História oral, gênero e interseccionalidade | História Oral | 2022

Interseccionalidade Patricia Hill Gênero
Interseccionalidade, livro de Patricia H. Collins e Sirma Bilge (Detalhe de capa)

O tema deste dossiê evidencia um movimento acadêmico e político na elaboração de conhecimento, voltado à escuta de vozes dissonantes em uma sociedade hegemonicamente branca, sexista e cis heteronormativa. Esse posicionamento se insere no que poderíamos denominar de “uma virada epistêmica” (Veiga, 2020), um “giro decolonial” (Ballestrin, 2013), ou ainda um “giro afetivo” (Lara; Enciso, 2013), produto e produtor de mudanças analíticas implicadas e afetadas (no sentido de afeto e de afetação) por demandas sociais e identitárias e pela entrada de “sujeitos improváveis” em uma universidade historicamente distanciada do perfil da maioria da população brasileira. As políticas públicas de ação afirmativa favoreceram o acesso de negras/os, indígenas, população LGBTQIA+, filhas e filhos da classe trabalhadora, assim como de pessoas que vivem nas mais diversas margens deste país desigual, a um espaço muitas vezes visto como um lugar inalcançável para tais populações.

Essa circulação de sujeitas/os em instituições de ensino e pesquisa, antes deles distanciadas, assim como debates intelectuais posicionados advindos dos feminismos negros e indígenas e dos chamados estudos queer, têm possibilitado e ampliado questionamentos relativos às colonialidades de saber, de ser e de gênero que orientam a ciência e atuam no apagamento ou no silenciamento de classe, gênero e raça. Como afirmou María Lugones, para que se desconstruam as relações de poder que perpassam o conhecimento científico e as próprias lutas políticas, é preciso “viajar entre mundos”, ou seja, habitar mais de um território, reconhecer os (entre)lugares de fala (Ribeiro, 2017) e compreender as diferenças subjetivas, raciais, identitárias e sociais como problemas a serem enfrentados na elaboração do conhecimento, visibilizados e postos ao debate público. Leia Mais

Esportes e fontes orais | História Oral | 2021

Myay Thai esporte Gênero
Muay Thai techniques | Imagem: Muay Thai-Word

O presente dossiê é fruto de um campo de estudos que está prestes a completar 40 anos. Em artigo de balanço escrito para o Boletim de Informação Bibliográfica, o antropólogo Luiz Henrique de Toledo (2001) balizou o ano de 1982 1 como data matricial para o início das pesquisas acadêmicas dedicadas aos esportes, com particular atenção ao futebol, no âmbito das Ciências Sociais. A referência, por suposto, diz respeito à coletânea organizada por Roberto DaMatta, intitulada Universo do futebol: esporte e sociedade, que reunia pesquisadores da área de antropologia social, em formação na pós-graduação do Museu Nacional, do Rio de Janeiro, em princípios daquele decênio.

Em busca de uma terminologia para o campo, Toledo, nesse mesmo texto, considerava mais apropriada a denominação “antropologia das práticas esportivas”, posto que captava o dinamismo conceitual e uma compreensão mais lata do gradiente de atividades dos esportes. Em acréscimo, evitava o enrijecimento do objeto reificado, segundo mais uma nova e cômoda setorização: antropologia dos esportes. Seja como for, o fato é que nas últimas quatro décadas gerações de pesquisadores, não apenas da antropologia, vêm se interessando em investigar atores, eventos e relações sociais associadas às práticas e às representações esportivas, aos chamados, por outro antropólogo, “futebóis” (Damo, 2006), em suas diferentes escalas, matrizes e dimensões. Leia Mais

História oral e envelhecimento | História Oral | 2021

Este dossiê contempla estudos sobre os processos de envelhecimento utilizando, na interface memória social e trajetórias de vida, a metodologia de história oral. Reune textos que contribuem para os debates públicos sobre a temática – implicações científicas, sociais, políticas, históricas e culturais – ao considerar as mudanças ocorridas no curso da vida que caracterizam a experiência contemporânea. A preocupação com o envelhecimento e com a melhoria da qualidade de vida na sociedade brasileira muda a sensibilidade investida na velhice e a reflexão para o reconhecimento da pluralidade de experiências. O livro Memória e sociedade: lembranças de velhos, publicado por Ecléa Bosi no final dos anos 1970, é uma das principais referências para a história oral no Brasil. Seu tema e sua abordagem continuam relevantes e são inspirações para o presente dossiê. Paul Thompson (1972) e Luisa Passerini (2011) refletiram sobre a importância dos trabalhos de história oral atentarem para as experiências da velhice, pois muitas vezes o processo de envelhecimento não é abordado, ou não se compreende adequadamente as ressonâncias de “tornar-se e ser velho/a”. Leia Mais

História Oral, trabalho, trabalhadoras (es) | História Oral  | 2020

As formas de relações de trabalho e a subjetivação da ideia de trabalhadora e trabalhador têm sido pontos de intensas disputas entre diversos setores sociais nos últimos anos. A massificação da internet, das redes sociais, dos aparelhos celulares e seus aplicativos produziram novas ferramentas e uma nova linguagem para definir e significar o mundo do trabalho.

