Geografia da Fome | Josué de Castro

Josué de Castro não nasceu geógrafo nem o “profeta da fome” como alguns gostam de chamar. Assim como a maioria dos autores e autoras, ele foi se construindo a partir de sua formação como médico. Nascido em 1908, no Recife, ele e sua família desprenderam um grande esforço para que entrasse em medicina, aos 15 anos, com documentos falsificados. Aos 21, Josué de Castro estava formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e voltou à sua terra natal para clinicar. A princípio estava interessado em psiquiatria e psicologia, escrevendo artigos nos jornais sobre Freud e assuntos diversos, como cinema e literatura. Mas acabou montando um consultório especializado em endocrinologia, como dirá ele, para engordar e emagrecer senhoras. Leia Mais

Tra Geografía e storiografia | Roberto Nicolai Antonio e L. Chávez Reino

El presente volumen que hemos de remitir tiene sus orígenes en el seminario organizado por la Asociación internacional Geography and Historiography in Antiquity (GAHIA) en la Universita La Sapienza, en Roma, el 23 de noviembre del año 2017. Este encuentro se organizó con la intención de poner en debate las interacciones de la geografía con la historiografía y profundizar en algunos temas y géneros que resultan claves para el desarrollo de este campo en la Antigüedad.

La geografía es una de las ciencias que se van modificando con el paso del tiempo y con un matiz propiamente científico-matemático, descriptivo y etnográfico; sin embargo, el desarrollo de la ciencia y la evolución del pensamiento matemático ha dirigido estos estudios hacia un carácter más físico y antrópico. La historiografía, por otra parte, tiene un carácter completamente diferente en el desarrollo de la Antigüedad, siendo, en primera instancia, manifestada como un género literario. La geografía podemos considerarla una disciplina que está en una constante relación con otros campos como la practica filosófica –si nos atenemos a las primeras palabras de Estrabón– la filología y, claramente, el género historiográfico, en lo que concierne a la definición de la identidad de las comunidades y la preservación de la memoria. Leia Mais

Frontiers of Citizenship. A black and Indigenous history of Postcolonial Brazil – MIKI (FH)

MIKI, Yuko. Frontiers of Citizenship. A black and Indigenous history of Postcolonial Brazil. Cambridge: Cambridge University Press, 2018. 314p. Resenha de: SANTOS, Murilo Souza dos. “Fugir para a escravidão”: Geografia insurgente e cidadania na fronteira do Brasil pós-colonial. Faces da História, Assis, v.7, n.1, p.493-497, jan./jun., 2020.

Há um esforço recente, e cada vez mais imperioso entre os pesquisadores, de questionar a maneira pela qual história e antropologia estudaram as populações indígenas e afrodescendentes na América Latina. Fruto de uma política colonial que tratava índios e negros separadamente, outrossim perpetuada nos regimes de governos subsequentes, a tradicional análise dessas populações restou seccionada e, frequentemente, dicotômica (WADE, 2018). Por objetivar explorar as temáticas de raça, nação e, sobretudo, cidadania por meio das interconexões entre as histórias de negros e indígenas, Frontiers of Citizenship: a black and Indigenous history of Postcolonial Brazil, de Yuko Miki, é um livro que se insere nesse esforço novo e promissor. Entre os diversos prêmios e honrarias que recebeu até o momento, estão o Wesley-Logan Prize em História da Diáspora Africana, concedida pela American Historical Association, e o Warren Dean Memorial Prize como o melhor livro sobre História do Brasil publicado em inglês, dado pela Conference on Latin American History (CLAH), que lhe concedeu, ainda, menção honrosa no Howard F. Cline Prize, dedicado à Etno-História da América Latina.

A pesquisa que resultou nesse livro é também motivada por um segundo incômodo da autora: a compreensão de que a historiografia brasileira não teria dado a devida atenção às fronteiras, espaço no qual, segundo ela, a relação entre raça, nação e cidadania havia sido de fato testada e definida diariamente (MIKI, 2018, p. 8). Com isso em mente, Yuko Miki elege como espaço de observação o que ela escolheu chamar de fronteira atlântica: uma região que, embora jamais tenha aparecido nas fontes sob tal denominação, corresponderia ao contorno da Mata Atlântica original do sul da Bahia e Espírito Santo. Outrora proibida pela Coroa portuguesa, essa região se tornou objeto de uma colonização agressiva com o avançar do século XIX.

Os seis capítulos que compõem Frontiers of Citizenship estão estruturados em torno de um embate de visões. De um lado, as elites brancas, que pretendiam homogeneizar o povo brasileiro a fim de que fosse encaixado em uma definição pré-definida de cidadania; do outro, negros e índios, que disputavam a definição de cidadania, para que o povo, na sua heterogeneidade, nela pudesse ser incluída. Dessa maneira, enquanto o primeiro capítulo analisa os debates parlamentares acerca da definição notavelmente inclusiva de cidadania inscrita na Constituição de 1824 para contrastar com a exclusão implícita que ela pressupunha, o segundo foca nos índios e negros da fronteira atlântica para examinar como eles reagiam diante das exclusões geradas na prática. Essa intercalação está presente em todo o livro.

O segundo capítulo faz, ainda, uma análise estimulante acerca da percepção que muitos negros e indígenas tinham da monarquia como fonte de justiça e proteção, ao ponto de inúmeras revoltas terem sido desencadeadas pela forte ressonância dos boatos de emancipação. Todavia, a menos que se considere o crescendo de violência que caracteriza a expansão do Estado no período como consequência das formas de resistência adotadas por negros e índios, Yuko Miki fica longe de cumprir com o principal objetivo assumido para esse capítulo, qual seja o de “demonstrar como a expansão do Estado foi moldada pelas mesmas pessoas que procurou excluir” (MIKI, 2018, p. 25, tradução nossa).

