Territorialidades camponesas no noroeste do Paraná | Maurilio Rompato e Leandro de Araújo Crestani

Leandro de Araujo Crestani Imagem CICPEEGUniMinho
Leandro de Araújo Crestani | Imagem: CICP/EEG/UniMinho

Um livro escrito a muitas mãos, mas principalmente, muitas vozes, muitas vidas; as dos camponeses e camponesas que cederam parte das suas vivências para que pesquisadores e a universidade pública se apropriassem desse tipo de memória coletiva (HALBWACS, 1990) é o que faz o presente livro “Territorialidades camponesas no Noroeste do Paraná” recém-publicado pela editora FAG, Cascavel-Pr, 2021, (327 p.) organizado pelos professores, Maurilio Rompatto e Leandro de Araújo Crestani e nos brinda com treze (13) trabalhos acadêmicos de grande esforço analítico teórico e metodológico de história oral.

Em sua tessitura o livro ao longo da sua narrativa é capaz de dar um corpo sólido que amarra todas as escritas, numa só; a escrita da história. Poderia se chamar memória-trabalho como a professora Ecléa Bosi (2004) fez com os seus “velhos” em “Memória e sociedade: lembrança de velhos”. Leia Mais

Ney Matogrosso… Para Além do Bustiê: Performances da Contraviolência na Obra Bandido (1976-1977) | Robson Pereira da Silva

Ney Mato Grosso. Detalhe de capa do disco Bandido 1976. Imagem BR320
Ney Mato Grosso. Detalhe de capa do disco “Bandido” (1976). Imagem: BR320

 “[…] O personagem é um determinante da ação, que é, portanto, um resultado de sua existência e da forma como ela se apresenta. O personagem é o ser humano (ou um ser humanizado, antropomorfizado) recriado da cena por um artista-autor, e por um artista-ator.” (PALLOTTINI, 1989, p. 11)

O processo de analisar uma obra artística é complexo, e se tratando da Música Popular Brasileira (MPB) não é diferente. Ao fazê-lo é comum atentar-se mais a letra, aspecto logocentrico da canção, mas além da parte do texto é preciso nos atentar também aos intérpretes, pois eles não podem ser resumidos somente a quem dá voz a composição, por esses a relação logos e melos é corporificada. Tendo isso em mente, é importante nos questionar: Qual o lugar do intérprete na Música Popular Brasileira?

Em vista disso, o historiador Robson Pereira da Silva busca compreender como a historiografia tem olhado para os intérpretes da MPB, em especial Ney Matogrosso, no livro Ney Matogrosso… para além do bustiê: performances da contraviolência na obra Bandido (1976 – 1977), de 2020, lançado pela Editora Appris, fruto de sua dissertação de mestrado. Leia Mais

Outras histórias do design no Brasil: perspectivas contra hegemônicas | Albuquerque | 2022

Detalhe de capa de Historia do Disign grafico de Philip B Meggs
Detalhe de capa de História do Disign gráfico, de Philip B Meggs

A prática do design tem sido convencionalmente entendida como uma atividade de caráter projetual voltada à configuração técnica, estética e simbólica de artefatos, espaços e serviços. Neste registro, o design por vezes é apresentado como método para solução de problemas, como estratégia voltada à inovação, como recurso para aumentar o lucro de empresas, ou como artifício para definir estilos e tornar objetos mais “belos”. Conforme nos mostra a pesquisa de Isabel Campi (2003), os enquadramentos que definem temas, sujeitos, práticas e artefatos a serem considerados nas abordagens historiográficas dependem das definições de design em jogo. Sendo assim, podemos pensar a história do design como um campo político de disputas por reconhecimento e visibilidade, envolvendo concepções de design que variam e concorrem historicamente, de acordo com a perspectiva adotada e também com os interesses de quem as formula.

A proposta deste dossiê está alinhada às vertentes que defendem o design como uma prática social amplamente comprometida com a configuração material e simbólica da vida cotidiana. Trata-se de entender o design como um fenômeno cultural que opera na produção de comportamentos e sentidos mediante a objetificação de valores cujos efeitos são atravessados por relações de poder, tendo implicações na constituição de identidades individuais e coletivas. Argumentamos, então, que o design não diz respeito apenas a uma atividade profissional e institucionalizada, mas abarca inúmeras práticas engajadas na transformação do mundo social. Leia Mais

Crítica Historiográfica. Natal, v.2, n.6, jul./ago 2022.

Critica Historiografica

NA ZONA DE CONFORTO – Resenha de “BNCC de História nos Estados: o futuro do presente, de Angela R. Ferreira, Antonio S. de Almeida Neto, Caio F. F. Adan, Carlos A. L. Ferreira, Paul E. D. de Mello e Olavo P. Soares

ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DO Bairro – Resenha de “AMABA: O esquecido círculo de cultura da Aracaju dos anos de 1980”, de Zezito de Oliveira

PROPOSTA CRÍTICA E MULTIDIMENSIONAL para um novo feminismo – Resenha de “Um Feminismo Decolonial”, de Françoise Vergès

UMA INTERPRETAÇÃO SOBRE O FIM DA ESCRAVIDÃO no Brasil – Resenha de “A Campanha abolicionista (1879-1888)”, de Antônio Evaristo de Moraes

A ESCOLA DO SÉCULO XXI – Resenha de “Manual didático do professor de História: História Local e Aprendizagem Significativa”, de Moisés Santos Reis Amaral

DE VOLTA AO PODER – Resenha de “Os militares e a crise brasileira” de João Roberto Martins Filho

PARA CONHECER ERIC HOBSBAWM – Resenha de “Eric Hobsbawm: uma vida na história”, de Richard Evans

O BAIRRO DE TEREZA CRISTINA – Resenha de “Malinos, zuadentos, andejos e sibites: o Aribé nos anos 70 e 80”, de Tereza Cristina Cerqueira da Graça


Pareceristas desta edição (v.2, n.6, jul./ago. 2022)

  • Fábio Alves (UFS)
  • Flávia Eloisa Caimi  (UPF)
  • Itamar Freitas (UFS)
  • Jane Semeão (URCA)
  • Margarida Maria Dias de Oliveira (UFRN)

Êxitos e fracassos: a circulação de pessoas, práticas e conhecimentos nos mundos ibéricos, séculos XVI-XVIII | Tempo | 2022

Rendicao de Granada 1492. Cena retratada na obra de Francisco Pradilla y Ortiz 1882. Imagem Pinterest
Rendição de Granada (1492). Cena retratada na obra de Francisco Pradilla y Ortiz, 1882. | Imagem: Pinterest

Nas últimas décadas, os estudos sobre a circulação de pessoas, conhecimentos, modelos jurídicos, políticos e valores econômicos têm sido um dos principais eixos da transformação da história moderna e colonial, incluindo os americanismos e hispanismos europeus e anglófonos. As contribuições fundamentais centraram-se em questões sobre a circulação de pessoas no contexto da expulsão de grupos marcados pela sua confissão e raça, a migração de escravos e cativos (Vincent, 200420082010Kagan e Morgan, 2009Martínez Montiel, 20042012Seijas, 2014Valenzuela, 2015Ruiz Ibáñez e Vincent, 2018Oropeza, 2020Schaub e Sebastiani, 2021), a lógica financeira e social das diásporas (Smallwood, 2007Kagan e Morgan, 2009Vincent, 2015Trivellato, 2019Sousa, 2019), a mobilidade do pessoal administrativo das monarquias europeias e os seus efeitos sociais e econômicos (Dedieu, 2005Schaub, 2014Esteban Estríngana, 2012Pardo Molero e Lomas Cortés, 2012), as delegações territoriais nas cortes régias (La Monarquía…, 1998Mazín, 20072017Álvarez-Ossorio, 2016Herrero Sánchez, 2019Mauro, 2021Gaudin, 2017b), a itinerância como fundamento da nova nobreza (Muto, 2015Yun Casalilla, 2009). De forma quase simultânea, multiplicaram-se os estudos sobre informação e comunicação política (Brendecke, 2016Fragoso e Monteiro, 2017), circulação da lei e da justiça (Barriera, 20172019Cunill, 2015), formação de modelos culturais transregionais ou transoceânicos (Heywood e Thornton, 2007Brook, 2009Gerritsen e Riello, 2021), assim como a reinterpretação de missões e missionários como conectores de mundos distantes (Palomo, 2016Romano, 2016Sachsenmaier, 2018; para citar alguns dos exemplos mais interessantes). Leia Mais

Mar de tormentas: uma história dos furacões no Caribe, de Colombo ao Katrina | Stuart B. Schwartz

Filme sobre o furacao Katrina e exibido pelo SBT Reproducao El PaisUOL
Filme sobre o furacão Katrina é exibido pelo SBT (Reprodução: El País)/UOL

Corria o ano de 1780, a Revolução Americana encontrava-se em pleno desenrolar e o vizinho mar do Caribe estava cheio de tropas e navios. Entre os dias 10 e 16 de outubro, aquele que ficou conhecido como o “grande furacão” varreu a região, deixando um rastro de mais de vinte mil mortos. Todos os impérios europeus tiveram suas possessões afetadas. Com ventos que podem ter alcançado uma velocidade superior a 300 quilômetros por hora, a tempestade atingiu primeiro Barbados, arrasando a capital, onde quase nenhuma casa resistiu. Somente na Martinica, o naufrágio de uma frota francesa ancorada em Fort Royal fez quatro mil vítimas. Na cidade de Saint-Pierre, mais ao norte, um vagalhão de oito metros de altura lambeu uma centena e meia de casas, o hospital desabou e todas as quase cem freiras e noviças do convento de Saint-Esprit morreram. Para tornar tudo mais difícil, o grande furacão de outubro não veio sozinho, naquele ano houve pelo menos oito tempestades devastadoras na região. As plantações de cana-de-açúcar sofreram um duro golpe, a produção de alimentos ficou arruinada e os pescadores perderam seus barcos. Quando a temporada dos furacões acabou, os sobreviventes estavam desabrigados e a fome e as doenças tinham se instalado. Leia Mais

Tempo. Niterói, v.28, n.2, 2022.

TEMPO3
  • Mariátegui, González Prada e o indigenismo radical no Peru da década de 1920 Artigo
  • Deveza, Felipe
  • Resumo: EN PT Texto: PT  PDF: PT
  • A Demarcação Diamantina: administração e fiscalidade, 1730-1771 Artigo
  • Carrara, Angelo Alves
  • Resumo: EN PT Texto: PT  PDF: PT
  • Concórdia e cooperação: Juan de Albuquerque, bispo de Goa, e os primeiros jesuítas na Ásia (1542-1553) Article
  • Paiva, José Pedro
  • Resumo: EN PT Texto: EN  PDF: EN
  • A censura da opereta “La mascotte”: polêmica nos jornais do Riode Janeiro do século XIX Artigo
  • Neves, Larissa de Oliveira
  • Resumo: EN PT Texto: PT  PDF: PT
  • A assistência social nas ditaduras ibéricas: perspetivas sobre o Auxilio Social franquista e as Campanhas de Apoio aos Pobres no Inverno salazaristas Artigo
  • Pereira, Pedro Teixeira
  • Resumo: EN PT Texto: PT  PDF: PT
  • Ambivalências pretas nas guerras pernambucanas do açúcar: estratégias de colaboração e resistência Artigo
  • Costa, Regina de Carvalho Ribeiro da
  • Resumo: EN PT Texto: PT  PDF: PT
  • Êxitos e fracassos: a circulação de pessoas, práticas e conhecimentos nos mundos ibéricos, séculos XVI-XVIII Dossiê
  • Lugo, Gibran Bautista y; Bicalho, Maria Fernanda
  • Resumo: EN PT Texto: PT  PDF: PT
  • Entre o trágico e a Salvação: como os naufrágios na “História trágico–marítima” ensinam a peregrinar na Costa Sul-Oriental da África Dossiê
  • Furtado, Junia Ferreira
  • Resumo: EN PT Texto: PT  PDF: PT
  • Circulação dos mouriscos após a deportação do reino de Granada (1570) Dossiê
  • Contrera, Ximena León
  • Resumo: EN PT Texto: PT  PDF: PT
  • O morador, o estante e o proibido: flamengos em São Paulo no contexto da Monarquia Hispânica (1580-1640) Dossiê
  • Vilardaga, José Carlos
  • Resumo: EN PT Texto: PT  PDF: PT
  • “É uso do mundo dizer mal dos bons”: ruína e restauração do marquês de Montalvão sob as voltas da roda da fortuna Dossiê
  • Loureiro, Marcello José Gomes
  • Resumo: EN PT Texto: PT  PDF: PT
  • O Brasil e o Tribunal do Santo Ofício português: réus, cartas e agentes em circulação no mundo atlântico Dossiê
  • Calainho, Daniela
  • Resumo: EN PT Texto: PT  PDF: PT
  • Planeta em fúria Resenha
  • Almeida, Anita
  • Resumo: EN PT Texto: PT  PDF: PT

A Literatura como campo e reflexão para a História | Escrita da História | 2021

Detalhe de capa de O Exercito de Cavalaria de Isaac Babel.
Detalhe de capa de O Exército de Cavalaria, de Isaac Bábel.

Dialogando com o dossiê da edição passada (História e Linguagens: História. Ficção. Literatura), as discussões propostas no dossiê dessa edição foram estruturadas, basicamente, na ligação entre a História e Literatura, levando em conta as inúmeras intersecções entre as duas perspectivas apontadas.

Como já foi exaustivamente apontado e discutido, a História enquanto uma área de pesquisa científica passou por inúmeras modificações e metamorfoses, deixando de ser apenas uma disciplina de caráter factual e memorialística para tornar-se, no alvorecer do século XXI, uma forma de compreensão da ação humana em suas mais variadas formas e matizes, incorporando elementos de outros campos do saber e sempre aberta à novas formas de se pensar tais aspectos, embora sempre mantendo sua essência e características próprias, tendo em vista a dimensão temporal e as relações advindas desse ponto. Leia Mais

Escrita da História. [?], v.2, n.16, 2021.

Escrita da Historia

A Literatura como campo e reflexão para a História

EDITORIAL

APRESENTAÇÃO

A LITERATURA COMO CAMPO E REFLEXÃO PARA A HISTÓRIA

ARTIGOS LIVRES

PUBLICADO: 11.07.2022

Estrecho de Magallanes. Cinco siglos de Cartografía (1520-2020) | Mateo Martinic

Mateo Martnic Imagem Arquivo Publico do Espirito Santo

Mateo Martnic | Imagem: Arquivo Público do Espírito Santo

Si algún día la cartografía histórica llega a ocupar un lugar reconocible y destacado en la producción historiográfica de Chile, con varios investigadores especializados en su cultivo, una producción abundante y diversa, cátedras universitarias dedicadas a la formación de nuevos exponentes y eventos académicos regulares en los que se compartan y discutan sus avances, Rodrigo Moreno Jeria deberá ser considerado entre sus principales artífices.

La reciente publicación de Estrecho de Magallanes. Cinco siglos de Cartografía (1520-2020), en conjunto con el erudito austral Mateo Martinic, no es casualidad ni fruto de un esfuerzo aislado. El profesor Rodrigo Moreno lleva más de una década poniendo a disposición del público recopilaciones cartográficas muy bien cuidadas, resultado de su trabajo en repositorios del país y del extranjero y, lo que es valioso, siempre en colaboración con los principales especialistas en los temas y territorios que aborda. Esto permite acompañar sus trabajos con certeros estudios sobre el contexto en que fueron producidos los mapas, planos y grabados que presenta, lo que otorga a estas piezas un sentido que excede con mucho el valor estético que dejan en una primera impresión. Leia Mais

Saber hacer y decir en justicia. Culturas jurídico-judiciales en la zona centro-sur de Chile (1824-1875) | Victor Brangier

Victor Brangier Imagem UBO
Victor Brangier | Imagem: UBO

Víctor Brangier se propone abordar, principalmente, el fenómeno de la justicia criminal contemporánea desde la ribera social y cultural de sus protagonistas. Entiende que resulta imposible pensar la justicia penal decimonónica como un aparato efectivo de control y disciplina social. En ese sentido, el análisis documental le permite comprobar que los sujetos en el siglo XIX no solo eran hábiles en responder y defenderse de las ofensivas persecutorias de alguna autoridad, sino que también queda claro que conocían cómo usar los resortes de la justicia criminal para enfrentar sus conflictos previos a la judicialización, en la arena social, y así obtener beneficios. Explica que los extremos temporales de su trabajo se asientan, por un lado, en el Reglamento de Administración de Justicia de 1824 y, por el otro, en la Ley de Organización y Atribución de Tribunales de 1875. Se avanzó entonces en un análisis institucional-oficial contrastado con las dinámicas vivas de su ejercicio en los juzgados. Concentró su mirada en la zona centro sur de Chile, particularmente en las provincias de Maule y Colchagua.

En función de ese objeto de estudio delimitado, se generan las preguntas que permitirán abordar los expedientes de archivo. Las mismas se centraron en determinar qué ideas políticas y jurídicas y qué clase de normativa delinearon la justicia criminal; qué características geográficas, administrativas, económicas y sociales tenía la zona centro sur del país; quiénes eran los actores sociales y los agentes de justicia; cuáles eran las raíces y horizontes de aquel saber y decir en justicia y cómo, por qué y para qué los actores lo ponían en práctica y actualizaban en los juzgados. Leia Mais

Historia. Santiago, v.1, n.55, 2022.

Historia PUC CH

Artículos

Ensayos Bibliográficos

Reseñas Bibliográficas

Publicado: 2022-07-11

A revolta da vacina: mentes insanas em corpos rebeldes | Nicolau Sevcenko

O ano de 2020 foi marcado pelo início da pandemia do coronavírus. A disseminação do vírus ao redor do globo culminou em milhões de mortes e uma quantidade enorme de enfermos devido à rápida disseminação do vírus numa sociedade complexa e globalizada. Além do quadro sanitário extremamente grave, a pandemia impactou de maneira extremamente brusca a economia mundial causando uma série de mudanças econômicas, renovando os hábitos de consumo e alguns setores econômicos adotando o home-office, quando possível. Escolas e universidades foram fechadas em diversas localidades no mundo para tentar frear a curva de contaminação do vírus.

Com este grave cenário social e econômico, a expectativa por uma vacina foi extremamente alta, visando minimizar ao máximo os impactos da pandemia. Como outrora, doenças como a varíola, poliomielite e o tétano, conseguiram ser controladas graças a processos de vacinação em massa. Leia Mais

Retrato do colonizado precedido pelo retrato do colonizador

O “Retrato do Colonizado precedido pelo Retrato do Colonizador” é um livro de não ficção escrito por Albert Memmi, publicado em francês, em 1957. No Brasil, foi traduzido pelo filósofo e político brasileiro Roland Corbisier e pela psicóloga Marisa Pinto Coelho, sendo publicado em 1977, no Rio de Janeiro. A obra explora e descreve os efeitos psicológicos do colonialismo sob colonizados e colonizadores. Essa obra, que chegou a ser banida por governos e pela polícia, é considerada um dos estudos mais poderosos e psicologicamente penetrantes, já escritos sobre a opressão colonial. Nela, o autor pormenoriza as mentes do opressor e do oprimido, revelando verdades sobre a situação colonial e suas consequências que surpreendem por serem tão relevantes em um mundo explicitamente devastado por conflitos quanto o eram na década de 1950. Mais de cinquenta anos depois, o texto permanece com uma atualidade assustadora.