Nesse cenário, gostaríamos de destacar dois elementos: o discurso de liberdade e os significados da legislação trabalhista. Ao controle e opressão patronais sofridos pelos trabalhadores e pelas trabalhadoras nas fábricas, nos canaviais e outros espaços, foi contraposto um forte discurso de liberdade. Sem patrão, com livre-iniciativa, com a possibilidade de escolher o horário de trabalho, bem como o tempo dedicado, assim se apresentam as novas formas laborais para as pessoas que se identificam e são identificadas como empreendedoras. Desde os entregadores dos aplicativos de comida em todo Brasil até as costureiras em Toritama, no Agreste de Pernambuco, a promessa da ausência de patrões e dos mecanismos de controle direto empregados pelos mesmos, significaria uma nova fase de mais liberdade e possibilidade de novos ganhos, dependendo apenas do esforço de cada trabalhador ou trabalhadora. Leia Mais

Narrativas, Universidades e educação | História Oral | 2020

No final de 2019, lançamos por esta revista de História Oral uma chamada para submissão de trabalhos para o dossiê Narrativas, universidades e educação que ora apresentamos. Nosso objetivo era congregar trabalhos que versassem sobre a trajetória das universidades e de seus profissionais. Autores diferentes estabelecem marcos distintos para aquela que teria sido a primeira universidade do país – dentre outras, a Universidade de Manaus, atual Universidade Federal do Amazonas (UFAM) em 1909, a Universidade do Paraná, hoje Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 1912, e a Universidade do Rio de Janeiro, depois Universidade do Brasil e, por fim Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1920) – sendo, não obstante, seguro dizer que já nos aproximamos dos seus primeiros cem anos de atividade no Brasil. Especialmente aqui, essas instituições se constituíram como o espaço primordial de produção em ciência, tecnologia e conhecimento, possuindo também relevante papel na formação de professores para todos os níveis de educação. Diante dos desafios que têm acometido os estabelecimentos de ensino superior nos últimos anos, nós, organizadoras deste dossiê junto com as editoras que acolheram nossa proposta, acreditamos na importância de reunir trabalhos que registrem e debatam o papel da comunidade universitária nas múltiplas dimensões que ela pode ter assumido: na abertura de novas áreas de conhecimento, na interiorização de seus serviços e, especialmente, na formação de professores. Leia Mais

Cidade, personagens e ocupações dos espaços | História Oral  | 2019

O tema Cidade, personagens e ocupações dos espaços – dossiê proposto para este número – estimula nossa imaginação e, ao mesmo tempo, provoca inquietude por querermos lembrar experiências e personagens na luta contra o esquecimento. Sejam de tempos mais afastados de nosso presente cotidiano, sejam de momentos mais próximos de nossas vivências atuais. A temática é complexa, multifacetada e sempre atual.

As autoras e os autores em seus textos escritos assinalam os traços do passado que ainda estão a significar os espaços das cidades no presente: “… reminiscências que não descansam antes que a pena ou a língua as publique” (Dom Casmurro, Machado de Assis). Acontecimentos traumáticos também marcam e constroem outras memórias superpostas a uma imensa variedade de histórias em tempos diferentes. Certamente, a matéria das lembranças multiplica o campo de imagens e transforma-se em narrativas tecidas com as experiências individuais e coletivas. Leia Mais

Povos, comunidades tradicionais e grupos populares latino-americanos: oralidades, memórias e imagens | História Oral | 2019

Travessias, “SERTÃO” e Águas Amazônicas

Aquilo era a tristonha travessia, pois então era preciso”.

Guimarães Rosa

Os organizadores do dossiê Povos, comunidades tradicionais e grupos populares latino-americanos: oralidades, memórias e imagens, não poderiam deixar, em estilo de apresentação, de prestar uma discreta, mas justa homenagem à professora, pesquisadora e, acima de tudo, Amiga, Jerusa Pires Ferreira, que fez a sua travessia, pelo testemunho de pessoas queridas ali presentes, em 21 de abril de uma tarde triste, com céu limpo rumo ao Orum. Pelo contexto, imaginamos também a presença viva dos sons dos tambores. Leia Mais

Amazônia / História Oral / 2006

Este novo número da Revista História Oral dá continuidade à orientação seguida ao longo de sua trajetória de construir um espaço plural que incorpore a diversidade e procure estimular o diálogo entre os diferentes usos da História Oral. Dentro dessas linhas que norteiam as preocupações da Associação Brasileira de História Oral, reafirma-se a necessidade de incorporação de novos espaços de debate e temas, bem como o compromisso de reforçar a idéia da História Oral como um instrumento a mais para aprimorar a qualidade acadêmica e a interpretação científica. Assim, a utilização da História Oral pressupõe pesquisa, método, análise crítica e reflexão sobre o material obtido através das entrevistas orais.

De acordo com estas perspectivas, o número – de responsabilidade do novo comitê editorial escolhido no VIII Encontro Nacional de História Oral, realizado no Acre em 2006 – foi dividido em três eixos temáticos.

O primeiro eixo é composto pelo dossiê “Amazônia” que contém três artigos. Raymundo Maués discute lendas e mitos sobre o boto na Amazônia enfatizando seus aspectos simbólicos. Regina Beatriz Guimarães Neto reflete sobre a História das cidades no noroeste de Mato Grosso, dando especial atenção aos trabalhadores rurais e suas lutas pela posse da terra. Carla Monteiro de Souza discute os processos de imigração e povoamento do estado de Roraima estabelecendo como foco as estratégias e relações de identidade entre diferentes grupos diante de uma nova realidade.

