Ensaios de História Medieval: temas que se renovam | Renata Cristina de Souza Nascimento

O livro Ensaios de História Medieval: temas que se renovam é um exemplo, junto a outros publicados nos últimos anos1, da consolidação dos estudos universitários brasileiros sobre a Idade Média. Desde meados da década de 1990 o medievalismo no Brasil vem crescendo influenciado por diversos fatores2. A fundação da ABREM (Associação Brasileira de Estudos Medievais), em 1996, foi um marco desse sucesso. Nesse processo, grupos de estudos, periódicos especializados e eventos regulares na área também se estabeleceram nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Em Goiânia, por exemplo, nas dependências da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), Área II, foi realizado nos dias 20 e 21 de maio de 2019 o Colóquio de Estudos Medievais & Curso de Atualização: “Ensaios de História Medieval: temas que se renovam”. Nesse evento, foi lançado a obra aqui resenhada, organizada pelos professores doutores Renata Cristina de Sousa Nascimento (UEG/ UFG/PUC-GO) e Paulo Duarte Silva (UFRJ). Leia Mais

Dez dias em um hospício | Nellie Bly

Dez dias em um hospício é fruto de uma experiência singular em que a autora e jornalista norte-americana Elizabeth Cochran (1864 – 1922) investiga a realidade de um hospício. Foi convidada pelo então editor chefe do jornal ­ e New York World (circulou entre 1860 e 1931) Joseph Pulitzer. Ele é o criador do Prêmio Pulitzer de jornalismo, pela primeira vez editado em 1917. Foi seu o projeto da internação de uma jornalista no hospício feminino da Ilha de Blackwell, mas a excelência do trabalho de Elizabeth esteve acima do que qualquer um podia imaginar. Ela encenou loucura, observou e denunciou não apenas as condições altamente inapropriadas da vida e do tratamento dispensado às internas, mas o próprio diagnóstico a que ela e outras internas receberam.

Nellie Bly era o pseudônimo de jornalista pelo qual publicava no ­ e New York World e que foi usado para a série de reportagens que narraram sua experiência no asilo. As reportagens foram, em seguida, reunidas por ela na forma do livro que enfim chega ao público brasileiro, após 133 anos. Momento muito oportuno, em vista da desconstrução da Reforma Psiquiátrica, por políticas de regresso ao modelo manicomial, que vêm ocorrendo sistematicamente no Brasil, nos últimos anos. Leia Mais

Educação Moral e cívica: uma estratégia psicossocial de legitimação de poder (1969-1985) | Cristiano Alexandre Santos e Eduardo Gusmão de Quadros

O livro escrito pelos professores Cristiano Alexandre dos Santos e Eduardo Gusmão de Quadros busca analisar a implantação e o desenvolvimento da disciplina Educação Moral e Cívica durante o regime militar. Esta disciplina já existia como parte da formação escolar dos estudantes brasileiros desde o Segundo império (1840-1889), mas só se tornou uma disciplina do currículo escolar oficial a partir do decreto-lei nº 869, assinado em 1969, no período da ditadura civil-militar.

A partir da implantação da Educação Moral e Cívica como disciplina escolar, o que se observou foi uma tentativa de legitimação do regime Militar através da defesa do nacionalismo e da ênfase no anticomunismo, o que é visível na organização do currículo dessa disciplina. Nesse sentido os autores trabalham para demonstrar como a criação dessa disciplina buscou inculcar os valores caros aos militares e seus apoiadores como os valores únicos e verdadeiros a juventude brasileira. Para esses autores os conceitos chaves de análise são poder e legitimação: Leia Mais

