La possession de Loudun – DE CERTEAU (RMA)

CERTEAU, Michel de. La possession de Loudun. Paris: Gallimard ed., 2005. Resenha de: COSTA, Otávio Barsuzzi da. Revista Mundo Antigo, v.6, n.12, jun., 2017.

Biografia

Nascido em Chambéry, em maio de 1925. De uma formação ecleticamente invejável, formou-se em Filosofia, História, Teologia e Letras Clássicas nas universidades de Grenoble, Lyon e Sobornne, em 1950, ele ingressa na companhia de Jesus; em 1956 é ordenado sacerdote e vive como jesuíta onde é formado teólogo pelo seminário jesuíta de Lyon. Se preocupa com estudos de método de e analise de textos ascéticos e místicos da renascença. Erudito e jesuíta, Michel de Certeau é um nome bastante conhecido na academia de ciências humanas. Ocupando cadeiras de universidades americanas de peso tais como Universidade da Califórnia e San Diego, mais tarde ocupará uma cátedra de “Antropologia Histórica das Crenças, na École des hautes études en sciences sociales (Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais) se torna um autor fundamental em todas ciências sociais. Leia Mais

O misticismo apocalíptico do apóstolo Paulo. Um novo olhar nas Cartas aos Coríntios na perspectiva da experiência religiosa – MACHADO (RMA)

MACHADO, Jonas. O misticismo apocalíptico do apóstolo Paulo. Um novo olhar nas Cartas aos Coríntios na perspectiva da experiência religiosa. São Paulo, Paulus, 2009, 294 pp., Resenha de: FUNARI, Pedro Paulo A. O misticismo apocalíptico do apóstolo Paulo. Um novo olhar nas Cartas aos Coríntios na perspectiva da experiência religiosa. Revista Mundo Antigo, v. 6, n. 12, jun., 2017.

Paulo de Tarso já foi considerado o grande fundador do Cristianismo, o apóstolo dos gentios, aquele que transformou uma seita judaica numa religião de aspiração universal. Outros discordaram dessa avaliação, mas não há dúvida que Paulo continua a constituir um dos mais importantes personagens históricos, tanto pelo que escreveu e chegou até nós, como por tudo que inspirou nos pósteros. O que seria da Reforma Protestante, sem sua leitura de Paulo? Jonas Machado, mestre em Teologia e doutor em Ciências da Religião, aceitou o desafio de voltar-se, com um olhar original, para esse que pode ser considerado um dos grandes referenciais da História ocidental e mesmo mundial. Leia Mais

Hinduism & Its Sense of History – SCHARMA (RMA)

SHARMA, Arvind. Hinduism & Its Sense of History. New Delhi: Oxford University Press, 2003. 134p. Resenha de: CARVALHO, Matheus Landau de. Teoria e metodologia do tempo na Índia: o pensamento hindu sobre a História. Revista Mundo Antigo, v.5, n.11, dez., 2016.

Publicado pela Oxford University Press em 2003, Hinduism & Its Sense of History é uma obra do historiador indiano Arvind Sharma dividida em quatro partes dedicadas à teoria e metodologia da história da Índia. Calcado em uma ampla gama de fontes primárias e secundárias de caráter historiográfico, religioso, linguístico e filosófico, Sharma avalia a afirmação recorrente há séculos de que os hindus como um povo e o Hinduísmo como uma tradição religiosa plural não possuem um senso de história suficiente. Leia Mais

Interpreting Early India – THAPAR (RMA)

THAPAR, Romila. Interpreting Early India. New Delhi: Oxford University Press, 1992. 181p. Resenha de: CARVALHO, Matheus Landau de. Olhares historiográficos sobre a Índia antiga: As contribuições de Romila Thapar para uma reflexão sobre a interpretação da história e da sociedade antiga da Índia. Revista Mundo Antigo, v.4, n.8, dez., 2015.

Publicado pela Oxford University Press em 1992, Interpreting Early India é uma obra da historiadora indiana Romila Thapar que reúne seis ensaios sobre historiografia e interpretação da história e sociedade antigas da Índia. A partir de uma ênfase sobre abordagens em história social, a autora defende, em linhas gerais, a importância de se entender e localizar várias perspectivas bem estabelecidas sobre o passado indiano para se chegar a um entendimento esclarecido de situações contemporâneas, como as disputas entre hindus e outras comunidades indianas, sem deixar de lado a ampla variedade de opiniões e visões disponíveis sobre o passado indiano, particularmente acerca de religião e sociedade na Índia antiga. Leia Mais

Antigas Leituras: Visões da China Antiga – BUENO/ M NETO (RMA)

BUENO, André; NETO, José M. (org.) Antigas Leituras: Visões da China Antiga. União da Vitória: UNESPAR, 2014. Resenha de: BUENO, André. Revista Mundo Antigo, v.4, n.7, jun., 2015.

