O Brasil Colonial – Volume 1, 1443-1580 | João Fragoso e Maria de Fátima Gouvêa
A apresentação da coleção O Brasil Colonial, organizada pelos professores João Fragoso (professor titular da UFRJ) e Maria de Fátima Gouvêa (professora da UFF, falecida precocemente em 2009) tem como título La guerre est finie. Provocante expressão para designar os últimos 20 anos de um debate historiográfico, às vezes acirrados, no qual os estudiosos sobre o Brasil no período colonial têm travado, a partir da crítica feita à concepção de um Antigo Sistema Colonial, consagrada por Fernando Novais, Professor da USP e do Instituto de economia/UNICAMP, por um grupo de professores do Rio de Janeiro, professores da UFRJ, UFF e UFRRJ, bem como de colegas portugueses, como o Prof. António Manuel Hespanha. A expressão também sugere uma ideia de que os organizadores têm sobre o atual estágio da historiografia brasileira, ou seja, os conceitos utilizados e a discussão trazida por ambos fossem a vitoriosa no meio acadêmico nacional.
Não se tem dúvidas que desde a publicação, no ano 2001, do livro O Antigo Regime nos trópicos: a dinâmica imperial portuguesa: (séculos XVI-XVIII), organizados pelos mesmos autores mais a Maria Fernanda Bicalho, Professora da UFF, juntamente com o acesso aos milhares de documentos da coleção Resgate, que contém a documentação riquíssima do Arquivo Histórico Ultramarino, houve um boom dos estudos sobre a colônia portuguesa na América. O grupo do ART, Antigo Regime nos Trópicos, como é conhecido no meio universitário especializado, de fato trouxe novas abordagens, a luz de conceitos discutidos em Portugal, Espanha e Estados Unidos, trazendo para o Brasil e para a história do Brasil novas possibilidades de análise. O grupo lançou outras coletâneas, no qual os participantes não necessariamente compactuam piamente com as ideias dos nomes mais conhecidos, e mesmo após 15 anos do marco inicial, algumas noções foram modificadas ou aprofundadas, felizmente, visto que a história é dinâmica. Leia Mais
Ultramares. Maceió, n.7, v.1, jan./jul., 2015.
APRESENTAÇÃO: A Inquisição, da Colônia ao que somos no hoje
DOSSIÊ – INQUISIÇÃO COLONIAL
- No interior do labirinto, o olho do vulcão: Revisitar os estudos inquisitoriais no Brasil e vislumbrar o futuro que tecemos
- Inside the maze, the volcano´s eye: Revisit the inquisitorial studies in Brazil and envision the future we weave
- Angelo Adriano Faria de Assis
- Os diversos mundos das práticas mágico-religiosas a partir das Visitações do Santo Ofício à América Portuguesa (1591-1595; 1763-1769)
- The different worlds of magical-religious practices from the visitations of the Holy Office to Portuguese America (1591-1595; 1763-1769)
- Marcus Vinicius Reis
- “O Santo ofício age com malícia e velhacaria, […] prende as pessoas por amor ao dinheiro”: As críticas e os críticos processados pela Inquisição portuguesa (1605-1750)
- The Holy Office acts with malice and knavery, […] arrests people for love of Money”: criticism and critics processed by the Portuguese Inquisition (1605-1750)
- Yllan de Mattos
- A Inquisição na apuração do crédito e depuração do descrédito: Autóctones, caboclos e reinóis em microscopia no espaço Luso-Americano (1640-1750)
- The Inquisition in the Determination Credit Sewage Discrediting of: Indigenous, mestizos and reinóis microscopy the Luso-American space (1640-1750)
- Jaime Ricardo Gouveia
ARTIGOS
- Revolta em La Rochelle: A expulsão dos padres jesuítas do planalto Piratiningano (1627-1655)
- Revolt in La Rochelle :The expulsion of the Jesuits of Piratiningano plateau (1627-1655)
- Sheila Conceição Silva Lima
- Entre Patentes e Cargos: Administração, Ethos Social e Redes de Privilégio nos Sertões da Capitania da Parahiba do Norte (c.1700 – c.1750)
- Among Patents and Posts Administration, Social Ethos and Privilege Networks in the Sertões of Captaincy of Parahiba do Norte (c. 1700 – c. 1750)
- Yan Bezerra de Morais & Rodrigo Ceballos
- “Para compreenderem os interesses da Monarquia de Portugal na conservação dos Domínios de África”: Militares, reforma e disciplina em Angola (segunda metade do século XVIII)
- “To understand the interest of the monarchy of Portugal in the conservation of Africa Domains”: Military, reform and discipline in Angola (second half of the eighteenth century)
- Ariane Carvalho da Cruz
- “Pus os santos óleos no párvulo…”: Cotidiano, População e Relações Escravistas na Vila de Santa Maria Magdalena Alagoas do Sul (1812-1814)
- “Pus os santos óleos no párvulo…”: Everyday, Population and Slave Relations in the village of Santa Maria Magdalena South Alagoas (1812-1814)
- Antonio Filipe Pereira Caetano
RESENHA
- Reflexões sobre a mestiçagem: Nomear e categorizar as dinâmicas biológicas e culturais Reflections on Miscegenation: Naming and categorizing biological and cultural dynamics
- Adson Rodrigo Silva Pinheiro
- PAIVA, Eduardo França. Dar nome ao novo: uma história lexical das Américas portuguesa e espanhola, entre os séculos XVI e XVIII (as dinâmicas de mestiçagem e o mundo do trabalho). 1 ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015, 301p.