Kalunga: os donos da terra | Thais Alves Marinho

O livro de Thais Alves Marinho, intitulado Kalunga: os donos da terra resulta de um trabalho excepcional de pesquisa realizado durante sua busca pelo título de mestra em sociologia pela Universidade Federal de Goiás. A trajetória de construção dessa pesquisa/livro perpassou por diversas obras no que tange o tema pesquisado, porém, teve como marco norteador a pesquisa de campo, e uma leitura minuciosa das obras de Mari de Nazaré Baiocchi, autora de referência e a primeira pesquisadora a publicar sobre os quilombos Kalunga. Mesmo tendo como tema a relação de territorialidade Kalunga com a identidade, a obra nos proporciona uma visão panorâmica sobre a escravidão negra no Brasil, a formação dos quilombos, a construção dos conceitos que permeiam as palavras quilombo e quilombolas, apontando as visões das ciências sociais e a visão política construída pelos movimentos sócio-políticos de resistência. Ainda é possível perceber nesta obra conceitos e pré-conceitos que permeiam as palavras negros fugidos e quilombolas perpassando por suas relações com o mundo. De fato, nas páginas iniciais desta obra a autora nos chama ao universo histórico e social de sua pesquisa, ao seu objeto em si e dos diversos mundos do período escravocrata e pós escravidão. Leia Mais

olítica, Razão e Desrazão: dimensões políticas e históricas do polo mínero-químico industrial de Catalão/Ouvidor (1962-1992) | Maria Cristina Nunes Ferreira Neto

Numa proposta de História Política, que transcende as questões político partidárias, a professora Maria Cristina Nunes Ferreira Neto, em Política, Razão e Desrazão, dimensões políticas e históricas do polo mínero-químico de Catalão/Ouvidor (1962-1992), busca elucidar o contexto social, econômico, cultural e até mesmo religioso que marcou as eleições municipais em Catalão, Goiás, em 1992. Esta cidade é um perfeito microcosmos, onde vários elementos históricos se tensionam: a guerra fria, o medo do desemprego, sentimentos religiosos, a ciência, a emergente organização partidária da esquerda, os clânicos grupos políticos locais, o irracional medo de comunistas e o caldo fervente que envolve todos estes elementos: o prenúncio da privatização da empresa Goiasfértil que desperta sentimentos contraditórios na população local. Leia Mais

O Peregrino e o Convertido: a religião em movimento | Danièle Hervieu-Léger

A obra o Peregrino e o convertido foi publicada pela primeira vez no ano de 1999, tendo posteriormente traduções para várias línguas, como o português, italiano e alemão. Dentre outras publicações importantes da autora estão: Vers un nouveau christianisme? Introduction à la sociologie du christianisme occidental (1986); De l’émotion en religion (1990); La religion pour mémoire (1993); Sociologies et religion: Aproches classiques en sciences sociales des religions (2001); La religion en miettes ou la question des sectes (2001); Catholicisme français: la fin dun monde (2003); Quest-ce mourir? (2003) (HERVIEU-LÉGER, 2015, p. 07).

A autora demonstra uma vasta experiência nos estudos da religião desde a década de 70, tornando-se uma referência no estudo da modernidade, memória e tradição religiosa. A socióloga é presidente da École de Hautes Études de Sciences Sociales (Paris) e diretora da revista Archives des Sciences Sociales des Religions. A apresentação da segunda edição da obra é de autoria do professor Faustino Teixeira da PPCIR / UFJF, que realiza uma descrição do currículo da socióloga francesa Danièle Hervieu-Léger. Leia Mais

Tempo, espaço e texto: a hagiografia medieval em perspectiva | Igor Salomão Teixeira

A obra Tempo, Espaço e Texto: A Hagiografia Medieval em perspectiva, coordenada pelo Prof. Dr. Igor Salomão Teixeira, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tem por temática discutir e refletir as narrativas de santidades e os relatos de vidas de santos no período medieval. Constituído de nove capítulos, divididos em quatro blocos temáticos, a obra é fruto do diálogo estabelecido entre pesquisadores de diferentes universidades nacionais e internacionais e propõe-se enquanto continuidade das trocas epistemológicas estabelecidas nas duas primeiras edições do Seminário Internacional sobre Hagiografia, nos anos de 2013 e 2015.