O segundo eixo apresenta um artigo de Alessandro Portelli, que trata das ambigüidades das memórias sobre o pós-guerra em Roma, e o texto de Marco Aurélio Santana, que analisa as formas pelas quais militantes dos movimentos sindicais constroem suas memórias acerca das mobilizações experimentadas em Volta Redonda.

O terceiro eixo temático privilegia o uso de História Oral como instrumento para recuperação de memórias sobre práticas de ensino e saberes. O artigo de Isabel Cristina Martins Guillen apresenta a trajetória de um “mestre” cantador de Pernambuco e seu papel como transmissor de uma cultura popular. O artigo de Selva Guimarães explora o uso da História Oral como instrumento pedagógico para o ensino de História enquanto disciplina escolar.

Este número traz ainda as contribuições de Paulo Knauss e Ana Mauad sobre as experiências de pesquisa e constituição de acervo do Laboratório de História Oral e Iconografia (LABHOI) da Universidade Federal Fluminense e uma resenha de Alice Lang sobre o livro Augusto e Léa de autoria de José Carlos Sebe bom Meihy.

Marieta de Moraes Ferreira

Julho de 2007


FERREIRA, Marieta de Moraes. Palavras da editora. História Oral, v.9, n.1, p.9-10, 2006. Acessar publicação original  [DR]

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Mulheres militantes / História Oral / 2006

A Revista História Oral, com este novo número, mais uma vez reafirma seu compromisso de se constituir num espaço de reflexão metodológica para as pesquisas nas áreas de ciências humanas. De acordo com essa orientação, História Oral deve funcionar como uma bússola, um instrumento de crítica e renovação para novos temas e pesquisas. Um segundo objetivo da Revista é funcionar como um canal de comunicação entre a diretoria executiva e os núcleos regionais de maneira a não só estimular a produção das diferentes regiões, mas também divulgar o estado atual das investigações na área.

Os artigos publicados apresentam contribuições interessantes para os estudos de gênero e militância política. O primeiro conjunto de textos – de Benito Bisso Schmidt, Linderval Augusto Monteiro e Jessie Jane Vieira de Sousa – destaca o papel das trajetórias de mulheres como Ilda Lameu, Gilda Marinho, Lila Ripoll e uma militante de esquerda que tiveram atuação destacada em importantes lutas políticas.

O artigo de Benito Schmidt investiga a produção de memórias a respeito de duas gaúchas que militaram no PCB nas décadas de 1940 e 1950: a jornalista Gilda Marinho (1906-1984) e a professora e literata Lila Ripoll (1905-1967). A primeira, apesar de haver participado de importantes organizações, campanhas e eventos promovidos pelos comunistas, normalmente tem sua militância negligenciada, muitas vezes lembrada como uma mulher ousada, extravagante, transgressora dos papéis de gênero vigentes e ligada à alta-sociedade porto-alegrense. Já Lila aparece freqüentemente, nas fontes do Partido, como a “comunista ideal”, a militante corajosa e disciplinada, nas lembranças de seus companheiros.

O trabalho de Linderval Monteiro tem como objetivo explicitar a maneira como surgiu, desenvolveu-se e foi interrompida, através do assassinato, a liderança comunitária de Ildacilde do Prado Lameu. Conhecida como Ilda, atuou na Baixada Fluminense, região metropolitana do Rio de Janeiro em defesa das comunidades excluídas.

O trabalho de Jessie Jane Vieira de Souza problematiza as memórias de uma ex-presa política brasileira que, da prisão, vivenciou os diferentes golpes militares ocorridos no Cone Sul durante as décadas de 1960 e 1970. Através das memórias construídas por sua própria família, é possível captar as tragédias que marcaram as trajetórias dos exilados brasileiros que se encontravam, então, espalhados pela América Latina.

Igualmente dedicado ao tema da militância política, o artigo de Marluza Harres trabalha com os conflitos e silêncios que marcaram as memórias dos antigos petebistas do Rio grande do Sul. Ainda referenciado à discussão de gênero, o artigo de Marilda Aparecida de Menezes pretende analisar as memórias de mulheres camponesas no agreste pernambucano entre as décadas de 1920 e 1980. A partir dessas memórias, pretendeu-se compreender as representações e práticas do grupo estudado, bem como as transgressões e resistências às regras, modelos e valores sociais.

Encerram o volume o texto do professor Gisafran Mota Jucá, que analisa as experiências desenvolvidas pelos Grupos de Pesquisa dedicados à História Oral existentes em Fortaleza, nas Universidades Federal do Ceará (UFC) e Estadual do Ceará (UECE); e a resenha feita por Antonio Montenegro sobre o livro de Flávio Weinstein Teixeira, O Movimento e a Linha: Presença do Teatro de Estudante e do Gráfico Amador no Recife (1946-1964).

Marieta de Moraes Ferreira

Março de 2008


FERREIRA, Marieta de Moraes. Palavras da editora. História Oral. Rio de Janeiro, v.9, n.2, p.7-8, 2006. Acessar publicação original  [DR].