Os capítulos terceiro e quarto se complementam no objetivo de mostrar que a adoção da mestiçagem como meio de criar um povo brasileiro homogêneo implicava tanto na crescente inclusão desigual dos negros escravizados quanto na efetiva extinção dos índios. Assim, o terceiro capítulo argumenta que as elites urbanas combinaram o indigenismo romântico e a nova ciência antropológica com a expressão das leis para criar uma situação legal, na qual “para se tornar cidadãos, os índios precisavam ser civilizados e, uma vez civilizados, não eram mais índios” (MIKI, 2018, p. 133, tradução nossa). O quarto, por sua vez, demonstra as consequências práticas desse projeto de mestiçagem por meio da comparação de dois casos de violência oriundos da fronteira atlântica: de um lado, a erosão do poder dos proprietários de escravos sobre eles; do outro, a transformação dos índios no Brasil pós-colonial em corpos matáveis.

O ponto principal do livro está nos capítulos quinto e sexto, cujo sentido é mostrar que a perspectiva de liberdade negra e autonomia indígena se tornaram inseparáveis da luta pela terra. No quinto capítulo, Yuko Miki observa que, nos anos finais da escravidão, muitos quilombolas criaram assentamentos tão próximos da região na qual estavam legalmente escravizados que se podia ouvir seus batuques à noite. A partir dessa constatação, e inspirando-se na ideia de geografia rival, elaborada por Edward Said e usada pelos geógrafos para descrever a resistência à ocupação colonial, Miki formula o conceito de geografia insurgente para designar a prática política que ela entende como “fugir para a escravidão” (fleeing into slavery, no original). Seria por meio da geografia insurgente, do fugir para a escravidão e não para longe dela, que as pessoas escravizadas deixaram de resistir à sociedade escravista para, finalmente, desafiá-la por dentro; vivendo como pessoas livres em seu meio e, desse modo, expressando “os termos pelos quais queriam viver na sociedade brasileira” (MIKI, 2018, p. 214, tradução nossa).

Por seu turno, no sexto capítulo, a autora observa que, apesar das divergências de opiniões quanto ao futuro dos indígenas e libertos, tanto missionários quanto abolicionistas e escravocratas compartilhavam a visão de que eles deveriam ser disciplinados para uma cidadania limitada e fundamentalmente servil. A iminência da abolição revigorou o interesse das elites pela possibilidade de transformação dos indígenas em “cidadãos úteis” por meio da disciplina do trabalho conjuntamente à negação do acesso à terra (os mesmos termos que posteriormente seriam reproduzidos nas discussões sobre os libertos). Tal confluência de pontos de vista teria ajudado a conjugar, do outro lado, as perspectivas de negros e indígenas. Para a autora, a forma como eles interpretaram liberdade e cidadania não apenas repreendeu radicalmente essas ideias racializadas, naquele contexto, como teve repercussões duradouras no período republicano.

Como se pode ver, o conceito de geografia insurgente é central para a tese defendida em Frontiers of Citizenship. Sua pressuposição é a de que a convivência na comunidade do quilombo teria transformado a consciência de liberdade numa prática política coletiva pela qual as pessoas escravizadas reimaginaram suas vidas como pessoas livres dentro da própria geografia em que estavam destinados a permanecer escravizado (MIKI, 2018, p. 174). Interessa mostrar, finalmente, que os escravizados não apenas lutavam para proteger o que lhes eram pessoalmente importantes, mas, muito além, eles afirmavam uma visão específica da política de cidadania e anti-escravidão (MIKI, 2018, p. 26). De que maneira? Yuko Miki sabe que a multiplicidade de motivos que levavam os escravizados a fugir em pouco se confunde com semelhante ideologia. A engenhosidade do conceito de geografia insurgente está justamente na capacidade de transformar uma motivação factível, “a luta pela geografia”, em um significante para a cidadania (MIKI, 2018, p. 251), ainda que para tal inferência não haja indícios capazes de sustentá-la. Já no epílogo, a autora nos lembra que, com a Constituição de 1988, o direito à terra se tornou, legalmente, um meio para reivindicar uma cidadania plena. O problema que se coloca, em suma, é que se, por um lado, tal conquista é verdadeira, por outro, soa forçoso dizer que tal associação foi forjada conscientemente pelos afro-brasileiros no período de escravidão e pré-emancipação (MIKI, 2018, p. 257). Dessa maneira, o que seria a mais importante contribuição do livro fica reduzida a uma ilação ou, mais apropriadamente, à amostra de um equívoco metodológico denominado por Frederick Cooper como ultrapassar legados, isto é, “afirmar que algo no tempo A causou algo no tempo C sem considerar o tempo B, que fica no meio” (COOPER, 2005, p. 17).

Frontiers of Citizenship é um trabalho vigoroso, que consegue demonstrar com sucesso a impossibilidade de compreender temas como raça, nação e cidadania sem envolver tanto as histórias da diáspora africana quanto a das Américas indígenas. Por outro lado, e essa é a principal crítica, não analisa alguns conceitos que são cruciais para a sua própria fundamentação mas, pelo contrário, aplica-os nas fontes sem historicizá-los. Cooper, já mencionado, mostrou, em Citizenship, Inequality and Difference (2018), que apenas recentemente o conceito de cidadania foi constituído como inerentemente igualitário, mas por Yuko Miki aplicar esse conceito sem a devida contextualização, a existência de uma cidadania desigual, tal como defendida pelas elites na conjuntura analisada, soa como mera injustiça. Similarmente, raça e nação lhe parecem ser concepções tão unívocas que sequer precisam ser definidas e, dessa forma, a impressão resultante é de que os sujeitos analisados agem em relação às mesmas identidades coletivas que pressupomos hoje.