Ainda que a China seja um dos temas historiográficos mais importantes da atualidade, é precário e desolador o panorama dos estudos sinológicos no Brasil. Reinam as iniciativas isoladas, calcadas nas bibliotecas particulares (adquiridas a muito custo), cuja divulgação é quase sempre bastante restrita. É possível dizer, sem receio, que estudar o vasto e amplo campo do “Oriente” não é algo devidamente estimulado no ambiente acadêmico nacional. Dentre os múltiplos objetivos da Ciência Histórica, estudar os fundamentos das civilizações humanas, bem como compreender os mecanismos da alteridade, deveriam ser temas relevantes mesmo para um historiador iniciante; e a ausência marcante dos estudos de Antiguidade Oriental em muitos currículos evidencia, mais do que nunca, esse problema gravíssimo de formação. Um estudante, obviamente, não precisa ser sempre um especialista em Antiguidade e/ou “Oriente”; mas sabemos que, ao dominar os instrumentos básicos da pesquisa nesse campo, ele amplia e fortalece sua formação, construindo para si um conhecimento mais sólido e interdisciplinar. Marcel Granet (1884-1940), um dos mais importantes sinólogos que a França já conheceu, afirmava que “A civilização chinesa merece mais do que a simples curiosidade. Ela pode parecer singular, mas (é um fato) nela se encontra registrada uma grande soma de experiência humana. Nenhuma outra serviu de vínculo a tantos homens, durante um período tão grande. Quem pretende ter o título de Humanista, não deve ignorar uma tradição de cultura tão atraente e tão rica em valores duráveis”. Posto de outra maneira: é possível, ou mesmo viável, afirmar-se um “Humanista” ou um “Especialista em Ciências Humanas” quando seu conhecimento teórico e metodológico – que se pretende universal – ignora quase dois terços do mundo (isto é, Ásia e África)? Dito isso, não é preciso muito esforço para compreender a necessidade fundamental dos estudos sobre o “Oriente”. Claro, cuidados devem ser tomados: facilmente, buscar entender UM “Oriente” descambaria no “Orientalismo”, tão bem denunciado por Edward Said (1998), que se constitui na miragem cultural do exotismo e do estranhamento produzida pelos europeus do século 19, em relação “aos outros” – ou, os “orientais”. O “Oriente”, pois, deve ser abordado em blocos separados, e em épocas distintas, buscando-se compreender seus modelos civilizacionais, seus alcances e contribuições. Leia Mais

Between Empires, Arabs, Romans and Sasanians in Late Antiquity – FISHER (RMA)

FISHER, Greg. Between Empires, Arabs, Romans and Sasanians in Late Antiquity. Oxford: Oxford University Press, 2013. 254p. Resenha de: FUNARI, Pedro Paulo. Revista Mundo Antigo, v. 4, n.7, jun. 2015.

One of the main challenges to scholars is to explain the Muslims revolution, dating from the first decades of the 7th c. AD, from the Hegira in 622. This is so for several reasons, not least the fact that there is a lack of documents in Arabic script prior to that period, but also because it is apparently difficult to figure out the Arab upsurge from the relative obscurity of the previous centuries. Greg Fisher, associate professor at Carleton, Canada, has studied this intricate subject under the supervision of professor Averil Cameron, in Oxford, resulting in this volume published at Oxford University Press. From a theoretical standpoint, Fisher considers that religious, linguistic, ethnic, and cultural identities are a core research interest in studies of Late Antiquity. Then, the author stresses the importance of the study of the sources, as the Greek and Syriac ancient authors, as well as archaeological and epigraphic data form the foundation of the study. Third, and less intuitive, is an anthropological comparative approach, including colonial American history, such as borderland studies about Spanish colonizers, missionaries, Native Americans, British and French in North America. He emphasizes that the borderlands framework offers a flexible way to approach the engagement between empires, peripheries, and frontiers, encouraging us to view history of people such as the Jafnids from a macro historical perspective which is not confined to the context of the ancient world. A key concept is “in-between”, for people living in the outskirts of empires. Leia Mais

Périclès, la démocratie athénienne à l’épreuve du grand homme – AZOULAY (RMA)

AZOULAY, Vicent. Périclès, la démocratie athénienne à l’épreuve du grand homme. Paris: Armand Colin, 2010, 280p. AZOULAY, Vicent. Pericles of Athens. Princeton: Princeton University Press, 2014. (translated by Janet Lloyd, with a foreword by Paul Cartledge), 312 p. Resenha de: FUNARI, Pedro Paulo A. Revista Mundo Antigo, v.3, n.6, dez., 2014.