O primeiro bloco temático, intitulado Hagiografia entre os séculos V – VIII, abarca dois artigos, de autoria de Ronaldo Amaral, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, e de Leila Rodrigues da Silva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. No texto A Hagiografia sob a perspectiva da consciência mítica, Ronaldo Amaral parte das reflexões de Ernest Cassirer, principalmente sobre a consciência mítica ou pensamento mítico, para compreender os elementos constitutivos da literatura hagiográfica. Assim, para o autor, a hagiografia constitui-se como uma narrativa literária histórica que traz em si uma linguagem simbólica e necessita de um estudo hermenêutico para sua compreensão. Leia Mais

Batalhas medievais: as 20 mais importantes batalhas da Europa e do Oriente, 1000 d.C.-1500 d.C. | Kelly Robert Devries

A coletânea de textos históricos militares, organizada pelo historiador medievalista Kelly DeVries, é uma tradução para o português do título em inglês Battles of the Medieval World 1000 – 1500 From Hastings to Constantinople publicado originalmente em Londres em 2006 pela editora Amber Books.

O organizador da obra é Ph.D. em estudos medievais pelo Centre for Medieval Studies da University of Toronto. Suas áreas de atuação são: história militar, história da tecnologia, diplomática e de paleografia. Atualmente é professor de História na Loyola University Maryland e Consultor histórico honorário da Royal Armouries (Reino Unido). DeVries organiza as discussões numa perspectiva linear crescente, tendo como referência as datas de realização dos conflitos. Desse modo, o percurso da coletânea é iniciado no ano de 1066 com a batalha de Hastings, indo até o ano de 1471, momento em que ocorre a batalha de Brunkeberg. Leia Mais

Peregrinos e peregrinação na Idade Média | Susani França, Renata Nascimento e Marcelo Lima

As peregrinações na Idade Média tiveram, enquanto fenômeno religioso, diversas dimensões, ou seja, políticas, econômicas e também sociais. E assim, enquanto fenômeno histórico e produto, portanto, das práticas e experiências humanas, as peregrinações no Ocidente medieval não foram, no entanto, homogêneas.

A concepção medieval de que o cristão era, por excelência, um homo viator, estava correlacionada à crença no destino após a morte. Enquanto uma viagem terrena aos santos sepulcros localizados no Ocidente, como os de Roma e de Compostela e, no Oriente Próximo, em Jerusalém, a Terra Prometida, as peregrinações eram percebidas também como uma passagem entre este mundo e aquele imaginado pelos fieis, o mundo celeste. O historiador Jacques Le Goff (1989) argumentou em um de seus livros que todas as pessoas na Idade Média eram peregrinos, seja no sentido mais factual de realização de uma viagem ou peregrinos potenciais. A noção de homo viator refere-se, assim, à cosmovisão que os medievais compartilhavam a respeito da vida neste mundo enquanto um ritual, algo provisório, em contraste com aquele destino eterno associado ao Além. Leia Mais

Identidades e fronteiras no medievo ibérico | Fátima Regina Fernandes

A obra Identidades e Fronteiras no Medievo Ibérico, coordenado pela professora doutora Fátima Regina Fernandes, é fruto de estudos conjuntos realizados pelos pesquisadores do Núcleo de Estudos Mediterrânicos – NEMED – vinculado à Universidade Federal do Paraná e o grupo Espai, Poder e Cultura da Universidade de Lérida, apoiado por instituições de fomento brasileiras e espanholas. Como expresso pelo título do livro, o tema que perpassa todos os capítulos relaciona-se com formação de identidades e fronteiras nos espaços ibéricos nos séculos VII a XV, interesse haurido de reflexões contemporâneas a cerca de temas que tocam o Ocidente Medieval.

Em contexto de globalização, o interesse do presente estudos surge a partir do questionamento das fronteiras e identidades atualmente estabelecidas, seja entre instituições ou mesmo entre grupos de indivíduos, o que exige um exercício de reflexão em torno da utilização de concepções da atualidade para pensar em questões específicas à medievalidade ibérica, o que exige aos pesquisadores um esforço em evitar possíveis anacronismos. Leia Mais

Que Horas São …Lá , No Outro Lado? América e Islã no Limiar da Época Moderna | Serge Gruzinski

Virá o tempo, em um futuro longínquo, em que o mar Oceano quebrará suas correntes; e uma vasta terra será revelada aos homens…” Estas palavras de Sêneca escritas no século I da era cristã são essenciais para a compreensão de um momento histórico único, que representam as grandes descobertas geográficas dos séculos XV e XVI. No novo livro do historiador Serge Gruzinski este tema é revisitado de forma diferente e também inusitada, servindo de pano de fundo para a construção da obra. O objeto central da narrativa não são as novas descobertas e sim o cruzamento de duas fontes que nos levam a visitar ao mesmo tempo a América e o coração do Império Otomano.