Em The Problem of Slavery as History: a Global Approach, Joseph C. Miller impôs o desafio intelectual de pensar a escravidão para além da politização contemporânea. Para ele, estamos tão preocupados em condenar a escravidão, que inibimos o entendimento acadêmico dessa prática como sujeito de investigação intelectual (MILLER, 2012, p. 2). Pelo demonstrado, a abordagem dos conceitos em Frontiers of Citizenship o situa como exemplar dessa conduta que precisa ser evitada. Ainda assim, esse é um trabalho que merece atenção, não apenas pela importância do tema, mas sobretudo pela forma original com a qual Yuko Miki, frequentemente, associa os discursos sobre cidadania, escravidão e extinção com a política deles resultante.

Referências

COOPER, Frederick. Citizenship, Inequality and Difference. Princeton/Oxford: Princeton University Press, 2018.

COOPER, Frederick. Colonialism in Question. Theory, Knowledge, History. Berkeley: University of California Press, 2005.

MILLER, Joseph C. The Problem of Slavery as History: a global approach. New Haven and London: Yale University Press, 2012.

WADE, Peter. Interações, relações e comparações afro-indígenas. In: ANDREWS, George Reid; FUENTE, Alejandro de la (orgs.). Estudos afro-latino-americanos: uma introdução. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: CLACSO, 2018.

Murilo Souza Santos – Mestrando em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Campinas (PPGH-UNICAMP), na linha de História Social da Cultura. Bolsista de mestrado CAPES. E-mail: [email protected].

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AbeÁfrica | ABEA | 2018

Abe Africa

A AbeÁfrica: revista da Associação Brasileira de Estudos Africanos (Rio de Janeiro, 2018-), publicação semestral da Associação Brasileira de Estudos Africanos publica trabalhos inéditos desenvolvidos em torno dos Estudos Africanos em perspectiva interdisciplinar, envolvendo campos do conhecimento tais como a Antropologia, Ciência Política, Educação, Geografia, História, Literatura e Crítica Literária, Relações Internacionais, Sociologia e outros.

Periodicidade semestral.

Acesso livre.

ISSN 2596-0873

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Ensino de Geografia | UFPE | 2018

Ensino de Geografia UFPE

A Revista Ensino de Geografia (Recife, 2018-) é uma publicação científica do Laboratório de Ensino de Geografia e Profissionalização Docente (LEGEP) da Universidade Federal de Pernambuco, que publica artigos científicos, revisões bibliográficas, resenhas e notas referentes a área de ensino de Geografia e afins.

Periodicidade quadrimestral

Acesso livre

ISSN 2594-9616

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Arquivo Público | RAPEES | 2017

Arquivo Minas Gerais

A Revista do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (Vitória, 2017-) tem por objetivo fomentar a pesquisa em História, Arquivologia, Ciências Sociais, Geografia, Biblioteconomia, como áreas prioritárias da nossa linha editorial. Para isso, buscamos estabelecer parcerias com o meio acadêmico, no sentido de modernizar nossas atividades enquanto órgão do Governo do Estado do Espírito Santo, vinculado à Secretaria de Estado da Cultura, no que diz respeito às responsabilidades legais no âmbito da Gestão Documental. Além disso, visamos incentivar a utilização do nosso acervo como importante fonte para os estudos sobre a História do nosso Estado, bem como difundir e compartilhar o conhecimento produzido.

A RAPEES tem como principal contribuir para a construção do conhecimento, saber histórico e arquivístico, dentre outros, do e no Estado do Espírito Santo, priorizando pesquisas que tenham o acervo do APEES como fonte documental, visando, dessa forma, demonstrar a riqueza de informações existentes e disponíveis nesta instituição arquivística. Além de divulgar pesquisas de significativa contribuição e importância às áreas do conhecimento acima citadas, visando aproximar e estreitar os laços entre arquivistas, historiadores, bibliotecários, geógrafos e cientistas sociais, dentre outros, com a população capixaba.

Para o desenvolvimento deste projeto contamos com a parceria da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), por meio do Laboratório de Estudos em Teoria da História e História da Historiografia (LETHIS), do Departamento de História, e do Grupo de Pesquisa Cine Memória: salas de cinema do estado do Espírito Santo, do Departamento de Arquivologia, sendo seus respectivos representantes os professores, doutores, Julio Bentivoglio e André Malverdes, os quais são os Coordenadores Editoriais da nossa revista.

[Periodicidade semestral].

Aceso livre.

ISSN 2527-2136

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A Geografia e os geógrafos do IBGE no período 1938-1998 | Roberto Schmidt de Almeida

No âmbito desta edição especial dedicada aos saberes e práticas geográficas desenvolvidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, cabe registar o alentado trabalho de 634 páginas, dividido em dois volumes, do geógrafo Roberto Schmidt de Almeida. Intitulado A Geografia e os geógrafos do IBGE no período 1938-1998, o trabalho consiste em sua tese de doutoramento defendida no Programa de Pós-Graduação em Geografia no ano de 2000, sob a orientação da Profa. Dra. Lia Osório Machado. Com o intuito de reconstituir a memória de sessenta anos da história da instituição, em especial das atividades desenvolvidas pela sua comunidade de pesquisadores geógrafos, Almeida desenvolveu um copioso trabalho de pesquisa documental e pesquisa bibliográfica. Em termos de organização do texto, a tese é dividida em seis partes, cada uma com três capítulos, além da introdução e da conclusão. Contempla ainda um Anexo, que corresponde ao segundo volume tese, com a reprodução de documentos institucionais, relatórios, tabelas, mapas, uma galeria de fotos e, inclusive, o hino do IBGE. Leia Mais

IHGPA | IHGPA | 2013

Revista do Instituto do Para1

A Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Pará (Belém, 2014-) é uma publicação on-line de periodicidade semestral do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, que tem por objetivo divulgar estudos e pesquisas no campo da Geografia, História e da Antropologia.