Inquisição Colonial | Revista Ultramares | 2015
Introdução: A Inquisição, da colônia ao que somos no hoje
O que significou a existência do Santo Ofício? Qual o seu alcance na Europa e nos Novos Mundos? Até que ponto a Inquisição remodelou o quadro de sociabilidades existentes na colônia? Como a Inquisição ajudou a gestar o que agora somos e quanto dela há em nosso mundo como resquício? “Lenda Negra”, “Lenda Branca”, interpretações que permeiam as raias de visões nem sempre neutras sobre o metamorfoseado “polvo de mil braços”, como já foi adjetivado o Tribunal que agiu durante a Modernidade Ibérica como baluarte da pureza cristã, à busca de hereges que ameaçavam o monopólio e os interesses católicos em seus domínios…
Estas, de certeza, não são questões de simples resposta, nem tampouco resolvem o quebra-cabeças infinitamente mais complexo da criação, lógica e funcionamento do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição português, das vítimas que fez e da atmosfera de controle e de intolerância que espalhou nos espaços onde tinha abrangência, ao longo dos quase três séculos em que teve vida, de 1536 a 1821. Leia Mais
Ultramares. Maceió, n.6, v.1, ago./dez., 2014.
DOSSIÊ – ECONOMIA COLONIAL
- Crédito e circulação monetária na colônia: o caso fluminense, 1650-1750
- Credit and currency in circulation in the colony: the Rio de Janeiro case, 1650-1750
- Antonio Carlos Jucá de Sampaio
- “Com toda a exatidão e bom modo”, porém “de sorte que venha pago”: atribuições, atuação e poder de mando dos cobradores dos reais quintos da Capitania de Minas Gerais (1700-1780)
- “In all faithfulness and good way”, but “so that will pay”: assignments, performance and power of command of collectors of royal fifths of Minas Gerais Captaincy (1700-1780)
- Simone Cristina de Faria
- Os estatutos municipais ou posturas de Vila Bela da Santíssima Trindade: Notas sobre os contratos da câmara no século XVIII
- The municipals or conducts statutes of Vila Bela da Santíssima Trindade: notes on subsidies, contracts and income of City Council in the 18th century
- Nauk Maria de Jesus
- O crédito na crise: o mercado de crédito no Rio de Janeiro durante a recessão aurífera
- The crisis in the credit: the credit market in Rio de Janeiro during the recession auriferous
- Fábio Pesavento
- “Muito a seu contento, tanto em preço como em qualidade”: o mercado de crédito na cidade de Belém em fins do XVIII e início do XIX
- “Much to his satisfaction, both in price and quality”: the credit market in the city of Belém in the late eighteenth and early nineteenth centuries.
- Siméia de Nazaré Lopes
ARTIGOS
- O Universo do Tribunal: Os funcionários, a visita e os Curandeiros
- The World of Court: The officials, visit and medicine men
- Rodrigo Rocha da Cunha
- Quando o capitão-mor e o ouvidor-geral não se entendem: Conflitos entre as armas e as letras na Capitania de Sergipe d’El Rei (1750-1777)
- When the Captain general and Ombudsman does not understand: Conflicts between the arms and the letters in the Captaincy of Sergipe d’El Rei (1750-1777)
- Wanderlei de Oliveira Menezes
- As Sotainas Políticas na Construção do Estado Nacional Brasileiro no Ceará: os Padres e a Ilustração Luso-Brasileira
- The cassocks Policies in construction of the Brazilian National State in Ceará: the Fathers and the Luso-Brazilian Illustration
- Cristina Fernandes Moreira Aguiar
- A Política Colonial lusa na administração de D. Fernando José de Portugal (1801-1806)
- The Colonial Policy in Administration Lusa D. Fernando José de Portugal (1801-1806)
- Marieta Pinheiro de Carvalho
RESENHA
- Em nome de Deus e do Rei: A justiça de seus representantes e a defesa por suas leis
- In the name of God and the King: The righteousness of their representatives and the defense of their laws
- Anne Karolline Campos Mendonça
- COELHO, Maria Filomena. A Justiça D’Além-mar: lógicas jurídicas feudais em Pernambuco (Século XVIII). Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2009.