Quanto ao autor, Albert Memmi nasceu em 15 de dezembro de 1920, em Túnis, Tunísia. Faleceu em 22 de maio de 2020, Paris, França. Romancista tunisiano de língua francesa e autor de vários estudos sociológicos que tratam de assuntos acerca da opressão humana, Memmi foi criado na intersecção entre diversas culturas por ter nascido na Tunísia, e ser filho de mãe judia tunisiana, de pai italiano, e ter estudado em escolas francesas. Assim, ele se encontrou, cedo em sua vida, na posição anômala de um judeu entre os muçulmanos, de um árabe entre os europeus, de um morador do gueto entre a burguesia e de um évolué (alguém “evoluído” na cultura francesa) em meio à família e amigos ligados à tradição. Foi essa tensão de viver em vários mundos ao mesmo tempo que se tornou o tema do primeiro romance autobiográfico de Memmi, “La Statue de sel” (1953; “O Pilar de Sal”, obra pela qual recebeu o Prix de Carthage e o Prix Fénéon. Romances subsequentes incluídos Agar (1955), que trata do problema do casamento misto; “Le Scorpion” (1969), um conto intrinsecamente estruturado de introspecção psicológica; e “Le Désert” (1977), em que a violência e a injustiça são vistas como respostas antigas à dor e à incerteza da condição humana. Porém, sem dúvidas, sua obra sociológica mais influente foi “Portrait du colonisé” (1957; “Retrato do Colonizado”), uma análise das situações tanto do colonizador quanto do colonizado, que contribuem para seu próprio aprisionamento em seus respectivos papéis (SIMON, 2020). Leia Mais

A potência feminista, ou o desejo de transformar tudo | Verónica Gago

Verónica Gago é doutora em ciências sociais e professora na Universidade de Buenos Aires (UBA) e da Universidade de San Martín (UNSAM), além de pesquisadora e autora de diversos artigos sobre economia popular, economia feminista e teoria política. Faz parte do Coletivo NiUnaMenos, surgido em junho de 2015 após episódios brutais de feminicídios contra jovens mulheres de países da América Latina, como Argentina, Chile e Uruguai. O coletivo se tornou atuante na luta contra o feminicídio em toda a América Latina, sendo também responsável pelas mobilizações a favor da Greve Internacional Feminista e pela recente conquista da descriminalização do aborto na Argentina. É a partir desta visão e vivência em espaços de luta que a autora apresenta “A potência feminista, ou o desejo de transformar tudo”, título traduzido para o português na edição brasileira, publicada em 2020, pela Editora Elefante.

O livro é composto por oito capítulos, os quais trazem os fundamentos para as oito teses sobre o atual feminismo transnacional defendidas por Gago, em um tom de manifesto, convidando a “experimentar o deslocamento dos limites em que nos convenceram a acreditar e que nos fizeram obedecer” (GAGO, 2020, p. 10). Ao longo de cada um deles, a autora trabalha argumentos que nos levam à visão de que “a greve só é geral porque é feminista” (GAGO, 2020, p. 229), visto que o movimento feminista atual é marcado de massividade e radicalidade, as quais refletem sua marca transnacional ao se fazer presente em diversas lutas, e por uni-las. Com isso, chega-se à conclusão de que se as mulheres pararem, o mundo para. Leia Mais

Manduarisawa. Manaus, v.5, n. 2, 2021.

“HISTÓRIAS DAS VIOLÊNCIAS DE GÊNERO CONTRA AS MULHERES”

APRESENTAÇÃO

ARTIGO LIVRE

RESENHAS

Publicado: 2022-07-11

Valores como objeto de aprendizagem

[…]* Considere a seguinte situação: o sujeito Chico Mendes existiu. O assassinato de Chico mendes ocorreu, as ideias de Chico Mendes foram materializadas em discursos e entrevistas. Isso implica dizer que a trajetória de Chico Mendes, o acontecimento da sua morte e as suas ideias de sustentabilidade são objetos de existência. São substantivos. São conteúdos históricos. Por outro lado, o respeito que ele dedicava aos povos da floresta não é um acontecimento, não teve existência. O respeito aos modos seringueiros de tratar a floresta é um valor. E esse valor é também conteúdo histórico, só que de outro tipo.

Então devemos ensinar valores? A resposta mais geral é sim. Valores são aprendidos. Eles não nascem conosco. São adquiridos ao longo do tempo das nossas vidas e por isso dizemos que os valores são históricos e não transcendentes. Observem que essa resposta só foi elaborada porque partilhamos de dois valores: humanidade e historicidade. Ao afirmar que os valores são históricos e não transcendentes[1] eu revelo filiação à uma crença de que não é possível verificar se o valor à vida foi mesmo anunciado por um deus criador, já que a regra para eliminar os sujeitos tem sido modificada nos últimos 500 anos ou, ainda, que matar uma pessoa é um direito concedido ao indivíduo ou ao Estado, a depender da cultura da qual você se refira ou na qual esteja imerso. O valor da vida, enfim, não é o mesmo (não vale) para todas as sociedades contemporâneas.

Para que servem tais valores? A resposta, dentro de uma visão antropocêntrica, evidentemente, é a seguinte: valores funcionam como parâmetros empregados pela nossa faculdade de julgar. Se solicito que o aluno aponte as causas e consequências da concentração da maior parte da renda nas mãos de menor parte da população brasileira, ele responderá de modo lógico, buscando informação, por exemplo, na introdução, no infográfico ou no resumo do capítulo do livro didático: x / y = z. Contudo, quando perguntamos ao aluno “O que você pensa sobre as causas apontadas no livro didático?” “Você concorda ou discorda da explicação do autor?” “O que acrescentaria ou descartaria da informação colhida no manual?” e “Em que medida aquelas respostas o auxiliam a compreender a sua situação/condição socioeconômica?” a atividade lógica sozinha de buscar a informação por palavra-chave e submetê-la ao esquema “se…, então…” com as informações sobre Brasil, elites, riqueza e pobres, provavelmente, o aluno não dará conta do objetivo a ser alcançado.

Para que isso ocorra, será necessário que ele já tenha introjetado o conceito “igualdade” como um valor, isto é, que ele não somente retenha a definição de igualdade na memória (“igualdade é a condição na qual os sujeitos…”), bem como o seu antônimo – a desigualdade. Será também fundamental que ele tenha desenvolvido a capacidade de empatia em relação aos sujeitos excluídos da riqueza do país para efetuar a crítica (o julgamento – atribuição de valor) e a posterior tomada de posição em relação às respostas oferecidas pelo livro didático e à provocação disparada por nós. Por esse raciocínio, será necessário que apresentemos ao aluno um objetivo anterior para promover as duas citadas capacidades: conhecer a definição sumária de igualdade e imaginar-se um outro no passado distante ou no presente recente, submetido a situações nas quais se possa identificar os atributos que constituem a definição de igualdade.

A valência dos valores

Os valores são históricos e funcionam em nosso cotidiano como fundamentos da crítica. Mas os valores são também elementos passíveis de hierarquização, ou seja, valores também valem mais uns que os outros. O respeito a vida humana, por exemplo, na maioria dos grupos sociais brasileiros, é um objeto que vale mais que o respeito à vida de um felino em extinção – uma onça. Mas quem estabelece essa hierarquia – quem institui a valência?

Qualquer resposta a essa pergunta também revela os valores em ação. O respeito à vida humana pode ser estabelecido, por exemplo, pela Igreja ou pelo Estado. O estabelecimento desse valor a ser cultivado por determinada sociedade é obra de eleição / acordo que emerge de várias situações. Exemplos: ele pode ser fundado no resultado de experimentos científicos (o código genético do animal selvagem indica a propensão ao ataque, mesmo que tenha sido criado em ambiente doméstico); no conforto psicológico provocado por um costume não contestado por gerações a fio (pais não devem ser desobedecidos pelos filhos); em certo dogma milenar (a crucificação de Jesus Cristo foi o maior ato de amor ao próximo). Em quaisquer dos casos, o valor (respeito ao instinto predador, respeito a autoridade paterna, respeito ao sacrifício divino) é sempre, apesar da aparente contradição, uma imposição assentida pela maioria.

Relembrando o assassinato de uma pessoa ou o abate de uma onça, podemos concluir que um código penal (instrumento punitivo, fundado em alguns valores), discutido e votado, por exemplo, foi produzido, obviamente, por um conjunto de sujeitos e não por um bando de onças. Por outro lado, dois outros conjuntos de pessoas já reivindicam tanto o respeito à vida das onças como o respeito à vida de um seringueiro que abateu determinada onça como valores a serem considerados, principalmente quando um animal for abatido no interior de uma reserva e ou se a vida do seringueiro estiver em risco.

Deixemos as onças e a crucificação e vamos direto ao ponto: Que valores deveremos selecionar como objeto de aprendizagem escolar? Aqui, pela terceira vez, percebemos a valência da hierarquização. Podemos elaborar os objetivos segundo os valores que recebemos da família, do credo religioso, da ideologia política etc.? Podemos, recorrentemente o fazemos, mas não devemos assim proceder. E não devemos por que somos professores e não apenas pais, irmãos, tios ou responsáveis. Somos a materialização do Estado democrático de direito. Assim, na educação pública (regrada pelo Estado), somos submetidos a algumas normas das quais podemos até discordar, mas não temos força moral e autoridade jurídica para desobedecer. Estados que regem interesses entre grupos sociais de forma democrática conservam o seu conjunto de valores, normatizando o seu emprego e indicando os responsáveis por seu cultivo. É para esse rol de valores que devemos dirigir nossa atenção.

Os valores na Constituição de 1988 e na LDB de 1996

No caso brasileiro, esses objetos estão listados na Constituição de 1988. Já no preâmbulo da Carta, nos deparamos com a expressão “valores supremos”. Eles são: os direitos à “liberdade”, “segurança”, “bem-estar”, “desenvolvimento”, “igualdade” e “justiça”. Valores também estão prescritos nos “fundamentos do Estado de Direito”, como os “valores sociais do trabalho e da livre iniciativa”. Estão no capítulo relativo aos direitos políticos a exemplo da “igualdade de direito de voto”.

No que diz respeito ao papel da União, estados e municípios, a Constituição prescreve que eles devem ocupar-se da proteção de obras e bens de “valor histórico, artístico e cultural”, do impedimento da “evasão, destruição descaracterização de obras e bens valor histórico, artístico e cultural”, da responsabilização por “dano a bens de valor histórico, artístico e cultural” e do incentivo à “valorização e a difusão das manifestações culturais”. O mesmo documento solicita a elaboração de um “Plano Nacional de Cultura”, orientado pelo respeito aos “valores culturais”

Ao Estado, em sua instância formadora obrigatória que é a escola, a Constituição prescreve como “conteúdo” o respeito aos “valores culturais, artísticos, nacionais e regionais”, aos “direitos culturais” e à “diversidade étnica e regional”.

As emissoras de rádio e televisão também têm regrados os seus sistemas obrigatórios de valores, inscritos no capítulo referente à comunicação social. O documento afirma que, em suas programações, elas devem respeitar “os valores éticos e sociais da pessoa e da família”.

Às instituições ligadas à preservação cultural, por fim, são legadas orientações para a seleção de seus objetos de trabalho. Assim, bens de “valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico” são elementos passíveis de serem categorizados como “patrimônio cultural”.

São muitos valores a cultivar, você dirá. Como diferenciar os indispensáveis dos secundários? Como saber com qual intensidade devemos inserir cada valor “supremo” ao longo da vida escolar? Como traduzir “valores culturais” se a palavra cultura possui mais de 300 sentidos entre os cientistas sociais?

Não cabe, nesse momento, a crítica detalhada ao anúncio dos valores na Carta Magna. Partilho, porém, da sua angústia, mas afirmo ser necessário atentar para a ausência de clara hierarquia entre os valores, como também à falta das atribuições de cada sujeito nomeado na Carta. Se os valores supremos são os direitos à liberdade, segurança, bem-estar, desenvolvimento, igualdade, e justiça, porque os valores de responsabilidade do “ensino” escolar são apenas o respeito aos valores culturais e artísticos nacionais e regionais? Porque a valorização da diversidade étnica e regional, incluída dezessete anos após a promulgação da Constituição, está inserida na seção relativa à cultura e não à educação? Porque o Estado tem necessidade de reservar valores “éticos e sociais” da pessoa e da família se estes sujeitos podem ser dissolvidos no grande sujeito que é o Estado?

Uma saída para produzir o currículo respeitando a Constituição de 1988 seria, em primeiro lugar, conhecer o processo e compreender os condicionantes do processo (empatia) de elaboração da Carta. É um documento fruto de debates e negociações. Não poderia mesmo estar isento de contradições e equívocos. Além disso, como Carta maior, o documento não poderia definir cada vocábulo indicador de valor. Esse trabalho coube, em teoria, à legislação complementar.

No caso da matéria constitucional “educação”, a complementariedade configura-se na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Na LDB a referência explícita aos valores está na definição dos conteúdos curriculares da educação básica. Ela explicita: conteúdos devem difundir “valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática”.

Os valores também são citados como elemento mediador da “formação básica do cidadão”. Eles são conteúdo, da mesma maneira que os “conhecimentos”, “habilidades” e “atitudes”. A LDB também prescreve esse conteúdo específico: os “valores em que se fundamenta a sociedade. ”

A última referência a valores está nas disposições transitórias que tratam da educação dos povos indígenas. Prescreve a lei que a União deverá desenvolver programas de ensino e pesquisa que valorizem as “línguas” e “ciências” indígenas.

Comparando os valores citados com os anunciados na Constituição, percebemos que a as ocorrências são menos numerosas e mais coesas. Valores são conteúdo obrigatório e tais conteúdos privilegiam, para toda a população, a formação para a cidadania e a democracia – isso porque não entendemos as expressões “interesses sociais” e “valores em que se fundamenta a sociedade” como direitos sociais. Para os povos indígenas, têm valência as línguas e ciências na formação bilíngue.

Conclusão

Vimos que os documentos-macro reguladores dos objetos de aprendizagem para a educação escolar básica dos brasileiros são bastante gerais como prescritores de valores a serem aprendidos / introjetados. Para você que inicia a produção de um currículo, tal generalidade pode ser uma barreira ou uma livre avenida. Se ficar na dependência do uso explícito do vocábulo “valor”, no tópico “educação” da Carta ou no assunto “conteúdo” da LDB, certamente terá dificuldades para transformar o objeto-valor em objetivo de aprendizagem histórica.

É necessário fugir à essa armadilha. Um exemplo ajuda a esclarecer a profundidade desse equívoco. Vimos que os gestores de emissoras de rádio e TV, dos órgãos de preservação do patrimônio cultural, dos legisladores, juízes e autoridades do executivo são agentes aplicadores de valores estabelecidos pela Constituição. A pergunta retórica, então, é a seguinte: em qual instituição empresários, radialistas, jornalista, apresentadores de TV, museólogos, arquivistas e historiadores vão conhecer esses valores, na Constituição lacunar? Não. Eles serão formados na mesma instituição-escola da qual você faz parte. Então, os valores prescritos para esses sujeitos são também os valores a serem aprendidos na escolarização básica.

Como de costume, as Cartas estaduais e municipais, os projetos pedagógicos da escola são o seu Norte na constituição de currículos. Contudo, elas possuem o mesmo vício de origem: a generalidade e a falta de hierarquia. Sugerimos, então, que você migre da palavra “valor” para as palavras “direito” e “princípios”. Essa mudança lhe permitirá detalhar os substantivos que expressam os valores prescritos pelo Estado. Apesar dos possíveis equívocos, você encontrará um glossário comum, tanto aos documentos quanto às obras clássicas que tratam dos recorrentes valores requeridos sob a rubrica de “cidadania” e de “democracia”.[2] Esses substantivos, ainda que não se configurem numa abordagem habermansiana (direitos civis para a efetivação de direitos políticos e sociais) estão anunciados na Constituição como direitos de três tipos: 1. Direitos individuais e coletivos – direito à vida (não haverá pena de morte), liberdade (expressão, crença religiosa, convicção política, trabalho, de ir e vir, se reunir, associar-se), igualdade (entre homem e mulher, entre raças) e propriedade; 2. Direitos sociais (educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância e a assistência aos desamparados); 3. Direitos políticos (votar, filiar-se a partidos e ser votado).

Se você discorda da valência de alguns desses objetos, pode promover ações junto ao sistema representativo no sentido de atribuir maior coerência e ordem aos enunciados compreendidos como valor, nos documentos que regulam a educação básica no país. Se esse não for o seu caso, já pode iniciar a elaboração dos objetivos de aprendizagem sobre os conteúdos substantivos em história – acontecimentos, processos etc. – enfatizando determinadas ideias e sujeitos, buscando a importância, causas e consequências de determinados eventos, processos, ideias e sujeitos. Mas deve lembrar que a referência aos valores não, necessariamente, deve ser literal. A elaboração de um objetivo que combine a mobilização de uma habilidade (Tomar posição sobre…), um conhecimento substantivo (o significado do assassinato de Chico Mendes…), e uma descrição contextualizada (para a ampliação do interesse dos brasileiros sobre questões socioambientais) já traz implícitos, por exemplo, três objetos insertos na Carta e na LDB, que podem ser introjetados como valor: os direitos à vida, à livre expressão de ideias e à livre associação política.

Mãos à obra!! [..]

Itamar Freitas

*Consulte aqui o texto completo.


Referências

BRASIL. Presidência da República. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm. Capturado em: 15 fev. 2016.

BRASIL. Presidência da República. Lei n. 9.294, de 20 de dezembro de 1986. [Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm. Capturado em: 15 fev. 2016.

CARVALHO, José Murilo. Cidadania no Brasil: o longo caminho. 16 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2008. [Primeira edição – 2001].

DROYSEN, Johan Gustav. Grundriss Der Historik. Boston: 1897.

FREITAS, Itamar. Didática para licenciaturas. Aracaju: Criação, 2014.

HEATER, D. What is Citzenship? Cambridge: Polity Press, 1990.

KARNAL, Leandro. Estados Unidos, liberdade e cidadania. In: PINSKY, Jaime; ABBAGNANNO, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2014.

MAGER, Robert F. A formulação de objetivos de ensino. 5ed. Porto Alegre: Globo, 1983.

MARSHALL, T. H. Cidadania, classe social e status. Rio de Janeiro: Zahar, 1967. [Primeira edição inglesa – 1963].

MONTAINI, Marco. O respeito aos direitos dos indivíduos. In: PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bassanezi (orgs.). História da cidadania. São Paulo: Contexto, 2010. p. 114-136.