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Saúde Coletiva / História Oral / 2005

A revista História Oral ao longo desses oito anos de contínua circulação alcançou um patamar que pode e deve ser associado a um grande esforço coletivo. O constante rodízio de editores e suas equipes revelou um incansável e permanente trabalho de análise, de crítica, de seleção de artigos nacionais e internacionais, que concorreram para transformar esta revista em uma referência da produção do conhecimento mediante a utilização das fontes orais.

É importante registrar a forma como nesses últimos dez anos o trabalho com relatos orais adquiriu uma importância significativa em diversas áreas das ciências humanas e sociais no Brasil. O crescente interesse de professores, pesquisadores e estudantes em participar crescentemente da Associação Brasileira de História Oral é um sinal desse movimento. Os encontros regionais que ocorreram no Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, no intervalo dos encontros nacionais bianuais, deram uma grande visibilidade à força das pesquisas com fontes orais, ao seu uso em termos numéricos e qualitativos.

A leitura dos cadernos de resumos desses encontros regionais oferece uma diversificada cartografia das linhas e temas de pesquisa. Observa-se como o interesse pela história do tempo presente e seu amplo leque de temas se estabelece e se cruza com outras preocupações metodológicas, como a problemática do tempo, a narrativa oral e escrita, a memória, o esquecimento, a micro-história, relacionadas a questões técnicas como a forma da entrevista, a gravação, a transcrição, a edição, o arquivo em fita, em CD e em DVD. Todo esse quadro que, sucintamente, apontamos pode também ser relacionado à ampliação dos cursos de pós-graduação em diversas áreas das ciências humanas, que passaram a incorporar aos seus programas disciplinas relacionadas à temática da história e o uso das fontes orais.

Este número da revista História Oral traz como dossiê a temática da saúde, tratada da perspectiva das práticas sociais das camadas populares. Iniciamos pelo trabalho da antropóloga Martha Beatriz Cahuich Campos, da Escuela Nacional de Antropologia e Historia do México, que recupera experiências valiosíssimas das comunidades mexicanas que optaram por uma medicina construída na tradição popular e, ao mesmo tempo, estabelece uma reflexão sobre projetos de economia solidária. O artigo contempla uma análise sobre a necessidade da imbricação entre os projetos de economia solidária e o cuidado com a vida, com projetos de saúde libertadores, mas aponta como nem sempre essa união tem tido êxito.

O segundo artigo do dossiê, do historiador Fernando Dumas, da Casa de Oswaldo Cruz, traz para o leitor um rico trabalho de pesquisa desenvolvido na região do médio rio Negro, na Amazônia. Entrevistando a população da região localizada entre as cidades de São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel e Barcelos, o texto revela como por meio de relatos de história de vida é possível descobrir todo um percurso de construção de uma cultura híbrida de cura. Segundo o autor, duas seriam as influências básicas que constituem essa tradição de saúde popular: de um lado, as práticas ritualísticas, de conotações mágico-religiosas, dos pajés; de outro, os usos curativos das plantas, alguns desenvolvidos por influência dos preceitos da terapêutica científica ocidental.

O terceiro trabalho é de autoria de Ana Paula Vosne Martins, professora do Departamento de História da Universidade Federal do Paraná, e tem como título Memórias maternas: experiências da maternidade na transição do parto doméstico para o parto hospitalar. Mediante entrevistas com mulheres que nasceram antes de 1930, e que tiveram seus filhos e filhas em casa com parteiras, é desenvolvida uma reflexão sobre a história da maternidade distinta da realizada pelos médicos especialistas. A memória dessas mulheres é também analisada da perspectiva das implicações metodológicas da história oral.

Após o dossiê temos o artigo de Ronald Grele, do Oral History Research Office at Columbia University, em que aponta algumas linhas de reflexão teórico-metodológicas de um grupo de historiadores nos EUA que colocou em debate o uso das entrevistas em seus livros e artigos. Indica o autor, em linhas gerais, o que considera o percurso da história oral naquele país, bem como a formação de uma comunidade mundial – IOHA – e os temas que lhe parecem hoje estar no centro dessa discussão.

Um outro artigo que privilegia as questões teóricas e metodológicas resulta de um debate entre a historiadora Florence Descamps, da École Pratique des Hautes Études, e a antropóloga Florence Weber, da École Normale Supérieure (Paris), com a mediação de Bertrand Muller. A grande experiência e as ricas análises dessas duas pesquisadoras no trabalho com as fontes orais, sem dúvida, oferecem uma rica contribuição a este debate também no Brasil.

O artigo Histórias reconstruídas: Laura Brandão na memória dos seus descendentes, de Maria Elena Bernardes, do Centro de Memória da Unicamp, revela uma historiadora cuidadosa em percorrer as memórias e os silêncios daquela que foi a personagem central da sua investigação de mestrado. A escrita e a pesquisa expressam um equilíbrio de quem sabe os artifícios da narrativa e as armadilhas dos documentos.

O pesquisador Ely Bergo de Carvalho, valendo-se de um conjunto de entrevistas com um grupo de agricultores do município de Engenheiro Beltão, no Paraná, recupera todo um debate sobre as práticas de desmatamento ocorridas naquele estado a partir da década de 1940. O artigo O mal-estar dos civilizadores: ou como os agricultores lembram a floresta em Engenheiro Beltrão, Paraná aponta um complexo percurso de construção social de memórias sobre a floresta.

