Familias y redes sociales. Cotidianidad y realidad del mundo iberoamericano y mediterráneo | Sandra Olivero Guidobono

Este libro abre nuevos caminos en el estudio de las familias y redes. Presenta la oportunidad de discutir un mismo problema en ámbitos históricos diferentes, tanto en Iberoamérica como la Península. Muestra cambios y continuidades, individuos, familias e instituciones, en la vida cotidiana.

Un indispensable trabajo teórico y conceptual es el realizado por Francisco Chacón Jiménez. Es un mérito del libro contener las bases de una discusión de este tipo y poco común en los libros de Historia, pero este capítulo muestra su gran trascendencia. Igualmente, este estudio es valorable por su interdisciplinariedad. No pierde el acercamiento histórico al contemplar fuentes y problemas afines en la historia. El capítulo de Ann Twinam retoma su vitalidad de la historia comparativa. Estudia ámbitos coloniales, además del ibérico, lo que propicia la discusión pocas veces abordada en forma común. El frecuente acercamiento institucional, a base de las normas, es visto desde la vida cotidiana, la ilegitimidad y el mestizaje, lo que muestra lo relativo de las normas y su constante adecuación ante las dinámicas sociales Nuevas perspectivas históricas, sobre las codificaciones sociales, son planteadas por Sandra Olivero Guidobono. Aborda el mestizaje y la ilegitimidad, mostrándolos como un elemento dinamizador de las sociedades en la Era Moderna. Las identidades resultan de su análisis como construcciones socio-culturales. La permeabilidad y las estrategias tomadas permitieron la creación de múltiples identidades, y la posibilidad de encontrar nuevos caminos en el transcurso de sus vidas. Leia Mais

The Everyday Nationalism of Workers: A Social History of Modern Belgium | Maarten Ginderachter

Maarten Ginderachter Foto Maria Roudenko
Maarten Ginderachter | Foto: Maria Roudenko

Si bien este libro se ocupa de pasajes históricos de Bélgica lejanos para América Latina, considero pertinente llamar la atención sobre su estimulante propuesta: estudiar los nacionalismos “desde abajo”, es decir, colocando el foco de atención en las formas en que los nacionalismos son vividos por los ciudadanos “de a pie”; aquellos que no forman parte de las elites políticas o culturales, también desarrollan sus propias representaciones sobre la nación y la identidad nacional y cuentan con agencia propia para apropiarse o rechazar la simbología nacionalista oficial.

Se trata de una propuesta de suma valía ya que hasta ahora se han estudiado muy poco los horizontes de recepción de los nacionalismos. Y debo señalar que Maarten Van Ginderachter, autor del libro, no es ningún advenedizo en estos temas, toda vez que ha desarrollado esta línea de estudio en capítulos como “On the appropriation of national identity. Studying liux de mémoire from below”),1 que aborda las apropiaciones sociales y resignificaciones sobre los “lugares de memoria” de los que habló Pierre Nora. Además, ha coordinado libros como National Indifference and The History of Nationalism in Modern Europe, 2 donde se estudia el concepto de national indifference como guía para abordar los rechazos y apatías sociales que encuentra el nacionalismo oficial (el difundido por el Estado). Asimismo, coordinó el libro Emotions and Everyday Nationalism in Modern European History 3 donde se discute sobre las emociones que enrolan los nacionalismos vistos desde la perspectiva de la población en su vida cotidiana. Leia Mais

Hablando de historia. Lo cotidiano/ las costumbres y la cultura | Pilar Gonzalbo Aizpuro

En esta ocasión, desde una postura didáctica, Pilar Gonzalbo Aizpuru decidió hablarnos sobre cómo estudiar la historia de la vida cotidiana y las muchas formas y caminos para hacerlo. Desde un inicio advierte claramente que no existe un solo método para llevar esta tarea a cabo. Lejos de dictar una cátedra o una serie de clases, la autora busca entablar un diálogo con el lector.

Es necesario destacar el origen de este volumen, que responde a su compromiso asumido en enero de 2018, como directora del seminario de Historia de la Vida Cotidiana, en un coloquio en el que se propuso mostrar las distintas formas en que se puede hacer historia de lo cotidiano. Como era previsible, estos espacios y tiempos fueron insuficientes ante la curiosidad de los asistentes y lectores, y, al concluir el encuentro, muchas preguntas quedaron sin responder. La respuesta a esas preguntas, clasificadas según su criterio, sirve para generar nuevas dudas e inquietudes que aviven la perspicacia y el interés por investigar, pues formulando preguntas es como se lleva a cabo una investigación en todos los ámbitos del conocimiento, y, en concreto, en la Historia. Leia Mais

Memórias da Plantação: episódios de racismo cotidiano | Grada Kilomba

A obra “Memórias da Plantação: episódios de racismo cotidiano”, fruto da tese de doutoramento da escritora Grada Kilomba, foi publicada inicialmente na versão em inglês no Festival Internacional de Literatura, em Berlim, no final de 2008. A sua versão em português ocorre apenas 10 anos depois, sendo necessária, segundo a autora, a inclusão de uma introdução para abarcar, problematizar e explicar como seriam traduzidas algumas terminologias para a língua portuguesa, marcada por um histórico de herança colonial e patriarcal.

Grada Kilomba inicia sua obra explicando que a adaptação em algumas palavras, ocorre justamente para deixar evidente a tentativa de desmontar uma linguagem tradicionalmente reduzida ao gênero masculino, com origens coloniais dotada de relações de poder, abusos e inferiorização de pessoas afrodescendentes, comumente objetificadas e animalizadas através de uma linguagem racista. Para sinalizar o seu posicionamento, a autora adapta para o português, algumas terminologias recorrendo ao uso do itálico e abreviação em algumas palavras. Na obra, temos, portanto, adaptações de termos como sujeito, objeto, “outra/o”, negra/o, p. (preta/o), mestiça/o, mulata/o, cabrita/o, escravizada/o(escrava/o) e subalterna. (p.15) Leia Mais

Calçadas de Porto Alegre e Beijing | Airton Cattani, César Bastos de Mattos Vieira e Lu Ying

Cesar Vieira
César Bastos de Mattos Vieira | Foto: PROPUR/UFRGS

Calcadas de Porto Alegre e de BeijingUM OLHAR ATENTO

O livro foi editado para documentar a exposição fotográfica Projeto Calçadas: Porto Alegre-Beijing, que ocorreu nos últimos meses de 2019, no Campus Central da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre e, quase simultaneamente (com uma diferença de dias), no Advertising Museum da Communication University of China (CUC), em Beijing. A exposição (e o livro) é o resultado de uma missão acadêmica, intermediada pelo Instituto Confúcio, que professores brasileiros da UFRGS realizaram junto à CUC, na China, em outubro de 2018. Embora a edição impressa esteja esgotada, a versão digital pode ser acedida no sítio web da editora.

Airton Cattani, um dos organizadores do livro e da exposição, arquiteto e professor da Faculdade de Arquitetura da UFRGS, vem trabalhando com a temática das calçadas em Porto Alegre desde 2007, quando da exposição fotográfica Olhe por onde você anda: calçadas de Porto Alegre, que também foi documentada em livro. Essa obra ganhou versão em língua espanhola especialmente para a exposição Mira por donde andas: aceras de Porto Alegre, realizada no Centro de Estudos Brasileiros da Embaixada do Brasil no México, em 2008. Em sua trajetória, Cattani desenvolveu um olhar atento ao registrar a beleza e poesia das texturas, brilhos, formas, padrões e cores das calçadas urbanas, indo além de imagens com características turísticas. Este foi o motting passado aos estudantes dos cursos da Faculdade de Arquitetura da UFRGS e de Design da CUC e que vemos no livro: um registro fotográfico sensível das calçadas de Porto Alegre e Beijing que alimentam e formam um background estético e diferenciado para futuras aplicações tanto na arquitetura quanto no design. Leia Mais

No rendilhado do cotidiano: a família dos libertos e seus descendentes em Minas Gerais (C. 1770 – C. 1850) | Sirleia Maria Arantes

No rendilhado do cotidiano
No rendilhado do cotidiano: a família dos libertos e seus descendentes em Minas Gerais (C. 1770 – C. 1850) – Detalhe de capa

A perspectiva da micro-história e das redes sociais vem colaborando de forma categórica na historiografia brasileira sobre a família e ampliando o escopo de conceitos, interpretações e metodologias. Publicado em 2020, o livro No rendilhado do cotidiano: a família dos libertos e seus descendentes em Minas Gerais (C. 1770 – C. 1850), de Sirleia Maria Arantes, representa mais um esforço nessa direção. Em diálogo com a historiografia da família negra no período escravista, Arantes desenvolveu uma complexa análise que conjuga microanálise à demografia histórica, contribuindo para a literatura que discute a experiência de vida familiar de libertos e escravizados em Minas Gerais na virada do século XVIII para o XIX.

A preocupação em ampliar o estudo sobre a experiência familiar negra no contexto escravista, não é recente. Desde a década de 1970, estudiosos caminharam no sentido de repensar a forma que a família escrava aparecia na historiografia brasileira, se atentando a problematizar a visão de relações sociais instáveis dentro e fora do cativeiro e o conceito de patriarcalismo. Nesse sentido, os trabalhos do historiador Robert W. Slenes – especialmente o célebre Na senzala uma flor: esperanças e recordações na formação da família escrava – teve um papel relevante na renovação das interpretações sobre a família escrava no Brasil, na perspectiva de tomar a família como uma importante estratégia de sobrevivência e preservação das heranças culturais. Pesquisas recentes também avançaram no estudo das estratégias familiares dos escravizados e libertos, colocando ao centro o protagonismo destes atores sociais, se valendo das contribuições da demografia histórica e da micro-história. Os estudos de Cacilda Machado para São José dos Pinhais, Paraná (2008), de Roberto Guedes para Porto Feliz, São Paulo (2008) e de Tarcísio R. Botelho, para Minas Gerais (2007) são apenas alguns dos esforços recentes, além das dissertações e teses não publicadas – como a tese de Isabel Cristina Ferreira dos Reis para a Bahia, no século XIX. Leia Mais

Hablando de historia. Lo cotidiano/las costumbres/la cultura | Pilar Gonzalbo Aizpuru

En enero de 2018 tuvo lugar, en El Colegio de México, el coloquio Hacia una NuevaHistoria de la Vida Cotidiana. En Donde Todos Tenemos Algo que Decir, organizado por elSeminario de Historia de la Vida Cotidiana que la misma institución alberga. Alencuentro concurrió una veintena de estudiosos de la cotidianidad: algunos, los más,habituales del seminario -y de sus publicaciones-; otros, los menos, participantesesporádicos en las actividades del grupo, estudiosos del pasado cuyos trabajos pueden,con cierta facilidad, englobarse en la temática general del seminario. Las conferenciasdictadas, repartidas en seis mesas, terminaron por integrarse en un volumen más de losque, desde hace tres décadas, edita el seminario;1 a la par, Pilar Gonzalbo -cabeza del grupo desde susprimeros momentos de existencia y coordinadora del coloquio- decidió tomar nota de laspreguntas formuladas por los asistentes, agregar las que, regularmente, llegaban a ellavía correo electrónico y redes sociales, y dar respuesta a todas a través de un librodonde, de paso, le permitiera presentar los conceptos que, en términos generales, rigensu quehacer historiográfico. El resultado de sus afanes es Hablando de historia.Lo cotidiano, las costumbres, la historia, al que se dedican estas breveslíneas. Leia Mais

“A Descoberta do Cotidiano – Heidegger, Wittgenstein e o problema da linguagem” – AQUINO (ARF)

AQUINO, Thiago. A Descoberta do Cotidiano – Heidegger, Wittgenstein e o problema da linguagem. São Paulo: Edições Loyola, 2018. 178p. Resenha de: SILVA, Marcos. Argumentos – Revista de Filosofia, Fortaleza, n. 22, jul./dez. 2019.

O quadro conceitual que organiza nossas atividades e percepção, que regula nossas práticas, possui ele mesmo um fundamento frágil, gratuito, precário, vulnerável a tantas pressões. É, pois, limitado e finito, porque baseado em nossa forma de vida limitada e finita. Não se trata, aqui, de se recusar fundamentos em nossas atividades teóricas e práticas. Contudo, deve-se enfatizar a compreensão de que estes fundamentos, eles mesmos, não têm fundamento necessário algum. Em outras palavras, o fundamento do fundamento poderia ser inteiramente diferente.

Aquilo que parece ser necessário e auto-evidente, aquilo de que estamos mais convictos, maximamente certos, aquilo do que não abriríamos mão mesmo com forte evidência contrária, o que forma a aparente base sólida para nossas ações práticas e teóricas no mundo, aquilo que dá fundamento à nossa linguagem e constitui o pano de fundo de nossas ações no mundo, aquilo que passa tácito, implícito, sem precisar ser dito e tampouco defendido, é, em verdade, baseado em contingências relacionadas a nosso cotidiano e especificidades biológicas e culturais.

É necessário, para se entender esta racionalidade humana fundante, mas sem fundamento, se partir de nossa maneira peculiar de estar no mundo como agentes engajados em inúmeras práticas, sempre mergulhados em uma cultura e na história, jogados num mundo de envolvimentos diversos, corporificados, finitos e mortais. Agir significa tentar, em última análise, ter bases mais seguras para sobrevivência em um mundo hostil ao invés de simplesmente tentar compreendê- lo intelectualmente.

Heidegger e Wittgenstein, me parecem, partem, em suas filosofias, do reconhecimento radical de nossa finitude e limites. Todo o resto, inclusive o aparentemente definitivo e intocável, marcas tradicionais da lógica e da matemática, deveria refletir a nossa condição humana radicalmente finita e precária. Só podemos entender o tipo de ser que nós somos e o fundamento de nossa racionalidade, se procurarmos entender o tipo de práticas com as quais nos engajamos em nosso cotidiano. A nossa capacidade de linguagem e de cognição teórica deve ser vista como baseada em nossa capacidade prática de fazer coisas correta ou incorretamente, ou melhor, de reconhecer e assumir atividades, nossas e de outros, como corretas ou incorretas a partir de parâmetros e critérios acordados e herdados.

Acredito que pensar os dois filósofos, Heidegger e Wittgenstein, em conjunto e não isoladamente, como que insularizados em tradições divergentes, a continental e a analítica, é urgente para a introdução de um novo pensar e para um novo conceito contemporâneo de racionalidade. Ambos, o pensar e a racionalidade, apontam as filosofias de Heidegger e Wittgenstein, devem ser sensíveis à nossa condição humana e aos desafios da contemporaneidade, sem idealizações filosóficas desencaminhadoras.

A aproximação de dois autores tão centrais, seminais e controversos na filosofia contemporânea requer maturidade e originalidade filosóficas. Algo que um bom livro de filosofia deveria ter e o livro de Thiago Aquino “Descoberta do cotidiano: Heidegger, Wittgenstein e o problema da linguagem” mostra sistematicamente.

Em certo sentido importante, filosofia é sempre contemporânea de si mesma e dos problemas de sua época. Thiago Aquino, como um bom contemporâneo de si mesmo, aponta para como devemos pensar, auscultar nossa época, uma vez que não há um fora possível de nossa própria contemporaneidade.

Neste sentido, o livro de Aquino cumpre o papel de estimular discussões tão fascinantes quanto urgentes.

Como Aquino defende, os autores escrevem obras “construídas literariamente de modo a pressupor uma transformação de quem lê como condição de seu entendimento.” p. 121. Acredito que o livro de Aquino possa, através da aproximação, contribuir para a abertura para esta transformação. Aliás, vale notar que a própria aproximação filosófica entre Wittgenstein e Heidegger por si é central, seminal e controversa, como as filosofias dos dois filósofos.

O livro de Tiago Aquino, é um bem-vindo livro: corajoso, instigante e necessário.

A aproximação marca a coragem pelo enfrentamento da cisão histórica de tradições abarcando movimentos filosóficos muitas vezes conflitantes. De fato, o livro cobre um material tanto vasto como difícil de tradições e períodos diferentes dos dois pensadores. É instigante, por aproximar tradições diferentes e indicar o muito que tem para ser feito em diferentes áreas da filosofia que podem ser iluminadas pela aproximação. É necessário, por oferecer, acredito, uma plataforma filosófica, ainda insipiente, mas suficiente para se pensar e avançar em desafios diversos contemporâneos, como em discussões a respeito de lógicas não-clássicas, natureza da computação, neuro-ciências, cognição corporificada, inteligência artificial, psicologia do desenvolvimento, antropologia, política em dinâmicas intricadas culturais e sociais. Tudo isto em um horizonte de racionalidade finita, intramundana e radicalmente contingente. Eu li o livro como um convite tácito para colaboração. A obra mostra o muito que ainda pode ser feito, apesar do diagnóstico negativo, em sua conclusão, sobre alguma convergência radical entre os dois filósofos.

No que se segue apresento três razões para a tempestividade do livro e em seguida apresento quatro problemas para motivar o debate. A primeira tempestividade examina diretamente a cisão entre filosofia analítica e continental; o segundo elemento oportuno trata justamente do próprio trabalho difícil, mas relevante, de aproximação entre Wittgenstein e Heidegger. E o terceiro ponto de tempestividade, gira em torno da relação própria entre linguagem e lógica no fluxo de nossas vidas cotidianas.

Sobre o primeiro marco da tempestividade, acredito que uma das principais ideias que permanecerão com o leitor após a leitura deste livro provocativo é como temas que ocupam muito esforço e tempo de discussões podem se desgatar e ficar ultrapassados, inclusive em filosofia. A intricada distinção entre filosofia analítica e continental que animou muitas das discussões no último século está gradualmente, acredito, perdendo sua centralidade e relevância. Me atreveria a dizer que, hoje, se remete a mais uma divisão ideológica e institucional que a um problema filosófico genuíno.

Além disso, acredito que este enfraquecimento pode ser um sinal para que possamos levantar suspeitas a respeito da própria origem da divisão entre analíticos e continentais. A pouca importância que Wittgenstein e Heidegger devotaram a esta distinção contrasta com o consenso entusiasmado que esta contenda provocou nas últimas décadas. Ela certamente não está relacionada, de modo algum, com questões de geografia. Rigor conceitual, método argumentativo, e discussões pautadas pela natureza da lógica, podem ser características das duas tradições, como o livro de Aquino testemunha. Além disso, a meu ver, a distinção entre analíticos e continentais não é nem suficiente e nem necessária para o filosofar e não representa critério nem exaustivo e nem exclusivo para o que deve importar na filosofia e para o que significa se engajar seriamente com discussões filosóficas.

James Conant (2016), por exemplo, apresenta o seguinte comentário provocativo em um coletânea promovida para unir as tradições: [It is] no more promising a principle for classifying forms of philosophy into two fundamentally different kinds than would be the suggestion that we should go about classifying human beings into those that are vegetarian and those that are Romanian (p. 17).

Há uma certa dose de arbitrariedade na distinção e esta seguiu uma crescente especialização do trabalho filosófico em muitas sub-áreas muito nuançadas de pesquisa. Estes programas de pesquisa motivaram, infelizmente, muito dissenso, desconfiança mútua e barreiras institucionais e acadêmicas para o desenvolvimento de preocupações e problemas comuns entre filósofos praticantes das duas tradições. Há inclusive ataques de grande virulência documentados na historia deste embate no século XX. Estes fatos limitaram, acredito, significativamente, em muitos casos, o alcance e seminalidade de alguns debates filosóficos.

Isto pode e deve ser mudado. Acredito que não é exagero que o livro de Aquino é um livro oportuno com uma espécie de mensagem política tácita. O livro encoraja uma maneira mais pluralista, cosmopolita e tolerante de se fazer filosofia. Também engaja seu leitor em um diálogo frutífero entre filósofos influentes do passado com interlocutores de diferentes tradições. Acredito que a comunidade filosófica brasileira tem muito a se beneficiar com esta abordagem promotora de uma nova relação transversal entre áreas distintas da filosofia, de uma nova relação produtiva entre analíticos e continentais e da profissionalização da filosofia sem sectarismos e mais inclusiva.

Espero que o livro de Aquino possa ajudar a informar e educar novas gerações de filósofos para ver como a distinção entre analíticos e continentais pode ser não-justificada, ultrapassada e, em alguns casos, sem sentido, quando, por exemplo, tentamos investigar diferentes problemas em debates filosóficos contemporâneos robustos, tanto sobre metodologia quanto sobre conteúdos, concernentes à cultura, mente, linguagem, lógica, politica, subjetividade, normatividade e racionalidade. A divisão entre analíticos e continentais não é intransponível. Especialmente sem os diversos manifestos de combate planetário das últimas décadas.