MORA, José Ferrater. Dicionário de Filosofia. Lisboa: Dom Quixote, 1978.

ODALIA, Nilo. A liberdade como meta coletiva. In: PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bassanezi (orgs.). História da cidadania. São Paulo: Contexto, 2010. P. 158-189.

RAMIREZ, Francisco O. From citzen to person? Rethinking education as incorporation. California: Center on Democracy, Development, and the Rule of Law – CDRL/Stanford Institute for International Studies – IIS, [2004].

RÜSEN, Jörn. Direitos humanos e civis como orientação histórica sugestões para a interpretação e para a análise didática. In: Aprendizagem histórica: fundamentos e paradigmas. Curitiba: W.A., 2012. p. 193-220.


Notas

[1] Uma das primeiras formulações sobre a historicidade dos valores,ou seja, a classificação dos valores como radicada na história foi efetuada pelo historicista Gustav Droysen (1882).

[2] É consenso entre os pesquisadores das ciências humanas e sociais que o termo “cidadania”, ou seja, “a qualidade de ser cidadão” incorpora a necessidade de as pessoas praticarem e, obviamente, conhecerem os direitos e deveres para atuarem na cena pública. É também consenso que tais direitos sejam aquisições ocidentais datadas, configurando uma sequência lógico-cronológica que compreende os direitos civis (século XVIII), direitos políticos (século XIX) e direitos sociais (século XX) (Marshal, 1967; Heater, 1990) – isto é, a “participação do cidadão no governo da sociedade” e na “riqueza coletiva” (Carvalho, 2008, p. 9-10). Quem assim o  faz, costumeiramente, chama a atenção para o significado de documentos-chave como o “Bil of Rights” [Carta de direitos] da Revolução Inglesa – 1698 (Montaigne, 2010), a “Declaration universelle des droits de l’homme et du citoyen” [Declaração universal dos direitos do homem e do cidadão] da Revolução Francesa – 1789 (Odália, 2010; Rüsen, 2012), “The Rights of Man” [Os direitos do homem] da Independência dos Estados Unidos (Karnal, 2010) e a “Déclaration universelle des droits de l’homme” [Declaração universal dos direitos do homem] das Nações Unidas – 1948 (Ramirez, [2004]), na configuração daquilo que entendemos home como cidadania plena.

Saeculum – Revista de História. Recife, v.27, n.46, 2022.

SAECULUM1

Dossiê Memória, patrimônio cultural e processos educativos: Diálogos e reflexões

EXPEDIENTE

ARTIGOS

DOSSIÊ MEMÓRIA, PATRIMÔNIO CULTURAL E PROCESSOS EDUCATIVOS: DIÁLOGOS E REFLEXÕES

América Latina entre la reforma y la revolución: de las independencias al siglo XXI | Marta Bonaudo, Diego Mauro e Silvia Simonassi

Detalhe de capa de America Latina entre la reforma y la revolucion de las independencias al siglo XXI

Detalhe de capa de América Latina entre la reforma y la revolución: de las independencias al siglo XXI

La presente obra es producto de años de investigación de tres reputados autores que cuentan con una sólida trayectoria académica y universitaria en el marco del Instituto de Investigaciones Sociohistóricas Regionales (ISHIR), unidad ejecutora del Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET) de la República Argentina. Del propio decurso de sus investigaciones y del recorrido como docentes, estos tres autores proponen una obra renovada desde la temática, así como desde la perspectiva con la cual la abordan. Los estudios sobre América Latina son vastos y longevos; sin embargo, lejos de agotarse el campo, este tipo de propuestas vienen a refrescarlo y problematizarlo con nuevas preguntas y miradas.

En esta oportunidad, el presente libro se propone un abordaje de la historia americana desde una perspectiva que, lejos de anclarse en el recorrido diacrónico por los procesos políticos y sociales, lo hace desde el conflictivo vínculo entre revolución y reforma como puerta de ingreso para auscultar la historia continental. De esta forma, la premisa desde la cual parten los autores es que la historia de América ha estado signada por el inestable y siempre tenso vínculo entre los procesos revolucionarios y las propuestas de reformas como medios para resolver los males que en diversas épocas aquejaron a las poblaciones americanas. Así, el libro busca enhebrar la historia continental a partir de las diversas experiencias que, tensionadas entre las mencionadas soluciones, han sido una constante a lo largo y ancho de América. La obra, que tiene el mérito de proponer un recorrido no siempre lineal y cronológico sino problemático, también posee el de vincular pasado, presente y futuro, demostrando la continuidad y vigencia que el par problemático, elegido como perspectiva analítica, aún tiene en nuestros tiempos. Leia Mais

Un Gobierno de Papel. El correo y sus rutas de comunicación en tiempos de la reforma imperial en Chile (1764-1796) | José Araneda Riquelme

Detalhe de capa de Un Gobierno de Papel. El correo y sus rutas de comunicacion en tiempos de la reforma imperial en Chile 1764 1796
Detalhe de capa de Un Gobierno de Papel. El correo y sus rutas de comunicación en tiempos de la reforma imperial en Chile (1764-1796)

Últimamente, el papel se ha puesto de moda. Quizás tiene relación con un escándalo ocurrido en Chile hace algunos años sobre ciertos tipos de papeles. Quizás se explica dado que el plástico tiene mala fama y además presenta un carácter no biodegradable, lo que hace que el papel ocupe nuevamente el terreno de los embalajes no solo en Chile sino en diversos países. Así, llama la atención la moda de poner la palabra papel en títulos de obras, sean libros, artículos o películas. Así, por ejemplo, El Imperio de papel de Juan Diez de la Calle, de Guillaume Gaudin; Um impêrio de papel, de Leonor Pires Martins; Papéis Selados. Carreira Jurídica, Estratégias de Marcelo Da Rocha; Nobles de papel, de Rocío Quispe-Agnoli; Elogio del papel de Roberto Casati; y por supuesto, La casa de papel, la historia exitosa de atracadores del Banco de España; o Paper towns, una novela de John Green que hace alusión a ciudades marcadas en mapas pero que no existen.

El papel aparece como metáfora, es decir, el papel como algo frágil y duradero. Pero también destaca como símbolo presente y tangible del pasado, o de una existencia ficticia, “de papel”. Los historiadores se encuentran rodeados de papeles viejos pero cada vez más digitalizados y desechables. En el escritorio del computador todavía se llama papelera al lugar donde se eliminan los documentos. Para referirse a estos innumerables usos de la palabra papel, el historiador del papel Nicolás Basbanes plantea que no se puede limitar ni a sus usos ni a su materialidad y propone referirse a él como idea. Es, por cierto, una visión oriental del papel, es decir que no lo limita a sus usos epistolares o librescos. Leia Mais

El tribunal de la soberanía. El poder legislativo en la conformación de los Estados: América Latina/ siglo XIX | Marta Irurozqui

Cuca Arsuaga Borja Echevarria Marta Irurozqui y Diego Hergueta Imagem Cucarsuaga
Cuca Arsuaga, Borja Echevarria, Marta Irurozqui y Diego Hergueta | Imagem: Cucarsuaga

Uno de los rasgos centrales de las independencias fue el establecimiento de regímenes políticos fundados en el principio de la soberanía popular, principio en que se asentó la legitimidad de la acción política en el primer siglo de vida republicano. Esa transformación clave e irreversible en la forma de pensar las relaciones entre sociedad y política, se expresó a través de la eclosión de asambleas, parlamentos, congresos y diversos órganos representativos que se propusieron encarnar el principio de la soberanía popular y, en su nombre, sancionar leyes y dotar de gobernabilidad a los nuevos Estados. El libro que reseñamos en estas páginas, El tribunal de la soberanía. El poder legislativo en la conformación de los Estados: América Latina, siglo XIX, coordinado por Marta Irurozqui, tiene el enorme mérito de aproximarse y analizar, desde una perspectiva colectiva, un fenómeno que a pesar de su innegable relevancia –incluso hasta nuestros días– no ha concitado desde la historiografía política e intelectual un interés proporcional: el papel del poder legislativo en la formación de las repúblicas hispanoamericanas del siglo XIX.

¿Vale la pena estudiar el poder legislativo en el siglo XIX hispanoamericano? Marta Irurozqui señala en la sugerente introducción del volumen, que dos mitos historiográficos profundamente arraigados, con su respectiva carga de lugares comunes y reiteración acrítica de estereotipos, han incidido en el escaso interés que la historiografía ha concedido al poder legislativo. El primero de ellos sería el supuesto fracaso de un constitucionalismo decimonónico espurio e imitativo de otras tradiciones políticas, como el mundo francés y angloamericano, que justamente por eso no habría tenido verdadero arraigo popular. El segundo sería la fuerte impronta del caudillismo en la región, con su consiguiente personalización del poder, que habría vuelto irrelevantes a las leyes y constituciones sancionadas en la época. La tradición presidencialista en la región sería otra de las pruebas del rol secundario que habría asumido el poder legislativo en las nuevas repúblicas. Matizando o contrariando dichos lugares comunes, especialmente sobre la base de la transformación historiográfica que desde la década de 1990 ha renovado la historia política latinoamericana del siglo XIX, Marta Irurozqui sostiene que la proliferación de textos constitucionales en aquel período pone de relieve la intensa actividad del poder legislativo en la región, la pronta adopción del constitucionalismo y la instalación de un pluralismo político. Agrega que el descrédito del poder legislativo y su importancia es tributario, en buena medida, de una lectura que se caracteriza por la “sublimación del Ejecutivo”, asociada a “la impronta historiográfica de los sentimientos antiparlamentarios y de descrédito y deslegitimación del liberalismo por parte de los regímenes autoritarios subsiguientes” (p. 13). Leia Mais

Compromiso militante y producción historiográfica. Hernán Ramírez Necochea y Julio César Jobet (1930-1973) | Gorka Villar Vásquez

Gorka Villar Vasquez Imagem Researchgate
Gorka Villar Vásquez | Imagem: Researchgate

El libro que presentamos estudia la producción historiográfica de Hernán Ramírez Necochea (1917-1979) y Julio César Jobet (1912-1980), a propósito de sus compromisos militantes en los partidos Comunista y Socialista de Chile, respectivamente. Lejos de reproducir lugares comunes sobre ambos historiadores, esta obra –escrita en el marco de una tesis de magíster en Historia– aborda de manera prolija, metódica y fundamentada a dos exponentes de la historiografía marxista clásica. De esa manera, Gorka Villar nos propone tomar distancia de visiones reduccionistas y homogeneizadoras con respecto al pensamiento histórico de ambos intelectuales, así como de esfuerzos apologéticos en su defensa. Por el contrario, nos invita a comprender la relación entre producción historiográfica y compromiso político de manera contextualizada, examinando complejos espacios de disputa sociopolítica en el siglo XX chileno, como lo eran el campo académicohistoriográfico y la opinión pública.

Compromiso militante y producción historiográfica…, se extiende desde 1930 – década en que ambos historiadores iniciaron sus estudios en la Universidad de Chile, así como sus respectivas militancias políticas– hasta el golpe de Estado en 1973, que significó una fractura irreparable de la comunidad democrática chilena en la que participaron Hernán Ramírez y Julio César Jobet. A lo largo de cinco capítulos, esta obra nos muestra el modo en que los historiadores se encuentran vinculados a diferentes espacios culturales y sociopolíticos, permitiéndonos conocer desde diferentes ángulos los contextos de producción de la historiografía chilena en el siglo XX. En ese sentido, Gorka Villar argumenta que, si bien ambos historiadores marxistas fueron militantes e influidos por sus compromisos políticos, también tuvieron la capacidad de incidir en sus partidos, al mismo tiempo que eran respetados académicos de la Universidad de Chile y fueron influenciados por la historiografía liberal de 1930 (p. 20). Estamos en presencia, entonces, de un fenómeno complejo situado en el siglo XX chileno que guarda varios niveles y ejes de análisis, vinculados a la historia intelectual, a la nueva historia política, a la historia de la historiografía y a los usos políticos de la historia. Leia Mais

El dulce reato de la música. La vida musical en Santiago de Chile durante el período colonial | Alejandro Vera Aguilera

Alejandro Vera Aguilera Imagem Trendsmap
Alejandro Vera Aguilera | Imagem: Trendsmap

Este libro es fruto de muchos años de investigación rigurosa y un buen espécimen –tal vez el mejor– de la situación actual de los estudios de musicología histórica, cuya vigencia en el siglo XXI ha debido sortear los avatares propios de un quehacer eclipsado por su par y competidora directa, la musicología urbana. El autor declara, en efecto, anclarse en esa primera tradición, a sabiendas de que no goza de la mejor fama debido a su persistente aura positivista. Aparenta ser un texto escrito por y para el mundo musicológico, pero sus aportes para el conocimiento del pasado colonial, y para la historia –que es desde donde intento escribir esta reseña–, son decisivos. La obra recibió el Premio de Musicología Casa de las Américas (2018), y es y será un referente obligado para quien busque adentrarse en la vida musical de la ciudad de Santiago de Chile durante el período colonial12.

Vera realiza una propuesta teórica ambiciosa en la “Introducción” (pp. 11-53), donde formula la intención de que su trabajo refleje su interés, desde la música, de aproximarse a la historia de las emociones, a pesar de la aridez de las fuentes trabajadas (p. 19). Hay, asimismo, una tentativa por hilar una narración “densa” geertziana, aspecto sobre el que se insiste a lo largo de este apartado inicial. Sin embargo, esta promesa se encuentra algo desvinculada de planteamientos o métodos insertos en una trama mayor de la Historia Cultural13. El resultado termina acercándose más bien a aquello que las fórmulas de la musicología histórica han podido entregar, con un desenlace determinado por el “mayor énfasis […] en la partitura como fuente y al análisis musical como herramienta” (p. 21). Así, el texto se desenvuelve de manera cómoda en la tradición musicológica más apegada a la parte musical. Leia Mais

Guerra por las ideas en América Latina/ 1959-1973. Presencia soviética en Cuba y Chile | Rafael Pedemonte

Detalhe de capa de Guerra por las ideas en America Latina 1959 1973. Presencia sovietica en Cuba y Chile
Detalhe de capa de Guerra por las ideas en América Latina, 1959-1973. Presencia soviética en Cuba y Chile

La monografía Guerra por las ideas de Rafael Pedemonte –historiador chileno-belga y Profesor Asociado de la Universidad de Poitiers (Francia)– es una investigación imponente tanto por su extensión, diversidad y riqueza de las fuentes primarias y secundarias consultadas, como por sus aportes metodológicos e historiográficos. El libro se basa en la tesis de doctorado que el autor realizó en cotutela entre la Universidad de París 1 Panthéon-Sorbonne y la Pontificia Universidad Católica de Chile. Rafael Pedemonte indaga en las relaciones culturales entre la Unión Soviética, por una parte y, por otra, Cuba y Chile, ofreciéndonos una aproximación original de la Guerra Fría latinoamericana. Como él mismo explica, en la concisa y sólida introducción de su libro, el reciente enfoque en la “Guerra Fría cultural” ha permitido romper con una historia de la Guerra Fría exclusivamente enfocada en los Estados y sus motivaciones supuestamente siempre “pragmáticas” (es decir, económicas y geoestratégicas). Aquí el acento está puesto en las ideas como motor de acción política, de ahí el título del libro.

Si bien ya ha salido a la luz un cierto número de estudios sobre la “Guerra Fría cultural” latinoamericana, la abrumadora mayoría de ellos se enfoca en las relaciones de la región con los Estados Unidos, mientras que las relaciones culturales latinoamericanas con la URSS siguen siendo un campo poco explorado. Rafael Pedemonte contribuye a llenar este vacío historiográfico para los casos de Chile y Cuba, abriendo a la vez un prometedor campo de investigación para los demás países de la región. De modo que la lectura de este libro es recomendada no solo para especialistas de Chile o de Cuba, sino también para quienes se interesen en el resto del subcontinente. En suma, al privilegiar el enfoque cultural y las relaciones de América Latina con la otra gran potencia de la época, Rafael Pedemonte rompe con las interpretaciones dominantes, matiza conclusiones de investigaciones previas y demuestra lo enriquecedoras que son las perspectivas centradas en conexiones culturales y políticas poco exploradas. Leia Mais

Memória, patrimônio cultural e processos educativos: diálogos e reflexões históricas | SÆCULUM – Revista de História | 2022

Inteligencia artificial sera usada para descobrir sitios arqueologicos ocultos Imagem Canaltech
Inteligência artificial será usada para descobrir sítios arqueológicos ocultos | Imagem: Canaltech

O patrimônio histórico-cultural caracteriza-se por suas múltiplas dimensões pedagógicas: educar pelo patrimônio, com o patrimônio, nas práticas educativas, na gestão formativa do uso público do patrimônio, nas concepções interdisciplinares e multidisciplinares, entre outras. Nesse sentido, esse dossiê dedica-se a organizar e aglutinar estudos e pesquisas sobre as interfaces entre história, patrimônio cultural e as práticas educativas na história ensinada.

São dimensões analíticas e metodológicas que apresentam o complexo enredo de narrar, lembrar, esquecer, difundir, preservar e questionar historicamente os percursos do patrimônio. Perpassam espaços educativos, caminham pelas praças, trilham ruas, adentram museus, sensibilizando-se pelas edificações de outrora, permitindo que as memórias e histórias, imiscuídas entre o material e a cultura intangível que também habita esses lugares, possam se tornar fontes históricas para/no Ensino de História. São reflexões críticas que têm diferentes basilares epistemológicos para dialogar sobre a natureza documental, imagética, oral, estética, formativa, educativa do patrimônio histórico-cultural que conforma relações de pertencimento entre os grupos e destes com as sociedades e as nações. Essa relação, sistêmica por essência, possibilita projetar meios/motivação/concepções para a educação para e com o patrimônio. Leia Mais

BNCC para Professores

Base Nacional Comum Curricular para …

 

Bem-vindos!

Este minicurso tem por objetivo subsidiar os professores da educação básica na leitura e uso críticos da Base Nacional Curricular Comum em seus projetos de intervenção.

Carga horária: 20h

Público-alvo: Professores da escolarização básica que atuam no município de Arauá

Professor: Itamar Freitas (CESAD/DED/UFS)

Data tópica: Centro de …, cidade de Arauá (SE)

Data cronológica: ………….. e ……………….. de 2022.

  1. As “guerras” em torno da BNCC
  • As lutas que atravessaram a construção e aprovação da BNCC.
  • Ideologias e orientações teóricas pedagógicas na BNCC.
  • O impacto da BNCC no currículo estadual de Sergipe.
  1. A estrutura da BNCC do Ensino Médio
  • Conhecendo a estrutura sintática e semântica das competências e habilidades [expectativas de aprendizagem] específicas das áreas de ensino na BNCC.
  • Traduzindo as competências e expectativas de aprendizagem específicas de área em projetos de intervenção em sala de aula.

REFERÊNCIAS BÁSICAS

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: Educação é a Base – Ensino Médio. Brasília: MEC/CNE, 2020.