Economia colonial | Revista Ultramares | 2014
A possibilidade de coordenar e apresentar um dossiê sobre economia em uma revista dedicada aos estudos coloniais é motivo de grande alegria. Nas duas últimas décadas a historiografia relativa à América portuguesa tem passado por transformações extremamente significativas. Em 1990, Ciro Cardoso já saudava os novos rumos historiográficos, ressaltando o que ele denominava de passagem do “esquematismo excessivo à relativa complexidade”1. Referia-se, então, à visão simplificadora do que seria a sociedade escravista brasileira, dividida entre senhores e escravos e caracterizada pelo trinômio latifúndio, monocultura e escravidão. Uma sociedade exteriorizada, sem qualquer dinâmica interna considerável. Naquele momento, as pesquisas que se contrapunham a essa perspectiva buscavam ressaltar a complexidade da sociedade brasileira e de suas dinâmicas internas, diminuindo ou negando a importância dos laços exteriores como elementos explicativos do devir colonial.
Estava-se ainda, no entanto, dentro do que nós poderíamos denominar de paradigma historiográfico da relação metrópole – colônia. Em linhas gerais, boa parte dos debates referia-se ao peso maior ou menor que tais relações possuíam para explicar a história colonial. Não é esse o espaço para retomarmos esse debate, por si só riquíssimo e cheio de consequências. No entanto, e só podemos perceber isso hoje pelo distanciamento que o tempo impõe, esse também era um debate marcado por um esquematismo excessivo. Leia Mais
A Justiça D’Além-mar: lógicas jurídicas feudais em Pernambuco (Século XVIII) | Maria Filomena Coelho
As ideias advindas da Escola dos Annales por muito tempo constrangeram o historiador que se aventurava pelas pesquisas da História política ou administrativa. Atualmente o ponto de vista político na historiografia tornou-se não só de suma importância para a compreensão da realidade das sociedades, mas também mostrou não ter sido o verdadeiro alvo das críticas da escola francesa fundada por Marc Bloch e Lucien Febvre1. Seguindo essa linha de raciocínio, Maria Filomena Coelho em seu trabalho A Justiça D’Além-Mar: Lógicas jurídicas feudais em Pernambuco (Século XVIII), parte do ponto de vista da administração da Justiça e aplicação do Direito na América Portuguesa em busca de vestígios de “lógicas jurídicas feudais” na Capitania de Pernambuco, como o título sugere. Para tal, doutora em História Medieval, do direito e das instituições, Filomena Coelho se fundamentou nos escritos de António Manuel Hespanha, bem como na concepção de um Antigo Regime nos Trópicos1, trazendo-nos um estudo do caso intrigante narrado por Veríssimo Rodrigues Rangel, cônego da Sé de Olinda, entre 1750-54 1.
A execução do testamento do padre Alexandre Ferreira fez de Olinda e Recife palco de um conflito protagonizado por juízes eclesiásticos e do rei, confronto jurisdicional este que durou cinco anos (1749-1753). Antônio Teixeira da Mata, Juiz de fora e Provedor dos defuntos e ausentes, capelas e resíduos, representando a Justiça secular (sua jurisdição e a da Coroa) entrou em choque com o Bispo, Frei Luiz de Santa Tereza e o Vigário geral, Manoel Pires de Carvalho. Maria Filomena Coelho nos descreve o embate ao longo de seu trabalho ressaltando, principalmente, o papel histórico e apologético do manuscrito de Veríssimo Rangel1. Leia Mais
Ultramares. Maceió, n.5, v.1, jan./jul., 2014
DOSSIÊ – HISTÓRIA INDÍGENA
- Fortalezas Humanas. Indígenas no Rio de Janeiro do XVI e XVII
- Human fortresses. Indigenous in Rio de Janeiro sixteenth and seventeenth
- Eunícia Barros Barcelos Fernandes
- “A Murta Murchando”: O Discurso Jesuítico acerca dos Índios Aldeados na Amazônia Portuguesa (1653-1759)
- “Le Myrte en Train de Faner ”: Les Discours Jésuite Sur Les Índiens des Missions en Amazonie Portugaise (1653-1759)
- Karl Heinz Arenz e Zady Alberto da Silva
- O Enobrecimento dos Líderes Indígenas na Capitania do Rio de Janeiro: Reflexões sobre Significados e Usos Políticos Diversos
- The Nobilization of Indigenous Leaders in the Captaincy of Rio de Janeiro: Discussions on Different Meanings and Political Uses
- Maria Regina Celestino de Almeida
- As Correrias dos Guarulhos em Macaé, Rio de Janeiro, século XVIII
- The Correrias of Guarulhos in Macaé, Rio de Janeiro, Eighteenth Century
- Marcia Amantino
- Índios Pampas nas Missões Austrais: Lógicas e Estratégias Nativas em Missões Jesuíticas
- Pampas Indians in Southern Missions:Logical and Native Strategies in Jesuit Missions
- Maria Cristina Bohn Martins
- Cartografia histórica das relocações indígenas nas ilhas do Submédio São Francisco no período pombalino (1759-1761)
- Historical Map of the Indigenous relocations in the Islands of submedio são francisco in Pombalino Period (1759-1761)
- Ricardo Pinto de Medeiros e Demétrio da Silva Mutzenberg
- Sesmarias dadas a Índios no Pará e no Maranhão (século XVIII)
- Sesmarias Given a Indians in Para and Maranhão (Eighteenth Century)
- Rafael Chambouleyron
ARTIGOS
- Aliança com os Indígenas e a Nomeação dos Oficiais da Tropa Regular (Estado do Maranhão e Grão-Pará – Século XVII)
- A Covenant With the Indians and the Appointment of the Officers of the Regular Troop (Estado do Maranhão e Grão Pará – XVII Century)
- Rafael Ale Rocha
- “Pernambuco entre dois mundos”: Guerra e administração nos primeiros anos dos holandeses no Brasil
- “Pernambuco between two words”: war and administration in the early years of the Dutch in Brazil
- Rômulo Luiz Xavier do Nascimento
- Quanto peixe se compra com um vintém? Análise da atividade pesqueira e as querelas derivadas desta na capitania do Rio Grande, 1650-1750.