A pesquisadora e historiadora Marilda Ionta, da Universidade Federal de Viçosa, em A escultura de si nas cartas de Anita Malfatti, Oneyda Alvarenga e Henriqueta Lisboa, nos traz para reflexão todo um universo histórico, social e cultural a partir das missivas dessas três mulheres ao amigo Mário de Andrade. São três auto-retratos estilhaçados, que Ionta percorre, produzindo outras leituras sobre histórias de subjetivações sociais.

No artigo A memória dos lugares, dos objetos e os guardiões da memória na educação não-formal, a pesquisadora em educação Renata Sieiro Fernandes analisa diversos relatos de memória de um grupo de participantes de um projeto de educação não-formal na cidade de Paulínia, São Paulo. Ao estudar esses relatos, a autora nos remete a diversas trilhas teóricas acerca da memória, destacando como a evocação e a socialização de um passado interferem nas maneiras de representar e agir no presente.

O sociólogo Abdias Vilar, entrevistando diversos homens e mulheres aposentados, constrói um quadro social da maior atualidade. Utilizando-se da metáfora Vou fazer o que em casa? para nomear seu artigo, o autor adentra o universo cultural que institui e nomeia fronteiras quase invisíveis, que procuram definir e determinar o lugar do homem e da mulher na condição de aposentados.

A pesquisadora Thelma Velôso, da Universidade Federal de Campina Grande, por meio de um conjunto de entrevistas com líderes camponeses que atuaram na década de 1960, na Liga Camponesa de Alhandra na Paraíba, desenvolve uma série de análises sobre a memória dos movimentos sociais rurais no Nordeste do Brasil. Seu artigo Memórias de ex-dirigentes das Ligas Camponesas da Paraíba é sem dúvida uma rica contribuição à utilização das fontes orais na memória política.

Ao final, é apresentada uma resenha que escrevemos para o livro Espiritismo progressista: pensamento e ação de Rino Curti, de autoria de Alice Beatriz da Silva Gordo Lang e Maria de Lourdes Mônaco Janotti.

Este número 9 da revista História Oral traz também uma breve mensagem escrita pelas amigas e amigos de Gabrielle Becker – Gaby, externando a dor da saudade de uma pesquisadora e pessoa humana muito cara à comunidade em que militava profissionalmente, e também uma figura muito atuante na ABHO desde o momento de sua fundação.

Aproveitamos ainda este espaço para informar aos nosso leitores que passamos a disponibilizar eletronicamente esta revista no site http: /  / www.cpdoc.fgv.br / abho / . Atualmente, encontram-se disponíveis as edições de números 2 a 8.

Este número é resultado de um grande trabalho coletivo do nosso comitê editorial – Alice Beatriz da Silva Gordo Lang (Ceru-USP), Leny Caselli Anzai (UFMT), Janaina Amado (UNB) e Regina Beatriz Guimarães Neto (UFMT). Porém, não poderia deixar de registrar o apoio do Conselho Editorial e do Conselho Científico da ABHO, fornecendo inúmeros pareceres, cuidadosamente elaborados, que nos possibilitaram um diálogo mais efetivo com os autores, no sentido de buscar constantemente uma melhor clareza de estilo e coerência nos seus textos. Finalmente, agradecemos ao nosso coordenador de produção, André C. Gattaz, pelo trabalho sempre cuidadoso e profissional, em todas as etapas desse processo de produção. Que a revista seja um convite à leitura!

Antonio Torres Montenegro


MONTENEGRO, Antonio Torres. Palavras do editor. História Oral. Rio de Janeiro, v.8, n.2, p.7-10, 2005. Acessar publicação original [DR]

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Questões Metodológicas / História Oral / 2004

Neste ano de 2004 comemoramos os 10 anos da Associação Brasileira de História Oral, criada e conduzida em meio a tantas esperanças, com o intuito de desenvolver meios e agregar pessoas que têm em comum o interesse pela pesquisa, pelo conhecer e compreender a realidade social. No bojo deste grande empenho foi criada a revista História Oral para divulgar e dar a conhecer trabalhos de interesse geral, realizados dentro dessa metodologia.

Iniciada em 1998, a revista História Oral chega hoje a seu sétimo número, que em notas iniciais apresenta o delinear de sua própria história, notas escritas pelo primeiro editor, José Carlos Sebe Bom Meihy e por mim, atual editora.

A entrevista configura a forma mais usual de obtenção de dados na metodologia de História Oral, dados provenientes do diálogo entre o pesquisador e o entrevistado. Há aquelas entrevistas orientadas para responder a objetivos e interesses específicos de uma pesquisa, mas há aquelas que despertam um interesse geral pela importância da atuação do entrevistado, de sua experiência e da narrativa então obtida. É o caso da entrevista com o renomado economista Celso Furtado feita por Rosa Maria Vieira. Em uma bem elaborada apresentação, a entrevistadora delineia os principais traços biográficos de Celso Furtado e mostra sua importante contribuição para o pensamento econômico contemporâneo, através de uma visão que parte do subdesenvolvimento.

