrinhos, reportagens, charges). As autoras defendem que os docentes necessitam aprender a relacionar as leituras verbais e não verbais entre si.

A preocupação das autoras nesse trabalho foi “apontar possibilidades de tratamento do texto na escola a partir de pressupostos da semiótica discursiva” (p.50). Nesse contexto, os sentidos são produzidos “de uma construção do sujeito em sua relação sensível e inteligível com o objeto” (p.51).

As professoras definiram a seguir os objetivos da pesquisa, os quais foram refletir teoricamente a respeito da leitura semiótica de textos com estruturas de linguagem verbal e não verbal; observar os estagiários e analisar como esses estudantes procedem seu trabalho com a leitura de textos de múltiplos gêneros. Essa pesquisa teve como embasamento teórico os sistemas semióticos do discurso e seus benefícios para a leitura de textos compostos por diferentes linguagens. Como resultado observou-se que os estagiários, seguindo o PCN (BRASIL, 1999) e estando de acordo com as teorias do Estágio Supervisionado, estão procurando usar novas estratégias ao livro didático, para que com isso possam encontrar outras formas mais eficientes para uma aprendizagem significativa do aluno.

No relatório da terceira e última pesquisa, cujo nome é: Práticas de Escrita em Situações Didáticas produzidas por Professores em Formação, Silva e Rego, de forma objetiva, ressaltam que se interessam por investigar como os acadêmicos do curso de Licenciatura em Letras estão conduzindo seus saberes didáticos sobre a escrita em um contexto interdisciplinar e, finalizando, mostram quais resultados refletem na escrita dos alunos da educação básica.

Os objetivos dessa pesquisa foram, primeiramente, saber como o graduando aprende os diversos saberes da Língua Portuguesa durante suas aulas presenciais em disciplinas de estágio supervisionado; em seguida, identificar e descrever a forma como esses se apropriam de saberes sobre a escrita em cenas de aulas gravadas em vídeos e, por último, fazer uma análise dos dois resultados anteriores, comparando-os. Para tal, foram utilizados os dados obtidos nas observações de aula da Língua Materna: anotações de campo, relatos ponderados dos estagiários da área, atividades didáticas escritas, transcrições das aulas em vídeos e outras atividades propostas pelos professores supervisores. A discussão teórica e análise dos dados pesquisados ficaram em torno dos “Gêneros como elementos mediadores numa didática diferenciada” (p. 86).

Os autores, prudentemente, finalizam o relatório informando que eles não tiveram a pretensão de mostrar conclusões ou soluções fixas para as questões da pesquisa. Porém, desejaram conhecer e entender as inumeráveis dificuldades enfrentadas em sala de aula, para, com isso, colaborar com o professor na superação dos problemas de sua laboriosa tarefa e, ao superá-los, que os docentes possam fortalecer os discentes que, por razões diversas, estão em situações críticas diante da sociedade. Os autores retomam a escrita como eixo da pesquisa e findam com essa paráfrase de Stubs: (2005) “uma competência na língua escrita pode ser claramente uma chave na educação e no sistema social(…) do cidadão que deveria se formar crítico.” (p.2)

Essa obra se destina aos graduandos e pós-graduados, que participam de grupos de pesquisa e necessitam fazer seu relatório no final de cada pesquisa, com o intuito de o publicar em algum periódico científico. Recomendamos a leitura do livro Como Fazer Relatórios de Pesquisa Investigações Sobre Ensino e Formação do Professor de Língua Materna em que os autores trazem, de forma objetiva e didática, modelos práticos e essenciais que auxiliam na construção de relatórios coerentes, coesos, convincentes e agradáveis de se ler.

Nota

1. Esta resenha foi produzida na disciplina Práticas textuais II, do curso de Pedagogia da UFJF, que tem o objetivo de abordar gêneros acadêmicos (2º semestre de 2014).

Referência

SILVA, Wagner Rodrigues e SILVA, L. H. O. Como fazer relatórios de pesquisa: investigações sobre ensino e formação do professor de língua materna. Campinas: Mercado de Letras, 2010.