Nela são acolhidos textos sob a forma de artigos, notas de pesquisa, ensaios e resenhas, de todos os que se interessam e participam do conhecimento propiciado pela ciência.

Periodicidade semestral.

Acesso livre

ISSN 2359-0831

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Dengue no Brasil: abordagem geográfica na escala nacional – CATÃO (Ge)

CATÃO, Rafael de Castro. Dengue no Brasil: abordagem geográfica na escala nacional. [Sn.]: Cultura Acadêmica; Editora da UNESP’, 2012. Resenha de: MAGALHÃES, Suellen Silva Araújo; MACHADO, Carla Jorge. Em busca de um elo entre geografia e saúde. Geografias, Belo Horizonte, 01 de Julho – 31 de Dezembro de 2013.

Lançado em 2012, o livro ‘Dengue no Brasil: abordagem geográfica na escala nacional’, editado pela Cultura Acadêmica/Editora UNESP, é uma publicação oportuna e bem vinda. O autor, Rafael de Castro Catão, é geógrafo graduado pela Universidade de Brasília em 2007 e mestre pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho em 2011. Sua experiência, entre outras, é nas áreas, de geografia da saúde e cartografia, o que lhe permite habilmente entremear esses conhecimentos na produção de um panorama e de um arcabouço teórico conceitual, marcado pelo pensamento geográfico, para o estudo da Dengue no Brasil.

O livro consta de três capítulos, antecedidos pelo Prefácio e pela Introdução; e sucedidos pelas Considerações Finais e Recomendações e pelas Referências Bibliográficas. O Prefácio, escrito pelo professor Raul Borges Guimarães da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, estabelece a premência de obras como a de Catão ante a crise do modelo hegemônico da epidemiologia clínica, a reemergência de uma gama de doenças infecciosas e o aumento da pós-graduação em geografia, a qual permitiu captar demandas sociais, entre as quais àquelas por melhores condições de saúde. Assim, abre o caminho para que o leitor se sinta desejoso de conhecer como o aporte da geografia pode contribuir para elucidar a temática de uma doença transmissível.

Na Introdução o autor relata mudanças socioespaciais ocorridas após a Segunda Guerra Mundial, que desencadearam um novo padrão de epidemias, quais sejam: mais frequentes e mais abrangentes.

Rafael Catão parte de Milton Santos e de sua teoria espacial para analisar mudanças socioespaciais da dengue, na tentativa – bem sucedida – de relacionar o padrão da doença, sua emergência e expansão mundial, além do surgimento e a intensificação de casos mais graves à mudança do período e a produção desse novo meio geográfico. Enfoca, ainda, o caso do Brasil, onde houve erradicação, mas posterior reinfestação e, deste modo, estabelece a questão chave do livro: se a consolidação e expansão do meio técnico-científico-informacional – um dos mais conhecidos conceitos na geografia no Brasil (MAIA, 2012) – e a ampliação dos processos de urbanização, aliados a expansão mundial da doença, forneceram as condições socioespaciais que fizeram a dengue emergir nos dias atuais como um dos principais problemas de saúde pública do país. É também na Introdução que o autor explica o impacto do sistema de técnicas aplicado à natureza e causador de mudanças à saúde utilizando, entre outros, o exemplo do uso de vacinas no auxilio da imunização. Comenta ainda sobre a expansão das fronteiras agrícolas e econômicas que permitiu e permite a expansão dos meios de transporte e das telecomunicações interligando lugares e pessoas com maior circulação da informação. O autor conclui, então, que a atual configuração no espaço geográfico da doença depende das relações interdependentes estabelecidas entre o homem (social e biológico, individual e coletivo, imune e suscetível) com os vetores (gênero Aedes), o vírus (sorotipos e genótipos) e o meio técnico-cientifíco-informacional, inovando acerca da tradicional tríade epidemiológica meio ambiente, agente, hospedeiro.

O Capítulo 1 ‘Dengue: Emergência e Reemergência’ perpassa pela etiologia da dengue em seus quatro sorotipos, pelas teorias acerca da origem geográfica dos vírus e de seus sorotipos e pelos principais vetores. Os ciclos de transmissão também são abordados dado que seu conhecimento é fundamental para que sejam tomadas medidas de saúde pública e de vigilância de saúde em escala global: o autor ressalta o ciclo urbano endêmico/epidêmico. Finalmente, o autor aborda a difusão mundial da dengue.

O Capítulo 2 ‘Difusão do dengue no Brasil’ trata, entre outros aspectos, do retorno do Aedes aegypti e da dengue ao território nacional: em 1976 o país foi reinfestado, permanecendo desta forma ainda hoje. Nesse capítulo está um belo e oportuno detalhamento cartográfico da reemergência da dengue no Brasil, o que permite ao autor estabelecer uma análise do conjunto do País, onde, após a dispersão geográfica do vetor, as interações espaciais existentes em áreas com circulação viral permitiram e mantiveram até hoje a entrada de novos sorotipos em áreas indenes e infestadas. O papel da cidade reside nesse contexto, ao concentrarem indivíduos e bens, com fluxo intenso e veloz, que difunde e mantém o vírus.