Uma forte preocupação, objeto de constantes discussões entre pesquisadores, diz respeito à metodologia da História Oral. O tema constitui o Dossiê deste número da revista, apresentando trabalhos que focalizam questões referentes ao processo da pesquisa. Muito se tem discutido sobre o delineamento do projeto de pesquisa, a elaboração do referencial teórico, a construção do quadro de entrevistados, os contatos e a realização das entrevistas gravadas. Trazemos à discussão outros aspectos que configuram diferentes passos na realização da pesquisa. Percebendo a ausência de consenso quanto aos métodos na arte de interpretar os documentos construídos campo da história oral, buscamos contribuições para a reflexão sobre esta importante etapa da pesquisa. Pensando ainda na subjetividade e na relação com o outro, consideramos pertinente buscar elementos constitutivos à fundamentação no campo da interpretação.

Nesta ordem de reflexão, Amauri Carlos Ferreira e Yonne de Souza Grossi trazem elementos para a discussão da questão da interpretação das narrativas e do desafio que significa a construção do coletivo a partir de relatos individuais e singulares. Destacam a subjetividade, não individual mas em dimensão que aponta para o coletivo, considerando que para lembrar é preciso não só vivenciar, como tornar os conteúdos significativos. Tratam da alteridade, mostrando a entrevista como uma relação entre iguais – pesquisador e narrador –, um encontro entre sujeitos, mantendo a autonomia das partes envolvidas no processo de construção de narrativas e, ainda, da questão ética que envolve o trabalho de pesquisa.

O consenso já existente quanto às primeiras etapas do projeto de pesquisa que levam à obtenção da entrevista, torna-se menor quanto às etapas que se seguem, que configuram o trabalho com as narrativas obtidas. Nesse sentido, o artigo de Shannon Page traz uma contribuição significativa ao discutir a etapa da transcrição, que deverá ser o mais fiel à entrevista, mas também torná-la inteligível. Relata uma experiência feita com quatro transcritores que trabalharam com a mesma entrevista, mostrando os resultados das opções que são feitas durante o processo de realização do trabalho e a necessidade do pesquisador voltar às fitas gravadas.

Outro passo do processo de pesquisa em História Oral refere-se ao arquivamento das fontes coletadas. Sobre este tópico, uma colaboração importante e que trazemos aos leitores da revista História Oral, é o artigo de Lluís Ubeda Queralt da Universidade de Barcelona, com o título “El tratamiento archivístico y documental de las fuentes orales”, importante pela descrição didática do trabalho e pelas distinções conceituais que apresenta. Descreve o tratamento arquivístico e o tratamento documental das fontes, reportando-se também à etapa da transcrição.

Os artigos apresentados no presente número tratam de educação e cultura. Em “Narrativas do tempo em enredos de professores / as”, Inês Assunção de Castro Teixeira aborda a questão da temporalidade, distinguindo os diferentes tempos que estruturam o cotidiano escolar: os tempos especiais, o tempo das aulas e o tempo dos interstícios. Analisa a experiência das diversas temporalidades, através da vivência de professores de duas escolas públicas de Belo Horizonte. Trata do tempo quantitativo – tempo-duração e do tempo qualitativo – tempo-significação e, especialmente, dos significados a eles atribuídos pelos professores. Considera ainda o tempo docente fora da escola e o tempo extra-escolar – tempo da vida familiar, dos amigos e do lazer, da vida pessoal. Aponta o caráter polissêmico do tempo dedicado à escola, tempo que cria a identidade do professor.

O texto de José Carlos Sebe Bom Meihy nos leva a um passeio pelo samba no artigo “O samba é Morena de Angola: oralidade e música”. As letras analisadas mostram nova forma de obter dados sobre a cultura popular, forma que foge ao esquema convencional das entrevistas. Através das letras de músicas, conjugadas com discursos literários e historiográficos, o autor examina as relações e diálogos entre a cultura brasileira e a angolana, buscando mostrar as influências mútuas entre essas duas culturas de fala portuguesa. Aponta a memória e a identidade culturais entre África e Brasil, popularmente aceitas, mas que tendem a encontrar resistências entre historiadores.

Zeila de Brito Fabri Demartini analisa aspectos da imigração japonesa para o Estado de São Paulo no texto “Marcas da guerra em terra distante: relatos de japoneses em São Paulo”. Trabalha com relatos orais de nipo-brasileiros sobre os períodos da Segunda Guerra Mundial e do traumático pós-guerra em São Paulo para as famílias da colônia japonesa, dado que o Japão fora um dos países do Eixo derrotado pelos Aliados. Procura entender as representações e interpretações contidas nos relatos orais dos que vivenciaram tais acontecimentos, a partir de questões que inquietam os historiadores orais, como os silêncios, conflitos e incoerências presentes nas memórias.

O artigo “Fala de índio, História do Brasil: o desafio da Etno-História indígena”, de Ednaldo Bezerra de Freitas, baseia-se em pesquisa realizada com índios Krahô, de aldeias situadas no Tocantins. Resultado de sua tese de doutoramento, focaliza a parte metodológica, tecendo inicialmente considerações sobre a História Oral na vertente que trabalha com a possibilidade de “dar voz” aos silenciados pela História. Apresenta reflexões sobre as especificidades que revestem a realização de entrevistas com povos indígenas, povos de outra cultura e outra língua. Trata mais especificamente da GRIN, a guarda indígena. A proposta foi se ater aos procedimentos metodológicos, mas o texto de Freitas suscita no leitor o interesse em conhecer o conteúdo dos resultados alcançados.