O ano de 1453 marcou a derrocada e o último suspiro do Império Bizantino, já em estado de alerta desde o século VII. O advento do Islamismo é considerado o principal elemento de transformações no mundo medieval. Após a conquista da Anatólia e dos Balcãs o poder otomano, baseado na religião islâmica, consolida-se como a principal força política do oriente, com centro em Istambul. Por outro lado temos o surgimento inesperado de outros universos, localizados desta vez junto ao Atlântico, tendo inicialmente como centro a “Nova Espanha” e de modo singular a Cidade do México local escolhido por um dos cronistas para viver. Leia Mais

O leão e a joia | Wole Soynka

Manhã, Meio-Dia e Noite: no tríplice emaranhar desses tempos cênicos, fia precisa e preciosa suas teias o triângulo amoroso da peça teatral O Leão e a Joia. É de obra do nigeriano Wole Soyinka que se está a falar, autor Prêmio Nobel de Literatura em 1986 – o primeiro africano negro a receber a premiação -, cuja peça, escrita lá em fins dos anos 50, somente cerca de outro meio século depois, em 2012, ouviu ecoar sua sonoridade iorubá em terras brasileiras. Assim, traduzida e publicada no Brasil, eis que ao leitor do país, enfim, confere-se a chance de ser “plateia” nas páginas teatrais do texto – já tendo, este, posto um primeiro pé em palco baiano, com a leitura dramática pela Companhia de Teatro Abdias do Nascimento, no final do mesmo ano desta sua primeira edição em língua portuguesa. Soyinka também esteve pessoalmente em Salvador, em novembro de 2012, às vésperas do Dia Nacional da Consciência Negra, por ocasião da divulgação do livro e a convite da Academia de Letras da Bahia, para palestra dentro do calendário comemorativo da data. Leia Mais

Uma história da doença de Carrión: clínica e bacteriologia (1842-1913) | Eduardo Sugizaki

A tese de Eduardo Sugizaki (248 páginas, 500 referências bibliográficas) é uma história da doença de Carrión que cobre o período de sua descrição clínica, de 1842 a 1885, e os primeiros tempos de sua exploração bacteriológica, de 1885 a 1913.

A narrativa tradicional veiculada pela medicina peruana repousa sobre a famosa experiência de 1885, no curso da qual Daniel Carrión se fez inocular com o sangue de um doente da verruga peruana, o que provoca sua morte pela febre de Oroya. Assim, teria sido dada a prova da unicidade de uma doença, a verruga peruana e a febre de Oroya, constituindo uma só entidade patológica, batizada como ‘doença de Carrión’. Leia Mais

Os Índios na História do Brasil | Maria Regina Celestino Almeida

Durante longo período na historiografia brasileira convencionou-se estudar os povos indígenas como meros apêndices sem vontade de uma sociedade conquistadora e dominante. Vistos enquanto vítimas passivas de um processo assimilador, os mesmos acabavam submetidos e incorporados ao sistema colonial, perdiam sua identidade, sua língua, deixando de ser índios e desaparecendo da história. Na atualidade, felizmente, tais ideias já não se sustentam mais, tendo em vista o avanço das concepções teórico-metodológicas das investigações realizadas em diferentes centros de ensino e pesquisa, sobretudo a partir dos últimos 20 anos. Cada vez mais, diferentes pesquisadores revelam a imensa capacidade dos povos indígenas de agir com movimentos próprios, diante das mais adversas situações, criando múltiplas estratégias de sobrevivência que incluem negociações, conflitos, rearticulações culturais e identitárias.