Resenhista

Helena Martins de Paiva – Graduada em Pedagogia pela Universidade de Juiz de Fora (2016). E-mail: [email protected]


Referências desta resenha

SILVA, Wagner Rodrigues; SILVA, Luiza Helena Oliveira da. Como fazer relatórios de pesquisa: investigações sobre ensino e formação do professor de língua materna. Campinas: Mercado de Letras, 2010. Resenha de: PAIVA, Helena Martins de. Revista Práticas de Linguagem. Juiz de Fora, v.6 especial, p.135-137, 2016. Acessar publicação original [DR]

Letramentos sociais: abordagens críticas do letramento no desenvolvimento, na etnografia e na educação | Brian Street

Tomando como base os conceitos e concepções acerca dos estudos sobre letramento e suas implicações para as práticas sociais dos sujeitos, estudos revelam que esse termo vem sofrendo ressignificações devido às mudanças sociais ocorridas nos últimos tempos, bem como às pesquisas realizadas em diversos campos que se dedicam ao estudo da escrita e seus impactos na sociedade. Tais ressignificações mostram, entre outros, que o papel da escola é ampliar o letramento dos alunos, para que estes possam desenvolver capacidades de leitura e escrita em diversos contextos sociais, com vistas à participação ativa na sociedade.

A produção de estudos e pesquisas no Brasil sobre letramento, desde a década de 90, é bastante vasta. Autoras de referência que pesquisam o tema, como Magda Soares, Roxane Rojo, Ângela Kleiman, têm como referencial também os trabalhos de Brian Street, o que mostra a importância da tradução desta obra para a nossa realidade. O livro Letramentos sociais: abordagens críticas do letramento no desenvolvimento, na etnografia e na educação vem contribuir com a comunidade acadêmica brasileira, sendo mais um dos trabalhos de Street traduzidos para a língua portuguesa [1]. Escrito originalmente em inglês por Brian Street, e traduzido por Marcos Bagno em 2014, a obra propõe uma reflexão sobre o letramento como prática social e ressalta a natureza social e cultural da leitura e da escrita, considerando o caráter múltiplo das práticas letradas. Para isso, o livro se divide em cinco seções, estas subdividas em capítulos, nas quais o autor discute alguns conceitos e concepções sobre o letramento. Leia Mais

Coisas que todo professor de português precisa saber: a teoria na prática. | Luciano Amaral Oliveira

O livro Coisas que todo professor de português precisa saber: a teoria na prática aborda o ensino da língua sob uma ótica pragmática, ou seja, levam-se em conta os usos da língua, seus falantes e os seus contextos de uso. Logo, o enfoque principal é permitir aos professores que se apropriem das concepções teóricas relativas ao ensino de Língua Portuguesa (LP), para que possam transmiti-los aos seus alunos conforme a vertente sociointeracionista de ensino.

O autor, Luciano Amaral Oliveira, atua principalmente nas áreas de leitura e produção textual, ensino de língua portuguesa e semântica. Professor da Universidade Federal da Bahia, é graduado em Economia, mestre e doutor em Letras e Linguística pela mesma instituição. Desenvolve pesquisas na área de estudos críticos do discurso e ensino pragmático de gramática, voltados para a formação e conscientização dos professores em relação aos aspectos discursivos da língua. Leia Mais

Sintaxe para a educação básica. Com sugestões didáticas, exercícios e respostas | Celso Ferrarezi Júnior

Embora intitulado “Sintaxe para a educação básica”, o livro de Ferrarezi Jr. é destinado aos professores e aos demais interessados no conhecimento explícito da gramática da frase do português brasileiro.

O livro é dividido em seis momentos, quais sejam, Introdução, Para começar a jornada, A organização da língua, Os diferentes tipos de sintagmas, Os tipos de frases e Uma conversa final. Além disso, as respostas dos exercícios propostos são apresentadas ao final destas seções. Leia Mais

Todos alfabetizados no primeiro ano | Kathleen Floriano Irizaga

A partir dos anos de 1980, com a contribuição dos trabalhos de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, o aprendizado e o ensino da escrita e da leitura, começaram a ser pensados para além da habilidade de codificar e decodificar códigos do sistema alfabético, mas passaria a ser valorizado, também, o uso da língua em diferentes situações ou contextos sociais, com sua diversidade de funções e suas diferenças no modo de falar e/ou escrever, já que a língua é um sistema concebido na interação verbal, que pode se apresentar através de textos, falados ou escritos. Por isso, o desenvolvimento das capacidades linguísticas necessárias para se aprender a ler e escrever, de modo a compreender situações diversas de comunicação, não acontece espontaneamente, precisam ser ensinadas.