- How much fish can one buy with a penny? An analysis of fishing activity and the disputes hence derived in the captaincy of Rio Grande, 1650-1750.
- Ana Lunara da Silva Morais
RESENHA
- A Guerra dos Bárbaros: Diversidade Social na Conquista do Sertão
- The War of the Barbarians: social diversity in the backwoods of achievement
- Everton Rosendo dos Santos
- SILVA, Kalina Vanderlei. Nas solidões vastas e assustadoras: a conquista do sertão de Pernambuco pelas vilas açucareiras nos séculos XVII e XVIII. Recife: Cepe, 2010. 269p.
História indígena | Revista Ultramares | 2014
É com satisfação que apresentamos o dossiê História Indígena da Revista Ultramares. Ao aceitarmos o desafio proposto pelos editores de organizar este dossiê, avaliamos que seria importante apresentar ao público, diferentes abordagens sobre a temática. Mas, sobretudo, nos preocupamos em trazer para esta edição, trabalhos que proporcionassem ao leitor o acesso às pesquisas, não só dos historiadores que se dedicam a refletir sobre história dos povos indígenas, mas também daqueles outros pesquisadores, cujos estudos, os índios estão presentes como tantos outros agentes históricos em de diferentes regiões do Brasil.
Desta feita, imbuídos pelo espírito que norteou o presente dossiê, os articulistas se debruçaram sobre diferentes fontes e realidades para trazer, como resultado de suas análises, algumas contribuições sobre a história dos índios durante o período colonial. Abrindo o dossiê o artigo “Fortalezas Humanas. Indígenas no Rio de Janeiro do XVI e XVII” de Eunícia Fernandes, nos apresenta as estratégias no uso dos índios como elementos de defesa da capitania do Rio de Janeiro, numa articulação entre governança e religiosos da Companhia de Jesus, na formação de aldeamentos e distribuição de terras. Ressaltando a importância do contingente indígena no processo de colonização e defesa daquele espaço. Leia Mais
Nas solidões vastas e assustadoras: a conquista do sertão de Pernambuco pelas vilas açucareiras nos séculos XVII e XVIII | Kalina Vanderlei Silva
Não é nada fácil resenhar um livro como Nas solidões vastas e assustadoras, da historiadora Kalina Vanderlei Silva. Professora da Universidade de Pernambuco, trabalha com as linhas de pesquisa que envolve os assuntos relacionados à América Colonial com ênfase na concepção analítica sociocultural. Foi seguindo essa mesma perspectiva de análise que em 2001 a autora publicou O miserável soldo e a boa ordem na sociedade colonial, original de sua dissertação de mestrado. O trabalho dispensa comentários, a não ser os mais belos, pois serviu de grande inspiração para atrair vários novos pesquisadores junto ao exame das instituições bélicas relacionando-as a dinâmica colonial de forma sociocultural. Reafirmando as ideias, abordagens e reflexões que visa buscar a chamada Nova História Militar2, assim como em sua dissertação de mestrado, o seu livro resenhado aqui, resultado das pesquisas de doutoramento da autora, foi publicado em 2010 pela editora Cepe. É rico em detalhes quanto ao processo analisado, o que nos faz querer ressaltar demasiado tudo o que se apresenta na obra. Leia Mais
Ultramares. Maceió, n.4, v.1, ago./dez., 2013.
DOSSIÊ – CLERO COLONIAL
- O Clero em uma Região de Fronteira: Colônia de Sacramento (1680-1777)
- The Clergy in a Border Land: Colonia de Sacramento (1680-1777)
- Paulo Possamai
- Um Bispo e seus Agentes: a Atuação de Dom Francisco Xavier Aranha e do Tribunal Eclesiástico de Pernambuco no Século XVIII
- Un évêque et ses fonctionnaires: le rôle de Don Francisco Xavier Aranha et de le Tribunal Ecclésiastique de Pernambuco au XVIIIe siècle.