CURI, Carlos Roberto Jamil; REIS, magali; ZANARDI, Teodoro Adriano Costa (Org). Base Nacional Comum Curricular: dilemas e perspectivas. São Paulo: Cortez, 2021.

LAVILLE, Christian. A economia, a religião, a moral: novos terrenos das guerras de história escolar. Educação & Realidade. Porto Alegre, v.36, n.1, p.173-2011, jan./abr., 2011.

 

História Ambiental: problemas e abordagens | Sertão História | 2022

A História Ambiental vem sendo estruturada como campo historiográfico desde a década de 1970, cujo estabelecimento institucional tem sido garantido na criação de disciplinas, grupos de pesquisa e cursos de pós-graduação em diversas universidades do mundo. Embora entendida como uma resposta aos reclames por uma responsabilidade ambiental, a História Ambiental foi demarcada com vistas a evitar que a análise se limitasse ao debate ambientalista e pudesse promover uma reflexão mais profunda sobre os problemas de uma ‘História Ecológica’, ou, mais ampla no encalço de um entendimento sobre as relações historicamente estabelecidas pelo homem com o mundo natural.

A dimensão teórica desse campo foi delimitada a partir da compreensão de que a História é ‘o homem e tudo o que há em sua volta’ (Braudel), e de que era necessário aos pesquisadores da História Ambiental perceber ‘a terra embaixo dos pés dos homens’ (Worster). Nessa compreensão, a natureza é vista em sua constante produção e reprodução e como parte do processo histórico dinâmico, ainda que por vezes ela pareça um referencial estável, em virtude de seus marcos temporais sejam demarcados numa escala de tempo que extrapola muito ao do tempo humano/social. Leia Mais

Sertão História. Crato, v.1, n.2, 2022.

História Ambiental: problemas e abordagens

Expediente

Apresentação

Artigos

Publicado: 2022-07-07

Boletim Cearense de Educação e História da Matemática. Fortaleza, v.9, n.27, 2022.

BOCEHM (Fluxo Contínuo) – Set/Dez

ARTIGOS

PUBLICADO: 2022-07-07

Independência do Brasil | João Paulo Pimenta

Joao Paulo Pimenta Imagem Instituto CPFL
João Paulo Pimenta | Imagem: Instituto CPFL

O ano de 2022 acumula condições para se tornar intenso no campo político para o Brasil, pois além da crise institucional pela qual o país passa, teremos eleições para cargos executivos e legislativo em nível estadual e federal, as quais devem movimentar uma campanha eleitoral carregada de informações e narrativas que visam enaltecer ou destruir reputações sem se preocupar com a veracidade dos conteúdos apresentados. Contexto alimentado pelo crescimento de uma onda conservadora global, que ainda se sustenta e é liderada por uma “Nova Direita”1 , que procura se apropriar de eventos históricos para fazer uso ideológico baseados em conceitos, ideias e práticas próprias.

As duas concepções se relacionam neste período através das festividades ligadas ao bicentenário da independência política do Brasil, que ocorrerá em setembro. Fato, entretanto, que motiva também profissionais da área de história, que acabam forçados a revisitar os eventos de 1822 e a ampla bibliografia disponível sobre eles para expor novas conclusões ou reforçar consensos já conhecidos da área. Foi o caso de João Paulo Pimenta (2022)2 , que publicou no último janeiro “Independência do Brasil” pela Editora Contexto. Livro que pode ser consultado por outros pesquisadores da área ou meros curiosos, graças à sua variedade de temas e linguagem acessível. Leia Mais

A construção da ameaça argentina: a oposição a Perón na imprensa brasileira (1945-1955) | Rodlpho Gauthier Cardoso dos Santos

Capa de A construcao da ameaca argentina a oposicao a Peron na imprensa brasileira 1945 1955
Capa de A construção da ameaça argentina: a oposição a Perón na imprensa brasileira (1945-1955)

Esta resenha se dedica à apresentação e discussão do livro “A construção da ameaça argentina: a oposição a Perón na imprensa brasileira (1945-1955)” de Rodolpho Gauthier Cardoso dos Santos. Como resultado da tese de doutoramento do autor, defendida em 2015, a obra se destaca pela proposta original de analisar publicações de periódicos brasileiros que versavam sobre o peronismo, movimento político argentino que chegou à presidência do país em 1946, a partir da ótica opositora, isto é, do antiperonismo. O trabalho do historiador Rodolpho dos Santos insere-se no eixo de pesquisas e publicações brasileiras que investigam o peronismo em suas mais diversas facetas. Entre elas, a formação de quadros antiperonistas em países vizinhos revela o alcance do movimento de Juan Domingo Perón nas discussões políticas internas de outras nações. Nesse caso, o papel dos meios de comunicação na divulgação do antiperonismo brasileiro liga-se, no âmago das discussões sobre a história política renovada, à importância das mídias que, por um lado, exercem influência na sociedade e, por outro, veem-se controladas ou tuteladas pelos poderes públicos e estatais (JEANNENEY, 1996).

As fontes utilizadas pelo autor foram a revista semanal ilustrada “O Cruzeiro” e o diário vespertino “Tribuna da Imprensa”, ambos publicados na cidade do Rio de Janeiro. A revista carioca pertencia ao empresário Assis Chateaubriand, dono dos “Diários Associados”, conglomerado de empresas jornalísticas que chegou a ocupar o posto de maior corporação de imprensa da América Latina. Nos primeiros anos da década de 1940, “O Cruzeiro” enfrentara uma crise que ameaçou o encerramento de suas atividades. As contratações do jornalista David Nasser e do fotógrafo Jean Mazon representaram a renovação necessária para que a revista continuasse sendo impressa. Carlos Lacerda, político brasileiro que era filiado à União Democrática Nacional (UDN), trabalhava no jornal “Correio da Manhã”, no qual assinava uma coluna intitulada “Na tribuna da imprensa”. Após afastar-se do cargo por conta de desentendimentos internos, Lacerda fundou, em setembro de 1949, o diário “Tribuna da Imprensa”. Apesar de não possuir uma tiragem tão alta quanto à da revista ilustrada, o jornal de Lacerda conquistou uma notável influência entre os simpatizantes dos ideais udenistas1. Leia Mais

História, arquivos e mulheres: perspectivas interdisciplinares | História e Cultura | 2022

Luiza Tavora e Virgilio Tavora na Hidreletrica de Paulo Afonso 1965 Imagem Historia da energia no Ceara Ary Bezerra LeiteFortaleza em Fotos
Luiza Távora e Virgílio Távora na Hidrelétrica de Paulo Afonso (1965) | Imagem: História da energia no Ceará (Ary Bezerra Leite)/Fortaleza em Fotos

Desde a década de 1970, historiadoras vêm apontando a ausência das mulheres nas narrativas da história tradicional. Como lembra Michelle Perrot, em seu hoje clássico texto “Práticas da Memória feminina”, “no teatro da memória as mulheres são sombras tênues”. As razões para isso estavam no fato da história privilegiar o espaço público, a política e a guerra, lugares sociais que foram durante muito tempo pouco acessíveis às mulheres, mas também à ausência de fontes para uma escrita da história das mulheres, o que Perrot denominou de “o silêncio dos arquivos”. A ausência das mulheres nas narrativas da história, contrapunha-se com o seu papel como guardiãs da memória. Se, como defendeu Perrot, “a memória feminina é verbo”, as fontes primeiras de uma história das mulheres que começou a ser escrita nas décadas de 1970 e 1980 foram os relatos orais, os diários e autobiografias.

Atualmente, como demonstra Joana Maria Pedro, é possível traçar uma historiografia da “história das mulheres” – de vocação interdisciplinar – e mapear um vocabulário específico que foi construído ao longo do tempo pelo uso de categorias como “mulher”, “mulheres”, “gênero” e “feminismo”, impactado mais recentemente por reflexões decoloniais. A proliferação desse campo de estudo a partir dos anos 2000 e a importância não só acadêmica, mas também política e cultural que ele adquiriu é patente e fica visível nos muitos artigos, publicações e eventos acadêmicos dedicados à área. A própria revista História e Cultura lançou dois dossiês sobre “História e Gênero”, em 2018 e 2019. Leia Mais

História e Cultura. Franca, v.11, n.1, 2022.

Historia e Cultura2

HISTÓRIA, ARQUIVOS E MULHERES: PERSPECTIVAS INTERDISCIPLINARES

EDITORIAL

APRESENTAÇÃO

ARTIGOS – LIVRES

RESENHAS

Publicado: 2022-07-31

Banzo | Roger Silva, Marcela Bonfim, Nego Júnior Wilson Smith, Felipe Santos e Pedro Paulo.

Banzo Foto DivulgacaoTNH1
[Banzo] | Foto: Divulgação/TNH1

Narra a mitologia romana (e a Wikipédia) que na região que hoje é a Itália, havia um homem que tinha trazido riqueza e prosperidade a partir da agricultura e do comércio. Janus era um homem de fisionomia curiosa, pois em sua única cabeça habitavam duas faces, cada uma olhando para lados opostos. Não tardou muito e os romanos logo o alçaram a categoria de deus, impondo a ele diversas manifestações, sendo a mais conhecida a sua relação com as mudanças e transições.

Por ser comumente reproduzido como um homem cuja cabeça tem duas faces em direções opostas, seu poder serviu de alegoria para diversas representações, sendo uma de interesse aqui: a questão do resguardo, enquanto sentinela, de alguma porta ou passagem, em especial a que liga o passado ao futuro e vice-versa. Leia Mais

Ensino de História: etnicidade e relações raciais | Crítica Histórica | 2022

Sem Titulo Maria Lidia Magliani Foto reproducaoNonada
Sem Título, Maria Lídia Magliani | Foto: reprodução/Nonada

O dossiê intitulado Ensino de História: etnicidade e relações raciais apresenta um conjunto de textos que problematizam as práticas pedagógicas fomentadas pelas Leis 10.639/2003 e 11.645/2008. O ensino de história e cultura africana e afro-brasileira, bem como aquele sobre história indígena já demarcavam o artigo 26 A da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 (LDB). Mas o Brasil, bem indígena, afro e afro-indígena, ainda sofre com as mazelas geradas pelo eurocentrismo, racismo e pela mentalidade colonial. Esse conjunto de leis orientou o estudo da história e da cultura afrobrasileira e indígena em salas de aula em todo o país, assim como movimentou os currículos dos cursos de História. As pesquisas realizadas, antes das referidas legislações, apontaram que grande parte dos cursos, de base eurocêntrica, “não ofertavam aos futuros professores componentes curriculares relativos à história africana e indígena” (Guimarães, 2022, p. 10).

Em outras palavras, acreditamos que está na hora de realizarmos mudanças políticas substanciais na eleição dos sujeitos da narrativa histórica, mostrando as contribuições dos povos africanos e suas diásporas, bem como as contribuições dos povos indígenas para a história geral. Como responder às grandes questões sociais do mundo contemporâneo sem entender a história da África e da Ásia? Por outro lado, acreditamos também na atuação política dos professores que deveriam se dedicar mais ao mapeamento e criação de práticas educativas antirracistas, do que permanecer denunciando o racismo e afirmando a inexistência de materiais didáticos. Assim, a nossa intenção de discutir práticas pedagógicas antirracistas ainda se faz necessária, e urgente, em um país fortemente marcado por desigualdades sociais e defensor do mito da democracia racial brasileira. Leia Mais

BNCC para o PROFHISTÓRIA

Bem-vindos!

Este minicurso tem por objetivo subsidiar os mestrandos do Mestrado Profissional em História na leitura e uso críticos da Base Nacional Curricular Comum em seus projetos de intervenção.


I. A BNCC nas “Guerras de História”: semelhanças e diferenças em relação aos EUA, Canadá e Inglaterra.

  • As lutas clássicas – Currículos voltados para o passado (identidade nacional) Vs. Currículos voltados para o presente (diversidade cultural)
  • As novas lutas
    • O Ensino de História à serviço de projetos econômicos – Currículos de orientação esquerdista (anticapitalistas) Vs. Currículos de orientação centrista e direitista e supra nacionalista (pró mercado)
    • O Ensino de História a serviço de projetos religiosos – Currículos de orientação laica/neutra Vs. Currículos de orientação islâmica (supranacional) ou hindu (nacional)
    • O Ensino de História à serviço de projetos morais – Currículos que incluem as coisas “como realmente aconteceram Vs. Currículos que incluem as coisas que o politicamente correto permita que coisas sejam ditas e como coisas devem ser ditas.
  • As lutas que atravessaram a BNCC
  • O impacto da BNCC nos currículos estaduais de História.

3. Natureza e função da BNCC como política pública educacional

  • Centralização/descentralização / Nacional/local / Controle/autonomia
  • Ideologias e orientações teóricas pedagógicas e historiográficas

3. A estrutura da BNCC do Ensino Médio

  • Competências e habilidades [expectativas de aprendizagem] específicas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
  • A natureza do conteúdo histórico – Conteúdo substantivo (consagrado / renovado) Vs. Conteúdo metahistórico
  • Tradução das competências e expectativas de aprendizagem específicas de Ciências Humanas em competências e expectativas de aprendizagem específicas de História

REFERÊNCIAS BÁSICAS

FERREIRA, Ângela R.; ALMEIDA NETO, Antonio S. de; ADAN, Caio F. F.; FERREIRA, Carlos A. L.; MELLO, PaulO E. D. de; e SOARES, Olavo P. (org.).BNCC de História nos Estados: o futuro do presente. Porto Alegre: Editora Fi, 2021.

LAVILLE, Christian. A economia, a religião, a moral: novos terrenos das guerras de história escolar. Educação & Realidade. Porto Alegre, v.36, n.1, p.173-2011, jan./abr., 2011.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: Educação é a Base – Ensino Médio. Brasília: MEC/CNE, 2020.

A Silver River in a Silver World. Dutch Trade in the Río de la Plata, 1648-1678 | David Freeman

The Return to Amsterdam of the Second Expedition to the East Indies on 19th July 1599 Andries van Eertvelt 1590 1652 Imagem Wikimedia
The Return to Amsterdam of the Second Expedition to the East Indies on 19th July 1599, Andries van Eertvelt (1590-1652) | Imagem: Wikimedia

Si las conexiones económicas desplegadas globalmente durante la temprana modernidad contribuyeron a la consolidación política de los poderes soberanos europeos, los márgenes americanos constituyeron uno de los principales escenarios en los que aquellos enlaces tomaron forma localmente. Atendiendo a la dimensión local como un campo para el abordaje de procesos intercontinentales, A Silver River in a Silver World, de David Freeman, toca entonces una arista central para comprender la estructuración de la economía moderna a través de su temprana globalización, durante un período en el cual la pequeña divergencia parecía comenzar a tomar forma en el seno de la Europa occidental.1

La presencia de mercaderes holandeses en la Buenos Aires del siglo XVII, sus prácticas comerciales en la escala local y regional, así como los tejidos relacionales que habilitaban el despliegue de esas prácticas, permiten comprender al comercio atlántico holandés en el seno del sistema imperial español, desde un enfoque multidimensional sobre las personas, sus contactos y sus contratos. Con su trabajo, David Freeman ratifica que ese eslabón marginal que Buenos Aires representaba en los circuitos mercantiles intercontinentales resultó, sin embargo, central para la consolidación del temprano capitalismo, ocupando un rol crítico en la provisión del metálico necesario para el arbitraje holandés en los flujos europeos que conducían la plata hacia China y retroalimentando, de esa manera, las bases materiales que habilitaron el posicionamiento de los Países Bajos como uno de los núcleos mercantiles y financieros del siglo XVII.2 Leia Mais

Los juegos de la política. Las independencias hispanoamericanas frente a la contrarrevolución | Marcela Ternavasio

Marcela Ternavasio Imagem RosarioEsMas
Marcela Ternavasio | Imagem: RosarioEsMas

La comprensión de los procesos independentistas iberoamericanos presenta algunos escollos. Entre ellos, el hecho de que ciertos contextos específicos hayan sido ampliamente abordados historiográficamente y que ello pueda llevar a creer que ya se encuentran bajo perfecto dominio de nuestro conocimiento. Este excelente libro de Marcela Ternavasio es una cabal muestra de lo equivocados que podemos estar ante este tipo de impresiones. Centrado en el cruzamiento de las trayectorias políticas entre los imperios español y portugués y varias de sus espacialidades entre 1814 y 1820, y abordando una diversidad de agentes que incluye desde personajes conocidos hasta otros difíciles de identificar, Los juegos de la política se presenta como un ejercicio simultáneo de análisis e imaginación histórica, guiado por dos grandes preguntas: ¿qué implicaba, en este escenario, la posibilidad de expediciones armadas por parte de España contra lo que la restaurada Corte de Fernando VII consideraba colonias rebeldes de América del Sur?; y ¿cómo se comportaron esos diversos agentes frente a las expectativas abiertas por tal posibilidad?

Desde sus propósitos iniciales, el libro de Ternavasio es digno de muchos aplausos. No sólo porque enfrenta, con un nivel de profundidad poco común, un escenario político muy complicado cuyo tratamiento historiográfico parecía haber sido completamente cubierto, sino también porque invita al lector a radicalizar una postura que, si no sorprende al historiador profesional, no siempre es debidamente explorada: la de la comprensión de un determinado corte del pasado que abdique por completo del conocimiento de sus resultados posteriores y que, con ello, considere seriamente todas las posibilidades hasta entonces abiertas, aun cuando no se concreten. Así, y a través de un lenguaje conjugado siempre en tiempo presente, Ternavasio nos presenta una historia basada en expectativas –a veces infundadas– y posibilidades –no siempre realizadas–, que se traduce en una profunda inmersión en un contexto y problemas históricos que aquí emergen con una notable claridad. Leia Mais

Una historia de la emancipación negra. Esclavitud y abolición en la Argentina | Magdalena Candioti

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Magdalena CAndioti | Imagem: Litus

¿Cómo contar la historia de la abolición de la esclavitud en nuestro país? ¿A partir de los debates jurídicos en torno a la esclavitud y su ilegitimidad? ¿Escudriñando las experiencias de personas esclavizadas en sus sitios de trabajo, en el frente de batalla o en instancias de justicia para ensanchar sus márgenes de acción? El libro de Magdalena Candioti aborda el desafío de explorar de conjunto esas dimensiones de análisis para reconstruir un proceso complejo y no lineal. Y al hacerlo, busca contrarrestar omisiones históricas que aun informan los sentidos comunes sobre la experiencia negra en nuestro país. En torno a su problema de estudio, Candioti recorta una periodización que pone de manifiesto los hitos jurídicos y las estrategias cotidianas que allanaron el camino de la legislación y la volvieron herramienta útil. Pero también extiende la indagación hasta la segunda mitad del siglo XIX, más allá de las declaraciones formales de abolición. Así, muestra en qué medida la creación de nuestro país y sus instituciones se cimentó sobre exclusiones explícitas de base racial.