‘Uso do território e o dengue no Brasil’ é o Capítulo 3, que trata dos fatores determinantes da transmissão dos vírus da dengue e do papel do Estado na contenção de epidemias. Rafael Catão faz um relato elegante sobre as formas de abordagem desses fatores determinantes da dengue na literatura brasileira, bem como sobre as fontes de dados. O mapeamento dos determinantes em escala nacional e uma síntese da situação recente da dengue no território também são realizados. Ao final do capítulo, o autor faz uma proposta de tipologia da dengue para a primeira década do século XXI no Brasil: os locais com baixa notificação dos casos de dengue normalmente apresentam uma média de temperatura anual mais baixa, baixa densidade de povoamento, baixo índice pluviométrico, políticas públicas mais eficientes, população mais consciente e poucas rodovias de fluxo intenso que ligam várias cidades. Após o capítulo, seguem as Considerações Finais e Recomendações, nas quais o autor deixa claro que, para compreender em plenitude o fenômeno da epidemia da dengue, perguntas tais como: ‘qual o contexto do dengue em sua área de influência?’ ou ‘como foi o processo de consolidação do dengue nessa localidade?’ necessitam ser feitas e suas respostas procuradas.

Além disso, o autor faz uma comparação crítica da atuação das técnicas de cartografia de síntese e das técnicas de geoprocessamento.

Ao final do livro, fica em evidência a constatação de BARCELLOS (2000): epidemiologia e geografia têm em comum crises ocorridas pelo esgotamento de modelos teóricos ou crises advindas da superação desses modelos em razão de novas realidades. Uma das novas realidades é a reemergência de doenças transmissíveis no Brasil e no Mundo – como a dengue. A obra de Rafael de Castro Catão incorpora o espaço explicitamente na análise da dengue, tornando o elo entre a geografia e a saúde visível e utilizável a pesquisadores das mais variadas áreas do conhecimento.

Referências

BARCELLOS, Christovam. Elos entre geografia e epidemiologia. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.16, n.3, Setembro 2000. Disponível em: http:// www.scielo.br/scielo. php?pid=S0102- 311X2000000300004 &script=sci_arttext

CATÃO, Rafael de Castro. Dengue no Brasil – Abordagem geográfica na escala nacional. São Paulo: Cultura Acadêmica/Editora UNESP, 2012.

MAIA, Lucas. O conceito de meio técnico-científicoinformacional em Milton Santos e a não visão da luta de classes. Ateliê Geográfico Goiânia- GO v. 6, n. 4 Dez/2012 p.175-196 Disponível em: http://www.revistas. ufg.br/index.php/atelie/article/view/15642

Suellen Silva Araújo Magalhães – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG.

Carla Jorge Machado – Departamento de Medicina Preventiva e Social.

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Trilhas da História | UFMS | 2011

Trilhas de Historia2

Trilhas da História (Três Lagoas, 2011-) foi pensada e elaborada com o objetivo de promover o debate acadêmico, tendo o propósito de enriquecer as pesquisas em andamento, tal como agregar produções de outros lugares, instituições e sujeitos.

Com esse objetivo, esperamos alcançar, além de professores da universidade e da rede pública e privada de ensino, alunos graduandos de nosso curso [de História – Três Lagoas/MS] e de outras universidades, tendo por intuito incentivar novas pesquisas e a busca por conhecimentos produzidos pela História e áreas afins.

Se a proposta é interdisciplinar, disciplinas como a Filosofia, Geografia, Ciências Sociais, Antropologia, Arqueologia, entre outras, encontrarão espaço para veicular as suas produções, desde que concernentes aos temas sugeridos pela Revista. A Revista se constitui de Dossiês; Artigos livres; Ensaios de Graduação; Resenhas e Fontes.

Periodicidade semestral.

Acesso livre.

ISSN 2238 1651

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Educação em Geografia | Unicamp | 2011

Educacao em Geografia

A missão da Revista Brasileira de Educação em Geografia (Campinas, 2011-) é tornar-se um importante veículo de divulgação científica de pesquisas sobre a Educação em Geografia no Brasil e no exterior, sobretudo em países ibero-americanos, incentivando e fomentando práticas e reflexões realizadas em espaços formais e não formais de educação.

Seu público alvo são: i) Pesquisadores de Educação em Geografia do Ensino Superior (professores, alunos de pós-graduação stricto sensu, lato sensu e alunos de graduação); ii) Professores-Pesquisadores da Educação Básica e, iii) Professores e demais participantes de espaços-não-formais de educação. A Revista privilegiará em suas publicações, sempre que possível, a abrangência nacional no que diz respeito à origem de seus autores.

A revista tem como objetivo publicar, disseminar e promover gratuitamente o intercâmbio nacional e internacional de pesquisas e prática educacionais ligadas a Educação em Geografia em diferentes níveis de educação formal e não formal, valorizando os diferentes recortes temáticos e teórico-metodológicos de investigação.

Periodicidade contínua

ISSN: 2236-3904

Acesso livre

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Entre Geografia e Geosofia – MACIEL (BGG)

MACIEL, Caio A. A. (Org.). Entre Geografia e Geosofia: abordagens culturais do espaço. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2009. 247 p. Resenha de: SANTOS, Julyana Gomes. Boletim Goiano de Geografia. v. 30 n. 2 , jul./dez., 2010.

O livro, Entre geografia e geosofia: abordagens culturais do espaço – organizado por Caio Maciel, professor do Departamento de Ciências Geográficas da UFPE, apresenta a espacialidade da cultura na discussão de diferentes trabalhos elaborados sob diversas abordagens.