Eu mesmo comecei como um graduando em filosofia fascinado por Kant, Schopenhauer e Nietzsche e, então, me remeti ao (primeiro) Wittgenstein e Frege como referências do como filosofar. Contudo, agora, com o reconhecimento da deficiência debilitante em partes da metodologia e perspectivas da filosofia analítica profissional, sinto a necessidade de voltar para autores da tradição continental, justamente porque alguns estereótipos presentes são maléficos para se abordar demandas de pesquisa naturais sem excessiva institucionalização. De fato, variantes do naturalismo cientifico ingênuo e do realismo acrítico não são e não devem ser as únicas formas de posição intelectual abertas para um filósofo analítico.

O segundo ponto de tempestividade do livro de Aquino é a própria aproximação de Wittgenstein e Heidegger sob a discussão da natureza da linguagem, independente da leitura atenta ou cuidadosa ou não que um filósofo fez do outro.

Aquino discute, a partir da linguagem, os dois pensadores que parecem ter sido responsáveis, respectivamente, nas variantes analítica e continental da filosofia contemporânea, pela assim chamada virada linguistica. Esta virada historicamente reconhece o protagonismo da linguagem no fazer filosófico, tanto como metodologia quanto como objeto de estudo. De fato, há curtos e raros, exemplos de comentários dos dois filósofos um sobre o outro. Apesar disto, o grande reconhecimento de ambos a respeito dos problemas sobre a relação do sentido da linguagem com a estrutura e totalidade do mundo como tal são investigados por Aquino. Estes problemas não são concernentes apenas à linguagem como um fenômeno histórico ou como uma estrutura formal, mas como relacionada à nossa radical finitude, contingência e intramundanidade evidenciada pelo nosso estar linguístico no mundo tão especial quanto cotidiano.

O livro de Aquino mostra como os dois autores compartilham uma visão muito ampla e significativa a respeito das relações tradicionais entre linguagem e mundo que permanecem abertas e conosco ainda hoje. Um texto recente de Livingston (2016), por exemplo, expõe um problema de limite de compreensão, mas aborda a questão a partir do primeiro Wittgenstein e do último Heidegger.

Acredito que Aquino avança no caminho correto ao pensar o Wittgenstein das “Investigações Filosóficas” e o Heidegger de “Ser e o Tempo”.

Esta observação nos permite falar do terceiro ponto oportuno que Aquino traz. A saber, a ênfase na linguagem e lógica na investigação filosófica e como elas são constituídas no e são constituintes do fluxo de nossas vidas cotidianas.

O primeiro local privilegiado de sentido, significado e valor, ou seja, de normatividade, deveria ser o ambiente próprio de nossas vidas cotidianas, ou como, coloca Aquino, de nossa cotidianidade. Isto mostra a conexão explícita entre os conceitos de ser no mundo, de um lado, e de formas de vida e jogos de linguagem, do outro.

Neste contexto, um ponto alto do livro é defender o lugar próprio da lógica na cotidianidade ao recusar a exclusividade da abordagem lógico-formal dos fenômenos linguísticos, porque esta última não apanharia o fluxo da vida onde o sentido é encontrado e construído. Este movimento recupera o logos clássico na vida cotidiana e pavimenta o caminho para se criticar a centralidade do proposicional no filosofar. Outro acerto, a meu ver, está na avaliação dos pressupostos e implicações da relação íntima entre filosofia e cotidiano, articulando meta-filosoficamente o existencial com o pragmático. Afinal, como Goethe no “Fausto” aponta: “No começo era o ato”, ou seja, habilidades práticas situadas e dinâmicas, e não, o conteúdo intelectual estático fora de qualquer relação com o mundo e o corpo.

Aquino defende que esta associação entre filosofia e cotidianidade incorpora uma mudança de atitude por uma decisão metodológica, de caráter existencial (p. 103).

Assim, a tensão filosófica em descoberta do cotidiano como descoberta do que sempre esteve lá é desenvolvida por Aquino a partir da aproximação difícil entre método hermenêutico e método gramatical na terceira parte de seu livro.

Pode-se afirmar que o pressuposto de que as relações básicas entre cotidiano e linguagem estão encobertas para o próprio cotidiano é o impulso primeiro para a justificação da análise e descrição filosófica da vida, servindo também como base para a avaliação da relação do filosofar com a autocompreensão vigente na vida comum. Enquanto pano de fundo não tematizado, a vida cotidiana padece de uma falta de transparência que o discurso filosófico pretende superar. (p. 104) A discussão sobre o papel constitutivo das práticas na linguagem e na lógica promove a recondução do pensamento para o seu lugar de origem, a vida cotidiana, revalorizada agora como locus primário da significatividade. (p. 75) Em consequência disto, qualquer interpretação filosófica que afaste o filosofar do exercício efetivo da linguagem cotidiana, o lugar da lógica, apontado por Aquino, deve ser suspeito, como a abordagem própria de autores que destacam o caráter metafísico da lógica. Aquino aponta que ambos, Heidegger e Wittgenstein, concordam que o fenômeno da linguagem não é suficientemente compreendido quando tematizado unicamente por intermédio da análise de estruturas formais.

Deste modo, os limites e a origem das teorias deveriam ser nossas vidas elas mesmas. Isto evidencia o primado da prática anterior a teorias e a ênfase de indivíduos inseridos num contexto de significado, de linguagem e de instituições antes do filosofar.

É um acerto tempestivo de Aquino a ênfase na semelhança, apesar das diferenças óbvias e do parco conhecimento de que um filósofo tem do outro.

* * * *

O livro possui, no entanto, ao menos, quatro pontos que poderiam ser, acredito, mais bem desenvolvidos. O primeiro a respeito da discussão sobre lógica. O segundo, a respeito das relações entre formas de vida e estar no mundo. O terceiro, a respeito da discussão contemporânea entre assimilacionismo e diferencialismo. E o quarto, a respeito da terapia linguística.

Quanto ao primeiro ponto a respeito da análise da natureza da lógica, vale notar que apesar da originalidade de se dedicar centralmente a ela, Aquino não define o que está chamando de lógica, apenas menciona lógica formal. Contudo, contemporaneamente temos diversos tipos de lógicas formais e formalismos para diversas finalidades diferentes, como a teoria da prova, dos modelos, e da recursão. Isto mostra que a discussão de Aquino ainda pode e deve ser atualizada para trazer atenção de filósofos e lógicos da tradição analitica.

Além disso, há, a meu ver, uma espécie de descompasso técnico entre Wittgenstein e Heidegger para servir como esteio filosófico de críticas à concepção contemporânea de lógica. Aquino trata do lugar da lógica e da recusa de seu caráter metafísico (embora não mencione problemas contemporâneos como revisão de princípios lógicos, normatividade da lógica, e pluralismo lógico). Contudo, o comprometimento de Heidegger com a lógica aristotélica parece inadequado e antiquado para discutir lógica matemática em função da primeira não expressar a complexidade da segunda. Deste modo, Wittgenstein parece estar em melhores condições para uma crítica mais acertada e bem informada da lógica formal.

Ademais, acredito que o expressivismo lógico de Brandom (1994, 2000) poderia ser usado para pensar o fundamento cotidiano da normatividade de nossa lógica, uma vez que Aquino afirma que :De modo recorrente, a lógica é concebida com base na pressuposição de seu valor essencial e de suas promessas de profundidade.

Isso pode ser exibido por intermédio do problema do vínculo entre lógica e ontologia, que não é apenas característico do contexto antipsicologista da época, mas acompanha grande parte da história dessa disciplina. (p. 150). Ora, Brandom mostra, acompanhando em parte o segundo Wittgenstein, que ainda é possível ter profundidade filosófica na lógica formal, apesar de recusarmos seu pretenso fundo metafísico. (Aliás, muito pouco de autores heideggerianos pragmatistas como Dreyfus, Brandom, e Haugeland aparecem no livro de Aquino. Rorty poderia ser mais mencionado).

O segundo ponto que poderia ser, a meu ver, mais bem desenvolvido no livro de Aquino é a relação entre os conceitos de forma de vida e Weltbild. Acredito que em muitos pontos o livro de Aquino pressupõe, mas não explica a associação entre ser no mundo (no sentido existencial e singular) e forma de vida (com ênfase no caráter social, público e biológico). Com efeito, podemos ter discussões existencialistas sem mencionar aspectos sociais e biológicos e discussões naturalistas sem a menção de aspectos existenciais. Além disso, vale notar que vida cotidiana não é o mesmo que estar no mundo e não pode ser identificado tampouco sem explicações com forma de vida. Esta dificuldade aponta outros dois problemas, a saber, a distinção entre forma de vida e cultura (p. 28) e à relação de forma de vida e discussões modais (p. 55) na própria periodização de Wittgenstein. Há no livro de Aquino várias idas e vindas no exame da trajetória filosófica de Wittgenstein, mas Aquino não discute, por exemplo, os tipos de problemas que levaram o primeiro Wittgenstein ao segundo, passando por seu rico período intermediário. Ademais, em várias ocasiões, para tratar do pano de fundo público e cultural do ser no mundo, Aquino usa o “Sobre a Certeza” (como por exemplo, p. 53-54 ou p. 152-55) e não “Investigações Filosóficas”. O conceito de Weltbild do “Sobre a Certeza” me parece mais radical que o conceito de jogos de linguagem na base de nossas formas de vida. Não podemos, em um certo sentido filosoficamente relevante, saltar para fora de nossa imagem de mundo, como poderíamos transitar entre diferentes jogos de linguagem em formas de vida diferentes, mas semelhantes.

Vale notar que no “Sobre a Certeza”, o uso de forma de vida é muito escasso. O conceito principal parece ser o de Weltbild para tratar de conflitos profundos entre imagens de mundo ao enfatizar como somos introduzidos nelas. A pergunta que emerge aqui é: A remissão de Aquino aos textos finais da trajetória filosófica de Wittgenstein é acidental? Não seria o “Sobre a Certeza”, o texto existencialmente importante do Wittgenstein em função do exame do nosso Festhalten em uma imagem de mundo herdada e da investigação da vulnerabilidade de nossas convicções fulcrais e da nossa segurança precária baseadas em crenças sem fundamento último? O terceiro ponto que poderia ser mais bem desenvolvido no livro de Aquino se remete, a meu ver, à distinção contemporânea entre assimilacionistas e diferencialistas.

O primeiro grupo de filósofos defendem a continuidade entre o ser humano e outros animais. Ao passo que a segunda tradição enfatiza a descontinuidade nas características entre seres humanos e animais não-humanos. Neste contexto, as motivações dos dois filósofos, Wittgenstein e Heidegger, parecem ser bem diferentes, ate mesmo antagônicas, como Aquino, ele mesmo, admite. (p. 61). O assimilacionismo de Wittgenstein se baseia na visão de que a linguagem deveria ser pensada como pertencendo a nossa história natural, assim como andar, comer e dormir. A linguagem humana seria uma característica animal nossa e assim como outras características deve ter sido selecionada através de um período muito longo de trocas dinâmicas com o meio e outros indivíduos por trazerem vantagens evolutivas para nossa espécie. Segundo esta visão, estamos em continuidade com outros animais. Não há nada de especial entre nós e outros animais. Afinal, “somos animais primitivos”. Este é um lema do “Sobre a Certeza” (SC 475). Isto parece contrastar frontalmente com uma espécie de anti-assimilacionismo de Heidegger que visa enfatizar justamente a descontinuidade entre homem e natureza. Nesta visão, haveria uma profunda e radical descontinuidade entre seres humanos e outros animais. Afinal, a existência do humano seria uma abertura especial, uma irrupção, uma vez que o mundo dos animais seria carente de significado. Com seres humanos, algo radicalmente novo e irredutível, aparece na natureza.

O quarto ponto que, a meu ver, mereceria mais desenvolvimento trata da própria imagem de terapia e despertar existencial. Aquino descreve, por exemplo, a terapia Wittgensteiniana:

O tema da terapia é, portanto, a fixação em certas expressões, que são frequentemente empregadas e dificilmente dispensadas. A filosofia tradicional demonstra claramente o nível do apego alcançado não apenas rejeitando o abandono ou a substituição dessas expressões por outras menos fascinantes, mas também pela busca contínua de um refinamento do seu sentido, como se a definição ou o esclarecimento fosse um meio de aprofundamento da compreensão. Essa tendência necessita de tratamento, antes de tudo, porque a aparência de profundidade gerada pela expressão linguística é uma ilusão gramatical sustentada por um pathos. (p. 124)

Esta aparência de profundidade parece ser justamente um ponto de crítica Wittgensteiniano que poderia ser direcionado ao Heidegger. O Procedimento terapêutico da filosofia de Wittgenstein, descrito, por exemplo, na p. 138, parece encontrar exatamente na filosofia de Heidegger uma paciente, apesar de Aquino parecer mais simpatico às abissalidades de Heidegger. Dualmente, a análise do discurso filosófico de Wittgenstein, o limitando e regulando, se remetendo ao nosso domínio de línguas naturais e cotidianas poderia ser um bom exemplo de “falatório” não-filosófico para Heidegger. Em certo sentido relevante de filosofia como terapia pela linguagem, poderíamos dizer que: Heidegger e Wittgenstein poderiam ser ambos paciente e terapeuta um do outro.

Referências

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WITTGENSTEIN, L., Tractatus logico-philosophicus“ (logisch- philosophische abhandlung). Tradução de Luiz Henrique Lopes dos Santos. São Paulo: Edusp, 1993.

______. “PHILOSOPHICAL INVESTIGATIONS” (Philosophische Untersuschungen). Tradução de G. E. M. Anscombe. Oxford: Basil Blackwell, 1958.

______. “ON CERTAINTY” (ÜBER GEWISSHEIT). Tradução de G. E. M. Anscombe. Oxford: Basil Blackwell, 1969.

Sobre o autor Marcos Silva – Doutor em Filosofia (2012) pela PUC-Rio, com período sanduíche na Universitaet Leipzig, de 2009 a 2011, (bolsista DAAD/CAPES). Pós-doutorado na UFRJ (2012). Pós-doutorado (2014-2015) pela UFC, Professor da UFAL. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq – Nível 2. E-mail: [email protected]

Acesso à publicação original

 

 

Um Só Corpo, Uma Só Carne: Casamento, Cotidiano e Mestiçagem no Recife Colonial (1790-1800). | Gian Carlo de Melo Silva

“Um só corpo, uma só carne: Casamento, cotidiano e mestiçagem no Recife colonial (1790-1800)”, escrito pelo historiador Gian Carlo de Melo Silva, formado pela Universidade Federal Rural do Pernambuco (UFRPE), é professor adjunto dos cursos de História da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) onde desenvolve pesquisas na área de História Social e Cultural com ênfase em História do Brasil Colônia, atuando principalmente nos temas de: Escravidão, Família, Mestiçagem, Cotidiano, Batismo, Casamento, Igreja Católica, População, Sociedade e Cultura. Estudou os vários casos de casamento na região do Recife colonial, escrevendo essas análises na obra citada acima. Assim, esse tema foi amplamente trabalho em sua dissertação de mestrado defendida em 2008, cujo resultado foi recentemente publicado.

Dessa forma, ao pesquisar os tramites que envolviam na ação de casar, ele propõe compreender a função social do matrimônio na sociedade colonial do Recife e como a população conseguiu se apropriar desse sacramento para alcançar seus desejos e suprir necessidades. O autor dividiu o livro em três capítulos, com o intuito de construir uma ordem que possibilite o entendimento sobre as regras matrimoniais e seus sentidos durante o período do século XVIII. Leia Mais

Nas memórias de Aurélia: cotidiano feminino no Rio de Janeiro do século XIX / Samuel Albuquerque

ALBUQUERQUE Samuel
Samuel Albuquerque / Foto: Conectando Com Jota /

ALBUQUERQUE S Nas memorias de AureliaAo dar visibilidade no cotidiano feminino no Rio de Janeiro do século XIX, Samuel Barros de Medeiros Albuquerque, professor da Universidade Federal de Sergipe, narrou neste livro as vivências e experiências da sergipana Aurélia Dias Rollemberg (1863-1952), futura Dona Sinhá, durante sua estada no Rio de Janeiro com sua família, e sua preceptora alemã, Marie Lassius.

Tais memórias, arquivadas em textos, são fonte de informações preciosas sobre o cotidiano feminino, incluindo o trabalho de governantas, bem como as experiências e práticas culturais de meninas, moças e senhoras na sociedade carioca.

Assim, fazendo uma breve descrição dos familiares de Aurélia, da chegada de Marie Lassius no Brasil e na casa da jovem, ainda em Sergipe, Albuquerque buscou investigar

o universo de preceptoras europeias que viveram entre os grandes centros e a periferia do Império do Brasil e, para tanto, enveredo pelo cotidiano de uma típica família da nossa antiga elite política e econômica, buscando interpretar sobretudo, as práticas culturais femininas (2015, p. 17).

Para isso, Albuquerque abordou no primeiro capítulo, intitulado “Nas memórias de Aurélia”, as experiências e vivências dessa jovem sergipana, bem como das demais mulheres da família, inclusive de sua preceptora alemã.

Ao narrar a conjuntura que levou a família do deputado geral Antonio Dias Coelho e Mello (1822-1904), Barão da Estância, a se mudar para o Rio de Janeiro, e o cotidiano das mulheres da família, Albuquerque conseguiu estabelecer pontos de convergência entre a política e cultura do século XIX.

A ligação política do Barão da Estância rendeu às mulheres da família e à preceptora alemã, o acesso a espaços de sociabilidade típicos da corte carioca, como bailes, jantares, cerimônias políticas e religiosas, inclusive contato direto com a família imperial, por meio das visitas residenciais ou cerimônias específicas.

Além disso, tal ligação política também possibilitou identificar o cotidiano dessas mulheres e suas práticas culturais. Dentre essas práticas, Albuquerque destacou as experiências vivenciadas e narradas por Aurélia nos diversos espaços de sociabilidade em que frequentou com sua família e com sua preceptora.

A frequência nesses espaços possibilitava às mulheres da corte e da elite se conhecerem, trocarem informações e experiências sociais e culturais. Assim, Aurélia, as mulheres de sua família, e sua preceptora, conseguiram se inserir no cotidiano feminino carioca e se adaptarem nessa nova realidade sociocultural, uma vez que todas elas provinham de outras realidades culturais.

Quanto à ligação cultural existente no cotidiano da família sergipana, podemos observar a atenção que o autor deu aos indícios textuais de Aurélia sobre a educação recebida pela preceptora alemã.

Da gramática ao estudo de idiomas e de música, a jovem sergipana foi educada para tornar-se uma mulher culta e preparada para um bom casamento e, consequentemente, saber cuidar da casa, do marido, dos filhos e dos criados.

Sua vivência e experiências pela cidade do Rio de Janeiro, acompanhada por sua família e por Marie Lassius, fizeram de Aurélia uma moça atenta ao cotidiano feminino e aos espaços de sociabilidade por ela frequentados.

Guiado pelos indícios das práticas culturais e dos espaços de sociabilidade acessados por Aurélia, Albuquerque continuou explanando no segundo capítulo, intitulado “No Reino Encantado de Pedro II”, o cotidiano feminino pelo Rio de Janeiro durante o reinado de D. Pedro II.

A frequência nos ritos religiosos, no estabelecimento de modistas franceses, na confeitaria Paschoal, nas residências de políticos e damas da elite carioca, em teatros, museus, passeios públicos, jardins botânicos, zoológico, praias e demais endereços ilustram a diversidade de espaços de sociabilidade existentes na cidade do Rio de Janeiro, bem como os locais permitidos ao acesso feminino.

Toda vivência e experiência obtida durante a estadia no Rio de Janeiro, provavelmente proporcionou a Aurélia noções do cotidiano e das práticas femininas, além de prepará-la para a vida de esposa, mãe e dona de casa.

Assim, com o encerramento das atividades políticas do Barão da Estância no Rio de Janeiro em 1879, ele e sua família retornam a Sergipe, deixando para trás o amigo da família Gonçalo de Faro Rollemberg, futuro esposo de Aurélia, e a preceptora alemã, Marie Lassius que faleceu no mesmo ano.

Aurélia, já amadurecida, continuou escrevendo suas vivências e experiências, porém, não da mesma forma como antes. Diante de seus retornos ao Rio de Janeiro, de seu casamento, filhos que teve, permanecia em sua memória os ensinamentos, as práticas, as vivências e as experiências deixadas por sua preceptora.

Assim, se Samuel de Albuquerque buscou destacar em seu livro a importância da prática da preceptoria no Brasil para a formação feminina, em especialde Aurélia, ele também conseguiu dar visibilidade às experiências, vivências e práticas culturais no cotidiano feminino no Rio de Janeiro do século XIX.

Everton Vieira Barbosa Correio – Mestrando no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP-Campus de Assis). Bolsista pelo processo 15555-8, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).E-mail: [email protected].