En los siete capítulos que componen el libro, la historiadora estudia el modo en el que los significados sobre igualdad y libertad alumbrados en tiempos revolucionarios impactaron entre la población esclava del territorio (capítulo 1); explora las interpretaciones y apropiaciones de la Ley de Vientre Libre y su incidencia en la vida de libertos y libertas (capítulos 2 y 3); indaga en los a veces enrevesados acuerdos sobre manumisión entre amos y personas esclavizadas y en la emancipación obtenida a través de la participación militar (capítulos 4 y 5) y revela aspectos de la construcción de nociones de ciudadanía y nación informadas por sesgos racistas, así como debates jurídicos y académicos en torno a la abolición de la esclavitud (capítulos 6 y 7). Leia Mais

Católicos/ reaccionarios y nacionalistas. Política e identidad nacional en Europa y América latina contemporâneas | María Cruz Romeo

Maria Cruz Romeo Imagem Fundacion Juana de Vega
María Cruz Romeo | Imagem: Fundación Juana de Vega

El libro propone un recorrido de larga duración sobre los vínculos entre nación y catolicismo en Europa y América Latina. Fruto de un largo recorrido en común, signado por diferentes proyectos de investigación, las coordinadoras reúnen un conjunto de trabajos que incorporan algunas de las perspectivas más renovadoras. Ante todo, sobresale un explícito apartamiento del “paradigma clásico de la secularización”. Dicho paradigma partía del supuesto de la existencia de una incompatibilidad esencial entre modernidad y religión y, por tanto, auguraba la declinación de lo religioso en el mundo contemporáneo, cuando no directamente su desaparición. Su influencia en las ciencias sociales y en las humanidades fue amplia y persistente hasta las décadas finales del siglo XX. En la historia de América Latina su impacto invisibilizó muchos de los procesos de transformación y reconfiguración de las instituciones religiosas y condujo a la frecuente y arbitraria postulación de “renacimientos” católicos. En las últimas décadas, sin embargo, en parte como consecuencia de la acumulación de fenómenos que escapaban al corsé de la secularización, comenzaron a revisarse de manera más profunda sus bases epistemológicas y a avanzar en diferentes reformulaciones teóricas. En este camino autores como José Casanova, David Martin, Karel Dobbelaere o Danièle Hervieu-Léger, entre otros muchos, contribuyeron no sólo a abandonar los viejos presupuestos, en parte heredados de las filosofías de la ilustración, sino también a dar forma a nuevas conceptualizaciones. En buena parte de ellas, más allá de sus diferencias, se coincidió en redefinir la secularización como un proceso multidimensional de cambio y recomposición de la religión y sus instituciones, dejando definitivamente atrás las ideas de retracción, crisis y declive. Leia Mais

Migraciones y museos. Una aproximación global | González Bernaldo de Pilar, Marianne Amar e Marie-Claire Lavabre

Detalhe de capa de Migraciones y museos. Una aproximacion global
Detalhe de capa de Migraciones y museos. Una aproximación global

En noviembre de 2014 se realizó en Buenos Aires el coloquio internacional “Migraciones en el Museo”, que reunió a especialistas de distintos países en torno a la temática de los museos. Este es un tópico que, de manera algo tardía con respecto a otros países latinoamericanos, comienza a resultar de interés en Argentina, lo que no deja de ser curioso si pensamos el peso que las luchas por la memoria, para tomar el concepto de Elizabeth Jelin, han desempeñado en la escena pública nacional. En efecto, las preocupaciones teóricas y metodológicas sobre los museos, esos sitios de cruces, encuentros y también conflictos, es relativamente reciente en nuestro país. Como resultado de ese encuentro, el libro Migraciones en el Museo. Una aproximación global retoma y profundiza las discusiones del coloquio de 2014, pero vale destacar que va mucho más allá: funciona como un excelente material introductorio, con trabajos de gran calidad académica y de una atractiva diversidad para entender la complejidad de los museos, quienes trabajan en ellos, y las políticas públicas que se pretende que sigan, así como las dificultades y limitaciones que estas encuentran.

Si esto es así es porque los museos de migraciones condensan buena parte de las tensiones que tales instituciones experimentan, así como en ellos son nítidos los mandatos sociales que el sentido común deposita en los museos. Por ejemplo, analíticamente es fácil señalar que las identidades son dinámicas y múltiples, y se conforman en la interacción, o que el pensamiento histórico debe ser situado espacial y temporalmente, pero lo cierto es que la idea de “museo” remite, para miles de sus visitantes, especialistas o no, a lo fijo. Entonces, ¿Cómo mantener ese dinamismo en una muestra aparentemente “estática”? ¿Qué hacer en aquellos museos que abordan temas conflictivos y complejos o controversiales? Leia Mais

Del Pukara al Pueblo de indios. La sociedad indígena colonial en Jujuy/ Argentina. Siglo XVII al XIX | Gabriela Sica

Gabriela Sica Imagem Canal 7 Jujuy
Gabriela Sica | Imagem: Canal 7 Jujuy

La presente es una síntesis de la presentación virtual del libro organizada por el PROHAL (Programa de Historia de América Latina del Instituto de Historia Argentina y Americana) el 20 de diciembre de 2021.

La obra de Gabriela Sica reviste notable originalidad pues recorre la porción septentrional de la Gobernación de Tucumán desde el siglo XVI hasta nuestra Independencia, incluyendo las tres primeras décadas del siglo XIX. El estudio está fundamentado con profusa documentación de archivo, los locales de Jujuy, el Archivo Histórico de Salta, nuestro Archivo General de la Nación, el Archivo General de Indias y el Nacional de Bolivia. La primera parte del título refiere al período localmente conocido como de Desarrollos Regionales (siglos X-XV d.C), en que las unidades políticas defendían sus territorios mediante el establecimiento de pukaras, tan distintivos como los pueblos que los indígenas habitaron hasta finales de la colonia. De manera que esta investigación se sitúa en la larga duración, transitando los siglos en que los indios de la jurisdicción se convirtieron en “sujetos coloniales” para llegar, a finales de la década de 1830, a configurar una peculiar suerte de ciudadanos apartados del sistema comunal que los nucleara por más de tres siglos. Se convirtieron así en pequeños propietarios, en algún caso, ingresando como mano de obra en propiedades rurales pero, sobre todo, reconfigurando sus identidades tras una individuación forzada. Leia Mais

Boletín del Instituto de Historia Argentina y Americana Dr. Emilio Ravignani. Buenos Aires, v.57, jul./dic. 2022.

Historia Argentina y Americana2

Homenajes

Presentación

Artículos

Reseñas

Perspectivas e Diálogos – Revista de História Social e Práticas de Ensino. Caetité, v.1, n.9, 2022.

EDITORIAL

ARTIGOS

Publicado: 2022-07-05

 

Sem Vieira nem Pombal: índios na Amazônia do século XIX | Márcio Couto Henrique

Marcio Couto Henrique Imagem Como eu escrevo
Márcio Couto Henrique | Imagem: Como eu escrevo

Resultado de pós-doutoramento do historiador Márcio Couto Henrique, realizado entre 2014 e 2015, Sem Vieira nem Pombal permite revelar aspectos da trajetória do próprio autor que irá se refletir na própria obra. No momento em que o autor agradece a Capes “[…] de antes do golpe” (HENRIQUE, 2018, p. 09), Henrique busca se situar como sujeito do seu próprio tempo (BLOCH, 2008, p. 55), como busca realizar o mesmo procedimento em relação à história de vida dos próprios sujeitos que analisa em seus trabalhos. Situando a sua história de vida pessoal, escrevendo que proveio de uma família muito pobre do interior da cidade de Americano, no estado do Pará, o autor dialoga com as questões de seu tempo, ao se referir à transformação da universidade por meio do ingresso de alunos a partir das políticas de afirmação social, em meio a um contexto de gradativa asfixia da ciência brasileira.

Transitando entre a História e a Antropologia, área em que realizou seu doutoramento, a sua formação permite revelar aspectos significativos relacionados à maneira de como o autor percebe os sujeitos que busca analisar. No livro, é possível notar alguns aspectos biográficos do autor e como a sua formação se coaduna com as propostas presentes em cada capítulo. Coordenador do Grupo de Pesquisa de História Indígena e do Indigenismo na Amazônia, o autor realiza um escrutínio das produções acadêmicas historiográficas e antropológicas sobre o tema, tanto bibliografias mais recentes e com discussões mais ampliadas quanto as mais clássicas, derivadas de um movimento historiográfico e  antropológico na década de 1990, que buscou alargar a compreensão sobre a questão do passado colonial a partir de uma perspectiva indígena. Leia Mais

Os Kaingang e a colonização Alemã e Italiana no Rio Grande do Sul (Séculos XIX e XX) | Soraia Sales Dornelles

Soraia Sales Dornelles Imagem Universidade FEEVALE
Soraia Sales Dornelles | Imagem: Universidade FEEVALE

O livro é uma adaptação da dissertação de mestrado defendida em 2011 no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul por Soraia Salles Dornelles (2021). Passados dez anos, esse texto permanece relevante, enquanto continua no senso comum a ideia de que as regiões colonizadas por italianos e alemães durante o século XIX e XX eram “terras vazias” de populações, de sentidos e de histórias. O que Dornelles (2021) traz na sua pesquisa ajuda a complexificar as relações entre aqueles sujeitos que vinham buscando melhores condições em um novo continente e os que lutavam para sobreviver no território de seus antepassados. A autora busca compreender a participação e a agência dos povos originários dentro dos processos históricos que formaram o estado-nação, incluindo a complexa dinâmica interna das sociedades indígenas e como ajudaram a definir os rumos dos acontecimentos que fizeram parte.

No prefácio do livro, o orientador da dissertação e professor da UFRGS, Eduardo Neumann, afirma que “[…] a especialização das pesquisas é o que opera na definição do neologismo acadêmico que é a História Indígena” (DORNELLES, 2021, p. 15, grifo do autor). Ou seja, o processo de formação de pesquisadores que aprofundam as problemáticas dos povos indígenas vai constituindo um campo próprio, que vem crescendo desde a última década do século passado. Em tese, apresentada na Unicamp em 2017, Dornelles (2021) foi orientada parcialmente pelo professor John Monteiro, um dos expoentes da Nova História Indígena, construindo relações com a antropologia e estabelecendo aportes para entender as dinâmicas internas e externas dos grupos indígenas envolvidos nos processos históricos. Leia Mais

Povos indígenas no Brasil oitocentista | Outros Tempos | 2022

Miguel Maria Lisboa Imagem Wikipedia
Miguel Maria Lisboa | Imagem: Wikipédia

Presumir-se pode apenas

Que é correio, a marcha afrouxa

A cavalgada; e faz alto

Logo que disso tem prova

 Chega enfim o índio pedestre

Do peito a fivela solta;

Larga a mala, e com dois dedos

A testa que lhe pinga esgota

(LISBOA, 1866, p. 126)

A imagem da capa deste dossiê sucede os versos acima dispostos, de Miguel Maria Lisboa, na obra Romances históricos por um brasileiro, de 1866. Na reconstrução da cena do grito do Ipiranga, foi um índio-correio o responsável por levar as notícias vindas de Portugal, resultando no gesto que representou o rompimento definitivo com a antiga metrópole. Diante do glorioso Dom Pedro, vemos o indígena “civilizado” boquiaberto, atônito e confuso frente às grandes transformações que se anunciavam. Semelhante ao condutor do carro de bois da famosa obra de Pedro Américo, a sua condição era apenas de um espectador bestializado.

A gravura O grito do Ypiranga, de autoria anônima (LISBOA, 1866, p. 126-127), além de representar o ato mítico de fundação na nação, aponta para, pelo menos, duas questões cruciais acerca dos lugares identitários e sociais atribuídos aos indígenas e sobre as políticas indigenistas no Brasil Império. A primeira dela diz respeito a algo que está na linha de frente do combate da historiografia sobre os indígenas em diferentes momentos: a imagem de uma passividade inerente a essas pessoas. No império, essa narrativa se consolida, ainda que membros de governos, colonos e outros agentes nunca conseguissem esconder a rebeldia e resistência indígena na documentação que produziam. No entanto, as alegações de inércia e indolência estavam sempre lá, frutos de uma suposta inferioridade cognitiva. Sob o discurso da “civilização”, construía-se a imagem dos indígenas como incapazes de compreender a importância do trabalho, de serem plenamente civilizados e de entenderem os grandes acontecimentos políticos.

Um segundo ponto, menos comum na historiografia dos Oitocentos, é a representação de um indígena diferente do estereótipo de selvagens nus, pintados, trajando adereços com penas e habitantes de matos remotos. Aqui, tratava-se de um indivíduo em avançado processo de transformação cultural, “civilizado”, que quase já não é mais classificado de índio. Era um representante dos grupos integrados à sociedade, antes colonial portuguesa e, a partir de 1822, brasileira, que já haviam passado por décadas ou séculos de experiência de aldeamento e relações de reciprocidade com os monarcas lusitanos. Exerciam trabalhos remunerados ou compulsórios à serviço de proprietários ou de governantes, na condição de lavradores, construtores, coletores, ou como era o caso da imagem da capa, como índios-correio (COSTA, 2015, p. 235-264).

Com a independência, adquiriram uma cidadania precarizada e excludente, que os limou de espaços políticos e de qualquer oportunidade de ação institucional (COSTA, 2021, p. 17-19). Com o andar dos Oitocentos, com maior ou menor velocidade a depender da província, viram os aldeamentos serem extintos, perderam as suas terras – a última e das mais importantes de suas prerrogativas – e até mesmo a possibilidade de se identificarem como índios (OLIVEIRA, 2020, p. 193-194). Produziram-se discursos acerca do ex-índio, do misturado à massa geral da população, agora identificado como caboclo (SILVA, I., 2011, p. 327-246), vivendo nas margens, como mão de obra barata, despossuída e, eventualmente, escravizada (MOREIRA, 2020).

As instituições que se formaram e se consolidaram no Estado nacional brasileiro construíram ao longo do tempo imagens cada vez mais depreciativas contra os indígenas para justificar o processo de exclusão (ALMEIDA, 2010, p. 137-141). Isso era feito, obviamente, recheado de muito esquecimento por conveniência. As diversificadas formas de ação política indígena do início do século XIX, inclusive com a sua decisiva atuação durante a independência (MACHADO, 2010), eram magicamente apagadas. O cinismo era ainda mais flagrante quando se fortaleceram as narrativas sobre a extinção indígena, veiculadas contemporaneamente às ações de muitos grupos que reivindicavam os seus direitos à terra justamente por serem indígenas (VALLE, 2009, p. 67-78).

A formação do Estado nacional brasileiro se fez na busca pelo silenciamento indígena, por meio do extermínio, escravização ilegal e precarização de sua cidadania. De tal maneira que, até hoje, a memória nacional dá pouco ou quase nenhum espaço à atuação dos índios nesse processo. Como resultado, a própria historiografia também silencia sobre o assunto. Desde os livros didáticos (SANTOS, 2020, p. 71), passando por pesquisas acadêmicas e refletidas nas melhores coletâneas sobre o século XIX (SILVA, A., 2011)1 , os indígenas são praticamente ausentes, quase que informando que já ali estavam em vias de desaparecimento. Logo, restaria pouco o que falar. Em contrapartida, podemos perceber que, especialmente na historiografia dos Oitocentos, legou-se uma visão elitista dos processos históricos de que alguns quase não eram mais índios (MONTEIRO, 2001, p. 4-5), mas todos – os das matas, sobretudo – eram entes incapazes. É como se toda a tradição da “história dos de baixo” tivesse mais dificuldade de acessar a ação indígena na história do século XIX do que a de qualquer outra população2 . Parecem ter comprado os discursos dos autores de maior parte da documentação.

Felizmente, nos últimos anos, vieram à tona muitas pesquisas questionando a ausência indígena na história do império do Brasil, bem como a suposta e infundada carência de temas e fontes a respeito do que se investigar. Aliás, o posicionamento tradicional não possibilitava que pesquisas iniciassem, já que as perguntas e os problemas sequer eram formulados. Hoje, há uma profusão promissora de trabalhos, como o presente dossiê prova de forma tão potente.

Aqui apresentamos ao público pesquisas que se debruçam sobre as multifacetadas experiências dos indígenas no século XIX. Todos os trabalhos aqui reunidos se assentam nas ações indígenas que nem a imposição de silenciamento pelas autoridades imperiais pôde calar. Mesmo com o processo empreendido de precarização da cidadania dos grupos integrados, ou a invasão genocida sobre os territórios dos povos autônomos, as heterogêneas ações indígenas se fizeram constantes ao longo dos Oitocentos.

Para abrir os debates iniciamos com o artigo de Estêvão Martins Palitot, Marcos, rumos, posses e braças quadradas: refazendo os caminhos da demarcação da Sesmaria dos Índios de Monte-Mór – Província da Parahyba do Norte (1866-67), traz-nos uma cartografia da ocupação indígena do litoral norte da Paraíba, contrastando memórias contemporâneas e demarcação das terras da Sesmaria dos Índios de Monte-Mór, na Província da Parahyba do Norte, realizada entre 1866 e 1867. Embora o autor não busque uma continuidade histórica, aponta para os processos de (des)territorialização e tentativas de apagamento da condição étnica dos povos indígenas dessas fronteiras sob distintos subterfúgios que envolviam os interesses sobre seus territórios.

No artigo Manuel Valentim: “uma guerra civil de 12 anos”: Mobilizações indígenas na Zona da Mata Sul de Pernambuco, na segunda metade do século XIX, Edson Silva faz uma rica análise sobre os processos de desterritorialização dos indígenas aldeados no sul daquela província. Silva trabalha de forma interessante a trajetória do índio Manoel Valentim dos Santos e de outros indígenas que lutavam contra a extinção da Aldeia de Escadas e as constantes invasões de suas terras diante do avanço da economia açucareira na região.

Adauto Rocha, em seu artigo intitulado Recrutamentos indígenas nas Alagoas: da Capitania independente à extinção oficial dos aldeamentos (1817-1872), analisa um tema ainda pouco estudado: o papel dos indígenas em conflitos bélicos internacionais, como na Guerra do Paraguai (1864-1870). Ao mesmo tempo, problematiza sobre a utilização dos índios aldeados como mão de obra em distintos serviços públicos.

Com destaque para a fronteira entre as províncias de Minas Gerais e Bahia, especialmente nos territórios banhados pelos rios Jequitinhonha e Mucuri, Renata Ferreira em seu artigo “Eu não quero estradas em minhas terras!”: Os indígenas entre os projetos de navegação e desenvolvimento do Jequitinhonha e Mucuri na segunda metade do século XIX se debruça sobre os projetos de exploração dessas áreas de fronteira e o impacto sobre as territorialidades indígenas que lá se encontravam. Além de demonstrar os diferentes interesses das elites locais no avanço desses projetos, Ferreira consegue dar visibilidade às resistências indígenas diante das tentativas de espoliação de seus territórios.