O conceito de geosofia é assim apresentado, representando o interesse de estudiosos pela renovação do campo da geografia humana. A obra está dividida em quatro eixos centrais: Cultura e espaço rural; Cultura, espaço urbano e políticas públicas; Cultura e turismo; Representações cinematográficas do espaço. No todo a obra é uma publicação do Laboratório de Estudos sobre Espaço e Cultura da Universidade Federal de Pernambuco (LECgeo) e nos traz um debate rico sobre a materialidade da cultura, com abordagens de diferentes trabalhos, sendo de fundamental relevância a abordagem interdisciplinar como meio para se compreender a renovação do modo de olhar a simbologia encontrada na paisagem, quer seja no espaço agrário, urbano, turístico ou cinematográfico.

O prefácio, de Jorge Luiz Barbosa – UFF, observa aspectos contraditórios na heterogeneidade e riqueza cultural do interior da sociedade brasileira. Enfatiza a cultura como prática socioespacial e propõe o desafio de “reconhecer a cultura como campo de cognição da sociedade e, simultaneamente, como modo de vida”. Devemos, pois, ir além da ideia de cultura como um sistema abstrato e como modismo dominante.

A Parte I nos traz três trabalhos que discutem paisagens encontradas no espaço rural. O primeiro, que se intitula “Agricultura familiar agroecológica na Mata Pernambucana: desenvolvimento territorial rural e identidade cultural”, é elaborado por Robson Soares Brasileiro e Caio Maciel.

A discussão está voltada para a prática da agroecologia num território onde domina até hoje a monocultura da cana-de-açúcar, como dinâmica econômica de base. Os autores destacam a prática da agricultura alternativa, observando as consequências da agricultura homogeneizada como a da cana – sua relação tanto ambiental (de degradação do meio ambiente), quanto de degradação do agricultor que trabalha em seu cultivo – e inscrevem a prática agroecológica familiar como forma de desenvolver o território rural, atrelado ao estímulo à identidade e ao desenvolvimento de uma agricultura que leve em conta a essência humana. Algumas conquistas obtidas pela organização dos trabalhadores, associadas às peculiaridades do desenvolvimento da agroecologia, agregam também a esta produção familiar o valor da arte vivenciada e trocada com outros agricultores.

O trabalho “Yes, nós temos bananas: globalização e bananicultura no mundo e no Brasil”, desenvolvido por Gleydson Albano, discute o processo de globalização da banana, começando por sua importância para o comércio de alimentos e chegando às características da implantação da multinacional Fresh Del Monte Produce no semiárido nordestino. Mostra a multinacional da bananicultura no Brasil como exemplo de produção de modelo fordista e do uso intensivo de biotecnologia. Discorre sobre a tendência que apresentam hoje multinacionais em fundir empresas de modo a dar conta do processo de produção, transporte e comercialização, influenciando o território com fatores sociais e culturais (novos hábitos alimentares), fatores tecnológicos (sistemas integrados de abastecimento), fatores econômicos (crescimento da demanda do produto). A Del Monte Fresh Produce encontra no território fatores favoráveis à sua instalação. É neste território que esta commodity se desenvolve, sobretudo com a mudança de hábitos da população mundial através de uma conscientização acerca da importância de uma alimentação saudável – a produção orgânica –, ao mesmo tempo em que deixa no território sua marca de exploração do trabalhador.

“Olhares para o semiárido: meio ambiente e o programa Um Milhão de Cisternas no Nordeste” é o trabalho desenvolvido por Emílio Pontes, que traz a lume o debate sobre as políticas públicas implementadas no Nordeste brasileiro e a resposta da população a estas políticas, relacionando o homem ao meio. Este capítulo desfaz o estigma em relação à seca e à visão do sertanejo como mártir. A argumentação principal centra-se na construção de cisternas com a participação da população envolvida e de setores da sociedade local. São abordados assuntos como: qualidade de vida, acesso à água potável, descentralização no consumo da água e mobilização social da comunidade local. Além disso, o texto mostra que o conhecimento do agricultor intercruza com questões do ciclo da natureza, e que as técnicas por eles utilizadas são resultado de uma cultura rica de valores ancestrais.

O primeiro trabalho da Parte II do livro, de autoria de Bruno Maia Halley, intitula-se: “Da Encruzilhada a Água Fria: revisitando o bairro para pensar a identidade do lugar na Cidade do Recife (PE)”. O trabalho coloca a “concepção de bairro, entendendo-o como lugar demarcado afetivamente, [concepção] mais atrelada à corrente humanística”, afirmando a complexidade de pensar sobre o bairro. Propondo a análise dos bairros da Encruzilhada, Arruda, Ponto de Parada e Água Fria, considera a historicidade do lugar, percebendo uma correlação entre a denominação dos bairros e suas características, sejam elas ambientais ou características relacionadas ao desenvolvimento da cidade. Estes bairros são relevantes com relação às manifestações culturais locais, às vezes associadas a formas de comemoração mais “globais” (Natal e Ano Novo); da mesma forma um estádio de futebol é importante para a identidade do bairro, o Arruda, o que é irradiado para os demais. Apesar de a modernidade influenciar o cotidiano dos lugares, seus hábitos são capazes de fazer deles “lugares- -chaves” “ou lugares-símbolos”, reforçando a ideia de “coração de bairro”.

Douglas Carvalho Francisco Viana e Isolda Belo da Fonte apresentam o texto “Envelhecimento populacional no Recife: um estudo sobre as demandas nos serviços de saúde e equipamentos urbanos da cidade” em que discutem o processo de envelhecimento da população observado na cidade do Recife que acompanha a tendência mundial. Os autores analisam o funcionamento dos serviços de saúde oferecidos a esta população e salientam a importância dos equipamentos urbanos que possibilitam a promoção de um envelhecimento ativo e favorecem a qualidade de vida desta população idosa.