ALBUQUERQUE, Samuel. Nas memórias de Aurélia: cotidiano feminino no Rio de Janeiro do século XIX. São Cristóvão: Editora UFS, 2015, 152p. Resenha de: CORREIO, Everton Vieira Barbosa. História histórias. Brasília, v.4, n.7, p.231-233, 2016. Acessar publicação original. [IF]

A África que incomoda: sobre a problematização do legado africano no quotidiano brasileiro | Carlos Moore

A África que incomoda: sobre a problematização do legado africano no quotidiano brasileiro (2010) é um livro sobre uma diversidade de temas da contemporaneidade, não só brasileira, mas da totalidade dos países que se beneficiaram do tráfico de africanos escravizados e seus descendentes. Trata-se de uma obra de intervenção política que alia uma ampla fundação teórica à experiência de aproximadamente quatro décadas de observação de Carlos Moore em uma multiplicidade de ambientes sociais e no combate ao racismo, nas mais diversas partes do mundo. É um livro de fundamental importância, por trazer a contribuição do autor à compreensão da influência africana na cultura e no quotidiano sociocultural brasileiro.

O livro está dividido em três partes, sendo a primeira “África no cotidiano político: que tipo de cooperação”, a segunda, “A África no cotidiano educativo: bases práticas para o ensino da História da África”, e a terceira, “A África no cotidiano internacional: ou um governo federal continental, ou o caos”, composta por três entrevistas. Leia Mais

Jovens e Cotidiano: trânsitos pelas culturas juvenis e pela escola da vida – STECANELA (ER)

STECANELA, Nilda. Jovens e Cotidiano: trânsitos pelas culturas juvenis e pela escola da vida. Caxias do Sul: EDUCS, 2010. Resenha de: ROSA, Marcelo Prado Amaral. Educação & Realidade, Porto Alegre, v.37 n.2, maio/ago., 2012.

O livro Jovens e Cotidiano é resultante do estabelecimento de elos entre a empiria e a teoria, tendo como objeto de análise a dimensão educacional não formalizada, pautado no diálogo entre a sociologia da educação e a sociologia da juventude, buscando interfaces como forma de compreender os processos informais da socialização juvenil. Tais entrelaçamentos foram possíveis através da ocorrência, ao longo da produção textual, de um diálogo em três dimensões, articulando as vozes dos interlocutores empíricos com os interlocutores teóricos e com os conhecimentos tácitos da própria autora, objeto de estudo e problema de pesquisa do projeto de doutoramento. Ainda, o livro apresenta três dimensões de abordagem que, mesmo integradas, oferecem contribuições originais e individualizadas sem prejuízo algum com relação ao todo, sendo as dimensões: discussão teórica sobre juventude; reflexão metodológica de pesquisa de acordo com a perspectiva etnográfica; e a construção dos itinerários de vida e dos processos identitários da juventude da periferia urbana de um município de porte médio do interior do Rio Grande do Sul. A leitura é recomendada para docentes atuantes em todos os níveis, graduandos e pós-graduandos da área de Ciências Humanas e Sociais e Licenciaturas em geral, além de todos os interessados em conhecimentos sobre os espaços não formais de educação.

A autora da obra, professora Nilda Stecanela, é doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente, é professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Caxias do Sul (UCS), além de professora na Rede Municipal de Ensino de Caxias do Sul. Coordenadora do Observatório de Educação da UCS e do Programa Nossa Escola Pesquisa sua Opinião no Polo Rio Grande do Sul. Atua, principalmente, nas seguintes linhas de pesquisa: Gêneros e processos de socialização; Formação de professores para educação básica; Infâncias, juventudes e processos de socialização e Filosofia e história da educação. É autora e/ou organizadora de outras cinco obras, entre elas, Mulheres e direitos humanos: desfazendo imagens, (re)construindo identidades (2009); Interação com o mundo natural (2007); Construção de conceitos de Ciências (2006); Fundamentos da práxis pedagógica (2005).

A obra em questão se apresenta dividida em nove seções, organizadas de forma exemplarmente didática, a saber: introdução; capítulo 1 – A problemática do estudo; capítulo 2 – Os dilemas conceituais; capítulo 3 – Percursos metodológicos; capítulo 4 – Os percursos juvenis; capítulo 5 – Desafios interpretativos: o que comunicam as palavras sobre o cotidiano?; conclusões; referências; e, por fim, anexos. A obra completa apresenta 368 páginas. Ainda, os autores que inspiraram a forma de escrita do trabalho como um todo foram José Machado Pais e Alberto Melucci, o que proporciona uma escrita densamente descritiva pelos avanços e retrocessos realizados pela autora, além de emocionante, com conexões metafóricas com a poesia de Manuel de Barros, fazendo da exposição despida e ousada da escrita a característica peculiar da obra. Na seção dos anexos ainda são apresentados os perfis dos jovens entrevistados, o que possibilita ao leitor suscitar uma espécie de grau de empatia com os coautores1 do texto.

O primeiro capítulo do trabalho em questão – A problemática do estudo –, tem como objetivo situar sobre os caminhos percorridos para a construção do objeto, intenções e o problema de pesquisa que deram a direção do estudo. Este capítulo encontra-se subdividido em quatro seções.

m Caminhos e motivações para a definição do objeto, é exposta rapidamente a trajetória dentro do curso de mestrado da autora, em que se tem o princípio de um olhar para a dimensão não formalizada da educação a partir de indícios sobre a ausência do diálogo entre as trajetórias juvenis e os conhecimentos escolares. Ainda, aqui, é explicitado os marcos teóricos para o ajustamento focal deste estudo.

Já em Os objetivos, o problema e as hipóteses de investigação, é apresentada a definição do objetivo que norteou o trabalho, sendo “[…] conhecer e compreender as dinâmicas que envolvem os processos educativos não-escolares dos jovens de uma periferia urbana, a fim de possibilitar releitura das práticas educativas escolares” (p. 20), juntamente com a conceituação de periferia. Desta forma, a autora julga prudente o afastamento da escola para compreendê-la, navegando pelos usos temporais e espaciais que os jovens praticam na possibilidade de identificação de como e quais conhecimentos os mesmos constroem nas suas práticas culturais cotidianas. Sobre as hipóteses, a autora afirma categoricamente que não elaborou hipóteses prévias, evitando, assim, o condicionamento das lentes sobre o panorama da pesquisa, adentrando tal cenário munida de intuições.

Na subseção O cenário e os sujeitos da pesquisa, são apresentadas sucintas retomadas históricas da formação e desenvolvimento da cidade de Caxias do Sul e da comunidade O Reolon onde estão localizados os sujeitos da pesquisa, dezoito jovens de ambos os sexos, em situações divergentes em relação à escola, à família e ao trabalho. Para análise detalhada são reconstruídas as trajetórias de quatro jovens (capítulo 5). Em As fronteiras disciplinares, é declarada a característica de interdisciplinaridade do trabalho, tendo como porto seguro a Educação, justificando o entrelaçamento de disciplinas no hiato comunicativo existente entre a Sociologia da Educação e a Sociologia da Juventude. Sobre o distanciamento entre estas duas possibilidades da Sociologia, Abrantes (p. 26) expõe “[…] ocorre um distanciamento entre os “alunos” dos estudos sobre educação e os “jovens” dos estudos culturais, deixando transparecer, em várias situações, que não se está falando dos mesmos atores”. Os principais autores utilizados para a contextura teórica deste capítulo são José Machado Pais, Paulo César Carrano, Juarez Dayrell, Paulo Freire e Alberto Melucci.

O objetivo do segundo capítulo da obra – Os dilemas conceituais – foi contextualizar teoricamente os temas e conceitos implicados no estudo, baseando-se na produção sociológica sobre o assunto. Encontra-se subdividido de acordo com os subtítulos A pesquisa com jovens com base na sociologia do cotidiano, que focaliza a sociologia da vida cotidiana como perspectiva metodológica. Segundo Pais, quando se adota tal ponto de vista como propulsão para o conhecimento, se “[…] condena os percursos de pesquisa a uma viagem programada […] que facultam ao pesquisador a possibilidade de apenas ver o que seus quadros teóricos lhe permitem ver” (p. 31). Ainda, a autora aqui, apresenta como justificativas para adotar essa abordagem metodológica os aspectos de ser este um posicionamento de abertura ao inusitado, afastando-se da “lógica do preestabelecido”, procurando apreender algo que está presente de modo bruto; ao passo que procura transformar o cotidiano em durável admiração ou espanto, centrando sua atenção nos desaterros dos detalhes da vida cotidiana. Nesse capítulo, é colocado à vista o mergulho etnográfico realizado pela autora, visando à potencialização da decifração dos enigmas contidos nos trânsitos dos jovens participantes da pesquisa.

m Para além da hegemonia da forma escolar, os processos educativos não escolares, a autora tece a trama escolar através da história e procura compreender, através da trajetória dos jovens da pesquisa, a questão da exclusão social e escolar provocada tanto por fatores endógenos quanto exógenos à escola. Seguindo no texto, a autora se concentra nos alicerces da crise da escola. Aponta as mutações que a instituição escolar sofreu ao longo do século passado, na qual “[…] a escola passou de um contexto de certezas para um contexto de promessas, situando-se hoje num contexto de incertezas” (p. 43) e a “[…] invasão da escola pelo social, e o social invadido pela escola” (p. 45) e a “[…] nostalgia das representações que acreditam ser possível à escola dar conta de todas essas [qualificação escolar, educativa e de socialização] funções” (p. 48) como pontos nevrálgicos da mutação da escola. Para finalizar esse subcapítulo, concentra cuidados sobre o “saber de experiência feito” (p. 64) através da metáfora escola de borracha.

m A juventude possível reinventada pelas classes populares, a autora aborda as divergentes tipologias de passagem à vida adulta, problematizando, assim, a categoria juventude. Para isso, parte da perspectiva das transições, buscando tramar as culturas juvenis com as correntes teóricas da sociologia da juventude desenvolvidas por José Machado Pais: a corrente geracional e a corrente classista. Ao final, faz uma reflexão sobre a relação entre as biografias padronizadas e as biografias de escolha nos percursos da composição das identidades juvenis em contextos de pressão do cotidiano.

or fim, Nas cronotopias do cotidiano, o rolar das identidades juvenis, a autora encadeia as identidades juvenis com a articulação cronotópica do cotidiano, marcada principalmente pela dessacralização do espaço físico. É destaque nesse capítulo a estruturação dos subcapítulos, pois a leitura dos mesmos pode ser realizada independente da sequência temporal apresentada na obra sem o risco de incompreensões. As principais referências neste capítulo são Alberto Melucci, Rui Canário, Juarez Dayrell, François Dubet, Phillipe Áries, Jaume Trilha, Paulo Freire, Alfred Schutz, José Machado Pais, Pedro Abrantes Maria das Dores Guerreiro, Joaquim Casal, Michel Certeau, Marília Sposito, Gisela Tartuce, Mario Margulis e Marcelo Urresti.

No terceiro capítulo de Jovens e Cotidiano – Percursos metodológicos –, é apresentado os percursos metodológicos da pesquisa, incluindo as posturas assumidas pela autora em relação ao cenário da investigação. Este capítulo encontra-se seccionado em subcapítulos, a saber: Do estudo exploratório aos “inventários dos usos dos tempos”; Vozes que compõem o diálogo: a sociologia da amostra; A arte da escuta na pesquisa com o cotidiano; Da escavação do cotidiano à escovação das palavras: o tratamento dos dados.

No primeiro, a autora descreve suas incursões pela comunidade e imersões nas estratégias de abordagem da pesquisa. No segundo, a autora clarifica aspectos referentes à amostra do estudo. Já no terceiro, os aspectos-chave da escrita recaem sobre a “presença participante” (p. 145) e a “escuta sensível” (p. 146) da autora no cenário da pesquisa. O primeiro aspecto é tomado como um procedimento alternativo frente à impossibilidade de imersão na realidade dos jovens do estudo; o segundo, “evoca a habilidade do observador em perceber e respeitar a fala do outro […]. Para ser sensível, a escuta não deve compreender somente a audição, mas convocar os demais sentidos para perceber os gestos, os silêncios, as pausas, as emoções […]” (p. 146).

Na quarta e última seção, a parte mais densa do capítulo, pois, aqui, a autora organiza e trata os dados da pesquisa. O procedimento adotado para a análise e interpretação das narrativas dos jovens participantes da pesquisa é a análise textual discursiva. Neste subcapítulo, a autora descreve minuciosamente toda a sua trajetória dentro do procedimento adotado, desde a organização do corpus até a produção do metatexto que comunica os resultados a que chegou a pesquisa, tendo como norte a metáfora do mosaico. Neste capítulo, no decorrer da escrita da autora, são destaques os referenciais Alberto Melucci, Howard Becker, José Machado Pais e Roque Moraes.

No quarto capítulo, Os percursos juvenis, a autora apresenta os percursos juvenis por via das trajetórias de quatro jovens da pesquisa, reconstruídas na forma de mosaico. A voz dos interlocutores empíricos é trazida em primeiro plano e, a partir da descrição, são recompostas suas narrativas, orientadas por categorias emergentes na forma de trânsitos, agregando diferentes temporalidades e espacialidades. Assim como os outros capítulos, este também se encontra dividido em subcapítulos, a saber: Trajetórias de Preto: o “Educador do Cotidiano”; Trajetórias de DL: um MC de um grupo de Rap; Trajetórias de Benhur – B-boy de um grupo de Rap e, por fim, Trajetórias de Daiana: a jovem escondida na Caderno de segredos. As trajetórias, expostas aqui, compõem extratos da biografia dos jovens e não tem o objetivo de representar o mundo juvenil, “[…] mas podem representar um mundo juvenil, através dos quais outros casos poderão ser analisados a partir do efeito da reflexividade” (p. 165).

No capítulo Desafios interpretativos: o que comunicam as palavras sobre o cotidiano?, procurou-se informar as categorias que emergiram no campo de investigação, de modo a entrelaçar os sentidos das narrativas dos jovens, estando organizado em “unidades contextuais” (p. 323). A divisão capitular aqui é entre: Trânsitos com a pressão do cotidiano, Trânsitos com as biografias de escolha e Trânsitos com a escola da vida. Neste capítulo também existe a preocupação da autora em expor a incompletude do trabalho perante a gama possível de análises da realidade a partir da realidade. Houve o cuidado em nomear cada jovem participante da pesquisa a partir de suas próprias palavras ou dos significados que elas produziam no entender da autora. As referências base neste capítulo são Alberto Melucci, Rui Canário, Juarez Dayrell, Gisela Tartuce e Mario Margulis.

Nas Conclusões é destaque a tentativa da autora em manter um distanciamento do olhar sobre o conjunto de palavras que compõem o estudo, ou seja, procurou-se um afastamento das peculiaridades da juventude analisada para vislumbrar uma aproximação com o contexto jovem de modo generalizado. Pode-se evidenciar com este trabalho, que a moradia, educação e trabalho são os elementos que mais afetam diretamente o trânsito dos jovens da pesquisa, sendo a escola um dos primeiros recuos ante aos desafios na garantia da sobrevivência. Nesse cenário, de intensa pressão do cotidiano, aparecem como alternativas de descompressão as culturas juvenis, como a música baseada nos ritmos rap e rock e a religião, sendo possível assim vincular a cultura local dentro do contexto de mundo externo à periferia. Analisar as narrativas dos jovens permitiu conhecer as experiências criativas que os mesmos aplicam no seu contexto para viver numa sociedade em mutação. O desafio destes cidadãos é viver em um intenso movimento de reinvenção baseado na aprendizagem que se fundamenta na experiência não escolar, sendo assim possível afirmar que os jovens da periferia aprendem e ensinam, convertendo o conhecimento em ação a partir da ação cotidiana, “[…] relembrando que somos seres incompletos, e que a vida é uma escola […]” (p. 349).

Para finalizar esta resenha, o desafio imposto à autora nesta jornada pelo cotidiano dos jovens foi “compor uma sinfonia” (p. 148) partindo de acordes e notas musicais inaudíveis e talvez até descompassadas quando ouvidas individualizadas. Entretanto, com a regência musical empregada, eclode aqui com toda a dramaticidade, emoção e paixão, sem notas destoantes na partitura ou cacofonia na união do coro, uma composição de melodia harmônica ímpar que ao descer das cortinas se reconhece, através da entonação das palavras e na afinação do arranjo instrumental da orquestra, numa sublime trilha sonora sobre as dimensões não escolares da educação, digna das mais belas óperas.

NotaS

1 Para a autora, os sujeitos da pesquisa são os coautores do trabalho, pois somente através da escuta sensível das palavras dos sujeitos da pesquisa é que foi possível o surgimento de categorias nomeadas com expressões nativas, como pressão do cotidiano e escola da vida (exposição oral).

Marcelo Prado Amaral Rosa – Graduado em Química Licenciatura pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), campus de Frederico Westphalen. Especialista em Metodologia do Ensino de Química pela Universidade Gama Filho (UGF). Mestrando em Educação na Universidade de Caxias do Sul (UCS), Rio Grande do Sul, vinculado à linha de pesquisa em Educação, Linguagem e Tecnologia, E-mail: [email protected]

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Gênero, cidade e cotidiano / Dimensões / 2009

Este número de Dimensões – Revista de História da Ufes é uma edição singular e, portanto, especial. À grande importância desse momento em que mais um número da revista vem a público, soma-se a realização de uma nova edição do evento acadêmico bienal promovido pelo Programa de Pós-Graduação em História Social das Relações Políticas, da Universidade Federal do Espírito Santo, o II Simpósio Internacional de História, em parceria com a Université de Paris-Est, cuja temática será Cidade, Cotidiano e Poder, razão pela qual o presente dossiê se intitula Gênero, cidade e cotidiano.

Trata-se de uma edição que é dedicada exclusivamente a um tema predefinido e que reúne em um mesmo conjunto de textos perspectivas de diferentes autores, estudiosos de temáticas que dizem respeito às relações de gênero e ao cotidiano da vida feminina nas cidades. O objetivo básico dessa edição é dar aos leitores uma visão geral de seu conteúdo, que de regra compreende estudos que envolvem as relações urbanas.

Fruto da dedicação e trabalho da equipe de organizadores e editores, que não poupou esforços (e tempo) para a sua elaboração, desde a concepção, passando pela chamada de trabalhos, a seleção e edição, Dimensões ganha, nesta edição, o dossiê Gênero, cidade e cotidiano, que concretiza um projeto elaborado há muito tempo pelo Programa de Pós-Graduação: o de uma publicação especial reunindo pesquisadores vinculados a instituições acadêmicas, governamentais ou não governamentais, que investigam aspectos históricos, culturais, econômicos e políticos da temática “gênero”. Leia Mais

Alfareros del Imperio Huari. Vida Cotidiana y Áreas de Actividad en Conchopata – PARAVICINO (C-RAC)

PARAVICINO, José Ochatoma. Alfareros del Imperio Huari. Vida Cotidiana y Áreas de Actividad en Conchopata. Lima: Facultad de Ciencias Sociales, Universidad Nacional de San Cristóbal de Huamanga, 2007. pp. 328p. Resenha de: LOZA, Carmen Beatriz. Chungara – Revista de Antropología Chilena, Arica, v.40, n.2, p.235-237, dic. 2008.

La reciente aparición del último libro del arqueólogo y antropólogo peruano José Ochatoma Paravicino ofrece numerosas pistas de investigación futuras al haber presentado un enfoque novedoso sobre la vida cotidiana y las áreas de actividad de Conchopata (Andes Centrales). Se trata de un conocido centro secundario Huari, en Perú, cuya principal actividad estuvo concentrada en la producción especializada de cerámica fina con iconografía y acabado magistral, la cual fue posible de producir dentro de un patrón jerárquico. El esfuerzo investigativo del autor consistió en proponer la comprensión de la utilización del espacio, la organización de la producción y los sistemas de creencias y rituales entre los Huari durante el siglo IV. Todo esto planteando la discusión de categorías arqueológicas y antropológicas que se redefinen y aclaran a la luz de los datos empíricos de Conchopata, sitio arqueológico situado al noroeste de la Plaza Mayor de la ciudad de Ayacucho, pero cuyas evidencias se dispersan hasta las inmediaciones del aeropuerto.

Este libro fue escrito a partir de la redacción de su tesis para obtener el grado de Doctor en la Universidad Nacional Autónoma de México, bajo la dirección de la arqueó loga mexicana Linda Manzanilla Naim. La estructura del libro refleja una arquitectura de un trabajo académico desarrollado en siete capítulos (incluidas las consideraciones finales). La elección del terreno de investigación no fue hecha al azar, más bien se funda en apreciaciones anteriores que caracterizaban el sitio de Conchopata como un gran centro de producción cerámica, excavado por el propio autor en distintas oportunidades.

Apoyado en esos antecedentes, se propuso excavar y analizar la evidencia arqueológica considerando diversas escalas de análisis. Así, “la unidad mínima es el área de actividad, luego la unidad doméstica y, en una escala jerárquica mayor estaría la vida cotidiana”. Su objetivo principal consiste en comprender el ámbito de la organización social ligada a la subsistencia y la reproducción familiar. En esa línea se centró en el análisis de la producción de cerámica ahondando en todas sus etapas, observando paralelamente la ideología de la fabricación y distribución tanto en las áreas ceremoniales y las tumbas, como en los depósitos de ofrendas.