Entre os pesquisadores desta nova corrente historiográfica que vem quebrando preconceitos e visões estereotipadas sobre as populações indígenas, está Maria Regina Celestino de Almeida, professora do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense. Em seu livro Os Índios na História do Brasil, a autora analisa a trajetória da inserção dos povos indígenas na historiografia brasileira, enfocando os avanços conceituais dos últimos anos e trazendo a tona o que John Manuel Monteiro chama de uma “nova história indígena” (2001, p. 5). Nesta concepção, é uma tarefa para os historiadores refazer as trajetórias múltiplas para entender que a história dos índios também faz parte da história do Brasil. Leia Mais

Teoria da História | José D’Assunção Barros

Quem se interessa por teoria da história pode contar com uma obra genuinamente brasileira. Trata-se dos quatro volumes de Teoria da História (Petrópolis: Editora Vozes, 2011. 4v), de autoria de José D’Assunção Barros. O autor é historiador e professor na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Além da História, Barros transita também pelo campo da música, possui, inclusive, graduação nessa área. Acerca das suas subáreas de interesse, no campo da História, destacam-se Teoria da História, Metodologia da História e Historiografia. O autor não é estreante no campo técnico/teórico da História. Dois textos de sua autoria merecem referências: O Campo da História (Petrópolis: Editora Vozes, 2004) e O Projeto de Pesquisa em História (Petrópolis: Editora Vozes, 2005).

Teoria da História, como mencionado acima, dividi-se em quatro volumes. Leia Mais

Cristianismos no Brasil Central – História e Historiografia

Dentre os vários Domínios da História encontramos na História das Religiões e Religiosidades, atualmente, em lugar de destaque. giosidade em lugar de destaque, Entre as sociabilidades e sensibilidades percebidas a partir do viés religioso, um volume considerável de pesquisadores tem se dedicado a produções científicas com este enfoque, possibilitando condições para enxergarmos novos rumos e novas abordagens, inseridas na perspectiva da História Social e Cultural, tendo como referência os diferentes grupos religiosos e suas práticas. As discussões nesta direção imbricam-se, satisfazendo e/ou suscitando que certamente imbricam-se satisfazendo ou sucitando r estecuriosidades que despertam novos problemas intrincados a este campo epistemológico. Existe consenso quanto à complexidade de discuti-las e entendê-las, porém, o ato embrenhar-se à pesquisa torna estas fronteiras uma possibilidade iminente de transposição.

Um exemplo pertinente desta ação pode ser visto na obra Cristianismos no Brasil Central – História e Historiografia – Goiânia: Editora da UCG, 2008. Com temáticas voltadas para a experiência do cristianismo em Goiás, esta obra leva à compreensão de que este aspecto se torna um vetor importante para adentrarmos no cotidiano social e suas representações cada vez mais nítidas na História de Goiás. Vemos que as temporalidades contempladas nos artigos que compõem a obra justificam esta tendência, já que as mesmas se encontram atávicas às origens identitárias dos sujeitos constituintes da história regional, formal e ou informalmente. Leia Mais

Sensibilidades e sociabilidades: perspectivas de pesquisa

Bem-aventurados os tempos que podem ler no céu estrelado o mapa dos caminhos que lhes estão abertos e que têm de seguir! Bem-aventurados os tempos cujos caminhos são iluminados pela luz das estrelas! Para eles, tudo é novo e todavia familiar; tudo significa aventura e todavia tudo lhes pertence. (Lukàcs)

Se evocássemos apenas os espaços na concepção do que é real, não tardaríamos em evocar objetos, cores, formas, sons, odores e sensações que marcam experiências vividas. Adicionados às lembranças, os sonhos fazem com que nunca sejamos apenas historiadores, mas um pouco poetas. E, nessa perspectiva, construímos uma história do sensível, dotada de características familiares, embora tudo recenda a novo. Leia Mais