- Gustavo Augusto Mendonça dos Santos
- Os Ladrões das Honras e a Repressão das Desonras: a ação do Juízo Eclesiástico no Atlântico Português (1640-1750)
- The robbers of the honors and the persecution against the dishonors. The action of the episcopal courts in the portuguese Atlantic (1640-1750)
- Jaime Ricardo Gouveia
- Ordenações Sacerdotais e Concursos para Colações: Clero Pós-Tridentino no Bispado do Maranhão Colonial
- Priestly Ordinations and collations for contests: post-Tridentine clergy in colonial bishopric of Maranhão
- Pollyanna Gouveia Mendonça Muniz
ARTIGOS
- Dos Servos de Santo Inácio e São Bento: Divergências e Convergências entre Jesuítas e Beneditinos na Soteriologia dos Escravos na América Colonial (Século XVII-XVIII)
- The Servants of St. Ignatius and St. Benedict: divergences and convergences between the clergy in soteriology slaves in colonial America (seventeenth and eighteenth centuries)
- Carlos Engemann
- A Companhia de Jesus e a Evangelização do Japão no Século XVI: As Principais Estratégias Empreendidas pelos Jesuítas e a Questão dos Auxiliares Autóctones
- The Company of Jesus and Evangelism of Japan Century XVI: The main strategies used by the Jesuits and the issue of indigenous auxiliaries
- Jorge Henrique Cardoso Leão
- O Clero Colonial: Namoricos e as Regras Comportamentais
- The colonial clergy: flirtations and behavioral rules
- Maria Elizabeth Melo da Fonseca
- Reformas Rigoristas: Práticas Jurídico-Religiosas na Diocese de Olinda (1725-1754)
- Rigorist reforms: legal and religious practices in the diocese of Olinda (1725-1754)
- Bruno Kawai Souto Maior de Melo
RESENHA
- Uma Nova Análise sobre as Expedições Contra Palmares
- A New Analysis On the expeditions against Palmares
- Dimas Bezerra Marques
- MENDES, Laura P. Guerra Contra Palmares: Um estudo das expedições realizadas entre 1654 e 1695. Monografia n. 19. Campinas: IFCH UNICAMP, 2011, 140p.
Clero colonial | Revista Ultramares | 2013
Durante muitas décadas o estudo sobre as instituições eclesiásticas e os homens da Igreja foram temas que mereceram pouca ou nenhuma importância por parte da historiografia. Na Europa ou no Brasil, o tema sofria com uma enorme carência de estudos. Os historiadores que se aventuravam por essas temáticas eram vistos com certo ceticismo, já que imperava uma excessiva preocupação com a política e com a economia. Agravando ainda mais o cenário, os estudos produzidos por indivíduos ligados à própria Igreja, como bispos, padres e religiosos das mais variadas ordens, embora de fundamental importância, muitas vezes resultaram em visões demasiado preconceituosas e etnocêntricas que foram sendo reproduzidas acriticamente pela historiografia subsequente.
Tais estudos agregavam características semelhantes. Quando tratavam da Igreja/instituição traziam visões genéricas, privilegiando algumas áreas em detrimento de outras, sem contar com o apoio de pesquisas regionais que dessem o tom das especificidades. As obras que tratavam da Igreja no Brasil também traziam iguais barreiras. As áreas mais “periféricas”, como a dos bispados do Norte da Colônia, ganhavam pouca notoriedade. Os bispos, seus feitos, suas administrações, as longas vacâncias que marcaram os bispados durante o período colonial, foram, via de regra, o foco central dessas análises. Essa primeira geração de trabalhos é marcada por uma história institucional dos diferentes bispados, de suas altas hierarquias do eclesiástico e sobre as ordens religiosas que foram paulatinamente adentrando pelos sertões no Brasil. Quase nada aparece sobre o clero secular. Seu cotidiano, quem eram esses homens, como vivenciavam suas relações com os fregueses, seus desvios de comportamento, nada mereceu destaque nesses primeiros relatos sobre a Igreja no Brasil. Leia Mais
Guerra Contra Palmares: Um estudo das expedições realizadas entre 1654 e 1695 | Laura P. Mendes
Os Mocambos de Palmares foram núcleos compostos, em sua maioria, por ex-escravos, fugidos das plantações de cana de açúcar do vasto território da Capitania de Pernambuco, índios e brancos livres, marginalizados pelas elites detentoras do status social. Os diversos Mocambos tiveram uma existência de mais de um século – de fins do século XVI até princípios do século XVIII – passando por organizações político-sociais as quais tiveram de enfrentar as mais diversas entradas e expedições organizadas pelo governo pernambucano e por suas elites.
A historiografia que se deteve sobre o estudo desses Mocambos foi pertinente em tentar contar a história desse período secular de vivência liberta dos palmarinos. De forma cronológica e diretamente atrelada às constantes batalhas e resistências contra as expedições, esses autores tiveram que se deter em uma documentação que versava acerca do ponto de vista dos agentes coloniais portugueses, bem como os holandeses2. Essa historiografia marcou o século XX, consolidando termos como Quilombo ou República dos Palmares. Leia Mais
Ultramares. Maceió, n.3, v.1, jan./jun., 2013.
DOSSIÊ – ESCRAVIDÃO
- A presença de Africanos em Pernambuco: aspectos sobre escravidão, família e sociedade no período colonial – séculos XVI ao XIX
- The presence of Africans in Pernambuco: aspects of slavery, family and society during the colonial period- sixteenth to nineteenth centuries.