Dentro do tema amplo da cultura brasileira, Célia Toledo Lucena apresenta o texto “Imagens e significados do banquete na festa do Rosário”, em Silvianópolis, cidade do sul de Minas. Analisa a festa religiosa marcada pelo lúdico, com suas devoções, ritos e tradições. Mostra o significado atribuído ao banquete, como comer coletivo oferecido aos congadeiros e ao público, marcando a aproximação entre as pessoas, reforçando laços de sociabilidade.

Acreditando na prática de publicar resenhas de livros de interesse geral, contamos com a colaboração de Marco Aurélio Santana, que trabalhou com o livro Biographical Research, de Brian Robert (Buckingham: Open University Press, 2002), ainda não traduzido para o português. Marco Aurélio dá a seu trabalho o título “Vidas em questão: uma introdução à pesquisa biográfica”. Destaca as articulações e entrelaçamentos entre a vida individual e a social e mostra que Brian Roberts, de forma competente, traça a trajetória dos estudos biográficos, do ponto de vista histórico e conceitual.

Com a publicação deste número, termina o mandato desta editoria. Contei com a colaboração do Comitê Editorial composto por José Carlos Sebe Bom Meihy, Lucília Neves Salgado, Maria de Lourdes Monaco Janotti e Olga Rodrigues de Moraes von Simson, prontos para oferecer auxílio e boas sugestões. Contei também com o apoio do Conselho Editorial e de membros da diretoria da ABHO a quem pareceres foram solicitados. Contudo, a tarefa da publicação dos números 6 e 7 não teria sido possível sem a participação constante de Maria de Lourdes Mônaco Janotti, que se responsabilizou por incontáveis tarefas e pelo término do número 6, em ocasião em que me achava impossibilitada de fazê-lo. À amiga Dilu, um especial muito obrigada.

Alice Beatriz da Silva Gordo Lang


LANG, Alice Beatriz da Silva Gordo. Palavras da editora. História Oral. Rio de Janeiro, v.7, p.7-10, 2004. Acessar publicação original [DR]

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Tempo e Narrativa / História Oral / 2003

Este número é o primeiro publicado pela Diretoria da Associação Brasileira de História Oral, presidida pela Professora Verena Alberti, eleita em maio de 2002, durante o VI Encontro Nacional de História Oral, realizado em São Paulo. Vários trabalhos apresentados nessa ocasião integram este volume.

O dossiê Tempo e Narrativa expressa bem as tendências atuais dos estudos sobre oralidade, veiculadas nos pronunciamentos de Lucilia de Almeida Neves Delgado, Lourdes Roca, Richard Cándida Smith e Robert Perks.

O tema da violência, abordado por vários autores, desenrola-se em torno de uma concepção de Brasil como um território em formação, com espaços de exclusão, onde é exercida a mais feroz dominação por grupos políticos e econômicos, contaminando o conjunto das relações sociais. Nessa perspectiva desenvolvem-se os artigos de Dácia Ibiapina da Silva e Rodrigo Patto Sá Motta, que tratam das memórias de vítimas da repressão política sob a ditadura militar e, em contraponto, a análise de José Miguel Arias Neto sobre a entrevista concedida em 1968 por João Cândido, personagem da Revolta dos Marinheiros de 1910.

Igualmente presentes estão pesquisas sobre as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores rurais para ter acesso à propriedade da terra: David José Caume investiga problemas pertinentes aos assentamentos enquanto Maria Christina Siqueira de Souza Campos e Paulo Henrique Lunardelo exploram as contingências da vida de imigrantes portugueses no labor agrícola.

O desafio representado pela interpretação das fontes audiovisuais é enfrentado na resenha que Cássia Denise Gonçalves fez sobre livro de Boris Kossoy.

Comitê editorial

São Paulo, maio de 2003


Palavras do Comitê Editorial. História Oral. Rio de Janeiro, v.6, p. 2003. Acessar publicação original [DR]

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Narrativa e Narradores / História Oral / 2001

A diretoria da ABHO eleita para o biênio de 2000-2002 no dia 26 de novembro de 1999, quando do V Encontro Nacional de História Oral, realizado em Belo Horizonte (UFMG), e empossada no dia 25 de maio de 2000, por ocasião do Seminário de Pesquisas promovido pelo Centro de Estudos Rurais e Urbanos (CERU) da Universidade de São Paulo, tem como pontos centrais de sua proposta programática fortalecer as relações entre os Núcleos Regionais e a Diretoria Executiva, apoiando suas iniciativas, bem como priorizar a edição e distribuição da Revista de História Oral, direcionando recursos da Associação para tal fim.

Esses princípios orientaram a publicação do Nº 4 da Revista História Oral, na medida em que divulga trabalhos apresentados nos Encontros Regionais da ABHO, promovidos pelos Núcleos das Regiões Centro-Oeste e Sul, dirigidos respectivamente por Nancy Alessio e Ieda Gutfreind.