O Itinerário de Benjamin de Tudela

Traduzido por J. Guinsburg (2017), O Itinerário de Benjamin de Tudela, faz parte do gênero conhecido como literatura de viagens. Em geral é a própria experiência que motiva o ato da escrita. Este relato oferece aos leitores informações essenciais sobre cidades, costumes, personagens e especialmente sobre a quantidade de pessoas que faziam parte da comunidade judaica, em cada região visitada. “Em muitas cidades ele menciona os líderes e professores pelo nome, servido assim amiúde para preservar a sua memória” (GUINSBURG, 2017). O texto foi escrito originalmente em hebraico, sendo posteriormente traduzido ao latim. É preciso ter em mente que a rota foi empreendida entre a segunda e terceira cruzadas, no momento em que Jerusalém ainda estava em posse da cristandade. A cidade santa esteve nas mãos dos cruzados de 1099 a 1187, sendo depois recuperada aos muçulmanos sob a liderança de Saladino. Partindo de Tudela (1160), sua cidade natal, Benjamin inicialmente visitou Saragoça e Barcelona. Após percorrer algumas cidades da Hispania, esteve no reino da França. Nesta região destacou as cidades de Montpellier, Lunel e Marselha; “que é uma cidade de opulentos e doutos cidadãos, possuindo duas congregações com cerca de 300 judeus… eles formam uma grande academia de homens eruditos” (GUINSBURG, 2017, p. 46). O destaque à erudição de seu povo é fator recorrente na narrativa. Leia Mais

História e sensibilidades | Marina Haizenreder Ertzogue

Vivemos no século XXI. Tempo em que as distâncias físicas se cruzam com o espaço e se encurtaram; em que a ordem e a transgressão não contam com rígidos limites e o todo se estilhaça em fragmentos. A História universal divide seu espaço com a história local e regional. Tempo em que a percepção cartesiana da ciência, racional e concreta convive com outra percepção mais alargada, que já abriga em seu leito o senso comum e as expressões do desejo do homem, uma ciência capaz de entender que o mundo humano se organiza em torno de desejos. Essa concepção de ciência que emerge nos tempos pós-modernos que leva em conta o homem como sujeito e como preocupação central do conhecimento científico, possibilita ao mundo acadêmico o retorno do estudo da sensibilidade, do sentimento, das emoções já praticada no tempo de Heródoto, de Aristóteles e Platão e que fora dizimada nos tempos da modernidade. Na leitura de Dosse ela fragmenta a História, a separa em migalhas. Mas o que seriam essas migalhas senão fragmentos que nos possibilitam um adentrar com profundidade em nosso objeto de estudo? Presumo que essa história fragmentada ou em migalhas significa o ecoar da voz humana no árduo cenário da ciência. Além disso, nos tempos pós-modernos o conhecimento histórico prioriza a esfera cultural, as idéias, os valores, as representações, as linguagens. A História vem se tornando um ramo da estética, aproximando-se da arte, da literatura, do cinema, da fotografia, da música; sensibilidade, sonho e realidade se misturam o que me faz lembrar Vô Mariano, um personagem de Mia Couto em Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra, ao colocar “o que mais me lembro é daquilo que nunca vivi”. Destarte pelo discurso da ciência moderna voltar seu olhar para o espaço humano, o artista, o filósofo e o historiador mantêm um contrato pendente com o tempo que determina a história. Leia Mais

Mosaico | PUC-GO | 2008

MOsaico Mosaico

A revista Mosaico (Goiânia, 2008-) é um periódico do Programa de Pós-Graduação em História da PUC Goiás, criada em 2008.

Enfatiza, na grande área das ciências humanas, os estudos históricos e culturais, de forma interdisciplinar, com a missão de divulgar a produção científica e estabelecer intercâmbio com outras instituições locais, nacionais e internacionais.

A proposta da revista é tentar formar um conjunto novo, ou, assumindo-se a pretensão, de redesenhar o quadro de uma historiografia aberta. Se propõe a ser um espaço amplo para a execução e demonstração de mosaicos historiográficos, no plural, já que há muito que a história deixou de ser pensada no singular e disciplinarmente.

A Revista Mosaico, portanto, evoca o imperativo da interdisciplinariedade, visando uma História pluralista, no intuito de suprir a carência da História com H maiúsculo, da “história historicizante”. Possibilita um campo para essa luta. Reúne a perspectiva histórica às noções englobantes de cultura e poder.

A revista Mosaico tem como missão divulgar a produção científica em caráter interdisciplinar e estabelecer intercâmbio com outras instituições locais, nacionais e internacionais. Como objetivos propomos divulgar trabalhos relevantes da área de ciências humanas e sociais com destaque para a produção do conhecimento histórico.

Periodicidade semestral.

Acesso livre.

ISSN 1983 7801 (Online)

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