Péricles (495-429 a.C.) pode ser considerado um dos personagens históricos mais citados e referidos em todos os tempos. Marcou não apenas a história de Atenas, no seu auge, como exerceu influência nos milênios posteriores, graças, em parte, às narrativas do historiador Tucídides no próprio século V a.C. e do filósofo de época romana Plutarco, autor de uma biografia do estadista. O historiador Vincent Azoulay aceitou o desafio de retratar o ateniense para a coleção de “novas biografias históricas” da editora parisiense, tendo o grande êxito da edição francesa e sua premiação (Prix du Sénat du livre d’histoire 2011), levado à tradução para o inglês e à edição recente em Princeton. O jovem historiador francês tem se dedicado à História cultural do mundo grego, a partir de uma perspectiva fundada na teoria social, e com o recurso sistemático não só à tradição textual, como à epigrafia e à Arqueologia. Pode considerar-se, ainda, que sua perspectiva se insere nos estudos de recepção e usos do passado, como neste belo volume. Desde a introdução, explicita que se trata de um ir e vir constante entre presente e passado, nessa ordem, com o uso de abordagens de cunho sociológico (como o conceito de habitus de Pierre Bourdieu), mas também com destaque para as evidências arqueológicas, referidas com frequência ao decorrer do volume. Leia Mais

Dinheiro, Deuses e Poder. 2.500 anos de lendas, mitos, símbolos, fatos e História Política das moedas – SPINOLA (RMA)

SPINOLA, Noenio. Dinheiro, Deuses e Poder. 2.500 anos de lendas, mitos, símbolos, fatos e História Política das moedas. São Paulo: Civilização Brasileira, 2011. Resenha de: CARLAN, Claudio Umpierre. Revista Mundo Antigo, ano III, v. 3, n 05, jul., 2014.

Termo bárbaro, de uma maneira em geral foi utilizado para definir os povos germânicos, eslavos e tártaros-mongóis, que invadiram Mundo Romano, a partir do século III da era Cristã. A tradução tradicional, idealizada por gregos e, mais tarde, romanos, eram povos que não falavam latim ou grego, usavam calças compridas.

Essa construção, do século XIX, contou com apoio do historiador alemão Leopold Von Ranke (1795 – 1886), quando afirmou que a História não nasceu ciência, mas foi transformada em uma disciplina científica. Ranke defendia o uso apenas de fontes escritas, baseadas no rigor científico newtoniano. Arqueologia, cultura material, iconografia não eram consideradas documentos ou fontes históricas. Leia Mais

Women in Ancient Egypt – ROBBINS (RMA)

ROBBINS, Gay. Women in Ancient Egypt. Cambridge: Harvard University Press, 1993. 205p. ROBBINS, Gay. Reflections of Women in the New Kingdom: Ancient Egyptian Art from the British Museum. San Antonio: Van Siclen Books, 1995. 142p. Resenha de: SANTOS, Moacir Elias. A Mulher no Antigo Egito nas obras de Gay Robbins. Revista Mundo Antigo, v.2, n.4, dez., 2013.

Para a presente resenha acreditamos que não deveríamos apresentar apenas uma obra, mas duas. Tal escolha refere-se ao fato destas terem sido produzidas pela mesma autora, a egiptóloga norte-americana Gay Robbins, e também pelo conjunto que ambas formam, sendo a segunda complementar à primeira, embora não pertençam a nenhuma série ou algo semelhante. Robbins é atualmente Associate Professor de História da Arte e Curadora de arte egípcia no Museu Michael C. Carlos, na Universidade Emory. O primeiro livro, Women in Ancient Egypt, foi concebido a partir de um projeto da autora, encorajado e auxiliado por inúmeros estudiosos do Antigo Egito, dentre os quais destacam-se Vivian Davies, John Baines, Richard Parkinson e Stephen Quirke. Já o segundo, Reflections of Women in the _ew Kingdom: Ancient Egyptian Art from the British Museum, originou-se de uma exposição organizada por diversos especialistas, americanos e ingleses, dentre os quais figura a Dra. Robbins. Realizada no período de 4 de fevereiro a 14 de maio de 1995, no Museu Michael C. Carlos, a mostra revelou inúmeros artefatos, que representavam mulheres ou estavam a elas relacionados. A temática explorou diversos aspectos significativos que, desde o planejamento da exposição seriam ampliados e reunidos em um catálogo especializado. Entretanto este não se frutificou, devido à falta de recursos, todavia, pouco antes do encerramento da mostra, Clarles C. Van Siclen III ofereceu-se como patrocinador do catálogo. Embora seja “menos ambicioso que o catálogo original”, conforme as palavras de Gay Robbins, o presente conserva os mesmos textos didáticos. Leia Mais

História Antiga e Usos do Passado. Um estudo de apropriações da Antiguidade sob o regime de Vichy (1940-1944) – SILVA (RMA)

SILVA, Glaydson José da. História Antiga e Usos do Passado. Um estudo de apropriações da Antiguidade sob o regime de Vichy (1940-1944). São Paulo: Annablume; Fapesp, 2007. 222p. Resenha de: SANTOS, Leonardo Soares dos. Revista Mundo Antigo, v.01, n. 02, dez., 2012.