El primer capítulo es esencial porque sirvió de piedra angular para plantear la discusión sobre los linea-mientos teóricos que servirán de lazos con los capítulos siguientes, donde se utilizó la información arqueológica a la luz de muchas de las nociones claves y elecciones metodológicas utilizadas a lo largo del texto. De este modo, presenta el corpus teórico donde se discuten conceptos centrales. Por un lado, aquéllos que están muy relacionados con el análisis del espacio: áreas de actividad, unidades domésticas y espacio social. Por el otro, conceptos más técnicos como especialización artesanal y taller. El conjunto de esas nociones es revisado tomando en cuenta tanto la bibliografía internacional como aquella producida localmente a partir de evidencia arqueológica de Conchopata.

Mientras que en el segundo capítulo se muestra el entorno ambiental complementado con la descripción geomorfológica que sirve de sostén para el análisis de los recursos no metálicos como la arcilla y sus bancos que servían para la producción de la cerámica en gran escala. Téngase presente que la especialización se debe a que los pobladores de Conchopata tenían dificultades para dedicarse a la agricultura, pero supieron sacar partido de la abundancia de mantos arcillosos convirtiéndose en eximios especialistas alfareros. Dentro de este mismo capítulo se repasan, en una perspectiva de larga duración, las visiones sobre el sitio desde 1492 hasta las investigaciones anteriores al 2007. Justamente, gracias a ese balance bibliográfico se revela que esos análisis se habrían centrado en la taxonomía descriptiva de cerámica, aislando el contexto social de producción.

El tratamiento de la esfera de reproducción familiar se desarrolla, ampliamente, en el tercer capítulo apoyado en la cerámica “doméstica” o “utilitaria” como una fuente sin parangón para entender la reproducción social, a pesar de lo subestimada que estuvo por los estudiosos de Conchopata. Por esa razón, fue necesaria una propuesta de clasificación morfológica de los diversos tipos de vasijas a fin de distinguir: la preparación de alimentos, el servicio y consumo de alimentos, el transporte y entrenamiento. También, la evidencia arqueológica permitió distinguir fuera del área de la cocina otras más: la del descanso, almacenamiento, patios y basurales.

El cuarto capítulo está dedicado a la esfera de la producción cerámica. Dos dimensiones bien definidas lo caracterizan: Por un lado, una presentación del espacio arquitectónico mostrando las áreas definidas de producción alfarera y grandes concentraciones de herramientas y desgrasantes. Por el otro, la tecnología para la producción, aspecto que es tratado de manera más extensa. Por ejemplo, se precisa el empleo de azadas y azadones multifuncionales, las porras discoidales perforadas y los batanes. Apoyado en esa información, nos introduce al manejo de la preparación arcillosa y su amasado. El autor muestra claros ejemplos del empleo de moldes que servían para dar cuerpo a las cerámicas cocidas en hornos cerrados ubicados al interior de las unidades habitacionales. Importante evidencia de la utilización de un alto nivel tecnológico.

El quinto capítulo reconstruye la arquitectura de las unidades domésticas dentro de un contexto urbanístico cuyo estilo correspondería a “horizonte arquitectónico ortogonal celular”. Mostrándonos que Conchopata fue “sede de una ciudad muy importante que al parecer, en sus primeras fases, competía con la metrópoli Huari”. Justamente en ese momento de pugna se produjo la especialización cerámica. Para entender mejor los patrones arquitecturales se presentan las características de muros, pisos, accesos, hornacinas, áreas abiertas, banquetas y canales de drenaje.

El sexto capítulo está relacionado a la esfera ideológica de la cotidianidad. Se identifican los diversos contextos: las áreas ceremoniales, las ofrendas y los sistemas de entierros. Para estos últimos se propone una tipología a partir de los componentes básicos. Uno de los indicadores más valiosos es el análisis de la cerámica en particular de las vasijas rituales y votivas. Estos temas son complementados por la información arquitectónica sobre los entierros dentro de las unidades domésticas, lo cual es un elemento importante de la cosmovisión de los habitantes de Conchopata. Este dato es esencial porque nos permite ampliar las informaciones sobre los espacios ceremoniales cerrados y abiertos.

Finalmente, el séptimo capítulo de manera sintética presenta los logros de la excavación dando coherencia a la diversidad de temas desarrollados en los seis capítulos precedentes. Reafirma su idea de que las condiciones ambientales fueron esenciales para la ocupación de Conchopata. Plantea que se produjo en “una etapa previa al Estado Huari donde el crecimiento de la población habría generado el desplazamiento de algunos agricultores hacia las zonas de baja productividad agrícola, quienes en su afán de obtener los recursos necesarios para su subsistencia, se habrían especializado en la producción de cerámica”. Posteriormente se dedicaron tiempo completo a esa actividad bajo el mando de las élites dominantes Huari.

El autor nos propone la noción de vivienda-taller alfarero como un espacio aislado si no más bien conectado con otros espacios habitacionales y ceremoniales. Esto significa que existía una multifuncionalidad de los sitios donde se desarrollaban diversas actividades domésticas o rituales. Existían algunos talleres donde se producía cerámica a tiempo completo y otros a tiempo parcial, pero sea cual fuere la modalidad parecería que sirvió para pagar tributo entre otros productos manufacturados.

Algunas habitaciones guardaban secretamente a los muertos (con quienes convivían), pero también se construían mausoleos para éstos. El culto a los antepasados fue central, al igual que el denominado “Dios de los Báculos y otras deidades”. El estudio de la ideología religiosa se constituyó en una clave para entender el posterior abandono de Conchopata.

En suma, el libro de Ochatoma Paravicino, a diferencia de muchos trabajos donde la teoría no se armoniza con los datos empíricos, es un caso donde existe una buena sincronización. Además, el libro tiene el mérito de presentar una revisión bibliográfica exhaustiva de un arco temporal bastante amplio: desde 1927 hasta 2007, sobre los trabajos realizados en Conchopata y en torno al sitio. El examen pasa obligatoriamente por los estudios locales peruanos y los resultados obtenidos por los investigadores extranjeros interesados por Conchopata. Señalo esto como algo provechoso, pues en algunos estudios internacionales se prescinde de los trabajos arqueológicos andinos locales, sin que ello problematice a los autores sobre lo fragmentario de sus estados de arte. En todo caso, la presentación cronológica de la bibliografía debió ser mejor articulada en la narrativa del autor porque se presenta como una sucesión de fechas, cuando sabemos que reflejan cambios teóricos o metodológicos que se fueron produciendo en la ciencia arqueológica.

El centro de la reflexión estuvo claramente explicitado al recrear la cotidianeidad que, como lo reconoce el autor, ha sido una temática sumamente compleja para su estudio. Al igual, que la demostración de la especialización jerarquizada de la producción alfarera que habría permitido la definición y la legitimación de las élites locales Huari.

Queda claro a través del libro que las élites Huari organizaban el trabajo de los alfareros, logrando que algunos se especialicen en la producción de bienes utilitarios de amplia distribución. Mientras que otros vendrían a ser “especialistas agregados” encargados de prestar servicios a un patrón. El autor ahonda en el aspecto de la especialización gracias a las excavaciones de los sitios habitacionales y deja claro que existía un pequeño grupo de especialistas en cerámica fina con rica iconografía. Al respecto, es importante señalar que en el último capítulo la problemática de la cerámica es abordada de manera dispersa y redundante, lo cual habría podido evitarse con una puntualización temática en uno solo de los apartados.

Algo semejante sucede a nivel narrativo con la problemática de los rituales domésticos cuya evidencia material -en restos de camélidos, cuyes o conchas enterrados en pequeñas fosas cavadas en las paredes- merecería alguna comparación y una mayor profundización. En todo caso, este y otros aspectos forman parte de los avances, y nuevas propuestas para la comprensión de la sociedad Huari, dignos de dilucidarlos, debatirlos y problematizarlos en el futuro a la luz de esta importante publicación sobre Conchopata.

Carmen Beatriz Loza – Directora de Investigación INBOMETRAKA, La Paz, Bolivia.

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La vida cotidiana en Babilonia Y Asiria – CONTENAU (PR)

CONTENAU, G. La vida cotidiana en Babilonia Y Asiria. Traducida por Pablo Herrero. Resenha de: TORRES, Ángel Luis González. Panta Rei – Revista de Ciencia Y Didáctica de la Historia, Murcia, p.157-179, 2007.

Estructura

La obra de Georges Contenau, traducida por Pablo Herrero, está dividida en cuatrocapítulos a los que se añade un apartado de Conclusión, precedidos de una introduccióny con dos apéndices finales con la bibliografía y las notas aclaratorias (Referencias).

Cada capítulo está a su vez dividido en múltiples epígrafes, de mayor o menorbrevedad, sin numeración1, siguiendo una secuencia más o menos ordenada por temáticasencadenadas.

La INTRODUCCIÓN de apenas dos páginas sirve a su autor para justificar laelección del periodo histórico, por ser a su entender el mejor conocido. Tras un brevísimobosquejo de la historia del Próximo Oriente en dicho periodo (apenas un párrafo)enumera las fuentes que ha utilizado y a la vez le han permitido decantarse poreste lapso de tiempo: las tablillas de Assur y Babilonia, en especial Anales, rituales,himnos, correspondencia (tanto real – funcionarial como privada), la biblioteca deAssurbanipal en Nínive y por último los monumentos y descubrimientos arqueológicos(en especial Korsabad, Nínive, Assur y Babilonia).

Dedica también especial atención a las fuentes exógenas, es decir, los historiadores– viajeros del mundo griego.

El primer capítulo, titulado NOCIONES GENERALES, se divide en noventa epígrafes:

  1. El país.
  2. Los habitantes.
  3. Historia de Mespotamia de 700 a 500 antes de Jesucristo.
  4. La cronología.
  5. Las clases sociales2.
  6. La familia. La habitación.
  7. El hombre libre y el matrimonio.
  8. El esclavo.
  9. Su venta.
  10. Los esclavos del templo.
  11. El rescate.
  12. La habitación.
  13. La casa.
  14. El empleo de la arcilla.
  15. El techo y el piso superior.
  16. La decoración18. El mobiliario.
  17. Alumbrado y calefacción.
  18. La ciudad. Su plan.
  19. Babilonia.
  20. Los grandes edificios. El Mermes.
  21. El Eufrates y su puente.
  22. Aducción de agua.
  23. Las murallas.
  24. Las puertas.
  25. El campo. Los canales.
  26. Fertilidad debida a la irrigación.
  27. La navegación.
  28. La espuerta y el <<kelek>>.
  29. La pesca.
  30. Los huertos.
  31. El huerto de Merodak-Baladan.
  32. Los corrales.
  33. La agricultura. Los cereales.
  34. La laya y el arado.
  35. La trilla.
  36. Ventas y préstamos en grano.
  37. El ganado. El asno.
  38. El asno salvaje y el caballo.
  39. El ganado bovino.
  40. Corderos. Cabras. La industria de la leche.
  41. El camello.
  42. Pastores y perros.
  43. Ventas de ganado.
  44. Animales salvajes. La caza.
  45. Los transportes por carretera.
  46. La caravana.
  47. La vida cotidiana3,50. El saludo matinal.
  48. El aseo. Cabello y barba.
  49. El jabón.
  50. El barbero.
  51. El traje masculino.
  52. Modas femeninas.
  53. El sello.
  54. Las comidas.
  55. El pan.
  56. La bebida. La cerveza y el vino de palmera.
  57. El vino.
  58. La palmera.
  59. La seudofecundación de la palmera en los bajorrelieves.
  60. Legumbres, pescado y carne.
  61. Los saltamontes.
  62. Queso, confitería y frutas.
  63. La vajilla.
  64. Las bebidas fuertes.
  65. Trabajo y comercio4.
  66. Relaciones entre en vendedor y el comprador.
  67. La responsabilidad.
  68. Organización del trabajo en Capadocia.
  69. Objetivos del comercio.
  70. La organización del trabajo en la caravana.
  71. El comercio en Nuzi.
  72. La firma Murashu en Nippur.
  73. Los salarios.
  74. El destajo.
  75. Los vigilantes.
  76. El coste de la vida.
  77. El patrón de cambio.
  78. Valor de las mercancías.
  79. Cobre y bronce.
  80. Hierro, oro y plata.
  81. La fundición de estatuas y sus dorados.
  82. Vasos y joyas.
  83. El alfarero.
  84. El cestero.
  85. El mercader de telas.
  86. El confitero.
  87. El vendedor de canciones.

Estos epígrafes pueden ser divididos en cuatro apartados, delimitados por el propioautor por el uso de la letra en cursiva.

El primer apartado sería propiamente el que contiene las nociones generales,como son el marco geográfico, la descripción étnica, lingüística, una breve historiadel periodo estudiado (700 al 500 a.C.) y el marco cronológico es decir, los seis primerosepígrafes.

El segundo apartado que el autor subtitula Las clases sociales así como los dosrestantes, La vida cotidiana y Trabajo y comercio, más que ser nociones generalesentran de lleno en el análisis de la vida cotidiana que lleva por título la obra. Epígrafestan específicos como El mobiliario, El saludo, El jabón, El coste de la vida o Elconfitero son prueba de ello.

El segundo capítulo, titulado EL REY Y EL ESTADO, lo conforman treinta ycinco epígrafes:

  1. El palacio real.
  2. El palacio de Korsabad.
  3. Las excavaciones.
  4. La planta del palacio.
  5. Los palacios secundarios.
  6. Jardines y <<jardines colgantes>> de Babilonia.
  7. La decoración. Los bajorrelieves.
  8. Los palacios provinciales.
  9. La idea de monarquía.
  10. Reglas de accesión al trono.
  11. La designación divina.
  12. El rey de Asiria no es un dios.
  13. Designación del sucesor.
  14. La consagración.
  15. La jornada civil del rey. El vestido.
  16. Joyas y armas.
  17. Los carros reales.
  18. El mobiliario real.
  19. El marfil.
  20. Diversiones. Banquetes. Música. Danza.
  21. La caza.
  22. El séquito real.
  23. El gobierno. La diplomacia.
  24. Recepción de tributarios.
  25. El tributo de cedros del Líbano.
  26. La guerra.
  27. Los dioses lo ordenan.
  28. El ejército.
  29. Zapadores y artilleros.
  30. El campamento.
  31. El botín.
  32. La octava campaña de Sargón.
  33. Saqueo de Musasir.
  34. La guerra de Elam y el saqueo de Susa.
  35. La marina de guerra.

En este capítulo prima el estudio de las estructuras de poder, centrándose casiexclusivamente en el Imperio Nesoasirio. Se detallan diversos aspectos de la vida cotidianadel monarca y de parte de su corte. La última parte se centra en varios puntosde lo que Georges Contenau denomina en múltiples ocasiones «la industria nacionalde Asiria», esto es, la guerra.

Analiza algunas de las motivaciones de los conflictos, así como uno de los principalesresultados de éstos, los tributos, terminando por analizar la maquinaria militardel Imperio, que demostró ser la más poderosa de su época.

Conviene destacar la narración que hace del descubrimiento y excavación del palaciode Korsabad (epígrafes 2 a 4), narrando de forma casi anecdótica los conflictosentre las misiones francesas e inglesas en el proceso. Más adelante trataremos estepunto con mayor detenimiento.

162Siguiendo un esquema característico del estilo del autor, tras detallar los aspectosgenerales, se centra en situaciones concretas que corroboran lo anteriormente detallado,en este caso campañas militares concretas de época sargónida.

Es éste uno de los capítulos más apropiados para conocer la cosmovisión del puebloasirio en su época de máximo esplendor. Su vinculación a la divinidad, en especialel dios Assur, que no sólo dicta sus acciones militares (epígrafe 27 Los dioses loordenan) sino que rige algo tan importante y vital como es la sucesión en el trono, locuál fue siempre fuente de conflictos, como el propio Contenau muestra con el casode Senaquerib y la sucesión de Asarhaddon.

El tercer capítulo, titulado EL PENSAMIENTO MESOPOTÁMICO, consta decincuenta y un epígrafes:

    1. ¿Qué opinaba el hombre de Babilonia?
    2. <<Doctrina del nombre>>.
    3. La voz. Los nombres de persona.
    4. El tono de los encantamientos.
    5. Poder de la escritura, del dibujo, de la estatuaria, de los cantos y de la danza.
    6. Necesidad de ocultar el verdadero nombre.
    7. Poder de los números.
    8. Juegos de palabras y de escritura.
    9. Los enigmas.
    10. El <<vestido de Marduk>>.
    11. BRG’YH rey de KTK.
    12. La simbólica asiria.
    13. La sabiduría5.
    14. La escritura. La educación del escriba.
    15. Evolución de la escritura.
    16. De la pictografía al silabismo.
    17. El desciframiento.
    18. La escritura criptográfica.
    19. La biblioteca de Assurbanipal.
    20. La literatura asiriobabilónica.
    21. La literatura religiosa. El poema de la creación.
    22. El diluvio.
    23. Los mitos de Zu y el dragón Labbu.
    24. El poema llamado de la caída.
    25. La leyenda de Ninurta.
    26. 5 En cursiva en el original.
    27. La exaltación de Ishtar.
    28. La realeza de los infiernos.
    1. La bajada de Isthar a los infiernos.
    2. La epopeya de Gilgamesh.
    3. Gilgamesh en el arte.
    4. Los mitos de Adapa y Etana.
    5. Narraciones morales. El <<Justo paciente>>. La sabiduría babilónica.
    6. Género lírico. Algunos himnos.
    7. Las fábulas.
    8. El género histórico.
    9. Estilo y valor histórico.
    10. Correspondencia particular. Correspondencia real.
    11. Las ciencias. Objeto de revelación.
    12. ¿Sociedades de misterios?40. Las matemáticas.
    13. Compilaciones de problemas.
    14. Geografía. Cartografía.
    15. El calendario. La astronomía.
    16. Tablas de estrellas fijas.
    17. Las Ciencias Naturales. Botánica. Zoología. Mineralogía.
    18. La Química.
    19. Convencionalismos artísticos.
    20. La estatuaria.
    21. El bajorrelieve.
    22. La perspectiva.
    23. Representación del galope.

Este tercer capítulo continúa la línea inaugurada por el anterior acerca de la cosmovisióndel hombre mesopotámico de los años 700 a 500. Partiendo de la que elautor denomina <<doctrina del nombre>>, con el ejemplo de BRG’YH rey de KTK(epígrafe 11), pasa a analizar el sistema de escritura, su aprendizaje y evolución,siempre teniéndola como un objeto de poder, casi de culto, regalo de los dioses.

Comenta posteriormente algunos de los textos más conocidos de bagaje mesopotámicoen sus versiones asiriobabilónicas (epígrafes 21 a 32) muy centrado siempreen el aspecto religioso, pasando de ahí a generalidades acerca de los distintos génerosliterarios y terminando con el arte representativo, en especial la escultura.

El cuarto y último capítulo se titula LA VIDA RELIGIOSA y está compuesto decuarenta y seis epígrafes:

  1. Documentación.
  2. Falta de unidad y contradicciones.
  3. Reforma de la primera dinastía babilónica.
  4. Religión naturalista primitiva y evolución.
  5. Lista de los dioses. Primera tríada: Anu, Enlil, Ea.
  6. Segunda tríada: Sin, Asmas, Ishtar.
  7. Inurta, Nusku, Nergal, Adad, Tammuz.
  8. Los demonios.
  9. Representación de la divinidad.
  10. Atributos y símbolos de los dioses.
  11. Números y astros de los dioses.
  12. Estatuas divinas.
  13. Intentos de sincretismo.
  14. El hombre <<hijo de su dios>>.
  15. Nacimiento de la mística.
  16. Valor moral de los dioses.
  17. Sus poderes. El Destino.
  18. El pecado. Su confesión.
  19. La duda.
  20. Los templos.
  21. El templo de Marduk en Babilonia.
  22. La torre escalonada.
  23. El clero. El rey sacerdote.
  24. Los adivinos. Los chantres.
  25. Los exorcistas.
  26. Clero inferior y personal de los templos.
  27. Robos y querellas en los santuarios.
  28. Los oficios.
  29. Las fiestas religiosas.
  30. La adivinación. Su justificación.
  31. Los dioses de la adivinación. Los sacerdotes.
  32. Diversos tipos de mántica. Los sueños.
  33. La hepatoscopia.
  34. La astrología.
  35. Presagios de nacimientos o de encuentros fortuitos.
  36. La magia. Las fuentes.
  37. Los dioses de la magia. Los sacerdotes y su técnica. El encantamiento.
  38. Posibilidades de la magia babilónica.
  39. La Medicina.
  40. Fase sacerdotal.
  41. Aparición del espíritu crítico.
  42. La fase prehipocrática.
  43. La muerte. El pueblo y los nobles. Los funerales. El Más allá.
  44. Los sarcófagos.
  45. El sustituto real.
  46. La condición de los muertos.