Descendo a fronteira temos o artigo de Karina Melo Terras indígenas e direitos territoriais no Aldeamento guarani de São Nicolau do Rio Pardo (Província de São Pedro), onde analisa as disputas envolvendo as terras dos índios do aldeamento de São Nicolau do Rio Pardo, província de São Pedro (atual Rio Grande do Sul). A autora aponta para os processos de esbulho das terras do aldeamento diante do avanço da imigração estrangeira na região, ao mesmo tempo em que os índios ali aldeados passaram a ser tratados como “nacionais”.

O tema da expropriação das terras indígenas atravessa todos os trabalhos organizados nesse dossiê e se articula de modo incontornável com a problemática dos apagamentos das identidades étnicas desses sujeitos, para incorporá-los enquanto trabalhadores subalternizados. Nessa perspectiva de pensar os discursos de apagamento das identidades indígenas no século XIX, Philipe Luiz Trindade de Azevedo traz em seu artigo Os estereótipos sobre os “índios” no Brasil Oitocentista (1845-1867): discursos em disputa um balanço desse debate e como se articulou em espaços como o IHGB. Nesse sentido, o autor recorda os principais estereótipos atribuídos aos indígenas por essa elite intelectual. No mesmo caminho seguiu a análise de Lorena Varão, ao problematizar em seu artigo O ser e o não-ser indígena no Brasil Oitocentista sobre os processos de construção da alteridade indígena no século XIX a partir do dualismo entre o índio “selvagem” X “civilizado”.

O ensino de história indígena nas escolas ainda dialoga pouco com as pesquisas desenvolvidas na academia. Esse gargalo coloca um grande desafio aos professores, que é o de saber como ensinar essa temática sem recorrer aos velhos estereótipos tão disseminados no senso comum, como o “índio genérico”. O artigo de Lígio Maia História e ensino de história indígena: a guerra ameríndia nos livros didáticos aprovados pelo PNLD 2017 é um interessante estudo sobre como o tema da guerra ameríndia é apresentado nos livros didáticos de história para os anos finais do Ensino Fundamental. Sua reflexão aporta subsídios importantes para evidenciarmos os protagonismos indígenas no ensino de história.

A seção de artigos se encerra com o trabalho da antropóloga uruguaia Francesca Repetto, com uma análise minuciosa sobre o processo de avanço sobre os territórios ocupados pelos indígenas Charrúa no contexto de formação do Estado do Uruguai e de guerra declarada a esses grupos. Em seu artigo Tierra y mano de obra: políticas de gestión sobre los pueblos indígenas en el Uruguay de los 1830, Repetto problematiza a narrativa da extinção dos Charrúa como parte de “esquemas de apagamiento” perpetrados pela elite econômica, intelectual e política uruguaia. Diferentemente desse discurso construído ao longo do século XIX, a autora reforça a luta contemporânea dos Charrúa por seus direitos e visibilidade num país que até pouco tempo se considerava “sem índios”.

O estudo de caso feito pelo historiador Francisco Cancela Os índios de vila Verde e a luta por liberdade, prerrogativas e isenções: políticas indigenistas e políticas indígenas em uma série documental (1825 e 1826) reforça o persistente protagonismo indígena tão negligenciado e apagado na historiografia brasileira. O autor explora uma rica documentação custodiada no Arquivo Público da Bahia (APEB), a qual registra a atuação dos oficiais camarários de uma vila de índios no sul da Bahia, no contexto do Brasil independente. Ou seja, são documentos produzidos pelos próprios indígenas, que, munidos de conhecimentos adquiridos em séculos de interação, davam vazão às suas demandas e expressão as suas culturas políticas.

Tendo em vista sua já consagrada pesquisa sobre a temática indígena no período colonial e imperial, sendo uma das principais referências no assunto, convidamos a professora Dra. Maria Regina Celestino de Almeida para ser a entrevistada do presente dossiê. Além de tratar dos estudos sobre a questão indígena no Brasil, com seus avanços e desafios, Almeida nos contempla com um breve panorama sobre os trabalhos que têm problematizado de forma comparativa as experiências de participação indígena nos contextos de formação dos estados nacionais na América Latina.

Por fim, temos duas resenhas de importantes obras acerca do protagonismo indígena na História do Brasil. Felipe William dos Santos Silva aborda na sua resenha Os Indígenas no Oitocentos: das margens da História ao centro das narrativas historiográficas uma análise crítica do livro “Sem Vieira nem Pombal” do historiador Márcio Couto Henrique e sua incontornável contribuição para a escrita da história indígena na Amazônia colonial. Fechando a sessão, temos a resenha feita por Guilherme Maffei Brandalise, Os Kaingang e a colonização alemã e italiana no Rio Grande do Sul (séculos XIX e XX), onde se debruça sobre o livro de Soraia Dornelles, “Os Kaingang e a Colonização Alemã e Italiana no Rio Grande do Sul (Séculos XIX e XX)”. O autor explora as principais problemáticas trazidas por Dornelles acerca das diferentes formas de agências indígenas em uma fronteira altamente marcada pela imigração europeia.

Este dossiê pretende contribuir para o alargamento das perspectivas historiográficas acerca da participação indígena no contexto de formação do estado nacional brasileiro. Os autores e autoras aqui reunidos evidenciam em suas pesquisas que, diferentemente da visão de passividade que se queria atribuir aos indígenas, eles estavam participando dos processos históricos e ocupando lugares de luta, negociação e resistência diante do avanço sobre seus territórios. O século XIX produziu discursos do apagamento da identidade indígena sob o viés da miscigenação. Em contrapartida, seja integrados, seja isolados, resistindo em territórios autônomos ou em aldeamentos, eram muitas as formas de participação política dos povos indígenas no Oitocentos. E, como já antevira John Monteiro, quando a presença indígena deixar de ser vista como apêndice da história nacional, irão se reescrever incontáveis páginas das histórias agrárias, econômicas, políticas e sociais do Brasil (MONTEIRO, 1995, p. 228).

Notas

1 Com a destacada exceção do artigo de Patrícia Sampaio (2009).

2 Quando escreveu a sua tese de livre-docência, John Monteiro observou a mesma tendência para a história da América colonial portuguesa (MONTEIRO, 2001, p. 7).

Referências

ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Os índios na história do Brasil. Rio de Janeiro: FGV, 2010.

COSTA, João Paulo Peixoto. Disciplina e invenção: civilização e cotidiano indígena no Ceará (1812-1820). Teresina: EDUFPI, 2015.

COSTA, João Paulo Peixoto. Independência e cidadania: povos indígenas e o advento do liberalismo no Ceará. Acervo, v. 34, n. 2, p. 1-21, 2021.

LISBOA, Miguel Maria. Romances históricos por um brasileiro. Bruxelas: Tipografia de A. Lacroix: Verboeckhoven e Cia, 1866.

MACHADO, André Roberto de Arruda. A quebra da mola real das sociedades: a crise política do Antigo Regime Português na província do Grão-Pará (1821-25). São Paulo: Hucitec: Fapesp, 2010.

MONTEIRO, John Manuel. O desafio da história indígena no Brasil. In: SILVA, Aracy Lopes da; GRUPIONI, Luís Donizete Benzi. A temática indígena na escola: novos subsídios para professores de 1º e 2º graus. Brasília, DF: MEC: MARI: UNESCO, 1995. p. 221-228.

MONTEIRO, John Manuel. Tupi, tapuias e historiadores: estudos de história indígena e do indigenismo. 2001. Tese (Doutorado em Antropologia) – Universidade de Campinas, Campinas, 2001.

MOREIRA, Vânia Maria Losada. Kruk, Kuruk, Kurucas: genocídio e tráfico de crianças no Brasil imperial. História Unisinos, v. 24, n. 3, p. 390-404, 2020.

OLIVEIRA, Tatiana Gonçalves. Terra, trabalho e relações interétnicas nas vilas e aldeamentos indígenas na província do Espírito Santo (1845-1889). 2020. Tese (Doutorado em História) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, 2020.

SAMPAIO, Patrícia Maria Melo. Política indigenista no Brasil imperial. In: GRINBERG, Keila; SALLES, Ricardo (org.). O Brasil imperial, volume I: 1808-1831. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009. p. 175-206.

SANTOS, Roberta Fernandes. Da construção do estereótipo de selvagem à representação do indígena brasileiro no livro didático de História. Escritas do tempo, Marabá, v. 2, n. 6, p. 58- 73, 2020.

SILVA, Alberto da Costa e (coord.). Crise colonial e independência: 1808-1830. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.

SILVA, Isabelle Braz Peixoto da. O Relatório provincial de 1863 e a expropriação de terras indígenas. In: OLIVEIRA, João Pacheco de (org.). A presença indígena no Nordeste: processos de territorialização, modos de reconhecimento e regimes de memória. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2011. p. 327-388.

VALLE, Carlos Guilherme Octaviano do. Conflitos, identidades e aldeamentos indígenas no Ceará do século XIX: um exercício de Antropologia Histórica. In: VALLE, Carlos Guilherme Octaviano do; SCHWADE, Elisete (org.). Processos sociais, cultura e identidades. São Paulo: Annablume, 2009. p. 15-87.


Organizadores

João Paulo Peixoto Costa –  Doutor em História Social pela UNICAMP. Professor do IFPI e do PROFHISTÓRIA/UESPI Uruçuí/Piauí/Brasil. E-mail:  [email protected] ORCID: http://orcid.org/0000-0001-6767-4104

Tatiana Gonçalves de Oliveira – Doutora em História pela UFRRJ. Professora adjunta da UESPI Floriano/Piauí/Brasil. E-mail: [email protected] ORCID: http://orcid.org/0000-0001-9496-0077


Referências desta apresentação

COSTA, João Paulo Peixoto; OLIVEIRA, Tatiana Gonçalves de. Povos indígenas no Brasil oitocentista. Outros Tempos. São Luís, v. 19, n. 34, p. 131-138, 2022. Acessar publicação original [DR]

Acessar dossiê

Identidade e fronteiras étnicas: a prática da língua ucraniana em Prudentópolis – PR (1940-2018) | Lourenço Resende da Costa

Detalhe de capa de Identidade e fronteiras etnicas a pratica da lingua ucraniana em Prudentopolis – PR 1940 2018
Detalhe de capa de Identidade e fronteiras étnicas: a prática da língua ucraniana em Prudentópolis – PR (1940-2018)

A obra Identidade e fronteiras étnicas: a prática da língua ucraniana em Prudentópolis – PR (1940-2018) discorre acerca da língua ucraniana enquanto elemento basilar para a manutenção da cultura ucraniana no município de Prudentópolis, no estado do Paraná. O livro, de autoria de Lourenço Resende da Costa, é produto de sua tese defendida em 2019, visando à conclusão do Doutorado em História, pela Universidade Federal do Paraná – UFPR. Apesar de ser uma obra que se insere no campo da História, a sua contribuição se estende à área da Linguística, uma vez que traz elementos passíveis de análise também nesse horizonte. Nesse sentido, em termos de problemática, o autor desdobra criticamente o fato de que a língua ucraniana está sendo cada vez menos falada e transmitida às gerações mais jovens – língua esta que representa e continua sendo um elo identitário, além de ser considerado um fator fundamental das fronteiras étnicas entre os descendentes de ucranianos daquele município.

Lourenço Resende da Costa é professor de História e Pedagogo pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED/PR), e organizador de diversos livros: Faces do Paraná: (i)migrações, cultura e identidades (2021); Ucranianos e seus descendentes no Paraná: religiosidade e identidades etnoculturais (2021); Gênero, mulheres e masculinidades na história, literatura e no cinema (2019); Fragmentos de  Identidade e Cultura (2018); e Diversidade étnica e cultural no interior do Paraná (2016). Leia Mais

Outros Tempos. São Luís, v.19, n.34, 2022.

Outros Tempos UFMA

Dossiê – POVOS INDÍGENAS NO BRASIL OITOCENTISTA

Artigos

Resenhas (Livres)

Estudo de caso

Entrevista

Resenhas

Publicado: 2022-07-04

Grupos vulneráveis e políticas públicas | História Debates e Tendências | 2022

Grupos vulneraveis. Imagem PT
Grupos vulneráveis. Imagem | PT

O dossiê temático Grupos Vulneráveis e Políticas Públicas objetiva dar visibilidade para os debates que envolvem a complexidade das experiências dos grupos e pessoas submetidos a regimes de opressão e de invisibilidade histórica, decorrentes de distintos e entrelaçados marcadores sociais, tais como: raça, gênero, orientação sexual, religião, etnia, incapacidades físicas, psicológicas e etárias. Destaca-se, neste contexto, a formulação, execução, acompanhamento e avaliação de políticas públicas internacionais, nacionais, regionais ou locais, capazes de proteger e atenuar os impactos dos grupos em situação de vulnerabilidade.

Assim, a proposta deste dossiê é realizar interfaces entre políticas públicas e grupos vulneráveis, aqueles que “são os mais necessitados entre os necessitados”, numa perspectiva aberta, interdisciplinar, complexa e polissêmica, capaz de reconhecer tais problemáticas como lutas coletivas e históricas Leia Mais

História – Debates e Tendências. Passo Fundo, v.22, n.2, 2022.

Historia Debates e Tendencias

Dossiê: “Grupos Vulneráveis e Políticas Públicas”

Editorial

Dossiê

Artigos Livres

Publicado: 2022-07-04

Introdução à apresentação de trabalhos em congressos científicos – Minicurso

Pequeno agricultor Foto Ana Chaffin
Pequeno agricultor | Foto: Ana Chaffin

Meta

  • Neste minicurso, orientamos os alunos do Mestrado Profissional em História, da Universidade Federal de Sergipe, na produção de trabalhos acadêmicos publicados em Anais e para a apresentação oral ou em painel desses mesmos trabalhos. A orientação está em forma de sequência didática, que se ocupa, nas próximas três horas, das tarefas de produção de resumo e inscrição em eventos em sete momentos didáticos. Nas três horas seguintes, faremos a avaliação colaborativa dos textos produzidos nas primeiras três horas do minicurso.


Definindo Trabalhos publicados em Anais e Comunicações

  • O escrito acadêmico apresentado em eventos científicos recebe o nome de “comunicação” e a sua publicação é designada “trabalho completo publicado em anais”. Comunicações e trabalhos em anais são gêneros textuais que informam à comunidade acadêmica sobre determinada investigação, ao tempo em que submetem os objetivos e os resultados à crítica dessa mesma comunidade.
  • Sua estrutura da informação obedece às normas de cada congresso, simpósio ou encontro acadêmico. Em geral, contudo, ela contempla os elementos básicos de um projeto de pesquisa. Esses elementos estão dispostos de modo ampliado, no trabalho completo, e de modo sintético, no resumo simples ou no resumo expandido. Aqui, vamos exercitar a construção de um resumo simples (embora, qualificado).

Sequência didática

  • Momento 1
  • Trabalhos publicados em Anais e Comunicações científicas apresentam pesquisa inédita de tipo vário.
  • Pesquisa exploratória
    • Revisões da literatura
    • Inventário e crítica de fontes
  • Pesquisa em andamento
    • Na forma de um tópico
    • Na forma de um capítulo de monografia, dissertação ou tese
  • Pesquisa concluída
  • Atividade
  • Pense e descreva em três linhas a natureza da sua pesquisa (5 min)

 

  • Momento 2
  • Toda pesquisa, independentemente do seu estado (exploratória, em andamento ou concluída) se inicia (ou se iniciou com um problema/objetivo). Se você tem um problema, pode transformá-lo em objetivo e vice-versa em relação ao objetivo.
  • Atividade
  • Pense e descreva, em três linhas, o objetivo ou o problema da sua pesquisa. (10 min)

 

  • Momento 3
  • Todo problema ou objetivo de pesquisa deve ser anunciado de modo claro e objetivo, mediante substantivos que assumem a função semântica de conceitos históricos, nomes ou categorias.
  • Atividade
  • Releia o enunciado do seu problema/objetivo de pesquisa e defina cada um dos termos e os anuncie por escrito em trecho separado (15 min).

 

  • Momento 4
  • Todo problema ou objetivo de pesquisa requer um conjunto de fontes que viabilizem a resposta à questão ou ao objetivo proposto para a pesquisa.
  • Atividade
  • Releia o problema de pesquisa e reflita sobre as fontes requeridas. Em seguida, liste as fontes, descreva sua natureza material, as informações que podem conter e os locais que as custodiam. (15 min)

 

  • Momento 5.
  • Quase todo problema de pesquisa ou objetivo sugere uma resposta provisória ou hipótese, formulada de modo intuitivo ou impressionista por parte do pesquisador.
  • Atividade
  • Releia o problema de pesquisa, reflita sobre possíveis respostas e transcreva essas respostas em até três linhas. (10 min)

 

  • Momento 6
  • Quase toda pesquisa acadêmica cumpre uma função social e está situada institucional, política e ideologicamente.
  • Atividade
  • Reflita sobre o seu lugar de fala e descreva em até cinco linhas as razões pelas quais o audiente ou o leitor deve ler o seu trabalho ou ouvir a sua comunicação, em outros termos, justifique a sua atitude para empreender essa pesquisa. Depois disso, anuncie a vinculação a sua vinculação institucional. (15 min)

 

  • Momento 7
  • Toda o trabalho acadêmico recebe um título que comunica sinteticamente o seu conteúdo.
  • Atividade
  • Releia o objetivo ou problema de pesquisa e a hipótese (se for o caso) e redija um título e um subtítulo (se for o caso) que expresse fielmente o conteúdo do seu resumo qualificado. Ele deve conter: o conceito histórico, o nome ou a categoria central do seu trabalho, o objeto (a coisa que você pesquisa) e dados sobre tempo e o espaço que limitam a sua investigação. (5 min)

 

  • Momento 8
  • Penso que, agora, vocês têm elementos suficientes para compor um resumo qualificado que deve, repito, ser adequado (ou adequar-se) às regras do evento em causa (quantidade de palavras, caracteres, formatação de termos e fontes, alinhamento de texto etc.).
  • Atividade
  • Releia os fragmentos de textos construídos nos momentos 1 a 7, corrija a sintaxe, descarte as repetições e insira as partículas de coesão de forma a compor um texto semelhante ao modelo abaixo. (15 min)
  • Se sentir muita dificuldade, pode seguir o modelos abaixo, inserindo os elementos redigidos nos passos 1 a 6 e modificando ao seu gosto os termos e expressões iniciais e finais de cada período do modelo.

 


Modelo de redação para um resumo qualificado [1]

TÍTULO: SUBTÍTULO [Nome, conceito e ou categoria; tempo e espaço]

AUTORIA

VINCULAÇÃO INSTITUCIONAL 

Neste trabalho, tratamos da xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx [aqui você põe o tema, de preferência, em uma só palavra], questionando se xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx [aqui você põe as questões principais da sua pesquisa. Na ausência delas ou em caso de dúvidas sobre a relevância das questões, use os objetivos principais. Você também pode transformar os objetivos em perguntas, iniciando com um “como”, “por que”, “qual”, “quanto” ou “em que medida” e encerrando com um sinal de interrogação]. O texto resulta de investigação desenvolvida junto ao xxxxxxxxxxxxxx, como requisito à xxxxxxxxxxxxxxxx [aqui você informa as vinculações institucionais da pesquisa]. Ele é parte da xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx [aqui, você informa o lugar deste texto no contexto da pesquisa anunciada]. Motivado por uma xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx [aqui você põe as justificativas alegadas pelo autor para construir o texto], conjecturamos que xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx [aqui você põe as hipóteses (caso existam) para a resolução do problema ou o cumprimento dos objetivos]. Nele, exploramos xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx [aqui você anuncia as fontes empregadas], mediante estratégias de xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx [aqui você põe o(s) método(s) empregados na leitura das fontes, na abordagem do tema, na abordagem da questão e/ou na interpretação dos resultados da leitura das fontes]. Como conclusão parcial, afirmamos que xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx [aqui você põe as respostas apresentadas às questões ou objetivos].