- Gian Carlo de Melo Silva
- O Comércio de Almas: As rotas entre Pernambuco e costa da África-1774/1787
- Soul’s Trade: The routes between the coast of Pernambuco and África-1774/1787
- Suely Creusa Cordeiro de Almeida & Jéssica Rocha de Sousa
- “Aristocracia do comércio negro”: bens e pecúlio de pretas forras nos setecentos
- “Aristocracy of the trade black”: assets and savings of emancipated black women in the eighteenth century (Brazil)
- Sheila de Castro Faria
- Sob o traço de forasteiros: imagens de escravos e libertos das Minas Gerais, séculos XVIII e XIX
- Under the dash of outsiders: images of slaves and freedmen from Minas Gerais, eighteenth and nineteenth centuries
- Eduardo França Paiva
ARTIGOS
- “Para se dar satisfação a justiça”: Provimento de ofícios e conflitos de jurisdição no Estado do Brasil no século XVII
- “To give satisfaction to justice”: providing of crafts and conflicts of jurisdiction in the State of Brazil in the seventeenth century
- Hugo André Flores Fernandes Araújo
- Da escravidão à liberdade: trajetória do preto forro Feliciano da Rocha na Capitania do Rio Grande (Freguesia do Seridó, séculos XVIII-XIX)
- Remarks about the participation of “popular” groups in colonial rebellions
- Helder Alexandre Medeiros de Macedo
- O clero em perspectiva: vocação religiosa, desvios e vida colonial
- The perspective clergy: religious vocation, shunting lines and colonial life.
- Mayara Amanda Januário
- A vida cotidiana do Rio de Janeiro
- The daily life of Rio de Janeiro
- Mary Del Priore
RESENHA
- “Cativos do Reino”: trânsito de pessoas e culturas no império português
- “Captives of the Kingdom”: transit of people and cultures in the portuguese empire
- Rogéria Cristina Alves
- VENÂNCIO, Renato Pinto. Cativos do Reino: A circulação de escravos entre Portugal e Brasil, séculos 18 e 19. São Paulo: Alameda, 2012. 276 p.
Escravidão | Revista Ultramares | 2013
A partir das comemorações do centenário da abolição da escravatura no Brasil muitas obras e pesquisas historiográficas revisitaram as histórias dos escravos e seus descendentes, redesenhando o papel que desempenharam na sociedade brasileira durante os vários séculos de escravidão. Novas fontes foram descobertas, outras revistas. Além do que com as possibilidades abertas pelas influências teóricas pós Annales surge uma nova historiografia da escravidão no Brasil. O escravo que antes era uma peça movida ao bel prazer das vontades dos seus senhores, passou a ter voz e a negociar sua existência dentro do sistema1.
Desde então os escravos passam a ser vistos dentro da sociedade, como parte crucial para o seu funcionamento e desenvolvimento, e como sujeitos ativos na construção cotidiana da nossa história. Sem o negro o Brasil não teria conseguido auferir riquezas e inserção no cenário mundial no desenrolar dos séculos de colonização, e mesmo depois da independência. No que tange a escravidão, os escravos passaram a ser investigados a partir da formação familiar que emergiu de dentro das senzalas urbanas e rurais, instituição que segundo alguns historiadores, consolidou a paz e acalmou os ânimos2. Novas possibilidades surgem a partir da presença negra na formação de irmandades, contribuindo com sua cultura para promover uma complexidade religiosa, nas festas e devoção aos santos católicos. Além disso, os quilombos, antes vistos como locais de subversão hoje são considerados elementos da resistência. Hodiernamente, o cativo não é mais aquele que sempre desejava a liberdade, mais também é visto como um reprodutor do sistema, que dentro de suas possibilidades buscou status, o de ter outros escravos, que conseguiu angariar pecúlio, deixando de ser uma simples vítima do sistema, mas inclusive compactuando para sua preservação. Leia Mais
Cativos do Reino: A circulação de escravos entre Portugal e Brasil, séculos 18 e 19 | Renato Pinto Venâncio
A obra “Cativos do Reino: A circulação de escravos entre Portugal e Brasil, séculos 18 e 19”, de autoria do professor doutor Renato Pinto Venâncio, foi lançada em 2012 pela editora Alameda. Ao longo de oito capítulos, o autor leva os seus leitores a repensar a escravidão sob uma vertente diferenciada. A perspectiva que se tem é a da movimentação e circulação de escravos. Entendida como um fenômeno referente à transferência de cativos de uma região a outra, em áreas externas ao continente africano, esta circulação envolvia também fatores essencialmente humanos, como o trânsito de valores e as ideias.
Logo no primeiro capítulo Venâncio traça um dos itinerários que irá percorrer em suas reflexões: as rotas de circulação de cativos no interior do império português, especialmente nas Minas Gerais colonial. As Minas foram um lugar de intensa circulação de pessoas e mercadorias pós-descoberta do ouro, lugar em que senhores, acompanhados por seus escravos, vindos de partes distantes do império luso, fixaram residência e buscaram enriquecimento sob influência da quimera aurífera. Leia Mais
Ultramares. Maceió, n.2, v.1, ago./dez., 2012.