“Política nacional de cultura: antecedentes e reflexões atuais” é o trabalho elaborado por Alba Lúcia da Silva Marinho, que explana sobre as políticas de cultura desenvolvidas no Brasil desde a colonização, colocando que só a partir do regime autoritário é que estas políticas passaram a ser mais sistemáticas. Avalia algumas políticas nacionais de cultura, como o primeiro Plano Nacional de Cultura, de 1976, o Programa Cultura Viva, implantado em 2004, enfatizando essencialmente uma de suas ações: os Pontos de Cultura. A análise mostra a importância da descentralização dessas ações e da parceria entre o Ministério da Cultura e órgãos culturais estaduais para a ampliação dos nós culturais.

O primeiro trabalho da Parte III – “Sítios arqueológicos e comunidades tradicionais: visitar e preservar” – foi escrito por Alba Lúcia da Silva Marinho e Gilvandro da Cunha Marinho Júnior, autores que analisam o crescimento do turismo cultural e o associam ao processo de globalização e à busca de identidade pelos indivíduos; focalizam a cultura como motivação da atividade turística que não se limita apenas aos atrativos naturais. Em meio às discussões, analisam o caso do Sítio Leitão da Carapuça, em Afogados da Ingazeira, referência de comunidade quilombola que mantém sua memória, suas práticas tradicionais e sua identidade.

No capítulo seguinte, “Turismo e representações geográficas: um ensaio sobre a construção de paisagens-metonímias no litoral do Nordeste Brasileiro”, de Paulo Baqueiro Brandão, apresenta-se uma abordagem sobre o imaginário das pessoas, construído a partir do marketing feito pelo turismo. O estudo toma como exemplo o turismo desenvolvido no litoral nordestino, analisando os mecanismos utilizados pela mídia na promoção de uma imagem das praias que geralmente entra em confronto com a realidade concreta. Segundo o autor, a moldura de novas paisagens se configuram desconsiderando sua historicidade, a partir de diversas construções que dão novas características ao lugar.

O primeiro estudo da Parte IV, que se intitula “Paisagens em movimento: ensaio sobre as análises do cinema pela geografia”, é desenvolvido por Pedro Maia Filho. O autor considera as representações cinematográficas como possibilidade de estudo da Geografia, especificamente no campo da abordagem cultural, campo que vem sendo renovado. A observação das imagens, junto ao discurso, à trilha sonora etc., torna latente uma interpretação da realidade por meio do “impulso imaginativo” dos produtores dos filmes, o que pressupõe a paisagem como meio de compreender a imagem e o imaginário.

“Paisagem, música popular e o imaginário do sertão em filmes recentes” é o capítulo desenvolvido por Kátia Maciel. A partir de filmes nacionais recentes, a autora analisa ressignificações do sertão, observando que o imaginário reconstituído na música e no cinema interfere nos fenômenos transcorridos no espaço físico, uma vez que a identidade territorial incorpora novos significados. A paisagem cultural, construída hoje a partir das interpretações fílmicas de “um outro” sertão desmistificam a imagem edificada de um Sertão de seca, miséria e “pureza”, agregando valores que sempre existiram na região.

No artigo “Imaginário geográfico do São Francisco no filme Na veia do rio: do sertão à foz do baixo São Francisco” de Cláudio Ubiratan Gonçalves e Glauco Vieira Fernandes, que encerra a obra, os autores dialogam com o filme-documentário da geógrafa Ana Rieper na perspectiva do imaginário geográfico, explicitando as lutas sociais e o modo de vida da região através da paisagem fílmica. Esta paisagem está relacionada também à ideia de espaço vivido, o espaço da percepção e materialidade do homem desenvolvido pelas experiências com o lugar social. Além de refletir sobre questões socioambientais, os autores apresentam três linhas de indagações ao significado da paisagem no filme: aquelas relacionadas aos relatos das pessoas, que são elaborados a partir de sua memória em relação ao espaço material; uma segunda, pautada nos relatos não locais, como aquele colocado pela documentarista, que direciona a construção do raciocínio; a terceira que alude à interpretação do geógrafo, como pesquisador, sobre relações estabelecidas no sistema cultural. Por tudo isto está posto o convite à leitura do livro.

Julyana Gomes dos Santos – Graduada em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco.

Fronteras imaginadas. La construcción de las razas y de la Geograrfía en el siglo XIX colombiano – MÚNERA (M-RDHAC)

MÚNERA, Alfonso. Fronteras imaginadas. La construcción de las razas y de la Geograrfía en el siglo XIX colombiano. Bogotá: Editorial Planeta Colombiana, 2005. 225p. Resenha de: ORTEGA, Antonino Vidal. Memorias – Revista Digital de Historia y Arqueología desde el Caribe, Barranquilla, n.2, jan./jun., 2005.

Antonino Vidal Ortega – Jefe del Departamento de Historia y Ciencias Sociales de la Universidad del Norte. Profesor e investigador membro del Grupo de Investigación en Historia y Arqueología del Caribe Colombiano de la misma institución académica. Director de Memorias.

Acesso apenas pelo link original

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Spaces of Hope – HARVEY

HARVEY, David. Spaces of Hope. Berkeley, CA: University of California Press, 2000. 293p. Resenha de: DARLING, Linda Farr. Canadian Social Studies, v.36, n.1, 2002.