Este último capítulo podemos dividirlo en dos partes diferenciadas claramente.

La primera dedicada a la teología del pueblo mesopotámico, especialmente centradaen Babilonia, donde vemos la evolución desde la religión primitiva (naturalista) a lareligión más personalizada de época neobabilónica, pasando por las tríadas que hanconformado la base de su panteón, con múltiples contradicciones e intentos de sincretismoque den uniformidad al conjunto variopinto de divinidades que conformaban lareligión mesopotámica.

La segunda parte está dedicada a la práctica de la religión (epígrafe 20 y siguientes): exorcismo, encantamiento, magia, clero…

Especial atención merece el ámbitode la Medicina, con su evolución desde la magia a la física, con la aparición del espíritucrítico.

Termina el capítulo con un análisis somero de la muerte y su enfoque por parte delpueblo y de sus elites, así como del acto de los funerales y de la condición del Másallá, con un pequeño aporte, quizás algo desubicado, de la figura del sustituto realpara momentos nefastos.

La CONCLUSIÓN del libro, que ocupa apenas dos páginas, reincide en la tesisdel autor que impera en toda la obra acerca de las grandes similitudes existentes entrela forma de vida estudiada y la imperante en su actualidad (inicios de la segunda mitaddel siglo XX), así como en las diferencias notables dentro del ámbito del mundoespiritual, no sólo con nuestra época, sino también con sociedades contemporáneas al700-500 a.C. como la egipcia.

La BIBLIOGRAFÍA es característica del momento, con obras que van desde 1849hasta la más reciente de 1950. Las distintas obras van ordenadas por capítulos y dentrode éstos en bloques temáticos. En ellos tenemos autores tan relevantes como A. Layard,E. Cassin, L. Delaporte, R. Labat, A. Parrot, D. Luckenbill, J. Klima, y E. Ebeling.

La mayoría de las obras son de lengua francesa, siguiéndole en orden decrecientelas obras en lengua inglesa y alemana, destacando la total ausencia de obras en castellanoo incluso de autores de habla hispana.

Respecto a las REFERENCIAS, hay que destacar que la fórmula utilizada deagruparlas todas, debidamente ordenadas, en la parte final del libro, no favorece elritmo de lectura, siendo sustancialmente más incómodo este sistema que el de notas166al pie de página, que formalmente facilitan su accesibilidad y la propia comprensiónglobal del libro. No son estas referencias notas aclaratorias, sino citas bibliográficasen su totalidad.

Desarrollo de la obra

La obra de Georges Contenau posee un valor añadido, el de servir de bisagra entrelos modos decimonónicos y de principios del s. XX de hacer Historia y los usoscaracterísticos de la segunda mitad de ese siglo, más en línea con el pensamiento y elmétodo científico modernoSu obra La vida cotidiana en Babilonia y Asiria está plagada de claros ejemplosde ambos sistemas. Si bien para el lector actual las muestras del uso del método científicono llaman la atención por ser las imperantes en casi cualquier estudio histórico,los rasgos de esa forma de hacer la Historia tan característica de finales del s. XIX yprincipios del s. XX no dejan de resaltar en el conjunto de la obra.

El uso del lenguaje literario y sus recursos propios, en especial a la hora de introducirtemas, es quizás el primero de estos aspectos que llaman la atención. Epítetostales como «noble animal», «guerra desgraciada», «inauditas dificultades», «quejumbrosochirriar» o «saludable temor» son frecuentes a lo largo de toda la obra, asícomo el uso continuo de la primera persona del singular en sus afirmaciones interpretativas.

En todo momento se percibe cierta admiración por la historiografía del siglo XIX,aventurera, literaria y romántica. La narración de Contenau es muy descriptiva, conuna fuerte impronta de un destacado conocimiento del terreno de primera mano, condivertidas anécdotas que acercan su lectura al público general.

Una de las características que acompañan al historiador decimonónico es su carácteraventurero, viajero, que participa de la vida social de los pueblos que habitanel territorio estudiado y se sirve de este conocimiento para profundizar en su estudiohistórico. Este fenómeno devino en la etnología comparada actual y sin duda es unode los principales pilares en los que se basan las teorías de Contenau, tal y como manifiestade forma explícita en la breve Conclusión de la obra.

En referencia a esto, y a modo de una brevísima y no especificada historia de lainvestigación, Contenau nos narra, con su estilo literario y casi novelesco, con continuasreferencias casi anecdóticas, las excavaciones que tuvieron lugar en el palaciode Sargón II, en Korsabad. Resulta éste un relato de aventuras, casi heroico, donde senarran los conflictos existentes entre las misiones francesa y británica.

Huelga decir que Contenau deja entrever de manera clara su opinión sobre estosconflictos, con la tendencia propia de su nacionalidad. Los británicos, en especialRassam, habían «privado a Francia de un tesoro inestimable, pues, en vista de los re167sultados obtenidos en la zona inglesa, los arqueólogos franceses no hubieran dejadode excavar en su concesión»6. Ese tesoro inestimable es el botín de las excavacionesen Mosul. Para él el conflicto es una especie de competición entre el Louvre y el MuseoBritánico. No cabe plantearse siquiera los derechos de los iraquíes sobre los materialesencontrados. Prueba de esta actitud es la manifestación de su preocupaciónpor la falta de espacio en el Museo del Louvre: «Las copias fueron a parar al Museode las Colonias, con lo que se demostró una vez más que el Louvre ya no puede contenerla totalidad de sus colecciones»7.

La tendencia patriótica es más perceptible que nunca en este epígrafe (tercero delsegundo capítulo), como se puede apreciar a modo de ejemplo en la descripción dela nacionalidad de Botta: «nacido en Milán, cuando esta ciudad formaba parte delImperio»8.

La emisión de juicios de valor a lo largo de todo el desarrollo de la obra no essiempre tan velada. En ocasiones son directas y claras alusiones o declaraciones.

Probablemente el mejor ejemplo lo tenemos cuando habla de la esclavitud: «prácticadegradante, a la que se vuelve con gran facilidad cuando se subordinan los derechosdel individuo al Estado»9. También se puede percibir de forma clara cuando hablandodel concepto de responsabilidad en el ámbito del comercio establece el siguienteparalelismo con la actualidad: «Las compañías de navegación y ferrocarril actualespretenden en todo momento escamotear sus responsabilidades con el usuario»10.

Los paralelismos son una constante a lo largo de toda la obra. No sólo con elpresente, como se acaba de ver y se detalla más adelante, sino también con diversosperiodos históricos, como la Edad Media europea, e incluso con regiones tandistantes como Méjico para explicar procesos de riego, preparación de alimentos,cultivos, extracción de bebidas, etc. Pero sin duda el paralelismo más frecuente es eldel Egipto faraónico. Se aprecia en él cierta dosis de difusionismo, lo cual encaja conel chovinismo francés al que se hacía referencia anteriormente. Llega a comparar elcarácter de los egipcios (jovialidad natural) con el de los mesopotámicos (no sabenreír11). Las afirmaciones acerca del carácter de un pueblo concreto son frecuentes a lolargo de toda la obra.

Respecto a los paralelismos del presente, los hay generales, en base a un estudioetnográfico comparado, con los usos y costumbres del Próximo Oriente actual, comoes el caso de la habitación, la estructura de la casa tradicional o incluso de la alimentación. Los hay, por otro lado, mucho más concretos y dispares, como los que realizaentre ciertas tradiciones de la corte asiria y la del sultán de Marruecos en base al usodel parasol o incluso con la corte pontificia, con el mosquero o flabellum12.

Dado el frecuente uso de estas comparaciones con el presente, a veces el lectorpuede llegar a confundirse con la descripción de un motivo, al no quedar especificadosi pertenece al pasado, al presente o a ambos periodos.

No todos los paralelismos son externos. También los hay internos, en base a diferentesperiodos históricos. A veces se basa en costumbres documentadas en épocasanteriores, tan lejanas como Ur III o el reinado de Hamurabi, para sacar conclusionesacerca del periodo estudiado (750-500 a.C.). Las referencias al Código de Hamurabison constantes y recurrentes. Conviene destacar aquí una contradicción menor, perono por ello menos real. Si en la introducción afirmaba centrar su estudio entre losaños 700 y 500 antes de nuestra era, en el desarrollo del libro amplía este periodo conlos cincuenta años anteriores, es decir, a partir del 750 a.C.

Quizás el cenit del uso de los paralelismos sea la comparación que el autor hacede la filosofía intrínseca de los mesopotámicos, muy en especial de los babilónicos.

Es contrastada con la egipcia, la platónica e incluso con la occidental (como es elcaso de Schopenhauer). Un claro ejemplo de esto lo tenemos en el análisis que hacede la doctrina del nombre en los diferentes periodos anteriormente citados13.

La visión eurocentrista de base occidental también se ve manifestada en repetidasocasiones con las continuas referencias a las excavaciones francesas en Mesopotamia.

Considera en esa línea de pensamiento que la evolución de las ideas y de lasformas es más lenta en Oriente que en Occidente, lo cuál justifica con el «lento»progreso que se aprecia en Mesopotamia en los aspectos formales. Se aprecia entrelíneas cierta euforia triunfalista por los avances de la técnica occidental (transporte,irrigación, construcción) aunque sin menoscabo de los usos tradicionales.

Una de las principales preocupaciones del autor, es el de acceder a un uso históricode la rica tradición mitológica de los pueblos del Próximo Oriente, con especial atencióna los mitos mesopotámicos y egipcios. Se percibe en varias ocasiones su interéspor racionalizar, dando un sentido lógico y pragmático, los mitos y leyendas, como esel caso del unicornio, cuando hablando de la perspectiva escultórica en el galope delcaballo sostiene: «Cuando se trata de un cornúpeto visto de perfil, se imagina dichoperfil de modo tan riguroso que un cuerno oculta al otro, lo que puede haber dadoorigen al mito del unicornio»14.

Estos esfuerzos se suelen basar en análisis comparados de datos históricos conlos mitológicos, y si bien sus conclusiones no son siempre acertadas, como nos handemostrado las investigaciones posteriores, nunca llega a los extremos interpretativosde otros autores, como es el caso de R. Graves con la mitología griega15.

Una de las más destacada características del estilo histórico de Georges Contenauconsiste en valorar el carácter del conjunto de un pueblo de una forma un tanto generalistay quizás simplista. Junto a la comparación anteriormente detallada acerca delos caracteres de los mesopotámicos frente a los egipcios, insiste en este aspecto aldecir que «El mesopotámico es poco sensible a las bellezas de la naturaleza»16.

En otras ocasiones lleva esta cuestión más allá, diferenciando entre el refinamientobabilónico y los espartanos y rudos asirios. En realidad esto es un estudio de dosmotivos diferentes por oposición mutua. Justifica esta diferenciación en base a diversosfactores: el sustrato de población previo (sumerios), elementos exógenos (indoeuropeosy asiánidas) y la diferencia de clima, menos riguroso en el sur mesopotámico,aunque también caluroso y regular, aspecto al que da gran importancia.

Para Contenau, los sumerios son el elemento civilizador de la región. Los semitas(asirios y babilonios) se desplazaron desde el oeste de la alta Siria y adaptaron losingenios sumerios a su mentalidad, quedando manifiesta en todo momento su admiraciónpor sus predecesores. Cuando la Historia propiamente comienza en Mesopotamia,dice Contenau, los sumerios y semitas estaban ya muy mezclados.

El uso de las fuentesEl conocimiento directo de las fuentes es condición previa e ineludible para cualquierestudio histórico. Su número, así como la calidad de la información por ellasaportadas debe ser motivo de análisis. En La vida cotidiana en Babilonia y Asiria deGeorges Contenau no encontramos ningún capítulo o epígrafe completo dedicado acomentar las fuentes utilizadas por el autor. Ciertamente en la introducción encontramosuna sencilla enumeración de las éstas: las tablillas de Assur y Babilonia, enespecial Anales, rituales, himnos, correspondencia oficial y privada, la biblioteca deAssurbanipal en Nínive y los monumentos y descubrimientos arqueológicos (conespecial énfasis en Korsabad, Nínive, Assur y Babilonia). A esto suma la informaciónaportada por los historiadores griegos, con atención especial a Estrabón y sobre todoa Herodoto.

Junto a estas fuentes por él enumeradas, hay que añadir el uso que hace de la Biblia.

Se percibe cierto esfuerzo por acomodar los hallazgos arqueológicos modernos con el texto bíblico: «Cuenta la Biblia que Hazael, rey de Damasco (segunda mitaddel siglo IX), tuvo que abandonar en una de sus batallas contra el rey de Asiria, unalitera de gala adornada de marfil. Se trata, sin duda, de los ejemplares hallados enArslan-Tash, la antigua Hadatu, en la alta Siria, en un palacio asirio»17.

Encontramos también una referencia bíblica al Éxodo, situándolo cronológicamenteen el Imperio Nuevo Egipcio, tras la expulsión de los hicsos, bajo el reinadodel faraón Ramsés.

Para la reconstrucción de aspectos primordiales de la vida cotidiana, en especialen el Capítulo segundo EL REY Y EL ESTADO, con los usos y costumbres de la corteasiria, se basa principalmente en los relieves palaciegos. Un caso paradigmático eneste aspecto es el del mobiliario real. Para su descripción usa un relieve de época deAssurbanipal citándolo en la referencia correspondiente, pero dado el detallado análisisque hace de su descripción, se echa en falta la reproducción del relieve, de modoque el lector pueda seguir de forma asequible el texto, tal y como hace con otrasrepresentaciones que no son analizadas con tanto detalle, pero sí que son ilustradas amodo de ejemplo general.

Para los usos y costumbres propios de la vida cotidiana en Mesopotamia, Contenaurecurre sobre todo a las fuentes neobabilónicas, incluso al Código de Hamurabi.

Por el contrario, para el estudio de la vida en la corte y de la realeza, se centra demodo casi exclusivo en Asiria, muy en especial en Sargón II y en su bisnieto Assurbanipal.

La Arqueología es estimada en todo momento por el autor. Prueba de ello lo tenemosen la descripción que hace de los hallazgos de las excavaciones del ya mencionadoBotta en el palacio de Sargón II y de la posterior misión norteamericana de1929.

Siguiendo su técnica de explicar generalidades partiendo de la descripción decasos particulares, así como su estilo literario, con frecuentes anécdotas, nos narracomo en la excavación de este palacio se encontró un conjunto de edificaciones contres patios con sus respectivos edificios y dentro de cada uno de ellos una entrada,una sala y una alcoba.

Contenau nos cuenta que al principio se creyó que era el harén para las «tres reinasprincipales18» dado que esto podía ser verosímil en base a la ley musulmana19, sintener en cuenta lo disparatado de esta idea por ser tan diacrónica. Con posterioridad,en base a estudios más recientes, se llegó a la conclusión de que se trataba de capillasanexas al palacio real.

Pese a estos «desajustes», Contenau sostiene que la asiriología nació con Botta, em 1842, con las excavaciones llevadas a cabo en el palacio de Sargon II en Korsabad.

El principal corpus de fuentes utilizadas en esta obra es sin duda el de las fuentesescritas. Son estas las que permiten una datación cronológica más o menos exacta,como son las listas de epónimos (limu) y la Historia Sincrónica. Es gracias a descubrimientosde este tipo que podemos obtener una cronología absoluta que nos ofrezcaun adecuado marco para el estudio del periodo, como es el caso del reciente (para elautor) descubrimiento de la contemporaneidad de Hamurabi de Babilonia y Samsi-Adad de Asiria.

Estos descubrimientos deben ir siempre acompañados de un estudio crítico, quesirva para obtener datos verificados y consecuentemente verídicos.

Es probablemente en el tercer capítulo, titulado EL PENSAMIENTO MESOPOTÁMICO, donde el uso de las fuentes escritas deja patente con mayor claridad suutilidad. Del epígrafe 14 al 20 nos habla de la destacada importancia de la escrituraen las sociedades mesopotámicas, con especial atención a los escribas, garantes deesta arcana sabiduría.

Del epígrafe 21 al 37 Contenau nos ofrece un estudio de los principales textosreligiosos de la literatura de la época. El propio poema de la Creación Enuma elish20encontrado en la biblioteca de Assurbanipal, constituye la base de la religión neobabilónica.

Más allá de su interés literario, esto ofrece al estudioso una ventaja añadida parael estudio de la vida cotidiana, ya que, como sostiene el autor, el mesopotámico sefiguraba a los dioses a su imagen y semejanza, por lo que el estudio de las relacionesentre ellos puede ofrecernos ciertas claves para comprender las relaciones existentesentre los miembros de la sociedad humana, muy en especial para el estudio de lasrelaciones familiares.

Esto último se puede percibir con mayor claridad en la época más tardía del periodoestudiado, con la aparición del fenómeno que Contenau denomina Hijo de midios. La relación mostrada entre el fiel y la divinidad asume situaciones sociales yfamiliares existentes con gran frecuencia en el mundo familiar, como es la adopción,el repudio y la propia nomenclatura de atributos paternofiliales que se establece entreel hombre y el dios.

El trabajo con las fuentes escritas en las tablillas no está exento de problemas. Elpropio autor se queja del grado de desconocimiento existente aún sobre los idiomas queusaban la escritura cuneiforme, en especial del sumerio. Aunque contrastando con esto,él mismo usa traducciones propias del acadio para ciertos términos, pero no adjunta eloriginal ni su transcripción, lo cual fomentaría el aprendizaje del lector interesado.

En ocasiones encontramos terminología acadia cuyo uso ha sido sustituido porotras formulaciones más acordes con el estado actual de los conocimientos filológicosdel mundo mesopotámico, como es el caso de tartan para el actual turtanu (generalen jefe), o incluso discordancias con la nomenclatura actual, como cuando serefiere al rey asirio Tiglaht-Pileser como Teglat-Falasar.

Esta terminología no por ser antigua es menos correcta en ocasiones. El uso de laforma Teglat-Falasar es reivindicado actualmente por varios estudiosos de la lenguaacadia como el más correcto por su mayor similitud con el original, aunque en términosgenerales la otra nomenclatura está más extendida.

El último de los pilares sobre el que se asienta La vida cotidiana en Babilonia yAsiria con respecto a las fuentes utilizadas lo conforman los historiadores – viajerosgriegos. Estas fuentes exógenas se centran casi exclusivamente en Estrabón y Herodoto,con notable preponderancia de este último.

En ocasiones el propio Contenau aporta datos de autores griegos dándolos prácticamentepor ciertos, sin proceder a contrastarlos ni a acompañarlos de aparato crítico.

Podemos ver un ejemplo de esto cuando hablando de los caballos medos en época persa,hace referencia a un dato indicado por Herodoto: «El sátrapa de Babilonia, que gobernabala región más rica del Imperio, poseía un acaballadero con más de ochocientossementales y dieciséis mil yeguas; así lo afirma el mismo historiador (refiriéndosea Herodoto)»21. Evidentemente es éste un dato anecdótico difícilmente contrastablecon fuentes más verificables, pero el autor adolece aquí de una apostilla crítica.

Pero este fenómeno no es siempre el ofrecido por Contenau. En otras ocasionesvemos como dedica amplios esfuerzos a contrastar los datos de los historiadores– viajeros griegos con los aportados por las otras fuentes, en especial la Arqueología.

Claro de ejemplo de esto es la comparación que realiza entre los datos de los autoresgriegos, Herodoto y Ctesias en este caso, y los aportados por la arqueología sobrelas murallas de Babilonia. Concluye con una frase reveladora de este espíritu crítico:«Conviene, pues, acoger con circunspección todas las cifras que las excavaciones nohayan verificado»22.

El motivo de la família

Para poder comprender el conjunto de la obra La vida cotidiana en Babilonia yAsiria de Georges Contenau, siguiendo la pauta por él mismo establecida a lo largode todo el libro, conviene quizás analizar un motivo concreto para de ese modo verreflejado los aspectos generales antes mencionado en un tema delimitado claramente.

Para ello centraremos nuestro análisis en el motivo de La familia mesopotámica. Eséste un motivo de carácter primordial para entender el conjunto de la vida cotidianade una sociedad, ya que es el primer y principal ambiente donde se desarrolla en sudía a día, sujeto a unas leyes y normas sociales que sirven de guía a su evolución.

Su estudio y la comparación con el tratamiento que otros autores hacen del mismomotivo nos servirán para demostrar gráficamente los variados estilos de cada uno delos autores y de las obras que componen nuestro trabajo.

Pese a existir enormes diferencias entre los distintos estratos sociales, capas socialeslas denomina Contenau, el autor considera que se pueden analizar aspectos comunessuficientes entre los favorecidos y los no favorecidos para un estudio generalaplicable a ambos grupos. Para la vida del rey se dedica un capítulo aparte en la obra,el segundo en este caso.

La familia, sostiene Contenau, se funda principalmente en el matrimonio, teóricamentemonógamo, aunque en todo momento se admiten las esclavas concubinas. Lamujer depende del padre o de los hermanos varones (mayores o menores indistintamente)para la decisión matrimonial.