Abrindo nossa matéria, encontram-se artigos integrantes do dossiê Narrativa e Narradores, da autoria de Olgária Matos, Antonio Torres Montenegro, Yonne Grossi e Amauri Carlos Ferreira, nos quais questões fundamentais para os oralistas são discutidas em seus aspectos teórico-metodológicos e empíricos. Longe de apresentarem um modelo analítico único, sugerem diferentes perspectivas de enfoque do tema, enriquecendo as possibilidades de reflexão sobre a construção narrativa e seus múltiplos significados.

Os artigos seguintes são representativos da pluralidade de objetos sobre os quais se debruça a história oral: Márcia Mansor D´Alessio interroga importantes historiadores franceses como Michel Vovelle, Madeleine Réberioux e Pierre Vilar sobre os rumos atuais da historiografia; Dora Schwarsztein e Alistair Thomson mergulham no penoso universo das memórias traumáticas; Maria Aparecida Silva explora o sonho recorrente de migrantes mineiros sobre a posse da terra e Sara Alonso, ao estudar os Tembé, é surpreendida por condições e compromissos éticos impostos à pesquisadora pelos grupos pesquisados, fazendo-a meditar sobre as implicações de tal código para o trabalho do antropólogo.

As entrevistas com Mercedes Vilanova e Marieta de Moraes Ferreira expressam os vínculos políticos da ABHO com a Associação Internacional de História Oral e o reconhecimento da produção brasileira nesse campo do conhecimento. Conduzidas pelos entrevistadores Marco Aurélio Santana e Verena Alberti, as presidentes da primeira diretoria da AIHO e a da atual gestão relatam os primeiros passos da instituição, revelando, em linguagem coloquial, o percurso intelectual que trilharam.

Encerram o volume duas resenhas sobre obras de interesse para os leitores. Lucília de Almeida Neves Delgado detém-se na análise de Para abrir as Ciências Sociais, trabalho coletivo de renomados autores que sugere a interdisciplinariedade como método, e Yara Aun Khoury comenta o livro Cidade de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo, de Teresa Pires do Rio Caldeira.

Comitê Editorial


Palavras do Comitê Editorial. História Oral. Rio de Janeiro, v.4, p.7-8, 2001. Acessar publicação original [DR]

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Violência e Política / História Oral / 1999

É com prazer que a nova diretoria da Associação Brasileira de História Oral e os editores da revista História Oral trazem a público o número 2 desta publicação. Lançada em junho de 1998, História Oral tem como objetivo constituir-se num referencial permanente e atualizado para todos os professores e pesquisadores interessados nesta metodologia de trabalho, tanto no que diz respeito aos debates teóricos com ela relacionados, quanto no que envolve questões de prática de pesquisa, arquivamento de fontes, etc.

Este número organizou-se a partir da montagem de um dossiê, dedicado ao tema “Violência e Política”, de uma seção de artigos livres e da publicação de uma entrevista, estrutura que, em princípio, deverá ser mantida no futuro, acrescida apenas de resenhas de livros ou de publicações similares. No caso presente, e também para o número 3, por decisão conjunta de editores e diretores, realizou-se uma seleção de textos apresentados ao X Congresso Internacional de História Oral, ocorrido no Rio de Janeiro, em 1998. A importância e sucesso desse evento para a comunidade acadêmica nacional não precisa ser frisada. Justamente por essa razão, considerou-se pertinente que a revista da ABHO publicasse algumas das comunicações apresentadas no Congresso, a partir de um duplo critério. De um lado, seriam textos expressivos pelo tema substantivo que discutem e pelas questões teórico-metodológicas que pontuam. Por outro, seriam textos publicados nos Anais em língua estrangeira e, por isso, duplamente menos acessíveis a um amplo público de leitores.

Com base nesse princípio, foram escolhidos os quatro artigos ora divulgados, três deles integrantes do dossiê, que consideramos muito atual e polêmico. Os artigos de colaboradores nacionais nos foram enviados e examinados, conforme a praxe, tendo havido apenas a preocupação de privilegiar aqueles que pudessem se articular ao tema “Violência e Política”.

Assim, esperamos ter atendido às expectativas de nossos leitores, e reafirmamos nosso compromisso de estar abertos ao recebimento de colaborações de todo o país.

Os editores


Apresentação. História Oral, Rio de Janeiro, v.2, p.7, 1999. Acessar publicação  [DR]

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História Oral | ABHO | 1998

HISTORIA ORAL Gênero

A ABHO, Associação Brasileira de História Oral, tem como um dos pontos centrais de sua proposta programática priorizar a publicação e a distribuição da revista História Oral  (Rio de Janeiro, 1998), que se destina aos associados e interessados na metodologia e teoria das pesquisas com fontes orais.

Criada em junho de 1998, a revista História Oral da ABHO é a primeira publicação brasileira inteiramente dedicada à divulgação de trabalhos nacionais e internacionais sobre a oralidade, desempenhando assim importante papel na formação de pesquisadores.

Nossa revista pode ser vista como um lugar plural onde se confrontam trabalhos interdisciplinares evidenciando as interfaces da história oral com vários campos do conhecimento.

Periodicidade semestral

[Acesso livre]

ISSN 2358-1654

Acessar resenhas [Coletar 1998-2008, 2020]

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