O livro “Todos Alfabetizados no primeiro ano”, escrito por Kathleen F. Irizaga, apresenta um relato sobre sua prática docente desenvolvida em uma turma de primeiro ano do Ensino Fundamental de uma escola pública em Porto Alegre, RS. Seu principal objetivo, nessa ocasião, era que todos os seus alunos finalizassem o ano letivo alfabetizados. Leia Mais

Letramentos no ensino médio | Ana Lúcia S. Souza

Não é por acaso que “Letramentos no ensino médio”, de autoria de Ana Lúcia Souza, Ana Paula Corti e Márcia Mendonça, emprega a palavra “letramentos”, no plural. Considerando o letramento um conjunto de práticas sociais diversificadas ligadas à cultura escrita, as autoras propõem atividades que podem transformar a sala de aula em um espaço de discussão, prática e reflexão sobre os textos que circulam em nossa sociedade. Dessa forma, consideram que o Ensino Médio pode ficar mais interessante e mais ligado às demandas com que lidamos socialmente, na atualidade.

A obra, publicada pela editora paulista Parábola e com projeto gráfico de livro paradidático, apresenta 110 páginas que mesclam, de forma leve e responsável, teoria e prática para o professor. Lançado como parte da série Estratégias de Ensino, o livro tem, claramente, como público-alvo o professor de Ensino Médio, já que, em diversos boxes e mesmo no texto central, dirige-se ao docente, sugerindo-lhe abordagens e atividades para executar com seus alunos. Leia Mais

A imagem nos livros infantis: caminhos para ler o texto visual | Graça Ramos

A literatura infantil vive seu auge no mercado editorial. A produção de livros de leitura no Brasil que, no início do século XX, priorizava a composição e a elaboração mais aprimorada da linguagem escrita, passa a ter como destaque, na atualidade, a articulação da linguagem visual. Na obra A imagem nos livros infantis: caminhos para ler o texto visual, de Graça Ramos, publicada pela Editora Autêntica em 2011, a autora explora a temática da linguagem visual como um recurso de valor igualitário e, muitas vezes, imprescindível na produção de livros infantis.

Trata-se de uma obra pertencente à série Conversas com o professor – uma coleção organizada por Sônia Junqueira, com o intuito de facilitar ao professor o acesso ao conhecimento acadêmico. Nesse trabalho, Graça Ramos traz algumas questões sobre a literatura infantil, como o percurso histórico da arte da ilustração disposta nos livros infantis, explicita as denominações ou classificações mais indicadas para os livros infantis, além de apontar como a imagem foi ocupando lugar de centralidade na produção editorial. A obra apresenta uma linguagem poupada do uso acentuado de expressões puramente acadêmicas e apresenta-se acompanhada de ilustrações de diferentes livros de literatura infantil, expostas em constante diálogo com a produção escrita. Leia Mais

Análise e produção de textos | Leonor Werneck Santos e Rosa Cuba Riche

Conhecida por publicar livros de especialistas destinados a orientar e a capacitar professores de línguas e estudantes de Letras e Pedagogia nas recentes inovações de teorias e práticas linguísticas, a coleção LINGUAGEM & ENSINO lançou no ano de 2012 o livro “Análise e produção de textos”, da autoria de Leonor Werneck Santos, Rosa Cuba Riche e Claudia Souza Teixeira. A obra tem como principal objetivo instrumentalizar o professor de Língua Portuguesa (LP) do ensino fundamental (EF) a contemplar as três práticas centrais de linguagem sugeridas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN): leitura, produção textual e análise linguística.