Los esponsales son el paso previo al matrimonio mismo. En ellos el prometidoderrama perfume sobre la cabeza de la prometida, entregando regalos y provisiones aella y a la familia de ella, de manera que la muchacha pasa ahora a depender exclusivamentede su nueva familia, la del novio, pues Contenau define el matrimonio comola entrega (definitiva) de la mujer a su marido.

Los regalos son asunto clave para comprender el fenómeno del matrimonio desde elpunto de vista jurídico y por ende social. La ceremonia del matrimonio iba acompañadade un contrato matrimonial. Frente a esto, el autor defiende que una cohabitación de almenos dos años podía equivaler al contrato, al menos en el caso de las viudas.

Al contraer matrimonio tanto el hombre como la mujer aportan bienes. En caso deque la mujer pase a habitar en la casa del marido, aporta el shirku, dote que se une alajuar. Esta dote queda para los hijos, con garantías que el autor define como exclusivas.

Contenau enumera una mayor variedad de regalos y donaciones por parte del marido,con diferentes características y fines cada uno.

El dumaki lo entrega el marido en caso de que la mujer, tras el matrimonio, decidapermanecer en la casa paterna, por lo que se hace esta donación para el cuidado dela casa. Si el marido muere sin hijos ni hermanos, la viuda puede disponer de él a suantojo, pero en caso de no ser así, los hijos o hermanos pueden reivindicarlo si no hasido consumido, lo cuál deben probar mediante testigos o, de ser necesario, con juramentosu ordalías23.

El marido podía entregar en otro caso el nudunnu, donación que hace a la posibleviuda solidaria de las deudas del marido en caso de ser necesario.

Existen dos clases más de entregas. El tirhatu es la donación que el marido hacedurante los esponsales y que será propiedad de la mujer en todo momento, incluso encaso de repudio. El zubullu consiste en un regalo en víveres y provisiones que segúnContenau se consume probablemente durante las festividades de la propia boda, o ensu defecto un regalo en plomo, plata u oro.

El autor resume así la tipología de las donaciones, a modo de conclusión: «Enresumidas cuentas: la diferencia entre estas donaciones es que una es irrevocable (latirhatu), mientras que las otras pueden ser revocables (dumaki y nudunnu) a menosque hayan sido consumidas (zubullu)»24.

El destino de estos regalos varía en términos generales en caso de fallecimiento dealguno de los cónyuges. Si el marido muere la mujer deberá casarse con un parientepróximo del esposo (hermanos o primos). En caso de no hacerlo vuelve a la tutelapaterna y debe entregar los regalos excepto los bienes consumidos.

En caso de que sea la mujer la que fallece, si el novio no desea casarse con algunahermana, recobra los regalos que no sean consumibles (en especial alimentos).

La ceremonia del matrimonio entre individuos libres consistía, según Contenau,en la colocación por parte del novio de un velo en la novia delante de testigos y ladeclaración: «Ella es mi mujer».

La cuestión del velo tiene gran importancia para Georges Contenau. El velo en laley asiria es distintivo de la mujer libre. Está prohibido a siervas y cortesanas. Comonuestra de este hecho, expone que el título de esposa sólo se otorga a la primera mujera la que se impone el velo.

La concubina (esirtu) sólo puede llevar velo cuando acompaña a la mujer legítimafuera de la casa. Este derecho concedido ya a los babilónicos por el Código deHamurabi persistió durante la totalidad de la primera mitad del primer milenio antesde nuestra era. La concubina, siendo por definición esclava, permanece siempre ensituación inferior a la de la esposa, conservando las obligaciones de su clase, destacaContenau.

En La vida cotidiana en Babilonia y Asiria Contenau sostiene la teoría ya demostradade que la situación de la mujer en Mesopotamia, distando mucho ser igual a ladel hombre, no era tan negativa como en otras sociedades de raíz semítica, aunquesin atribuir este factor diferenciador al elemento sumerio heredado como hacen otrosautores25.

Bajo Sargónidas y Neobabilónicos, la mujer libre no era oficialmente objeto decompra, pero Contenau defiende que hay documentos que indican claramente que sepodía hacer de forma más o menos solapada. Si bien varios autores coinciden en estateoría, Contenau aventura la tesis sin citar realmente las fuentes. Únicamente pone unejemplo concreto de una dama que compra una mujer y toma posesión de ella con elfin de de casarla con su hijo26.

Quizás este punto refleje mejor que el resto una parte importante del estilo deGeorges Contenau: enunciar tesis o afirmaciones sin citar en muchas ocasiones lasfuentes específicas que le llevan a su conclusión, a la vez que la acompaña de unejemplo concreto, que sin concretar si es significativo o no en base a un adecuadoaparato crítico, sirve para reflejar la teoría o idea expuesta.

La situación de la mujer puede percibirse con claridad en el hecho de que puedeservir a modo de fianza de las deudas del padre. Si durante esto queda sin parientesmasculinos, el acreedor, sostiene Contenau, puede llegar a disponer de ella. Estasituación, para el autor, no mejora con el tiempo, ya que la ley asiria silencia partede los derechos que una mujer tenía como madre en época de Hamurabi. De hecho,en caso de viudez y de no existir hijos, la ley, con tácita reprobación, se desinteresatotalmente de la viuda: «Irá adonde quiera».

Del mismo modo vemos como en Mesopotamia, se da la tradición de «seguir elvientre de la madre», esto es, los hijos de un matrimonio entre una mujer libre y unesclavo son libres. Contradictoriamente, a poca distancia de esta afirmación encontramosotra en sentido totalmente opuesto: «Se nacía esclavo o se caía en la esclavitud;lo primero, si el padre lo era»27. Este tipo de contradicciones internas son escasas enla obra, aunque sin duda llaman la atención del lector y plantean interrogantes aclaratorios.

Para que un esclavo se casara con una mujer libre, su amo tenía que darle el consentimiento.

Como Contenau explica anteriormente, tanto ella como sus hijos permaneceránlibres. En el caso de que ella aporte una dote, ésta se invertirá en un negocioy cuando el esclavo muera, la viuda recuperará la cuantía de la dote y la mitad de losbeneficios, siendo propiedad la otra mitad del dueño del esclavo. Leyendo esta explicaciónpuede surgir la duda de si también sucede de esta forma en el caso de que elesclavo sea liberado, pero Contenau no hace ninguna referencia a ello.

La situación inicial de los hijos no dista tanto de la de la mujer, en rasgos generales.

Los derechos del padre son tan amplios que puede dejarlos también como fianzaa sus acreedores, del mismo modo que podía disponer de las hijas.

Contenau afirma que algunos documentos notariales consideran al padre dueño ypropietario del hijo. En esta afirmación podemos apreciar también el estilo característicodel autor, al no citar las fuentes concretas a las que se refiere y en las que basasu tesis, pero acompañándola de una comparación con el presente: «Estos términosnos muestran hasta qué punto la concepción mesopotámica del carácter paternal eradistinta de la nuestra»28.

El poder del padre era tal, que no sólo se podía vender a sí mismo como esclavo,sino a sus hijos y a su mujer también en caso de deuda. En teoría, nos dice Contenau,cuando se saldaba la deuda debían ser liberados, lo que no siempre ocurría realmente,por lo que la ley asiria procuraba impedir que los esclavos liberables no fueran retenidosindebidamente.

Las obligaciones de los hijos son varias. Contenau pone el ejemplo del caso defallecimiento intestado del progenitor. Los hijos deben mantener y ocuparse de la madreque permanecerá en la casa conyugal. En caso de existir hijos de un matrimonioanterior, los hijos del segundo matrimonio podrán remitirla a los primeros para queellos sean los que se ocupen de la mujer.

En la sociedad mesopotámica la concubina que daba un hijo a su dueño no variabasu condición, pero tras el fallecimiento del amo, tanto ella como su hijo eran liberados.

De hecho, cuando una esposa compra una esclava como sirvienta o concubina desu marido, si ésta le da hijos, deja de ser propiedad de la esposa.

El fenómeno de la adopción es otro aspecto fundamental de la familia en el queConteneau se centra en menos de una página, pero con un incesante aporte de datos,aunque de nuevo se echa en falta referencias a fuentes específicasExistan hijos o no, ya sea de la esposa como de la concubina, de la que Contenausostiene que puede formar parte de la familia, el matrimonio puede adoptar otros.

Éstos ostentarán los mismos derechos de herencia que el resto de hijos, pero nunca ensu detrimento.

El acto de la adopción se hace ante testigo. En él, el adoptado ofrece un regalo dediverso valor al padre como agradecimiento. Contenau expone en este caso que esteregalo dio a lugar a ciertos procedimientos para eludir la ley, sobre todo en ventas debienes que no se podían vender, sino únicamente transmitir por herencia, caso de feudosreales. De nuevo el autor aquí no nos da referencias de las fuentes específicas quedemuestran esta afirmación, pero añade un caso concreto de un mercader del sigloXV a.C. de la región de Kirkuk.

Los poderes del padre sobre los hijos llegaban también a los que lo eran por adopción.

Cuenta Contenau que el padre «puede, si quiere, invalidarla (la adopción) ydespachar al hijo adoptivo»29.

En la ley babilónica, vemos el caso contrario. Si un hijo renegaba de su padre o desu madre, éstos pueden mandar venderlo como esclavo, rasurándole la cabeza (unode los símbolos externos de los esclavos).

Según Contenau, la necesidad de abundante mano de obra por parte de la sociedady del Estado se tradujo en el considerable desarrollo de las familias numerosas, a lavez que favorece la extensión del fenómeno de la adopción. Para Contenau esto estáíntimamente ligado a la idea que vincula el poder rector del padre de familia con elpoder rector del jefe de la comunidad.

Junto a estos datos genéricos acerca de la estructura de la familia en Asiria y Babilonia,la obra está plagada de anécdotas sobre el modo de vida cotidiano, como es eldetalle de que las familias mesopotámicas se daban los buenos días besándose.

Conclusiones

El estudio de La vida cotidiana en Babilonia y Asiria de Georges Contenau nosofrece una amplia muestra de los últimos ejercicios de la tradición historiográfica característicade finales del siglo XIX e inicios del XX a la vez que se puede apreciar enella los primeros rasgos de la metodología científica actual. Es sin duda un ejemploparadigmático de la evolución de los estudios históricos hacía un mayor empirismo,pero acompañado de una formulación literaria que embellece el conjunto de la obracon un estilo más ameno y destinado no sólo al lector especializado en la materia,sino a todo aquel interesado en los aspectos más antropológicos y culturales de laHistoria en general y de la Historia del Próximo Oriente en particular.

Si bien la obra cuenta en el apéndice anteriormente mencionado con una ampliabibliografía, así como numerosas citas a algunas fuentes, o, más frecuentemente, acolecciones de fuentes, hemos podido comprobar a lo largo de nuestro análisis deltexto como éste adolece en múltiples ocasiones de referencias a las fuentes concretasque permiten a su autor establecer las conclusiones e interpretaciones que constantementeaparecen en el desarrollo de la obra.

Es característico del autor suplir esta carencia con ejemplos concretos que ilustransu tesis, pero éstos tampoco van remitidos a una fuente concreta en varias ocasiones.

Los ejemplos ofrecidos, generalmente basados en los textos recuperados en las tablillas,nos muestran situaciones específicas que responden, según el criterio del autor,a las afirmaciones anteriormente expuestas en la obra, aunque en algunos momentosestos ejemplos son adornados con ciertas dosis de fantasía, ya que a menudo las fuentesque el propio Contenau utiliza únicamente son registros contables o administrativos,que no permiten un desarrollo total de la historia que muestran.

Un ejemplo de esta situación son los epígrafes dedicado a los comerciantes deKul-tepé, en Capadocia (epígrafes 71 al 73 del primer capítulo), con especial aten178ción al comerciante Pushukin, así como los epígrafes 74 y 75 del mismo capítulodedicados a la firma Murashu en Nippur. Con estos dos ejemplos como punto departida, Contenau analiza el comercio en el Próximo Oriente.

El comercio y el móvil económico es un aspecto destacado en la obra de Contenau,aunque no tan fundamental como sugieren y defienden otros autores. Este hechole sirve para introducir otro aspecto característico de su obra, como son las reflexionespersonales sobre el devenir histórico e incluso el presente: «A primera vista pareceque los móviles de la historia han cambiado desde la Antigüedad; en realidadno han cambiado en absoluto y nos convencemos de ello cuando algún indicio nospermite entrever las razones de las grandes expediciones del pasado»30.

La continua emisión de extrapolaciones con el presente y de juicios de valor oreflexiones personales son una constante en la obra que si bien no aportan datos tangibles,si nos acercan a la mentalidad del autor que obviamente impregna toda la obray redunda en el carácter humanista que la Historia posee, o debe poseer, además de sucarácter puramente empírico.

Una conclusión que la obra nos proporciona es el interés que su autor demuestrapor constatar que es aún mucho el trabajo que queda por hacer. Además de lasreferencias a las ya referidas carencias filológicas del momento, plantea en variasocasiones cuestiones sin resolver todavía que, sin ser relevantes para la comprensiónde la temática de la obra, sirven para mostrar el amplio abanico de posibilidades yrespuestas que los estudios orientales pueden ofrecer aún.

No es ésta una manera de dejar temas abiertos formalmente. El planteamientode la problemática suele acompañarse las distintas interpretaciones que diferentesautores han ido dando como posible respuesta, lo cual no sólo incentiva el interés dellector, sino que tiene el valor añadido de insinuarle, aunque sea levemente, el nutridomundo de posibilidades interpretativas existente, siempre a debate.

Buen ejemplo de esto son las diferentes interpretaciones del bajorrelieve existenteen el Louvre donde vemos dos personajes entregados a la caza y de diferente altura;este detalle, sumado a otros que el propio Contenau enumera, ha provocado la controversiade si se debe a la existencia de una perspectiva artística o si es el resultadode una gradación social31.

Las conclusiones del propio autor expresadas en su correspondiente apartado nosmuestran sus sentimientos encontrados con respecto a los pueblos que habitaban laantigua Mesopotamia. Termina la obra de la siguiente manera: «La civilización mesopotámicaha sido una de las más brillantes de la Antigüedad y, sin embargo, ¡cuánpocos de entre nosotros hubieran querido vivir en Babilonia!»32.

Esta reflexión final de Georges Contenau se debe a que si bien constantementeiguala los aspectos más formales de la vida cotidiana de la antigua Mesopotamia conlos usos y costumbres del actual Próximo Oriente, en especial Irak, marca la diferenciaen el ámbito espiritual, la cosmovisión propia vinculada al ámbito religioso. Losdioses mesopotámicos son definidos por el autor como rudos, violentos, vengativos ygroseros, siempre prestos al castigo y fuente de inspiración constante de miedos entresus fieles. Estas divinidades, sumadas a los demonios y constantes presagios sembraríande temor y subyugarían la vida cotidiana de los mesopotámicos.

Reincidiremos por último en un aspecto determinante de la obra que se debe teneren cuenta para su uso. El autor recurre especialmente a las fuentes babilónicas parasu estudio de usos y costumbres, pero para el análisis de la vida de la realeza y la altanobleza se limita casi con exclusividad al ámbito asirio. Del mismo modo atribuye ala impronta asiria gran parte de los atributos usados por la realeza persa, herencia dela corte sargónida que los monarcas aqueménidas copiaron en abundanciaSi bien es obvio que las similitudes entre ambos pueblos son extremadamentenumerosas, conviene que el historiador moderno tenga en cuenta que sí existierondiferencias en determinados aspectos. La elección de unas fuentes u otras por partede la obra de Georges Contenau sin duda viene dada por su mayor o menor cantidaden uno u otro aspecto. Pero dado el amplio periodo de tiempo transcurrido desde queel autor escribió su obra hasta nuestros días, esa diferencia ha ido superándose conel abundante material aportado por las recientes excavaciones y sus consecuentesinvestigaciones.

La vida cotidiana en Babilonia y Asiria de Georges Contenau, con las posiblesdeficiencias que contenga, es pese a todo una obra de referencia obligada para los estudiosde vida cotidiana y mentalidades del Próximo Oriente. Es uno de los primerosesfuerzos coherentes de plasmar en un único texto los principales aspectos que contienela vida cotidiana de los pueblos de la antigua Mesopotamia.

La historiografía francesa ha demostrado ser guía para este tipo de estudios, comodemuestra la tradición mantenida por otros destacados autores como Jean Bottéro yGeorges Roux.

Estudios como éste de usos y costumbres están cada vez más en boga, demostrandoser imprescindibles para nuestra comprensión de los fenómenos históricos, másallá de la Historia plagada de batallas o de los grandes personajes que la forjaron nocon su sólo esfuerzo, sino conjuntamente con el total de los pueblos que protagonizaronla Historia de la Humanidad.

Notas

1 Para este estudio numeraremos los epígrafes para facilitar su manejo.

2 En cursiva en el original.

3 En cursiva en el original.

4 En cursiva en el original.

5 En cursiva en el original.

6 CONTENAU, G. La vida cotidiana en Babilonia y Asiria. Barcelona. 1951. Pag. 115.

7 CONTENAU, G. Ibidem. Pag. 122.

8 CONTENAU, G. Ibidem. Pag. 113.

9 CONTENAU, G. Ibidem. Pag. 30.

10 CONTENAU, G. Ibidem. Pag. 89.

11 Ambas afirmaciones se pueden encontrar en la conclusión de la obra, pag. 296.

12 CONTENAU, G. Ibidem. Pag. 136.

13 CONTENAU, G. Ibidem. Pag. 169.

14 CONTENAU, G. Ibidem. Pag. 239.

15 GRAVES, R. Los mitos griegos. Madrid. 1985.

16 CONTENAU, G. Ibidem. Pag. 237.

17 CONTENAU, G. Ibidem. Pag. 139.

18 CONTENAU, G. Ibidem. Pag. 117.

19 La ley musulmana sostiene que en caso de existir poligamia, las mujeres deben ser tratadas con

absoluta igualdad.

20 Cuando en lo alto… Frase que inicia el poema de la Creación.

21 CONTENAU, G. Ibidem. Pag. 64.

22 CONTENAU, G. Ibidem. Pag. 45.

23 Para un acercamiento al tema de las ordalías mesopotámicas nos remitimos al artículo de LAFONT, «El juicio del dios-río en Mesopotamia», Introducción al Antiguo Oriente. De Sumer a la Biblia. Paris. 1992. (Edición española de 1996, Barcelona).

24 CONTENAU, G. Ibidem. Pag. 22

25 BOTTÉRO, J. «Las libertades de las mujeres en Babilonia». Introducción al Antiguo Oriente. De Sumer a la Biblia. Paris. 1992. (Edición española de 1996, Barcelona).

26 CONTENAU, G. Ibidem. Pag. 21.

27 CONTENAU, G. Ibidem. Pag. 24.

28 CONTENAU, G. Ibidem. Pag. 22.

29 CONTENAU, G. Ibidem. Pag. 23.

30 CONTENAU, G. Ibidem. Pag. 93.

31 CONTENAU, G. Ibidem. Pag. 143.

32 CONTENAU, G. Ibidem. Pag. 296.

Ángel Luis González Torres – IPOA. Murcia.

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Religión, Ritual y Vida Cotidiana en los Andes: Los Diez Géneros de Amarete; Segundo Ciclo ANKARI: Rituales Colectivos en la Región Kallawaya, Bolivia; Mundo ANKARI – RÖSING (C-RAC)

RÖSING, Ina. Religión, Ritual y Vida Cotidiana en los Andes: Los Diez Géneros de Amarete; Segundo Ciclo ANKARI: Rituales Colectivos en la Región Kallawaya, Bolivia; Mundo ANKARI, Vol. 6. Madrid: Iberoamericana – Vervuert, 2003. Resenha de: Van KESSEL, Juan. Chungara – Revista de Antropología Chilena, Arica, v.36, n.1, p.246-247, ene. 2004.

Comentado por Juan van Kessel*

Se trata de la edición en castellano del sexto volumen de la obra MUNDO ANKARI, sobre rituales de los Kallawayas de Bolivia. Recordemos: los 4 volúmenes del primer ciclo de la serie aparecidos entre 1987 y 1991 tratan de manera clásica y absolutamente definitiva sobre los rituales curativos de los Kallawayas en el círculo de la familia (1). El segundo ciclo investiga sus rituales colectivos y pretende “superar los déficit en el tratamiento de estos rituales”. El volumen 5 trata de los rituales para llamar la lluvia, y el actual volumen, con el extraño título “Los diez géneros de Amarete”, trata de los rituales colectivos en Amarete, una comunidad particular de la región Kallawaya, que merece atención especial por la curiosa organización social en que se basan sus ceremonias: “los diez géneros”. Son géneros simbólicos de las personas con amplias repercusiones prácticas en la vida cotidiana, la religión y el ritual. Su fundamento es el género de la chacra que cada comunero, tanto hombre como mujer, posee y transmite a sus hijos (pp. 106-107). Así se encuentran: hombres masculinos, hombres masculinos-masculinos, hombres masculinos-femeninos, hombres femeninos-masculinos, hombres femeninos-femeninos, mujeres masculinas-masculinas, etc. Curioso es también que los amareteños pueden cambiar su género simbólico, de manera que entonces deben sentarse, caminar, bailar, actuar y ofrecer sacrificios de una manera diferente a la de antes. Es el caso de algunos cargos de representación comunal con género propio. Al asumir un cargo con género, se deja a un lado el propio género de chacra por el tiempo que dura el cargo. En última instancia, el género simbólico es determinado por el sol (salida/ocaso) y el cuerpo humano (derecha/izquierda) y sus dos indicadores resultan ser hanan/hurin (arriba/abajo) y kuraq/sullk’a (mayor/menor).