As constantes referências de governantes a emblemas e personagens do passado demonstram o quanto ainda se mantém viva a inclinação dos homens do poder em buscar na História elementos fundamentais de legitimação de seu domínio. Vide os exemplos de Hugo Chávez com Simon Bolívar, Cristina Kirchner com Juan e Eva Perón, e de alguns segmentos da “esquerda” brasileira com Getúlio Vargas. E como não lembrar do exemplo da classe política norte-americana, contumaz na sua referência aos “Pais Fundadores”? Como não mencionar o turbulento e intricado exemplo dos conflitos envolvendo árabes e judeus no Oriente Médio, onde a alusão aos Tempos dos Patriarcas, Reis e Profetas se faz constante? Tais figuras buscam assim constituir – bem ou mal – uma linha de continuidade entre os personagens de hoje e de ontem. Ou seja, trata-se de uma História construída, elaborada, às vezes meticulosamente escrita. Não temos aqui uma História estática, enterrada sob os escombros do passado à espera de um lance de sorte ou de um historiador/arqueólogo que a ache em suas escavações fortuitas. Esse “resgate” do passado implica, portanto, na produção de uma certa História, ou para sermos mais preciso, num certo discurso sobre a História. Temos sim um determinado enquadramento dos fatos, a apreensão seletiva de aspectos do passado. Leia Mais

El dios bes de Egipto a Ibiza – BRIEVA (RMA)

BRIEVA, Francisca Velázques. El dios bes de Egipto a Ibiza. Elvissa: Museu Arqueològic d’Eivissa, 2007. Resenha de: BAKOS, Margaret M. Revista Mundo Antigo, v.1, jun., 2012.

Bês é uma divindade que nunca fez parte dos considerados grandes deuses egípcios, não pertencendo a nenhum dos sistemas cosmogônicos da religião egípcia. Ele foi, não obstante, desde priscas eras, um deus muito popular no Egito e em muitos sítios, ao longo do mar Mediterrâneo, inclusive, durante o período conhecido como Mare Nostrum, sob a dominação romana. Aliás, a sua presença é particularmente sentida na ilha de Ibiza.

A primeira análise científica realizada sobre essa divindade encontra-se na Description de l’ Egypte. Nesse texto, ele é identificado como Tifón, ser monstruoso, o menor dos filhos de Gea e Tártaro, com características de homem e de animal. Champollion, entretanto, logo se insurge contra essa proposição, advertindo que vários deuses estariam representados nessa mesma figura básica. Leia Mais

Sexo e Violência – Realidades antigas e questões contemporâneas – GRILLO et al (RMA)

GRILLO, José Geraldo C.; GARRAFFONI, Renata S.; FUNARI, Pedro Paulo A. (Orgs.). Sexo e Violência – Realidades antigas e questões contemporâneas. São Paulo: Annablume, 2011. 284p. Resenha de: POZZER, Katia Maria Paim. Revista Mundo Antigo, v.I, jun., 2012.

Este livro é o resultado de encontros. Encontro entre jovens pesquisadores e experimentados estudiosos, encontro entre o mundo antigo e o mundo contemporâneo. Todos dispostos a refletir sobre dois assuntos que são, ao mesmo tempo, absolutamente atuais e muito antigos: sexo e violência. Para tratar destes temas os organizadores da obra optaram por uma perspectiva multidisciplinar, onde a história, a antropologia, a psicologia, a arqueologia, a filosofia, a educação física, entre  outras, são chamadas a colaborar neste debate. Além disso, o livro apresenta recortes cronológicos que retomam as práticas e as percepções dos homens e mulheres de outros tempos acerca da sexualidade e da violência.

O livro abre com um polêmico texto de Ian Buruma, jornalista e professor de direitos humanos em Nova York, originalmente publicado no Corriere della Sera, na Itália. Ele propõe uma discussão sobre a relação entre a sexualidade e o fascismo na Europa dos anos 40 e, a sexualidade a intolerância na Europa dos dias de hoje. Leia Mais