Palavras-chave: xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx [aqui você põe de três a cinco termos ou locuções que melhor identifiquem o livro resumido no domínio de pesquisa ao qual pertence].

Lembre-se:

Este texto é um modelo. Quando fizer o seu resumo, troque alguns termos que iniciam as frases por sinônimos ou inverta a dos elementos da oração, marcando o seu estilo. Você também pode trocar a ordem dos elementos básicos do resumo, desde que mantenha o anúncio do tema no início e o anúncio das conclusões no final. Para fazer o primeiro resumo, porém, aconselho que preencha os “xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx” e exclua os [textos entre colchetes], sem nada alterar na estrutura acima. Apenas verifique se o texto resumo está coeso.

[1] Máximo de 1.300 caracteres com espaço, das referências à última palavra-chave.


Apresentação propriamente dita

É uma comunicação formal ao mundo acadêmico sobre o que você produz.

  1. Formule um texto para ser falado. Seja claro e conciso e original.
  2. Apresente-se de forma sumária – nome, filiação institucional e natureza da pesquisa.
  3. Em seguida, apresente a questão ou o objetivo.
  4. Por fim, apresente resultados.
  5. Encerre com uma conclusão em duas ou três frases que você julga derverem ficar na memória de quem te assiste.
  6. Evite a linguagem rebuscada e a linguagem chula. Foque no que você produziu e não na revisão da literatura ou no quadro teórico. Reserve 70% do tempo para tratar das suas conclusões (parciais ou finais).
  7. Se for usar slides, prefira linguagem tópica. Se usar linguagem dissertativa, evite ler o slide (pecado mortal). O slide serve também para descansar a vista do leitor e te deixa livre.
  8. Se estiver inseguro na fala (memória), use apenas um slide como sumário da comunicação, passando a vista, de vez em quando, para não perder o fio da narrativa.
  9. Se o moderador avisar que faltam dois minutos (ou algo do tipo), salte imediatamente para as conclusões. Você poderá retomar a fala ausente no momento das perguntas.

Os instrumentos de interação

A comunicação é formal também em termos de etiqueta.

  1. Use a primeira pessoa durante as falas.
  2. Use roupa e formal: “da formalidade a gente nunca se arrepende”.
  3. Não se coce, não mastigue, não interrompa uma frase para tomar água.
  4. Responda exatamente o que o mediador quer saber. Você pode dizer não sei. Pode dizer não é bem esse o foco da minha pesquisa etc. Só não pode ser indelicado com Se o questionador (embora ele não deva, mas) for indelicado com você, não revide.
  5. Assista todas as apresentações.
  6. Faça ao menos uma pergunta inteligente a um dos apresentadores.

Estrutura e Funcionamento do Ensino

Bem-vindos

Colegas, bom dia!

Sejam bem-vindos ao curso de “Estrutura e Funcionamento do Ensino”. Espero que todos estejam com saúde e assim permaneçam durante o curso.

Para evitar quebra de expectativas com o nosso curso, antecipo essa minuta do programa, informando o que a Universidade (o professor) vai oferecer a vocês e o que a Universidade (o professor) está esperando de vocês. Peço que leiam com atenção e se certifiquem de querem mesmo seguir este curso e com o atual professor.

Essa mensagem também cumpre outra função. Gostaria de transformar o primeiro dia de encontro em lugar de aprendizagem efetiva, ao contrário de uma situação de explicitação de programas. A vida universitária é muito cara, para vocês e para os contribuintes. Vamos usar o tempo da melhor forma possível.

Até breve

Itamar Freitas.

São Cristóvão, 03 de julho de 2022.


A natureza metodológica do curso

O curso é estruturado em 60 horas de encontros. Todas as horas devem ser empregadas efetivamente nas atividades do curso, ou seja, o trabalho deve ser desenvolvido, estritamente, nas quatro aulas semanais e nos horários prescritos pela oferta universitária. Trata-se de um empreendimento estruturado em métodos ativos de ensino-aprendizagem. Isso significa que, praticamente, NÃO HÁ aulas expositivas do professor. NÃO HÁ coisas a serem ouvidas ou vistas em exposição oral. NÃO HÁ aulas/textos/atividades de recuperação para os que faltam às atividades. Considerando a natureza da matéria (estrutura e funcionamento do ensino escolar no Brasil), o curso é realizado mediante a leitura, produção fichamentos (resumos, esquemas, mapas conceituais etc.) e o exercício dessa produção em atividades individuais.

Pré-requisitos para a permanência no curso

Da parte de vocês, espero que estejam predispostos a ler e a fichar textos básicos sobre a matéria com autonomia e a participarem das avaliações somativas no tempo e local especificados.

Comprometimentos do professor do curso

Da minha parte, garanto a oferta de literatura especializada e atualizada sobre a matéria do curso (contida no programa e nos anexos), base de dados especializada para as buscas (blog Resenha Crítica organizado pelo professor), espaço virtual de interação, quando necessário (meet, conta pessoal do professor).

Avaliação e notas

O curso está estruturado em três unidades que geram três avaliações individuais somativas. As notas totais atribuídas a cada avaliação variam de 0 a 10 e seguem para o sistema acadêmico.

As avaliações são do tipo questionário com 20 itens de resposta construída, selecionada e/ou mista, com quatro alternativas de resolução.

Objetivo geral

Conhecer, analisar e criticar documentos básicos que estruturam o ensino escolar brasileiro em termos de valores, criação, gestão, financiamento e regulação dos saberes e práticas do ensino-aprendizagem.

valores básicos, sujeitos, funções e natureza da sua regulação e gestão, do seu financiamento e da prescrição de finalidades, métodos e conteúdo.

Objetivos específicos

Conhecer, analisar e criticar valores básicos da educação escolar nacional em termos de princípios e modos de financiamento, prescritos na Constituição Federal de 1988 e no Plano Nacional da Educação (PNE).

Conhecer, analisar e criticar sujeitos, funções e natureza da criação, regulação e gestão escolares, prescritos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN) e nas Diretrizes Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica.

Conhecer, analisar e criticar sujeitos, funções e natureza das finalidades, métodos e conteúdo da educação escolar nacional, segundo prescrições da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) e da Reforma do Ensino Médio.


UNIDADE I - PRINCÍPIOS E MODOS DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO NACIONAL

Objetivo: Conhecer, analisar e criticar valores básicos da educação escolar nacional em termos de princípios e modos de financiamento, prescritos na Constituição Federal de 1988 e no Plano Nacional da Educação (PNE).

Texto básico 1: Constituição Federal de 1988

Texto básico 2: Plano Nacional de Educação (HTML) | PDF

Texto básico 3: Conhecendo os valores que orientam a educação escolar brasileira na Constituição de 1988 [Exposição oral que abre a primeira unidade]

Texto básico 4: Lendo como um profissional do Direito  [Texto de auxílio à leitura da Constituição de 1988]

Texto básico 5: A metodologia da interpretação da Constituição tradicional (Excertos) [Texto de auxílio à leitura da Constituição de 1988]

Atividade 1: ler, discutir colaborativamente e fichar os textos básicos (1 e 2), buscando responder às questões chave implícitas no objetivo da unidade, ou seja, conhecer, analisar e criticar princípios, metas, sujeitos, funções e natureza e as fontes de financiamento da educação escolar nacional.

Atividade 2: responder prova escrita de vinte itens de resposta construída, selecionada e/ou mista, em período de até quatro horas aula.

Atividade 3: discussão sobre a avaliação somativa e retroalimentação promovida pelo professor.

Calendário - Turma I - Quarta-feira/Sexta-feira, das 17 às 18h30.

  • 06/07/2022 - Apresentação e discussão do programa
  • 13/07/2022 - Sobre o conceito de valor e os valores explicitados na Constituição de 1988 que impactam diretamente na Educação
  • 15/07/2022 - Valores constitucionais na educação - estudos de caso
  • 20/07/2022 - Atividade 1
  • 22/07/2022 - Atividade 1
  • 27/07/2022 - Atividade 1
  • 29/07/2022 - Atividade 1
  • 05/08/2022 - Atividade 2 do item 01 ao 10
  • 10/08/2022 - Atividade 3 do item 01 ao 10
  • 12/08/2022 - Atividade 2 do item 11 ao 20 (Primeira chamada)
  • 17/08/2022 - Atividade 2 do item 11 ao 20 (Segunda chamada)
  • 20/08/2022 - Atividade 2 do item 11 ao 20 (Falta de quórum)
  • 24/08/2022 - Atividade 3 do item 11 ao 20

Calendário - Turma II - Quarta-feira, das 19h às 22h30h

  • 06/07/2022 - Apresentação e discussão do programa
  • 13/07/2022 - Sobre o conceito de valor e os valores explicitados na Constituição de 1988 que impactam diretamente na Educação; Valores constitucionais na educação - estudos de caso
  • 27/07/2022 - Atividade 1
  • 03/07/2022 - Atividade 1
  • 10/08/2022 - Atividade 2
  • 17/08/2022 - Atividade 3

Calendário - Turma III - Sexta-feira, das 19h às 22h30h

  • 15/07/2022 - Apresentação e discussão do programa | Sobre o conceito de valor e os valores explicitados na Constituição de 1988 que impactam diretamente na Educação; Valores constitucionais na educação - estudos de caso
  • 22/07/2022 - Atividade 1
  • 29/07/2022 - Atividade 1
  • 05/08/2022 - Atividade 2
  • 12/08/2022 - Atividade 3
  • 19/08/2022 - Atividade 3 (segunda chamada)


UNIDADE II - PRINCÍPIOS E GESTÃO

Objetivo: Conhecer, analisar e criticar sujeitos, funções e natureza da criação, regulação e gestão escolares, prescritos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN) e conhecer os marcos legais, as áreas do conhecimento, as competências gerais, as competências de área do conhecimento e a estrutura sintática das expectativas de aprendizagem prescritas na BCNN.na Base Nacional Curricular Comum (BNCC).

Texto básico 1: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

Texto básico 2: Base Nacional Curricular Comum

Atividade 1: ler, discutir colaborativamente e fichar os textos básicos (1 e 2), buscando responder às questões chave implícitas no objetivo da unidade, ou seja, conhecer, analisar e criticar sujeitos, funções e natureza da criação, regulação e gestão escolares, prescritos na LDBN e conhecer os marcos legais, as áreas do conhecimento, as competências gerais, as competências de área do conhecimento e a estrutura sintática das expectativas de aprendizagem prescritas na BCNN.

Atividade 2: responder prova escrita de vinte itens de resposta construída, selecionada e/ou mista, em período de até quatro horas aula.

Atividade 3: discussão sobre a avaliação somativa e retroalimentação promovida pelo professor.

Calendário - Turma I - Quarta-feira/Sexta-feira, das 17 às 18h30.

  • 26/08/2022 - Sujeitos, funções e estrutura da Educação Nacional.
  • 31/08/2022 - Atividade 1
  • 02/09/2022 - Atividade 1
  • 09/09/2022 - Atividade 1
  • 14/09/2022 - Atividade 1
  • 16/09/2022 - Atividade 2 (do item 01 ao 10)
  • 21/09/2022 - Atividade 3 (do item 01 ao 10)
  • 23/09/2022 - Atividade 2 (do item 11 ao 20)
  • 28/09/2-22 - Atividade 3 (do item 11 ao 20)

Calendário - Turma II - Quarta-feira, das 19h às 22h30h

  • 24/08/2022 - Sujeitos, funções e estrutura da Educação Nacional; estudos de caso.
  • 31/08/2022 - Atividade 1
  • 14/09/2022 - Atividade 1
  • 21/09/2022 - Atividade 2
  • 28/09/2022 - Atividade 3

Calendário - Turma III - Sexta-feira, das 19h às 22h30h

  • 26/08/2022 - Sujeitos, funções e estrutura da Educação Nacional; estudos de caso.
  • 02/09/2022 - Atividade 1
  • 09/09/2022 - Atividade 1
  • 16/09/2022 - Atividade 2
  • 23/09/2022 - Atividade 3

UNIDADE III - PRINCÍPIOS E CURRÍCULOS

Objetivo: Conhecer, analisar e criticar sujeitos, funções e natureza das finalidades, métodos e conteúdo da educação escolar nacional, segundo prescrições da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) e do Novo Ensino Médio.

Texto básico 1: Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação)

Texto básico 2: Reforma do Ensino Médio (Lei 13.415/17)

Texto básico 3: Estrutura da BNCC-Formação

Atividade 1: ler, discutir colaborativamente e fichar os textos básicos (1 e 2), buscando responder às questões chave implícitas no objetivo da unidade, ou seja, conhecer, analisar e criticar princípios, metas, sujeitos, funções e natureza das finalidades, métodos e conteúdo da educação escolar nacional.

Atividade 2: responder prova escrita de vinte itens de resposta construída, selecionada e/ou mista, em período de até quatro horas aula.

Atividade 3: discussão sobre a avaliação somativa e retroalimentação promovida pelo professor.

Calendário - Turma II - Quarta-feira, das 19h às 22h30h

  • 05/10/2022 - Atividade 1 - BNCC - Formação
  • 12/10/2022 - Atividade 1 - BNCC - Formação
  • 19/10/2022 - Atividade 1 - BNCC - Formação
  • 09/11/2022 - Atividade 2 - BNCC - Formação
  • 06/11/2022 - Atividade 3 - BNCC - Formação

Calendário - Turma III - Sexta-feira, das 19h às 22h30h

  • 30/09/2022 - Atividade 1 - BNCC - Formação
  • 07/10/2022 - Atividade 1 - BNCC - Formação
  • 14/10/2022 - Atividade 1 - BNCC - Formação
  • 21/10/2022 - Atividade 2 - BNCC - Formação
  • 04/11/2022 - Atividade 3 - BNCC - Formação

REFERÊNCIAS PARA CONSULTA

CURI, Carlos Roberto Jamil; REIS, magali; ZANARDI, Teodoro Adriano Costa (Org). Base Nacional Comum Curricular: dilemas e perspectivas. São Paulo: Cortez, 2021.

SAVIANI, Dermeval. Da LDB (1996) ao novo PNE (2014-2024): por uma outra política educacional. Campinas: Autores Associados, 2919.

SAVIANI, Dermeval. Sistema Nacional de Educação e Plano Nacional de Educação: significado, controvérsias e perspectivas. 2ed. Campinas: Autores Associados, 208.

VILLA, Marco Antonio. História das Constituições brasileiras. São Paulo: Texto Editores, 2011.


ALGUMAS EXPOSIÇÕES DIDÁTICAS DISPONÍVEIS NA REDE MUNDIAL DE COMPUTADORES.

Filosofia e História da Biologia. São Paulo, v.17, n.1, 2022.

Volume 17, número 1, janeiro/junho de 2022.

O décimo sétimo volume de Filosofia e História da Biologia foi editado por Lilian Al-Chueyr Pereira Martins e Maria Elice Brzezinski Prestes.

Editorial

  • Editorial
  • Lilian Al-Chueyr Pereira Martins, Maria Elice de Brzezinski Prestes
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Artigos

Tradução

Publicado: 2022-07-03

Homenagem a Pierre Ansart: quais suas herança para pensarmos as linguagens das paixões políticas? | História- Questões & Debates | 2022

Por que um dossiê da revista História: questões e debates homenageia academicamente o sociólogo Pierre Ansart (1922-2016), professor emérito da Université Paris VII-Denis Diderot? Com certeza por ser um sociólogo de prestígio internacional cuja ousadia, compartilhada pelo colega e amigo Eugène Enriquez, introduziu a psicologia no campo da sociologia tradicional. Aqui, entre nós no Brasil, foi decisiva sua contribuição teórica e organizacional ao Núcleo História e Linguagens Políticas: razão, sentimentos e sensibilidades (UNICAMP), criado no Convênio PARIS VII/ UNICAMP em 1991. Ansart, crítico declarado das ortodoxias e adepto das abordagens transdisciplinares, estudou a obra de Proudhon e as utopias políticas projetando suas significações sócio-históricas e em particular suas dimensões emocionais. Apontou questão sensível para historiadores e outros pesquisadores das ciências humanas – o lugar dos sentimentos e das paixões na história e sua relevância para a compreensão do político e sua gestão. Por duas décadas atuou significativamente neste Núcleo onde realizou conferências, participou dos debates e das publicações; na França editou coletâneas de três dos Colóquios aqui sediados: Sentiments et identités: les paradoxes du politique (Les Cahiers du Laboratoire de Changement Social, Paris: Ed.Paris VII, 1998); Le ressentiment (Bruxelas: Bruylant, 2002) e Le sentiment d’humiliation [Press Editions, 2006].

Os artigos se detêm na reflexão sobre a(s) herança(s) de Ansart, ele mesmo se reconhecendo herdeiro de vários outros autores, como legado presente de distintas maneiras nos trabalhos de membros do Núcleo, suscitando a questão: de que herança(s) Ansart e nós somos herdeiros? Herança(s) entendidas como re-afirmação do passado e inscrição na vida por vir, em usos não pre(e)scritos [Derrida; Roudinesco. De quoi demain. Dialogue. Paris: Galilée, 2001]. A iniciativa do dossiê se soma à tradução para o português, por Jacy Seixas, das obras mais conhecidas de Ansart: La Gestion des Passions Politiques (L’Age d’Homme, 1983), lançada em 2019; e Les Cliniciens des Passions Politiques (Éditions du Seuil, 1997), publicada agora em 2022, ambas pela Editora da UFPR. Leia Mais

História Questões & Debates. Curitiba, v.70, n.2, 2022.

Homenagem a Pierre Ansart: quais suas heranças para pensarmos as linguagens das paixões políticas?

DOSSIÊ HOMENAGEM A PIERRE ANSART: QUAIS SUAS HERANÇAS PARA PENSARMOS AS LINGUAGENS DAS PAIXÕES POLÍTICAS?