La pregunta impaciente del lector es: El sistema de los múltiples géneros simbólicos, ¿es algo más que una simple curiosidad? ¿Tiene un real sentido transcendental para el mundo amareteño? Sin duda es este el caso. El género (biológico y simbólico) es el principio de la organización social y del orden cosmológico (cf. p. 636). La máxima es que “todo debe estar pareado, casado” -cada cosa con su contraparte: ofrendas, chacras, aguas, rituales, dirigentes, etc.- para que sea completa, estable y equilibrada, operativa, eficiente y fértil. Sin su contraparte, las cosas no tienen sentido y no SON realmente. Me atrevo a interpretar el argumento así: en la cosmo-visión del amareteño, y del andino en general (y prefiero decir: “en su pacha-vivencia”) todo tiene vida, es ser viviente y debe ser alimentado, criado, regenerado a la manera de los seres vivientes. Todos los seres vivientes participan de la vida universal del pacha, el megaorga-nismo. En los grandes rituales colectivos -como verdadera tecnología simbólica- se regenera, alimenta, cría y fortalece la vida del pacha, del triple mundo de los humanos, la naturaleza y las divinidades. En síntesis, el ritual colectivo de Amarete basado en sus 10 géneros pretende juntar las cosas con su contraparte y casarlas para su regeneración, fuerza y duración. Así se asegura la vida del pacha: divinidades, naturaleza y runa (la comunidad humana). El ritual colectivo de Amarete basado en los 10 géneros simbólicos es para reafirmar el orden existencial. El género que se recibe de la chacra expresa, a la vez, una sorprendente relación co-existencial hombre-tierra, concretamente del comunero con su chacra.

La autora confiesa (p. 640) que el descubrimiento y la explicación de los diez géneros simbólicos y de los principios en adjudicar el género simbólico le tomó seis años con largas estadías en terreno. El principio de los géneros simbólicos echa una luz particular sobre el ritual colectivo de Amarete, una luz indispensable para ver y entender el sentido émico? de los rituales. La autora los describe e interpreta bajo esta luz. Ina Rösing (en adelante: IR) cumple con este propósito y logra una verdadera obra maestra: inédita y de mayor relevancia en la producción antropológica contemporánea. Veamos la estructura de la obra.

El libro con sus 878 páginas está articulado en tres secciones. Encontramos dos capítulos introductorios, que describen la geografía y el contexto social de la región, definen el objeto de la investigación y señalan sus premisas metodológicas, las que por su carácter innovador en la investigación sociocultural merecen que las destaquemos más abajo. Se señala también la impresionante base de datos de este volumen registrada en decenas de libros con apuntes de campo, en centenas de cintas grabadas y transcritos en varios miles de páginas, y en muchas centenas de excelentes fotografías. Luego la autora presenta sin más preámbulos el tema mismo de los diez géneros y su notable importancia en la vida de la comunidad. IR agrega amplia información sobre la historia de su investigación y su insólita odisea como investigadora. Con esta información previa, la autora describe (cap. 3) la vida en Amarete, a partir de su geografía sagrada, articulada, y de su concepto del tiempo con un calendario festivo extraordinariamente rico en que a cada paso se encuentran las reglas relativas a los géneros. Con un ejemplo -la labor familiar cotidiana del cultivo de la papa- IR muestra que es imposible cotidianizar el trabajo aparentemente profano y que el tiempo y el espacio siempre son especiales y de carácter sagrado. ¡Elocuente ejemplo! que le vale como un previo teórico muy significativo, porque enseña que las ocupaciones de cada día, el carácter sagrado del espacio y la articulación festiva del tiempo “sólo son tres polos de un mismo centro: la religión andina”.

En la segunda sección (cap. 4-8), la parte principal del libro, la autora trata del ritualismo colectivo en que el tema de los diez géneros es el hilo conductor que atraviesa los cuatro rituales agrícolas cíclicos que ella describe: La papa en el ritual Irwi (cap. 4), el ritual Q’owa con el baile y la labranza de los varones másculinos y femeninos (cap. 5), la labranza ritual en el Jach’ana (cap. 6) y la huilancha en la cumbre de una montaña sagrada (cap. 7). Como complemento, describe un ritual amare-teño de emergencia para llamar la lluvia (cap. 8).

En la tercera sección (cap. 9-10) la autora intenta descifrar la lógica de las temáticas de género y espacio, una lógica flexible, variable y llena de improvisación, que permite la innovación y la evolución del ritual conforme las circunstancias y contextos cambiantes (cap. 9). En el último capítulo ella compara el ritual amareteño basado en los diez géneros, con el de las otras comunidades kallawayas, demostrando así su absoluta peculiaridad. Luego revisa toda la literatura andina para reforzar esta conclusión y termina con un listado de las cuestiones que siguen abiertas y que muestran la urgencia de una investigación etnohistórica para entender el proceso enigmático de la formación y transformación del ritual kallawaya (cap. 10).

Ina Rösing (IR) tiene un estilo de escribir agradable y entretenido; sabe presentar la investigación como un desafío y la descripción de los hechos culturales como una aventura. Por otra parte, pareciera que la traducción desde el alemán ha sido tan cuidadosa y detallada, tan cercana al texto original, que a ratos afecta a la fluidez y la fácil comprensibilidad del texto español. La autora rechaza enérgicamente y con buenas razones la “antropología muda” de Wachtel, Rivière, Platt, y otros (p. 80). (“El yachac masculla una oración y procede a…” ¿Qué oración? No se sabe). Grato efecto de la “antropología hablada” de IR es la inclusión de gran número de oraciones andinas (transcritas en quechwa y castellano), extensas, hermosas, fuertes, que acompañan e interpretan los rituales irradiando andinidad y haciendo brillar la pacha-vivencia de los ritualistas andinos (ver: pp. 250-257, 402-406, 442-449, 555-559, etc.). El libro contiene también 75 excelentes fotografías etnográficas que son más ilustrativas que largas descripciones verbales. Además de ello, IR logra facilitar considerablemente la comprensión del tema y el discurso, de por sí complejos, por el recurso de “cajas de sinopsis”, 54 en total. Finalmente encontramos amplios y valiosos anexos de vocabulario, bibliografía e índice de autores citados, y un apéndice de 43 “reglas relativas a los 10 géneros de Amarete”. Aparecen pocos errores de imprenta. El libro lleva también 15 croquis fotocopiados del cuaderno de apuntes de la investigadora, que le confieren la grata fragancia del campo y situaciones complejas y confusas, pero es lamentable que, en tan prestigiosa edición, estos croquis son difíciles de leer y, al menos en parte, casi imposibles de descifrar. Otra observación sería que en la base de datos, tan completa en su registro de los rituales, se echaría de menos -como rica vena no aprovechada- que no quedaron registrados y analizados la música y la textilería en el contexto del ritual colectivo. Para el antropólogo, éstas dos son también elocuentes portadoras de información cultural. Lo mismo vale decir también sobre la dieta y la gastronomía en el contexto ritual, que interpretaría el significado de la presencia y la actividad ritual de la mujer, y con mayor razón por cuanto IR lamenta el papel ritual demasiado pobre de la mujer amareteña. Se supone que la música de conjunto producida en Amarete (mal llamada “folklórica”) nunca es simple diversión, sino expresión ritual propia y orgánica; los tejidos, como las vestimentas llevadas en los rituales, las prendas y manteles usados para la mesa ritual, son también expresión de identidad y rol social, de cosmovisión y estructura religiosa.

Vale ir a una discusión crítica sobre la metodología investigativa que IR maneja en todas sus pesquisas kallawayas, pero que en este volumen ella aplica con mayor rigor y llegando hasta sus consecuencias. Como investigadora, IR se ubica entre los revolucionarios de la epistemología del saber científico que no aceptan el objetivismo clásico y con mayor razón rechazan el positivismo en ciencias socioculturales. En cambio, apuestan no al subjetivismo ni al personalismo, sino a la dialéctica y la intersubjetividad como base de la confiabilidad y la veracidad del conocimiento científico generado en la aventura de la investigación antropológica (2). De ahí también el interés de IR por una “antropología hablada”, es decir, por los investigados tales como son: no objetos de estudio, sino seres humanos e interlocutores. La dialéctica y la intersubjetividad es la postura casi inevitable de todo investigador que adopta en forma consecuente las técnicas de la observación y la investigación `participante’. La exigencia de neutralidad valórica y la pretensión de la objetividad más absoluta eran las características de la postura del positivismo clásico y la conditio sine qua non para `generar conocimiento científico’. En cambio, en el ambiente de una epistemología de la dialéctica y en un proceso interactivo entre investigador e investigado que ha de generar el conocimiento científico, la postura intersubjetiva es la que garantiza la veracidad y la confiabilidad del saber científico en ciencias socioculturales. De ahí también que IR como investigadora participante incluye su presencia activa en el registro de los rituales colectivos. Ella nunca pretende un registro simplemente objetivo y anónimo; nunca disimula su presencia, tal como lo exigía en tiempos pasados el código de objetividad y cientificidad positiva. La vemos continuamente presente en el proscenio de la investigación. Ella participa en la acción registrada (p.ej. p. 336) y sus colaboradores participan en la investigación en calidad de verdaderos coinvestigadores de su propia realidad, y ya no como simples informantes locales (pp. 68 ss). Es la observación (e investigación) participativa llevada a sus consecuencias. Cuando IR presenta sus tres coinvestigadores indígenas como muy apreciados amigos de confianza y compadres (p. ej. las pp. 648 y ss.), es ésta la actitud consecuente de la observación (e investigación) participativa. IR, la investigadora académica, es al mismo tiempo la portavoz de confianza de los investigados, donde ellos como coinvestigadores no saben expresarse en el lenguaje académico: ella los interpreta. Atención: la posición de los “coinvestigadores” no es la misma que la del(a) investigador(a) académico(a). Además, aparece otra piedra en el camino: en el informe final, la investigadora asume el papel de traductora del lenguaje popular al académico. En la investigación participativa (la que en sus consecuencias llega a ser “investigación interactiva“; nada lo prohíbe), la perspectiva de la investigación depende, en parte, de la posición que ocupa la investigadora en el proscenio y de la postura valórica que ella lleva.

Vislumbramos en el libro de IR el supuesto que a los kallawayas -los coinvestigadores, sujetos de la investigación- corresponde también garantizar la confiabilidad y la veracidad del saber científico generado en la investigación intersubjetiva interactiva. De ser así, la autodefinición de los investigados, la autointer-pretación de su propia realidad cultural, tiene cierta prioridad sobre la visión del académico que es una visión externa y desde fuera. La primera no reemplaza ni degrada la segunda, sino que ambas se complementan en el proceso de la investigación intersubjetiva, interactiva. Pero los mismos kallawayas pasan a ser la primera autoridad moral para sustentar la veracidad y por eso la cientificidad del saber generado en la odisea de la investigación. Al final, y como exigencia propia del método, encontramos que el ritualista de Amarete y los comuneros en general -los sujetos de la investigación, y ya no simplemente su objetivo- han de reconocerse en la interpretación de su ritual y autorizarla de algún modo, como sello y garantía de veracidad. Es lógico que IR no se conforma con interpretaciones de tipo ético (pp. 759ss), que sólo representan la visión académica del investigador. Ella presenta una interpretación compartida. Efectivamente, la interpretación debe ser de alguna manera reconocida, adoptada y autorizada por los investigados.

Puntualizamos que -aparte de una epistemología dialéctica- este método participativo-interactivo llevado por IR está basado en dos componentes especiales: 1. la presencia y actuación de la investigadora en el proscenio de la investigación, y 2. la participación de los kallawayas en calidad de coinvestigadores.

Sin embargo, esta metodología y la epistemología subyacente llegan necesariamente a su punto crítico. En la discusión al respecto, la consecuencia de su rigor es un punto criticable y criticado, pero también un punto justificable y sostenible.

  1. La actitud y postura del investigador respecto a su objeto de estudio puede llegar a un punto crítico. IR no escapa a esta `crisis’. Consecuente con su principio metodológico, ella se identifica `émicamente’, en visión y criterio, con sus coinvestigadores kallawayas. ¡CASI siempre! Ella asume desde la primera página una actitud de admiración por la organización social y ritual kallawaya, pero alguna vez abandona esta posición, p. ej. cuando se refiere a la interpretación de los ritualistas con respecto a catástrofes y desgracias naturales, explicándolas como castigo por errores en el ritual y por la deuda sacrificial. Entonces IR se expresa necesariamente en forma neutral, objetiva, distante, reservada; “En la opinión de los amare-teños…”; “Según ellos…” (pp. 514-519).
  2. Otro efecto inevitable del método participativo-intersubjetivo (digamos ya: interactivo) es que la investigadora influye en el proceso formativo del ritual que ella investiga. IR lo reconoce (p. 678). Esta es una real consecuencia del método. El rechazo de la interpretación científica objetiva y valóricamente neutra en ciencias socioculturales, y la adopción del principio de la intersubjetividad como base del conocimiento generado, abren la posibilidad de la intervención del investigador en su objeto de estudio. Es más: la justifican dentro de exigencias estrictamente éticas. Esto es un elemento totalmente nuevo en el discurso sobre el conocimiento científico y en la metodología de la investigación socio-cultural, postmoderna.
  3. Otro efecto del método es que ya no se niega ni se disimula la relación emocional y afectiva entre el investigador y la comunidad investigada. IR lo reconoce y ella asume este compromiso. Tocando el tema del futuro incierto y la fe en la fuerza de la tradición amareteña, ella suspira: “…solo cabe compartir con los amareteños esta esperanza” (p. 681). Por lo mismo se explican y se justifican las expresiones dramáticas y nostálgicas de la autora (pp. 781ss.), haciéndose eco de la denuncia del “etnocidio del desarrollo (de la modernización, del inevitable cambio)”, llamado también “holocausto al progreso”. Impresiona también la frase final del libro donde IR pone de hecho su firma autográfica bajo la obra (3): “Irrefutablemente Amarete va a cambiar. Pero lo que Amarete hasta ahora ha realizado y creado, lo que ha configurado y desplegado constituye en todo caso una hazaña cultural fascinante a la que, con este mi libro, le quisiera levantar un monumento” (p. 785). Es la `antropología de compromiso’. Efectivamente, en la metodología de IR no hay rastro de la pretención de la `neutralidad valórica de la investigación’, pero ella demuestra que en ciencias socio-culturales se trata de una cienti-ficidad diferente.

Lo anterior no significa de ninguna manera dar paso a cierta permisividad en los códigos de la metodología, ni una falta de rigor científico. La prueba está en el capítulo 10 del libro donde alguien podría reprocharle un excesivo rigor del método, un perfeccionismo irritante, una odisea casi absurda y masoquista. En los párrafos 3 y 4 (pp. 694-780) se trata de demostrar que la estructura social y ritual de Amarete basada en los 10 géneros es un caso único en la región de los kallawayas, en todo el mundo andino y en el mundo tout court. Sabemos que el desafío más difícil siempre es demostrar empíricamente que no existe un segundo caso; parece una misión imposible. Sin embargo, IR la asume, provocando en el lector más pragmático no solo admiración, sino también irritación, cuando se siente llevado por 85 largas páginas de sofisticados senderos para demostrar que “Amarete es único”. El pragmático diría que este párrafo es sólo para el metodólogo y para el fiscalizador crítico. Para él, esta parte del libro vale como pieza digna del archivo. Nótese que, mientras el pragmático se irrita, el Prinzipienreiter entre los metodólogos quedaría insatisfecho, porque la prueba empírica de IR referente a la unicidad de Amarete no es (y nunca podrá serlo) totalmente impermeable y hermética.

Sin embargo, aun sin meterse en esta discusión queda la pregunta: ¿Se trata en estos párrafos “sofisticados” de un juego personal de IR, fascinada por el misterio de Amarete? ¡No! Los conceptos de los géneros simbólicos, sus principios y sus indicadores resultan ser definiciones y comparaciones salidas de la concepción de los amareteños, de su modo de concebir la realidad (ritual y social) local, no de la imaginación creadora de IR. Los conceptos relacionados de los 10 géneros de Amarete son, irrefutablemente, conceptos “émicos” (pp. 759ss.).

La conclusión de que “Amarete es único” -aunque parezca banal- levanta un problema mayor: ¿Cómo se explica que Amarete sea único? Los capítulos 9 y 10, que contienen las conclusiones del libro, son los de mayor interés para la formación de la teoría antropológica. Muestran una de las vías de un proceso de cambios rituales y de estructuras sociales. Las pp. 646-647 señalan ya el origen etno-histórico local de Amarete, y de su proceso de creciente complejidad del sistema de ordenación basado en el género. La comunidad de Amarete parece haberse aferrado tenazmente a este sistema de ordenación; lo elaboró y lo amplió constantemente conforme las nuevas situaciones. En cambio, las otras comunidades kallawayas parecen haber soltado poco a poco este principio de ordenación social y cúltico, al compás de los cambios socio-económicos y políticos. Resulta que la etno-historia puede ser muy local, conforme a: (a) los contextos locales cambiantes, y (b) las respuestas diferentes de los lugareños y sus dirigentes y ritualistas. IR habla de un proceso etno-histórico de traducción: se trata de la capacidad creativa local de traducir el ritual tradicional en un contexto nuevo, un proceso de traducción (p. 717). No parece aceptable que la aparición de un gran maestro ritualista carismático en la historia local, como Pasqual Tapia (compadre e informante principal de IR), sea un único y fantástico cometa en la historia kallawaya; debe haber una tradición ritual mayor. En una investigación etno-histórica podrían descubrirse los maestros de Don Pascual y la razón por la que precisamente en Amarete se haya desarrollado tan complicado y sofisticado, tan único e impresionante ritual colectivo basado en los 10 géneros simbólicos de los comuneros y la pacha, con sus cerros, chacras y agua.

Para explicar el extraño hecho que en todo el universo kallawaya sólo los amareteños se han organizado en base a los 10 géneros simbólicos y para conseguir más claridad en el bosque de las posibilidades e hipótesis, resulta definitivamente necesario desentrañar la dimensión etno-histórica de la investigación; una exhaustiva investigación etno-histórica para entender la formación y transformación del ritual local de Amarete. La autora es la primera en reconocerlo y sugerirlo (pp. 676, 680, 691).

Sobre la investigadora: IR, la maestra investigadora, es admirable por su asombrosa capacidad de trabajo, su inagotable energía, su absoluto rigor científico. Admirable es también por su actitud de autocrítica y su exigencia hasta el extremo con respecto a su propia investigación. Como investigadora es perfeccionista, incansable. Ciertamente no peca de falsa modestia; muestra sin reservas su propia excelencia. En las partes de su investigación bibliográfica, critica implacablemente los vacíos y las deficiencias metodológicas de insignes colegas investigadores, pero siempre reconociendo cabalmente sus valores y valorando generosamente sus logros (p.ej. el cap. 10, en que valora y critica a P. Flores, N. Wachtel, T. Platt y G. Rivière). Como colega investigadora IR es tan respetable como temible. Como maestra investigadora ella sabrá, sin duda, potenciar el todo de sus discípulos.

Sobre la investigación: En mi opinión, la obra completa del MUNDO INKARI de IR es y será siempre un clásico en creatividad científica e información antropológica; y un abre-caminos para la metodología postmoderna en ciencias socio-culturales. La obra es una digna continuación de los tomos anteriores. Una investigación de largo alcance, de gran rigor, de mayor relevancia y que descubre una realidad cultural muy profunda, jamás sospechada e imposible de descubrir con una metodología positivista: demostrando que las grandes obras nacen no del robot académico, sino de un gran amor.

Notas

 

(1) El primer ciclo del Mundo Ankari (los Vols. 1-4) comprende:

IR: Die Verbannung der Trauer (Llaki Wij’chuna). Nächtliche Heilungsrituale in den Hochanden Boliviens; Mundo Ankari, Band 1; Nördlingen: Greno, 1987.

IR: Dreifaltigkeit und Orte der Kraft: die Weisze Heilung. Nächtliche Heilungsrituale in den Hochanden Boliviens; Mundo Ankari, Band 2; Nördlingen: Greno, 1988.