O livro foi escrito por três autoras conceituadas no âmbito da pesquisa sobre ensino de LP e Literatura no Brasil. Leonor Werneck Santos é doutora em LP pela UFRJ, onde leciona desde 1995. Rosa Cuba Riche é doutora em Teoria da Literatura pela UFRJ. É professora de Língua Portuguesa, Literatura Brasileira, Práticas de Ensino desde o ano 2000. Claudia Souza Teixeira é doutora em Língua Portuguesa pela UFRJ. Atualmente é professora de LP, Literatura Infantil e Juvenil e de Metodologia da Pesquisa do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ). Todas têm vasta experiência tanto em sala de aula como professoras de língua, quanto em cursos de formação inicial e continuada de docentes, além de publicações de livros e artigos na área de linguística aplicada ao ensino de LP. Leia Mais

Falar, ler e escrever em sala de aula | Stella Maris Bortoni-Ricardo

O primeiro volume da série “Ensinar leitura e escrita no ensino fundamental”, intitulado “Falar, ler e escrever em sala de aula: do período pós-alfabetização ao 5° ano” abarca, fundamentalmente, importantes reflexões sobre o ensino da escrita e leitura do período posterior à alfabetização até o 5° ano. Essa obra, coordenada pela doutora em Linguística Stella Maris Bortoni-Ricardo, com auxílio de sua orientanda Maria Alice Fernandes de Souza, é resultado de uma pesquisa sociolinguística que ainda hoje permanece em andamento.

A produção é destinada a professores que estão atuando em sala de aula, à formação inicial e continuada. Com a intenção de promover uma reflexão sobre o que tem ocorrido nas escolas brasileiras, o livro apresenta várias fontes de debates e sugestões de intervenções para os leitores.

O livro é sistematizado com uma introdução, seguida por quatro unidades, em cujo interior há aulas, as quais são fontes essenciais de análise e sugestões de trabalho. A maioria das aulas possui os tópicos “Refletindo juntos”, “Saberes que colhemos na comunidade, saberes que colhemos nos livros” e “Trocando mensagens”, salvo algumas exceções. As autoras facilitam a compreensão da leitura ao identificarem a idade e a turma a que se destinam as aulas. Outro aspecto facilitador são os boxes existentes ao lado das páginas, que são constituídos por explicações e referências das fontes de estudo sobre o tema trabalhado na lauda. Um aspecto crucial que as autoras explicitam na introdução é a concepção de ambas sobre a língua materna, já que é por meio dessa fundamentação que o trabalho será analisado.

A primeira unidade, “Falar, ler e escrever em sala de aula”, possui quatro aulas; a primeira, terceira e quarta se referem à reflexão sobre variantes linguísticas. A professora realizou um trabalho com diferentes turmas; todas as atividades foram pautadas no pressuposto da existência de variações da língua, trazendo na quarta e última aula da unidade o conhecimento sobre três conceitos dos contínuos que se relacionam com tal variação. Na segunda aula, a docente desenvolveu uma atividade sobre o tipo textual instruir; com esse movimento, trabalhou as características próprias dessa tipologia e salientou a relevância social que esses saberes abarcam.

Na segunda unidade, “Modos de falar, modos de escrever”, três aulas subsidiaram a pesquisa. As pesquisadoras permaneceram analisando a mesma turma na primeira e segunda aulas, nas quais há um trabalho sobre a influência que a linguagem oral traz à escrita. Com o auxílio do dicionário e outros suportes, a professora levantou uma rica discussão sobre o que é próprio da escrita e da oralidade. Já na terceira aula, em outra turma, as docentes exploraram os conceitos de tempos verbais e suas funcionalidades.

Duas aulas são ministradas na terceira unidade: “Produzindo diferentes gêneros de texto”. Uma tem como objetivo construir o conceito de “diagrama sequencial”, ensinando, assim, às crianças a construírem narrativas; e fazer com que elas tenham seu repertório de vocabulário ampliado, dando destaque para a escrita e reescrita de textos. À última aula restou a construção do sentido da tipologia instruir, em que a professora mencionou o que significa sentido comum e figurado.

“Revisando conceitos básicos” é o título da última unidade do livro que, como sugerido, faz uma revisão do projeto realizado em todas as outras unidades. Traz, ainda, uma peça teatral infantil sobre festas juninas e sua suposta utilidade para a realização de outras atividades que contemplem o uso de gêneros textuais. Finalizando, as autoras dão ênfase aos debates que aconteceram durante a pesquisa e suas implicações.