Spaces of Hope is by no means the first book in which Geography Professor David Harvey has thoughtfully and dynamically discussed the themes of economic equality, social justice, and urban experience. (Beginning with Social Justice and the City in 1973 through to Justice, Nature and the Geography of Difference in 1996, these have been powerful themes in Harvey’s many books). Nor is it the first time he has brought Marx to the foreground of his analysis of the human condition. As Harvey explains in the first chapter of Spaces of Hope, he has been teaching Capital for thirty years, and Marxist theory may well have more relevance now, in the Age of Globalization, than it ever did, despite its present unpopularity. Spaces of Hope is not simply about revisiting places Harvey has gone before; it is an invitation for all of us to participate in the architecture of a wholly new way of life. To do this we need more than understanding of where we are now with regard to political, social, and economic failures that define our cities and towns, and in fact, our entire earthly environment. We need social vision and political will.

The first five chapters provide a stunning explanatory backdrop of the human condition, the units of analysis being as micro as the individual self and as macro as the globe. Harvey’s range is wide; from the application of Marxist theory to problems of postmodernity, to a conceptual analysis of globalization, to a discussion of the dilemmas we have faced since articulating universal human rights in 1946. In the sixth and seventh chapters (Part Two) he turns to the recent resurrection of ancient interest in the body as the irreducible locus for the determination of all values, meanings and significations (p. 97). Yet even crossing such a range, Harvey rarely leaves the reader breathless; his pace is measured and his approach to the journey is companionable and largely conversational. I did find several points of disagreement along the way. For example, I question Harvey’s willingness to view as much as he does through the Marxist lens; there are important reasons many academics stopped enthusiastically embracing this perspective, reasons into which Harvey does not delve.

The eighth chapter begins the section of the book Harvey calls, The Utopian Moment. Baltimore, an awful mess (p. 133) of a city, is the case study that brings into sharp relief the analyses he walks us through in Parts One and Two. Accompanied by a few well-chosen photographs, Harvey’s descriptions of Baltimore are both arresting and insightful. (They provide, in fact, a useful template for teaching about case studies of place.) By the time he opens our eyes to the array of utopian visions that have been created through history, we are well-aware of the great (unbridgeable?) divide between ideals of public space and the crumbling, gritty realism of urban life. Yet Harvey does not abandon us in the decay and the ruins, or even in the soulless suburbs of Baltimore that are eating into the countryside. Part Four is all about possible versions of the future and even, though it’s wrapped in a cautionary tale of risk and uncertainty, hope for change. Once again he leads us back to Marx:

What Marx called the ‘real movement’ that will abolish the ‘existing state of things’ is always there for the making and for the taking. That is what gaining the courage of our minds is all about (p. 255).

The courage of our minds is found in collective deliberation, participation in the construction of spaces of hope using (among other resources) every dialogical tool we have at our disposal. Harvey does not provide a blueprint, but an invitation to participate in the construction. What makes his invitation persuasive is that he has brought us to a place where alternatives to this work seem decidedly bleak. And the appendix (which can be read on its own as allegory) will spark many a conversation about just what spaces might be created, hopeful or otherwise.

Linda Farr Darling – University of British Columbia.

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Um sertão chamado Brasil | Nísia Trindade Lima

A chamada história das mentalidades deixou, a despeito do quanto as tendências investigativas vivem num interminável estar e não estar, um roteiro metodológico cuja fertilidade raramente é aproveitada tanto pelos historiadores de ofício quanto pelos profissionais das ciências sociais. As atitudes humanas diante da morte, ou da vida, ou da festa, ou do inesperado, ou do constante e quase permanente compõem um acervo diante do qual o leitor pode observar o quanto as ‘continuidades’ requisitam extraordinárias habilidades analíticas para que se manifestem, nos textos, com a mesma contundência com a qual interferem no quotidiano das pessoas.

Um sertão chamado Brasil, de Nísia Trindade Lima, é um exemplar raro da habilidade analítica em captar a renitência e a força de uma metáfora geográfica na (con)formação de representações sobre a identidade nacional de um país considerado invariavelmente em conflito com o próprio vir-a-ser. Leia Mais

Museu Paulista | USP | 1993

Anais do Museu Paulista1

Anais do Museu Paulista (São Paulo, 1993-) vem sendo publicado desde 1922. A partir de 1993, o periódico passou a circular em nova série, com o subtítulo História e Cultura Material. Trata-se de revista acadêmica que traz à discussão temas afeitos à cultura material como mediadora de práticas sociais, bem como abordagens inovadoras sobre processos históricos e museológicos.

Em 2018, o periódico passou a operar no sistema de publicação contínua, em um único volume anual, com submissão de manuscritos tramitada exclusivamente no sistema informatizado para recebimento e gestão de manuscritos do Portal de Revistas da Universidade de São Paulo (USP).

Periodicidade anual.

Acesso livre

ISSN 0101-4714 (Impressa)

ISSN 1982-0267 (Online)

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Historia y Geografía | UCSH | 1986

Revista de Historia e Geografia

Revista de Historia y Geografía  (Santiago, 1986-) es una publicación periódica editada por la Escuela de Educación en Historia y Geografía de la Universidad Católica Silva Henríquez.

RHyG pretende contribuir a la divulgación de estudios originales, empíricos o teóricos de las más diversas corrientes historiográficas, de la ciencia geográfica y de la enseñanza pedagógica de ambas disciplinas, referidas al caso chileno o internacional.

Revista de Historia y Geografía agradece el patrocinio de la Universidad Católica Silva Henríquez.

Periodicidade semestral.

Acesso livre.

ISSN 0719-4137 (Impressa)

ISSN 0719-4145 (Online)

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IHGMG | IHGMG | 1945

IHGMG3

A Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais (Belo Horizonte, 1945-) é publicação regular e autônoma, desde sua criação, e cujo primeiro volume foi publicado em 1945 – Ano 1, v. 1, 1943-1944.

[Periodicidade anual].

Acesso livre.

ISSN 1980-3109.

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