IR: Abwehr und Verderben: die Schwarze Heilung. Nächtliche Heilungsrituale in den Hochanden Boliviens; Mundo Ankari, Band 3; Frankfurt: Zweitausendeins, 1990.

IR: Die Schlieszung des Kreises: Von der Schwarzen Heilung über Grau zum Weisz. Nächtliche Heilungsrituale in den Hochanden Boliviens; Mundo Ankari, Band 4; Frankfurt: Zweitausendeins, 1991.

El segundo ciclo del Mundo Ankari comienza con el volumen 5 de la obra, titulado:

IR: Rituale zur Rufung des Regens. Zweiter ANKARI-Zyklus: Kollektivrituale der Kallawaya-Region in den Anden Boliviens; Mundo Ankari, Band 5; Frankfurt: Zweitausendeins, 1993.

(2) Con Peter Kloos podemos considerar el conocimiento intersubjetivo como el fundamento de la epistemología dialéctica y del saber científico en las ciencias socio-culturales de la época actual, postpositivista: P. Kloos, Filosofie van de antropologie, Ed. Martinus Nijhoff, Leiden, pp. 25 ss.

(3) Este modo personal de hacerse presente el antropólogo en su informe, es lo que Peter Kloos, o.c. (defensor de la postura intersubjetiva como fundamento epistemológico del nuevo método científico en ciencias socio-culturales, y como garantía de credibilidad y veracidad) señala como “la autografía del investigador” justificándola y exigiéndola por la misma razón que el artista tiene para firmar su obra, ya que se trata de su interpretación fidedigna de la realidad observada.

Juan van Kessel – Instituto para el Estudio de la Cultura y Tecnología Andina (IECTA), Av. Diego Portales 2046, Iquique. E-mail: [email protected].

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A vida cotidiana no Brasil moderno: a energia elétrica e a sociedade brasileira (1880-1930) | Centro de Memória da Eletricidade no Brasil

O Centro de Memória da Eletricidade no Brasil, criado em 1986 com o objetivo de promover a preservação do patrimônio histórico da energia elétrica no Brasil, dedica-se, entre outras atividades, à produção de uma historiografia voltada para a compreensão do processo de implantação da energia elétrica e de seu desenvolvimento no país. Essa produção tem chamado a atenção pela qualidade em termos de informações iconográficas e textuais sobre o tema; citando como exemplos mais recentes: Cidade em movimento: energia elétrica e meios de transporte na cidade do Rio de Janeiro (2001); Energia elétrica no Brasil ¾ 500 anos (2000); e Reflexos da cidade: a iluminação pública na cidade do Rio de Janeiro (1565-1930) (1999).

Em outubro de 2001, comemorando o seu 15º aniversário, a instituição lançou A vida cotidiana no Brasil moderno: a energia elétrica e a sociedade brasileira (1880-1930). Esse último lançamento realizado “no apagar das luzes”, num momento em que a ordem do dia era o racionamento de energia elétrica como conseqüência da crise no setor, explicita a atualidade do tema. Vale ressaltar a formação da equipe de autores da obra, constituída em grande parte por historiadores e museólogos. Leia Mais

O imperialismo sedutor: a americanização do Brasil na época da Segunda Guerra | Antônio Pedro Tota || Guerra sem guerra: a mobilização e o cotidiano em São Paulo durante a Segunda Guerra Mundial | Roney Cytrynowicz

Os trabalhos de Roney Cytrynowicz e Antônio Pedro Tota têm em comum o fato de analisarem a história brasileira durante a Segunda Guerra Mundial. Entretanto, suas abordagens e enfoques são bastante diversos, refletindo também preocupações temáticas e conceituais e, naturalmente, escolha de fontes e bibliografia.

O livro de Antônio Tota aborda um tema fascinante e, ao mesmo tempo, pouco estudado pelos historiadores nacionais: a ofensiva cultural realizada pelo governo americano no Brasil, dentro do espírito da ‘política da boa vizinhança’. São poucos os trabalhos sobre o tema — a começar pelo já clássico livro de Gerson Moura Tio Sam chega ao Brasil (1984). Este fato torna-se ainda mais evidente quando comparamos a produção nacional com o grande número de trabalhos americanos sobre o tema: basta conferirmos a própria bibliografia utilizada por Tota. O autor, além de trabalhar com uma vasta bibliografia norte-americana sobre seu tema, utilizou fontes textuais, sonoras e iconográficas, tiradas de arquivos norte-americanos e brasileiros. Suas fontes são, principalmente, governamentais, o que naturalmente reflete o recorte de seu objeto: a ação do Office of Coordinatior of Inter-American Affairs (OCIIA) no Brasil, com o objetivo de “seduzir” os brasileiros para uma aliança com os Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. Apesar da inexistência de referências explícitas, a linguagem e a estrutura do livro nos fazem acreditar que se trata originalmente de uma tese de doutoramento. Leia Mais

História da Vida Privada no Brasil: Cotidiano e Vida Privada na América Portuguesa – SOUZA (VH)

MELLO e SOUZA, Laura de Mello e (Org.). História da Vida Privada no Brasil: Cotidiano e Vida Privada na América Portuguesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1997 (História da Vida Privada no Brasil, 1). Resenha de: RODRIGUES, André Figueiredo. Varia História, Belo Horizonte, v.16, n.22, p. 211-214, jan., 2000.

” … verdadeiramente que nesta terra andam as coisas trocadas. porque toda ela não é república, sendo-o cada casa”. Esta é uma frase da epígrafe do primeiro capítulo da publicação História da Vida Privada no Brasil: Cotidiano e Vida Privada na América Portuguesa, livro organizado por Laura de Mello e Souza, primeiro volume da coleção História da Vida Privada no Brasil, dirigida por Fernando Novais. A frase, extraída da obra História do Brasil (1500- 1627), escrita por nosso primeiro historiador, frei Vicente do Salvador, anuncia o primeiro problema encarado pelos autores do livro e que constitui motivo central da reflexão de Fernando Novais: o desenvolvimento do espaço privado sem que a vida privada estivesse totalmente consolidada. Os níveis de público e privado estão enredados. A noção de privado está associada à formação da nacionalidade, como nos alerta Novais. Assim, a rigor, não existiria uma “vida privada” durante o período colonial, mas só a partir do século XIX, momento da formação de um Estado Nacional.

Guiando-se pelos passos de Philippe Ariês e Georges Duby, que coordenaram a edição de uma História da Vida Privada para a Europa ocidental [Histoire de la Vie Privée. Paris: Seuil, 1985], os historiadores que escreveram a versão brasileira alargaram o conceito de vida privada, considerando as especificidades da América portuguesa e particularizando-o ao abordarem cada um dos temas tratados.

A forma de trabalho adotada para a elaboração de nossa história da vida privada inspirou-se na Nova História e, de resto, nos Annales. Desde 1929, com a criação da revista francesa Anais de História Econômica e Social por Marc Bloch e Lucien Febvre, as observações sobre o cotidiano de um determinado momento, de uma localidade ou de uma personagem, assim como as suas crenças, as suas atividades e valores sociais, políticos e econômicos são retratados, além de serem auxiliados pelo intercâmbio com as outras ciências humanas, como a antropologia e a sociologia. Optou-se por uma história narrativa como forma de expressão do pensamento, da linguagem, dos hábitos, de gestos, de amores e das sensibilidades. A obra em questão procurou combinar e articular diversas propostas temáticas da história da cultura, do cotidiano e das representações sociais, advindas de uma historiografia não só francesa, mas inglesa e italiana. É preciso ressaltar, ademais, que o livro é tributário de dois marcos nas ciências humanas no Brasil: Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre. Por fim, o livro prossegue o esforço inaugurado pelo pioneiro Vida Privada e Quotidiano no Brasil na Época de d. Maria I e de d. João VI, de Maria Beatriz Nizza da Silva, obra que já havia retratado aspectos dessa temática entre nós historiadores.

A influência antropológica e sociológica de Gilberto Freyre, um dos pioneiros nos estudos sobre a sexualidade e a religiosidade do “brasileiro”, é observada nos capítulos da obra. Freyre mostrou que a sexualidade poderia ser apreendida em manifestações cotidianas e, por outro lado, que o cotidiano da América portuguesa impunha a preocupação acentuada com as questões sexuais: na vastíssima colônia, portugueses, ameríndios e, depois, também os negros, mergulharam de corpo e alma em deleites sexuais; além disso, atribuíram aos santos um papel intermediário entre os amores, ou conceberam-nos como entidade propiciadora de fertilidade e vantagens amorosas1 . Na medida em que eram atribuídos papéis aos santos, estes eram envolvidos numa forte carga afetiva. O amaciamento entre senhores e escravos levou a miscigenação e a relações de intimidade entre ambos; aspectos levantados por Freyre, também, destaques nesses capítulos. Todos esses assuntos desenvolvidos na obra já haviam sido tratados em Casa Grande & Senzala e Sobrados e Mucambos, obras freyrianas, fundadoras dos estudos sobre a vida privada no Brasil.

A obra História da Vida Privada no Brasil procura compor a pré-história de nossa vida privada. Articulada em 8 capítulos interligados entre si, apresentando como eixo temático questões como a escravidão (que medeia todos os capítulos), privacidade e relações familiares. Em seu capítulo inicial, “Condições de privacidade na colônia”, o historiador Fernando Novais desenvolve questões teóricas sobre as condições para a existência de vida privada na América portuguesa. No capítulo 2º: “Formas provisórias de existência: a vida cotidiana nos caminhos, nas fronteiras e nas fortificações”, a historiadora Laura de Mello e Souza estuda as expedições de bandeirantes e viandantes que adentraram no território, defrontando-se com mosquitos, animais de diversos portes, a falta de comodidade e desconforto das pousadas e as andanças realizados no outro lado da fronteira- o sertão, em detrimento da vida do litoral.

A partir do capítulo escrito por Leila Mezan Algranti (“Família e vida doméstica”), seguindo-se os de Luiz Mott (“Cotidiano e vivência religiosa: entre a capela e o calundu”), Ronaldo Vainfas (“Moralidades brasílicas: deleites sexuais e linguagem erótica na sociedade escravista”) e Mary del Priore (“Ritos da vida privada”), a questão da privacidade colonial começa a ganhar contornos mais claros, em assuntos como a sexualidade, a família e a religiosidade.

Através dos capítulos de Lei la Algranti e Ronaldo Vainfas, percebemos que as relações de privacidade estavam longe de serem desvendadas, devido à escassez de fontes. Essa ausência talvez se explique pela falta de cadernos, cartas ou diários dedicados ao relato das intimidades. Como bem observa Algranti, a ausência desse tipo de exposição deve-se à própria estrutura da sociedade colonial: a intimidade era mantida na esfera do privado, não se escrevendo sobre recordações e intimidades. O alto índice de analfabetos é um outro dado a ser destacado. As famílias convivem em casas sem um mínimo de privacidade, onde os cômodos têm múltiplos usos, onde os móveis- aí enquadram-se as camas – são montados e desmontados de acordo com as necessidades do dia. Havia, além disso, pouca distinção entre o público e o privado, ocorrendo, muitas vezes, a inversão entre esses dois espaços: o que é público torna-se privado e vice-versa. Vainfas esclarece: um espaço por assim dizer, público, como era o mato ou a beira do rio, podia ser mais apto à privacidade exigida por intimidades secretas do que as próprias casas de parede-meia ou cheias de frestas” (p. 257).

No nosso entender, entre os 8 capítulos que compõe o livro, 2 sobressaem-se aos demais. O primeiro deles, o do antropólogo Luiz Mott, sobre a religiosidade e, o segundo, o da historiadora Mary del Priore sobre os ritos da vida privada. As práticas supersticiosas constantes na sociedade colonial mesclavam-se às vivências da religião oficial do império português – o catolicismo. O isolamento geográfico possibilitou aos habitantes do interior da América portuguesa o aparecimento de práticas religiosas privadas como o eremitismo, chegando-se a encontros sabáticos. Através do diário (borrador) do senhor de engenho falido Antônio Gomes Ferrão Castelo Branco, uma peça documental inédita pertencente à coleção particular do bibliófilo José Mindlin, Mary dei Priore perfaz os caminhos desse senhor, demonstrando que a relação entre o público e o privado estava, mais do que nunca, interligadas. Demonstra, ainda, que a privacidade misturava-se com o cotidiano na vivência de certos ritos como o casamento, a morte e o nascimento.

O sétimo capítulo (“O que se fala e o que se lê: língua, instrução e leitura”) foi escrito pelo historiador Luiz Carlos Villalta e trata das práticas de leitura, da educação e da língua na América portuguesa. No último capítulo (“A sedução da liberdade: cotidiano e contestação política no final do século XVIII “), o historiador lstván Jancsó analisa as revoltas ocorridas no final do setecentos. Em ambos ensaios, nota-se o aparecimento do intelectual do século XVIII: o libertino de idéias afrancesadas, influenciado pelo pensamento iluminista. Ambos os autores observam uma questão: aonde começa e aonde termina a vida privada? Através das sílabas F de fé, L de lei e R de rei , Villalta conclui que a identidade privada e a pública confundem-se. Estudando as bibliotecas e o teor de algumas obras nelas existentes, dá gancho para o capítulo seguinte, o de lstván. Este, através da análise dos movimentos sediciosos ocorridos em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e na Bahia, investiga as categorias de privacidade entre os que se envolveram nas práticas conspiratórias ocorridas no final do setecentos.

Enfim, acho que a amostra é suficiente para os que não conhecem o livro. Os leitores não se arrependerão de travar com ele uma discussão fecunda sobre a nossa pré-história da vida privada.

Nota

1 Laura de Mello e Souza. Sexualidade e religiosidade popular no Brasil colonial. In: Suzel Ana Reily & Sheila M. Doula (orgs.). Do Folclore à Cultura Popular. São Paulo: FFLCH/USP, 1990, p. 87.

André Figueiredo Rodrigues – Mestrando em História/ USP.

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Aspectos de la vida cotidiana de los judíos en la España medieval – MONTENEGRO (PR)

MONTENEGRO, E. Cantera. Aspectos de la vida cotidiana de los judíos en la España medieval. Madrid: UNED, 1998. 247p. Resenha de: GARCIA, Pedro J. Panta Rei – Revista de Ciencia Y Didáctica de la Historia, Murcia, n.4, p. 1998.

En esta obra monográfica el profesor Enrique Cantera Montenegro, titular de Historia Medieval enla Universidad Nacional de Educación a Distancia, nos presenta de forma clara y concisa un estudiosocio-cultural de la minoría étnico-religiosa judía en la España Medieval.

En el prólogo se pone de manifiesto la necesidad de este tipo de obras: “..en la que se ofrezca unaperspectiva de carácter general. Esta ausencia obliga a acudir, necesariamente, a trabajos publicadosfuera de España…”.(pág.12).

El trabajo se articula en cuatro capítulos: el primero dedicado a la vida religiosa hace hincapie en elaspecto idiosincrático de la religión judía, dando esto fuerza en su identidad y cohesión comocomunidad. En segundo lugar, se expone la vida cotidiana en el seno familiar, destacando laimportancia de esta institución. El tercer capítulo se destina al hábito del vestir en la comunidadjudía y finalmente hace un recorrido por los sectores urbanos que configuran la célula dehabitabilidad y convivencia.

El capítulo I: “La vida religiosa de los judíos españoles en la Edad Media”. Se exponen losdiferentes aspectos litúrgicos del mundo judío y como éstos condicionan su existencia. Entre ellosdestaca la Oración, acto de fe en el que los judíos se manifiestan con Dios a través de salmos,himnos y bendiciones. El Shabat (descanso) es el signo de la alianza con Dios y se debe dedicar alconocimiento de Yahveh; también marca el final de la semana judía. El calendario judío (lunar) estáimpregnado de festividades que marcan el ciclo litúrgico judío y que en su mayoría tienen su origenen la Torah.

Los movimientos que se desvinculan de la tradición ortodoxa también son analizados, como elpensamiento místico, los movimientos mesiánicos, o la influencia de Maimónides que comoexpresa Cantera Montenegro fue el “.representante más destacado del aristotelismo dentro delpensamiento hebreo”(pág.55). Cierra el capítulo un análisis de las creencias supersticiosas de losjudíos españoles: magia, adivinación, hechicería y brujería.

El capítulo II: “La vida cotidiana en la unidad familiar”. Nos informa de la importancia de la familiacomo organización social, ya que “la religión judía considera el matrimonio como el estado socialperfecto” (pág.111). La familia queda estructurada en torno a un régimen patriarcal, quedando lamujer relegada en su función social a sus obligaciones como esposa y madre. Uno de los fines delmatrimonio era la perpetuación del linaje, por lo que una mujer judía podía ser repudiada en caso deesterilidad. La importancia de la perpetuación del linaje lo ejemplifica la institución del Levirato(Deuteronomio,XXV,5ss.) en la que una mujer que enviudaba debía contraer matrimonio con unode sus cuñados que fuera soltero y que no tuviera que romper un compromiso matrimonial. Pese aque esto fue la norma en la antigüedad, en el período posbíblico se limitaron las obligaciones queimponía el Levirato. Hay que destacar la trascendencia de las ceremonias religioso-familiares, entreellas la circuncisión , principal signo de la identidad del judaismo. Más allá de una ceremonia deiniciación , simboliza la alianza con Yahveh y la integración al seno de la comunidad religiosaelegida por Dios. Otros aspectos en los que se profundiza son la educación y los hábitosalimenticios, ambos profundamente influenciados por las prescripciones religiosas.

El capítulo III: “Los hábitos de vestir entre los judíos españoles”. En él se analizan las formas devestir habiendo utilizado entre otras fuentes las mimiaturas de códices y manuscritos hebreos.

Según el autor, aunque los judíos conformaban una comunidad diferenciada en sí misma dentro dela mayoritaria representación cristiana, no se basaba esta diferenciación en la forma de vestir, que alparecer debió ser bastante similar. Esta similitud podría ser la causa de que a partir del IV conciliode Letrán (1215) las instituciones tanto civiles como religiosas, introdujeran algunas ordenanzasreferentes a la indumentaria de los hebreos. Por tanto, fue a partir del siglo XIII cuando lalegislación en los ámbitos de la Europa occidental obligaba a los judíos a llevar sobre sus ropas las”señales distintivas”. Entre éstas señas destacan la rota, rueda o rodela. También las autoridadesreligiosas judías impusieron algunas prescripciones en las formas de vestir.

El capítulo IV: “El barrio judío”. Nos muestra las diferentes instituciones socio-religiosas queconforman las juderías en el marco de la ciudad medieval. El hecho de que los judíos formenespacios urbanos propios tiene por finalidad ..”garantizar la pervivencia del colectivo, así comopropiciar el mantenimiento de los imprescindibles lazos de protección y ayuda mutuas”.(pág.145).

La comunidad judía quedaba regulada por la Aljama que gozaba de autonomía para gobernarse ydictar sus propias ordenanzas. Esta autonomía en aspectos religiosos, jurídicos, fiscales,etc, emanade los principios del derecho romano. La Aljama consta para su funcionamiento de oficialesespecializados y la financiación se llevaba a cabo a través de sisas que recaían sobre el consumo decarne y de vino. Con los ingresos se mantenían las instituciones religiosas y socio-asistenciales. Lasinagoga es el principal edificio, ya que en él se congrega la comunidad para el culto, así como paraotras funciones: centro de instrucción y estudio bíblico, centro benéfico y asistencial,etc. Otrosedificios descritos son los baños, los hornos, la carnicería,etc..

La monografía se completa con un glosario de términos hebreos con carácter didáctico y unapéndice documental en el que se transcribe un manual para inquisidores del siglo XVI con ampliasreferencias de las manifestaciones externas de la religiosidad judía. También incluye una selección bibliográfica que sin tratar de ser exhaustiva si que presenta los títulos de referencia obligada.

Pedro J. Garcia

 

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Mentalidad y tradiciénen la Serranía de Yeste y de Nerpio – MONTÉS; ASENCIO (PR)

MONTÉS, Juan Franciso Jordán; ASENCIO, Aurora de la Peña. Mentalidad y tradiciénen la Serranía de Yeste y de Nerpio. Albacete: Institulo de Estudios Albacetensesde la Excma. Diputación deAlbaccte. Serie l-Estudios-N, 67, 1992. 362p. Resenha de: Panta Rei – Revista de Ciencia Y Didáctica de la Historia, Murcia, n.1, p.100-101, 1995.

José Antonio Molina Gómez

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Crime e cotidiano – A criminalidade em São Paulo, 1880-1924 – FAUSTO (RBH)

FAUSTO, Boris. Crime e cotidiano – A criminalidade em São Paulo, 1880-1924. São Paulo: Brasiliense, 1984. Resenha de: LAPA, José Roberto do Amaral. Crime e cotidiano de Boris Fausto. Revista Brasileira de História, São Paulo, v.5, n.8/9, p.213-215, set.1984/abr.1985.

José Roberto do Amaral Lapa – Departamento de Hhistória do IFCH/Unicamp.

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