Sem sombra de dúvidas, a produção das pesquisadoras é extremamente válida no âmbito educacional, visto que trata de temas atualizados e relevantes no campo da Linguística Aplicada ao Ensino da Língua Portuguesa, sobretudo nos anos iniciais, etapa educacional muitas vezes pouco contemplada com os estudos aqui relatados. De maneira exemplar, conclui-se que os principais objetivos foram cumpridos. Positivamente as autoras fazem com que a pesquisa se relacione com a comunidade onde ela é realizada, fornecendo exemplos para outras instituições educacionais. Em contrapartida, ao longo do trabalho, senti a falta de explicações e reflexões embasadas teoricamente, que provavelmente dariam ainda mais sentido ao trabalho.


Resenhista

Vanessa Almeida Stigert – Graduanda do Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Juiz de Fora. E-mail: [email protected]


Referências desta resenha

BORTONI-RICARDO, Stella Maris; SOUZA, Maria Alice Fernandes. Falar, ler e escrever em sala de aula: do período da pós-alfabetização ao 5° ano. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. Resenha de: STIGERT, Vanessa Almeida. Revista Práticas de Linguagem. Juiz de Fora, v.2, n. 2, p.117-119, jul./ dez. 2012. Acessar publicação original [DR]

Norma Culta Brasileira: desatando alguns nós | C. A. Faraco

Este livro trata de questões relativas à norma linguística e de problemas derivados do conservadorismo exagerado, em relação à Língua Portuguesa, presente na cultura nacional. O autor destaca, de forma clara, que o ensino de língua materna não considera a diversidade linguística, pois, ainda hoje, a maioria dos educadores desprivilegia a existência de uma língua formada por várias normas, e assim tentam impor apenas uma como legítima. Este é o ponto de partida para a presente obra, pois nele, Faraco busca argumentar sobre a relevância de se repensar a língua e os preconceitos intrínsecos a ela. Para tal, o autor apresenta um feliz panorama que engloba desde questões referentes às distintas denominações existentes em relação ao português, como: norma culta, norma gramatical, gramática da língua culta, língua padrão, língua certa, língua cuidada e língua literária; até questões que envolvem o histórico da Gramática e a relação entre a variação linguística e a escola.

O estudo divide-se em cinco capítulos, nos quais, ao final, objetiva levar a um questionamento sobre a forma de ensino-aprendizagem da língua portuguesa presente no atual sistema de educação, e propõe uma pedagogia variacionista, na qual a língua é vista de forma heterogênea, que relaciona-se diretamente com questões culturais e políticas. Leia Mais

Letramentos múltiplos, escola e inclusão social | Roxane Rojo

Um dos temas mais discutidos na relação escola-cidadão, atualmente, é a questão do letramento. Desde os estudos precursores, no Brasil, de Magda Soares, o letramento vem sendo cada vez mais debatido e ampliado, como comprova o mais recente livro de Roxane Rojo (Letramentos múltiplos, escola e inclusão Social. São Paulo: Parábola, 2009).

Doutora em linguística aplicada ao ensino línguas pela PUC- SP e professora do curso de letras e do programa de pós-graduação em linguística aplicada da UNICAMP, Roxane Rojo tem se dedicado a pesquisas, consultorias e assessorias junto a entidades públicas e privadas relacionadas à educação, tendo se empenhado, ultimamente, nos estudos acerca do letramento e suas derivações. Leia Mais

A arte de ler ou como resistir à adversidade | Michèle Petit

Abordagens teóricas sobre leitura e suas consequências na vida das pessoas têm sido relativamente comuns ultimamente. Não tão comum assim, contudo, é a tentativa de conciliar semelhante perspectiva a atividades próprias da psicoterapia e suas derivações, como procura fazer Michéle Petit em seu mais recente livro (A arte de ler ou como resistir à adversidade).