DOSSIÊ – PODER E ADMINISTRAÇÃO COLONIAL
- O Governo das Almas, da Justiça e da Res Publica na cidade do Rio de Janeiro: circunscrições, instituições e jurisdições (séculos XVII e XVIII)
- The Government of Souls, Justice and Res Publica in the city of Rio de Janeiro: constituencies, institutions and jurisdictions (XVII and XVIII)
- Maria Fernanda Baptista Bicalho e Isabele de Matos Pereira de Mello
- Poder, Administração e Construções de Identidades Coloniais em Alagoas (Séculos XVII-XVIII)
- Power, Identity Management and Construction Colonial in Alagoas (XVII-XVIII Centuries)
- Antonio Filipe Pereira Caetano
- Circuitos Comerciais, Elites Mercantis e Redes Familiares (Bahia, Século XVIII)
- Commercial Circuits, Mercantile Elites and Family Networks (Bahia, The Eighteenth Century)
- Avanete Pereira Sousa
- Entre procurações e Escrituras: Fontes Cartoriais para a História do Alto Sertão Paraibano (Arraial de Piranhas, 1720-1750)
- Between attorney and Scripture: Sources for the History of notary High Hinterland Paraibano (Arraial of Piranhas, 1720-1750)
- Rodrigo Ceballos
ARTIGOS
- Poderes Atlânticos: Política e Administração no Império Português
- Pouvoirs de L’Atlantique: Administration et politiques en Portugais Empire
- Reinaldo Forte Carvalho
- Notas sobre a participação dos grupos “populares” nas rebeliões coloniais
- Remarks about the participation of “popular” groups in colonial rebellions
- Gefferson Ramos Rodrigues
- Jurisdição militar, inquisitorial e territorial no sul de Pernambuco: Contribuição a uma arquitetura dos poderes nas Capitanias de Porto Calvo, Alagoas e Rio de São Francisco (1655 – 1712)
- Military, inquisitorial, and territorial Jurisdictions in southern Pernambuco: Contribution to an architecture of power in the Capitania de Porto Calvo, Alagoas and Rio de São Francisco (1655 – 1712)
- Alex Rolim
- “Fiéis Realistas” e “liberais exaltados”. A magistratuta na transição para o liberalismo (1828-1830)
- “Faithful Royalists” and “liberal exalted.” The magistratuta the transition to liberalism (1828-1830)
- Nuno Camarinhas
RESENHA
- Uma visão municipal do mundo português
- A municipal look on the portuguese world
- Arthur Almeida Santos de Carvalho Curvelo
- MAGALHÃES, Joaquim Romero. Concelhos e organização municipal na Época Moderna. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2011. 254p.
Poder e administração colonial | Revista Ultramares | 2012
Durante muito tempo Raymundo Faoro com seu clássico, Os Donos do Poder, reinou sozinho e absoluto (permita-me o trocadilho) nas interpretações sobre as estruturas políticas da América portuguesa. Mesmo que autores anteriores a esta obra clássica tenham esboçado flertes e interpretações superficiais sobre a experiência política (a exemplos de Caio Prado Júnior, Sérgio Buarque de Holanda e Edmundo Zenha, só para citar alguns), foi com Faoro que a historiografia ganhava uma construção sistêmica sobre o Estado Brasileiro desde as suas origens até o início do século XX[1].
No que se refere à experiência colonial portuguesa na América, Os Donos do Poder apostava em um Estado Luso forte, poderoso e centralizador. Sem espaços para negociações, as leis e ordens eram aplicadas de cima para baixo e aceitas, sem muitos questionamentos, em todo o território do Atlântico. Assim, configurava-se o Absolutismo português na Época Moderna, com instituições administrativas com jurisdições bem delimitadas pouco replicadas nas conquistas (o que facilitaria o controle) e a opção do uso de agentes régios que fiscalizariam as ações e o cumprimento da lei nas conquistas ultramarinas. Enfim, podemos falar que a intepretação de Faoro complementava perfeitamente as teorias fundadas quase uma década antes por Caio Prado Júnior, em Formação do Brasil Contemporâneo, especialmente em seu ensaio inicial, O Sentido da Colonização. Se Prado Jr. estruturou o pensamento econômico colonial, Faoro tentava buscar o mesmo caminho no que tange ao político. Leia Mais
Concelhos e organização municipal na Época Moderna | Joaquim Romero Magalhães
Nas últimas duas décadas é possível observar uma tendência cada vez maior entre os pesquisadores de divulgar seus trabalhos por meio de artigos. Isso se deve, em boa medida, ao acesso amplo e gratuito que a maior parte das revistas e periódicos online tem permitido, assim como à praticidade de se congregar os resultados de projetos de pesquisa em um único livro2. Se por um lado, essa modalidade de publicação é extremamente benéfica, por permitir um acesso mais conciso às ideias que cada autor quer transmitir, por outro, acaba estimulando a dispersão de suas contribuições historiográficas.