Refletindo sobre a atuação da leitura em lugares onde a crise é particularmente intensa (situações de guerra e violência, contextos de deslocamentos populacionais e recessões econômicas etc.), a autora começa lembrando que, em tais situações, a leitura poderia contribuir tanto na reconstrução de si mesmo quanto na promoção de uma atividade psíquica saudável. Nesse sentido, defende a apropriação da literatura nessa tarefa, na medida em que a literatura, além de mais crítica, torna-se mais capaz de explorar melhor a experiência humana. Semelhante atividade, completa a autora, tem sido desempenhada pelos mediadores de livros, cuja principal função seria auxiliar na compreensão da literatura como instrumento de organização e transformação da própria história dos leitores. São esses mediadores culturais que criam uma “abertura psíquica” (p. 50), revelando ao leitor o universo dos livros e da literatura, prática na qual a oralidade desempenha papel imponderável. Leia Mais

Das Leituras ao Letramento Literário | Graça Paulino

Graça Paulino é uma intelectual mineira dedicada à formação de professores e à reflexão sobre leitura literária em sua dimensão social. Em seu novo livro, Das leituras ao letramento Literário (1979-1999), concepções sobre a leitura e a literatura – inicialmente – e o letramento literário, logo depois, indicam sua atualização e ineditismo como pesquisadora.

A obra é uma coletânea de artigos que Graça Paulino publicou entre duas datas importantes em sua trajetória intelectual: 1979, ano em que se tornou mestre em Teoria Literária (FALE/UFMG) e 1999, ano em que a expressão “letramento literário” foi apresentada à ANPED – Associação Nacional de Pesquisa em Pós Graduação. Leia Mais

Práticas de Linguagem | UFJF | 2011

Praticas de Linguagem Práticas de Linguagem | UFJF | 2011

Análise crítica do discurso: do linguístico ao social no gênero midiático | Cleide Emília Faye Pedrosa

Pelo título – Análise Crítica do Discurso: do linguístico ao social no gênero midiático – o trabalho já demonstra o caminho a ser percorrido pelos leitores: uma reflexão sobre o gênero discursivo “Frase”, levando em consideração os aspectos da disciplina Análise Crítica do Discurso (ACD). Situando os estudos dos gêneros textuais e da ACD em um contexto universal.

Cleide Emilia Faye Pedrosa, autora do livro, é uma pesquisadora que se destaca com vasta e qualificada produção acadêmica sobre a ACD e também sobre os gêneros textuais. Pedrosa é doutora em Letras pela UFPE, e pósdoutora pela UERJ. Atuou na Universidade Federal de Sergipe de 1997 a março de 2009, como professora de Linguística, e coordenou o Mestrado em Letras de 2007 a janeiro de 2009. Atualmente é professora adjunta na UFRN. É membro da Academia Brasileira de Filologia, UERJ, como sócio correspondente pelo Estado de Sergipe. Membro do corpo editorial da revista LETRAS, da Universidad Pedagógica Experimental libertador, Instituto Pedagógico de Caracas, Venezuela. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Linguística Aplicada, atuando principalmente nos seguintes temas: discurso religioso, gênero textual, análise crítica do discurso, domínio jornalístico e enquadres. Atuou como professora-autor da UAB, em Sergipe, na disciplina Linguística em 2007 e 2008. Leia Mais

Produção textual na universidade | Désirée Motta-Roth e Graciela Rabuske Hendges

Entre as etapas da comunicação científica está a produção textual, responsável por dar corpo e divulgação aos resultados, parciais ou finais, de um trabalho. Antes mesmo que uma pesquisa tenha início, é necessário produzir um texto, isto é, um projeto, por meio do qual seja possível conhecer a intenção dos cientistas proponentes, assim como seus conhecimentos sobre estado da arte na área, metodologia a ser empregada, cronograma, custos e resultados esperados. A escrita, então, atravessa todas as etapas das produções acadêmicas.

A obra Produção textual na universidade, das linguistas Désirée MottaRoth e Graciela Rabuske Hendges, docentes da Universidade Federal de Santa Maria (RS), trata dos gêneros do domínio acadêmico-científico. A generalidade do título é coerente com a proposta do livro, que não se limita a tratar de resenhas, artigos e projetos de uma ou outra área do conhecimento. As autoras, cuidadosamente, recolhem dados e exemplos sobre a composição e os movimentos retóricos de textos que circulam em diversas áreas, dando à discussão, portanto, um tom de diversidade muito importante para quem aprende a redigir na academia. Por toda a obra, dispensam-se regras generalistas sobre como fazer resumos ou artigos, a favor da explicação de movimentos retóricos que são mais comuns em uma ou em outra área, sem julgamentos de valor sobre a importância de cada uma delas. Leia Mais