É tentando contornar esse problema e, ao mesmo tempo, articulando alguns resultados de 44 anos de carreira que Joaquim Romero Magalhães publicou pela Editora da Universidade de Coimbra o seu “Concelhos e organização municipal na Época Moderna”. Trata-se do primeiro volume de uma série prevista para três coletâneas intitulada “Miunças” (termo que, aludindo ao conjunto de produtos menos volumosos que compunham parte dos dízimos, explica o lugar que este trabalho tem na totalidade da obra do autor: um conjunto de miudezas que passam a ser agrupadas segundo alguma temática e que assim, ganha algum sentido mais amplo) que tem por objetivo reunir as publicações do autor sobre as temáticas dos Concelhos Municipais 3, da História Econômica do Algarve e do Regime Republicano em Portugal. Leia Mais
Ultramares. Maceió, n.1, v.1, jan./jul, 2012.
DOSSIÊ – Historiografia Colonial
- Bígamos de Alagoas nas Garras da Inquisição
- Alagoas’s Bigamists on the Claws of the Inquisition
- Luiz Mott
- “Para enumerar, glosar y dar testimonio de los actos de heróica virtude en los caminos”: um estudo sobre as rotas e os protagonistas das missões de evangelização (Província Jesuítica do Paraguai, século XVII)
- “To enumerate, to gloss y testimonio de los acts of heroic virtue en los caminos”: a study on the routes and the protagonists of the missions of evangelization (the Jesuit Province of Paraguay, the seventeenth century)
- Eliane Cristina Deckmann Fleck & Odair José Fantin
- Império, Administração e Poder no Brasil Colonial
- Empire, Administration and Power in Colonial Brazil
- Erika Simone de Almeida Carlos Dias
- Cenários da Escravidão Colonial: História e Historiografia
- Setting of Colonial Slavery: History and Historiography
- Fabiana Schleumer
ARTIGOS
- Leitura comentada da “Proposta a Sua Magestade sobre a escravaria das terras da conquista de Portugal”
- “Proposal to His Majesty about the great number of slaves in the lands of Portuguese conquest
- Maria do Rosário Pimentel
- O Tirano e Digno Cristóvão Soares Reimão: Conflito de Interesses Locais e Centrais nas Capitanias de Itamaracá, Ceará, Paraíba e Rio Grande no Final do Século XVII e Início do Século XVIII
- The Tyrant and Worthy Cristóvão Soares Reimão: Conflict of Interest in Local and Central Captain Itamaracá, Ceará, Paraíba and Rio Grande at the End of XVII Century and Early Eighteenth Century
- Patrícia de Oliveira Dias
- A missão de Santana no governo de Antônio Rolim de Moura
- The mission of Santana in the government of Antonio Rolim de Moura
- Loiva Canova
- Eles dizem que não são índios: discurso e identidade indígena no Ceará (1812 – 1820)
- They say they are not Indians: discourse and indigenous identity in Ceará (1812 – 1820)
- João Paulo Peixoto Costa
RESENHA
- Imaginário Político nas Minas
- Political Imaginary in Minas
- Adriano Toledo Paiva
- ROMEIRO, Adriana. Paulistas e Emboabas no coração das Minas. Idéias, práticas e imaginário político no século XVIII. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008, 431p.
Paulistas e Emboabas no coração das Minas. Idéias, práticas e imaginário político no século XVIII | Adriana Romeiro
Em instigante artigo, António Manuel Hespanha rebate e discorre sobre algumas críticas desferidas ao emprego conceitual de “Antigo Regime” na historiografia luso-brasileira, e apresenta a proposta de substituição dos debates de uma referência geográfica, a separação oceânica e cultural entre colônias e metrópole, por uma questão essencialmente política: “Antigo Regime e Regime Colonial podem coexistir?”2 . Ao propor esta reflexão, o historiador do Direito explicita o cerne dos debates travados entre os pesquisadores que confrontam estes dois “modelos explicativos”. Não devemos avaliar uma realidade histórica problematizando-a unicamente como atrelada a um sistema de acúmulo de riquezas em centros hegemônicos, transferindo recursos para setores decadentes e parasitários. Tampouco, sujeitar e vincular as trajetórias coloniais a uma subordinação e perpetuação do domínio metropolitano. Assim como não podemos privilegiar as economias vinculadas ao mercado externo em detrimento das que não tangenciaram esta órbita. Todavia, não podemos pensar em um estatuto político equitativo entre os colonizados e colonizadores; concebendo um arquétipo sócio-cultural e simbólico característico do Antigo Regime compartilhado pelos indivíduos neste inseridos. Valer-se de uma tática de submissão, amor e serviço incondicional ao rei como um instrumento analítico, reduz o campo de reflexões e possibilidades históricas. Outrossim, tais aspectos se relacionavam a uma lógica e etiqueta empregada para o peticionar, constituindo um artifício retórico acionado para cunhar representações sociais. Neste sentido, refletimos que estes aspectos analíticos não podem prescindir e antever aos fatos empíricos. Tais pressupostos teóricos não devem ser impostos aos procedimentos e produtos do fabrico histórico, uma vez que sua aplicabilidade, tenacidade e essência devem estar em consonância e comunhão. Leia Mais