ARTIGOS

TRADUÇÃO

Vivir en policía y a son de campana. El establecimiento de la república de indios en la provincia de Santafé/ 1550-1604 | Jorge Iván Marín Taborda

Jorge Ivan Marin Taborda Imagem ResearchGate
Jorge Iván Marín Taborda | Imagem: ResearchGate

Qué difícil es organizar una sociedad humana. La propia historia universal nos ha­bla de esa misma complejidad y de que, bajo las diversas formas culturales, sub­yacen parecidos mecanismos de resistencia y dominación: esa vieja y sempiterna lucha de clases con todos sus aditamentos de etnia, posición económica y desarro­llo cultural. Decía Richard Leakey que lo que diferencia a las complejas sociedades de hormigas de las humanas, es que las hormigas construyen complejísimas ca­tedrales llenas de conductos, pasadizos y estancias funcionales adecuadas a sus usos distintivos, pero no podían dejar de construirlas porque no tenían ninguna otra opción. Las humanas, sin embargo, podían decidir entre diferentes formas de desarrollo cultural y social evolutivo, y, según su mayor o menor adaptación al me­dio, habían conseguido evolucionar de uno u otro modo. Sin embargo, ese libre albedrío subyacente en la concepción cristiana de Leakey choca con la demostrada limitada capacidad adaptativa humana al desarrollar sus propias sociedades, de tomar sus propias decisiones, de elegir su propio destino.

Quizá la lección más importante de Iván Marín sea esa limitación que su su­gerente y documentada investigación demuestra con respecto a la siempre finita capacidad humana de decidir sobre la sociedad que se quiere desarrollar: la cam­pana y la policía, la policía y la campana son dos de esos componentes simbólicos que al tiempo que construyeron esa particular idiosincrasia castellana, limitaron su capacidad de desarrollo social a los estrechos márgenes que les otorgaron esos dos elementos. Las nuevas sociedades castellanas de tiempos de la conquista contra los musulmanes o de tiempos de la invasión en América, trasladaron esos mismos símbolos como eficaces limitadores de su desarrollo social. Bucear, como propone Marín por medio de Miura, en las sociedades castellanas medievales, es aprehender y comprender los mecanismos de dominación que se pusieron en práctica en América durante el proceso de invasión de esos territorios: la policía y la campana, la campana y la policía. Leia Mais

Los ingenios del pincel. Geografía de la pintura y la cultura visual en la América colonial | Jaime Humberto Borja Gómez

Jaime Humberto Borja Gomez Imagem Banrepecultural
Jaime Humberto Borja Gómez | Imagem: Banrepecultural

Los siglos XVI, XVII y XVIII se presentaron como una bisagra entre dos mundos. Uno, ensamblado sobre una cultura oral que daba prelación a la retórica; otro, el del fortalecimiento de una cultura escrita ligada al surgimiento de la imprenta. El texto de Jaime Humberto Borja, Los ingenios del pincel. Geografía de la pintura y la cultura visual en la América colonial, entronca directamente con este contexto, no solo por la temática que aborda a lo largo de sus 577 páginas, sino también gracias a que su obra, tal como les ocurrió a muchos pensadores de los siglos XVII y XVIII, descansa sobre una transformación cultural: el tránsito de la cultura escrita a la cultura digital.

La asociación planteada por el autor entre el desarrollo de las nuevas tecno­logías y la investigación histórica, reposa aquí sobre dos pilares: uno, el uso de una fuente visual digital, y otro, el de la configuración de un e-book que, al rom­per con la linealidad de lo escrito, conecta las nuevas tecnologías con la investi­gación académica. El resultado plantea de entrada una posible salida al uso de lo digital en el marco de las humanidades, problema que ya ha supuesto para las ciencias sociales un álgido debate en lo tocante tanto a la catalogación de los nue­vos contenidos web, como a la definición del concepto mismo de fuente histórica, resignificado tras la explosión digital. La complejidad del debate, registrada por el autor en su texto (85-86), ha determinado una lenta vinculación de las meto­dologías propias del quehacer historiográfico con lo digital. Conceptos como big data, comunicación multimedial y multimodal, o coleccionismo digital aparecen registrados como parte de esta renovación de las humanidades, reconfiguradas ahora bajo el signo de lo que se ha denominado humanidades digitales y, particu­larmente, historia digital (86). Leia Mais

Morir de amor. Violencia conyugal en la Nueva Granada. Siglos XVI al XIX | Mabel Paola López Jerez

Mabel Paola Lopez Jerez Imagem Unal
Mabel Paola López Jerez | Imagem: Unal

Morir de amor. Violencia conyugal en la Nueva Granada. Siglos XVI al XIX es un li­bro de historia destinado al público general, en el cual la autora se interesa por mostrar las formas consuetudinarias de violencia conyugal y las transformaciones que comenzaron a darse en el siglo XVIII en el territorio de la Nueva Granada. La intención explícita de difundir esta obra en un amplio público tiene que ver con hacer más visibles las secuelas y las consecuencias que aún perduran en el trato conyugal, particularmente en las agresiones a las mujeres.

La hipótesis central del texto es que las nuevas ideas del discurso ilustrado so­bre las capacidades de “individuación” y raciocinio de la mujer, así como en torno a la armonía que debía primar en el hogar, obraron cambios en las actitudes y las acciones contra la violencia conyugal. Estos nuevos modos de pensar sostuvie­ron un contrapunteo con la tradición imperante sobre el matrimonio, la autori­dad del marido, la naturalización del castigo y el ideal de perfección de la mujer. Para la investigación resulta primordial la propuesta de que los cambios no se die­ron de igual manera en todos los estamentos sociales y que estuvieron en relación directa con el conocimiento y la adscripción de los sujetos en torno a los nuevos preceptos racionalistas. No es el primer estudio en el que la autora incursiona en la violencia conyugal, pues viene antecedido por otros que se preocupan por el maltrato físico, el castigo, el matrimonio y el miedo a la mujer1 Leia Mais

Economía/ obras públicas y trabajadores urbanos. Ciudad de México: 1687-1807 | Enriqueta Quiroz

Detalhe de capa de Economia obras publicas y trabajadores urbanos
Detalhe de capa de Economía, obras públicas y trabajadores urbanos

Las investigaciones sobre el mundo del trabajo, en general, y el urbano, en par­ticular, tienen en la actualidad un amplio recorrido, visible tanto en la nutrida producción historiográfica como en los diversos enfoques desde los que se han acometido estos estudios. Junto a los trabajos clásicos, bajo métodos de la so­ciología y la economía, enfocados primordialmente en la organización de las cor­poraciones de oficios, en el movimiento obrero o en los trabajadores de sectores estratégicos como el minero, han ido apareciendo investigaciones que han suma­do nuevas perspectivas en boga en la historia social, como la visión cultural de la sociedad o el enfoque de género, y que han establecido vasos comunicantes con la historia cultural, la urbana y la de la vida cotidiana. Algunos trabajos, además, han recurrido a los procedimientos clásicos para responder a nuevas preguntas. Este es el caso del libro que aquí se reseña, Economía, obras públicas y trabajado­res urbanos. Ciudad de México: 1687-1807. En él, Enriqueta Quiroz muestra que no se han agotado las posibilidades de análisis en este campo y que el examen de las políticas económicas y el empleo de la estadística brindan elementos que permi­ten un mejor entendimiento de los trabajadores en espacios urbanos.

El libro se centra, con detalle, por un lado, en el estudio de las políticas econó­micas que promovieron la construcción de obras públicas, con el fin de establecer la importancia de estas como mecanismos para fomentar el trabajo remunera­do y, por otro lado, en el análisis cuantitativo y espacial de los trabajadores em­pleados en esas construcciones, sin olvidar una aproximación a sus condiciones de vida. Para ello, se apoya en una amplia serie de fuentes archivísticas, algunas, como los libros de cuentas salariales, poco empleadas por la historiografía, y en la revisión de una extensa y variada bibliografía sobre los temas centrales de la obra. En este sentido, es preciso destacar la capacidad de la autora para recons­truir las condiciones laborales de esos trabajadores, a partir de fuentes en muchos casos fragmentarias, así como el cuidado en la elaboración de gráficas, cuadros y planos que le permiten no solo presentar de forma muy clara la información, sino también reforzar sus propuestas. Desde luego, ese es uno de los méritos del libro. Leia Mais

Fronteras de la Historia. Bogotá, v.27, n.2, 2022.

Fronteras de la Historia

Colombia y el mar Caribe. Política, sociedad y cultura

Sección especial

Sección general

Reseñas

Publicado: 2022-07-01

Para a Glória de Deus, e do Rei? Política, religião e escravidão nas Minas do Ouro (1693-1745) | Renato da Silva Dias

D. Joao VI Rei de Portugal Detalhe de capa de Para a Gloria de Deus e do Rei Politica religiao e escravidao nas Minas do Ouro 1693 1745
D. João VI, Rei de Portugal | Detalhe de capa de Para a Glória de Deus, e do Rei? Política, religião e escravidão nas Minas do Ouro (1693-1745)

A obra em questão vem a lume dezesseis anos após a sua apresentação como tese de doutoramento em História, defendida pelo autor em 2004, na UFMG, sob orientação da professora Carla Anastasia. Nesse intervalo muita coisa se escreveu a respeito da história mineira no século XVIII.2 O trabalho de Renato da Silva Dias, Professor de História na Universidade Estadual de Montes Claros, não se preocupou em antecipar modismos e talvez por isso, recolocado no contexto atual, tenha preservado sua originalidade. Tributário da riquíssima historiografia que, nas décadas de 1980 e 1990, reescreveu a história de Minas Gerais no período colonial, Para a Glória de Deus e do Rei? explorou, em grande parte, as peculiaridades que tornaram a experiência mineradora um evento histórico singular no âmbito da América Portuguesa.

O tema investigado foi o das dimensões políticas do catolicismo luso penosamente imposto aos súditos de Minas. Em especial, Dias preocupou-se em avaliar de que forma a religião católica foi apropriada e reelaborada por africanos detentores de enormes diversidades étnicas, culturais, religiosas e políticas. Aprisionados na terra natal, traficados para a América Portuguesa e revendidos a senhores situados nos arraiais mineradores e em seus respectivos campos e currais, esses trabalhadores sofreram as consequências do escravismo colonial. Estilhaçados seus antigos vínculos e pertencimentos sociais, eles foram obrigados a adotar uma Leia Mais

Impressos subversivos: arte, cultura e política no Brasil 1924-1964 | Maria Luiza Tucci Carneiro

Maria Luiza Tucci Carneiro Imagem Mosaico na TV
Maria Luiza Tucci Carneiro | Imagem: Mosaico na TV

O livro “Impressos Subversivos: arte, cultura e política no Brasil 1924-1964” foi escrito pela historiadora Maria Luiza Tucci Carneiro e lançado em 2020. A obra, que possui 212 páginas, possui as seguintes seções (todas escritas pela autora): Preâmbulo; introdução; capítulo 1 “Os impressos no mundo da sedição”; capítulo 2 “Na trilha do impresso político”; capítulo 3 “A arte de imprimir e protestar”; capítulo 4 “Artistas de protesto”; capítulo 5 “Panfletos Irreverentes”; Considerações Finais; Fontes; Bibliografia e Iconografia.

A autora fez toda a sua formação em história pela USP, tendo defendido a tese de título “O Anti-semitismo na Era Vargas: Fantasmas de uma geração (1930-1945)” e a tese livre docente “Cidadão do Mundo. O Brasil diante da questão dos judeus refugiados do nazi-fascismo (1933-1950)”. Carneiro atualmente é professora sênior da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Em sua carreira, têm realizado projetos e atividades junto de diferentes instituições, como a Associação Brasileira A Hebraica de São Paulo e o Arquivo do Estado de São Paulo. Sobre este arquivo, a historiadora já havia coordenado, junto de Boris Kossoy, um Projeto Integrado Arquivo/Universidade (PROIN) Leia Mais

Intelectuais e a modernização no Brasil: os caminhos da revolução de 1930 | Antônio Dimas Cardoso

Antonio Dimas Cardoso Imagem Inter TV
Antônio Dimas Cardoso | Imagem: Inter TV

Lançada em 2020, pela Editora Unimontes, a coletânea Intelectuais e a modernização no Brasil: os caminhos da revolução de 1930, foi resultado do trabalho de organização de Antônio Dimas Cardoso e Laurindo Mekie Pereira. O primeiro, sociólogo, o segundo, historiador, ambos compartilham a experiência de, em pesquisas anteriores, avaliar a presença e a agência intelectual nas dinâmicas de modernização, sejam nacionais ou continentais. Tratase de matéria cara aos/às investigadores/as das primeiras décadas do século XX brasileiro, uma vez que recorta justamente a fase de profissionalização intelectual em uma paisagem de mudanças políticas, econômicas e culturais, especialmente, após o fim da Grande Guerra e a ascensão de Getúlio Vargas à presidência (MICELI, 2001; JOHNSON, 1995; PÉCAULT, 1990).

A complexidade da temática macro é enfrentada por autores e autoras das áreas de Direito, Ciência Política, Sociologia e, notadamente, da História. Embora não apresente uma divisão explicita, pode-se avaliar a obra em duas partes: na primeira, que reúne os cinco capítulos iniciais, as diferentes abordagens têm em comum o objeto a partir do qual constroem a argumentação, qual seja: as trajetórias de sujeitos históricos que, nascidos no final do século XIX, se posicionaram em diferentes territórios dos espectros políticos então constituídos e atuaram nas dinâmicas históricas que levaram ao poder um novo modelo institucional. Entre defensores e opositores, o leitor e a leitora terão oportunidade compreender como os eventos de 1930 resultam de disputas, alianças instáveis e diferentes graus de afinidade. Uma segunda parte, que engloba os últimos três capítulos, dá conta de evidenciar questões mais amplas relacionadas ao ensino e às reformas educacionais, às rupturas e permanências das dinâmicas eleitorais e à forma como os eventos da política brasileira foram interpretados em Portugal, no calor dos acontecimentos. Leia Mais

Teoria da História e as Novas Humanidades: Debates Contemporâneos | Caminhos da História | 2022

Falocentrismo Metropoles
Falocentrismo | Imagem: Metrópoles

O presente dossiê reúne contribuições que enfatizam o diálogo da Teoria da História com desafios contemporâneos que têm transformado as Humanidades e suas posições epistemológicas, ontológicas e éticopolíticas. Sabemos que a emergência e a consolidação do conceito de História na modernidade impulsionou e foi impulsionada por saberes e práticas que conferiram centralidade a uma noção euro e androcêntrica de humanidade. A fratura e o questionamento dessa experiência moderna de tempo, tendo em vista seus desdobramentos violentos, foi acompanhada da tematização e interpelação de um senso mais convencional de História com base em uma ampla revisão do papel e das potencialidades das Humanidades em geral. Leia Mais

Caminhos da História. Montes Claros, v.27, n.2, 2022.

CAminhos da Historia2

Teoria da História e as Novas Humanidades: debates contemporâneos

Dossiê “Teoria da História e as Novas Humanidades: debates contemporâneos“, sob a coordenação e organização do Prof. Dr. André da Silva Ramos (UEMG), do Prof. Dr. Marcelo de Mello Rangel (UFOP) e da Profa. Dra. Thamara de Oliveira Rodrigues (UEMG).

Editorial

Dossiê

Resenha

Publicado: 2022-07-01

Familias y redes sociales. Cotidianidad y realidad del mundo iberoamericano y mediterráneo | Sandra Olivero Guidobono

Este libro abre nuevos caminos en el estudio de las familias y redes. Presenta la oportunidad de discutir un mismo problema en ámbitos históricos diferentes, tanto en Iberoamérica como la Península. Muestra cambios y continuidades, individuos, familias e instituciones, en la vida cotidiana.

Un indispensable trabajo teórico y conceptual es el realizado por Francisco Chacón Jiménez. Es un mérito del libro contener las bases de una discusión de este tipo y poco común en los libros de Historia, pero este capítulo muestra su gran trascendencia. Igualmente, este estudio es valorable por su interdisciplinariedad. No pierde el acercamiento histórico al contemplar fuentes y problemas afines en la historia. El capítulo de Ann Twinam retoma su vitalidad de la historia comparativa. Estudia ámbitos coloniales, además del ibérico, lo que propicia la discusión pocas veces abordada en forma común. El frecuente acercamiento institucional, a base de las normas, es visto desde la vida cotidiana, la ilegitimidad y el mestizaje, lo que muestra lo relativo de las normas y su constante adecuación ante las dinámicas sociales Nuevas perspectivas históricas, sobre las codificaciones sociales, son planteadas por Sandra Olivero Guidobono. Aborda el mestizaje y la ilegitimidad, mostrándolos como un elemento dinamizador de las sociedades en la Era Moderna. Las identidades resultan de su análisis como construcciones socio-culturales. La permeabilidad y las estrategias tomadas permitieron la creación de múltiples identidades, y la posibilidad de encontrar nuevos caminos en el transcurso de sus vidas. Leia Mais

Historia Mínima del yoga | Adrián Múñoz

Sin duda, fue un gran acierto del Colegio de México la preparación del libro Historia Mínima del yoga, escrito por los especialistas Adrián Muñoz y Gabriel Martino. Es una obra, aunque de título se presenta como minúscula, de contenido es inmenso. De alguna manera, es una obra pionera en el desierto historiográfico sobre la materia que nos encontramos en lengua hispana.

La misma fue estructurada en ocho capítulos o ejes temáticos, además de la introducción, una cronología, un glosario y un índice de cuadros. El corpus central del texto se organizó en: “Protoyoga: los orígenes”; “Filosofías clásicas del yoga”; “Acción y devoción”; “Mitos y leyendas en el yoga”; “Cuerpo, magia y alquimia”; “Neoyoga o los yogas de la modernidad”; “Sociedad y política” y “Posyoga o nota bibliográfica”. Un verdadero compendio de la historia de la disciplina desde sus tiempos más remotos hasta las más diversas prácticas actuales. Leia Mais

Procesos Históricos. Mérida, n.042 (21), 2022.

Julio-Diciembre 2022

Editorial

Artículos

Documentos

Reseñas bibliohemerográficas

The Everyday Nationalism of Workers: A Social History of Modern Belgium | Maarten Ginderachter

Maarten Ginderachter Foto Maria Roudenko
Maarten Ginderachter | Foto: Maria Roudenko

Si bien este libro se ocupa de pasajes históricos de Bélgica lejanos para América Latina, considero pertinente llamar la atención sobre su estimulante propuesta: estudiar los nacionalismos “desde abajo”, es decir, colocando el foco de atención en las formas en que los nacionalismos son vividos por los ciudadanos “de a pie”; aquellos que no forman parte de las elites políticas o culturales, también desarrollan sus propias representaciones sobre la nación y la identidad nacional y cuentan con agencia propia para apropiarse o rechazar la simbología nacionalista oficial.

Se trata de una propuesta de suma valía ya que hasta ahora se han estudiado muy poco los horizontes de recepción de los nacionalismos. Y debo señalar que Maarten Van Ginderachter, autor del libro, no es ningún advenedizo en estos temas, toda vez que ha desarrollado esta línea de estudio en capítulos como “On the appropriation of national identity. Studying liux de mémoire from below”),1 que aborda las apropiaciones sociales y resignificaciones sobre los “lugares de memoria” de los que habló Pierre Nora. Además, ha coordinado libros como National Indifference and The History of Nationalism in Modern Europe, 2 donde se estudia el concepto de national indifference como guía para abordar los rechazos y apatías sociales que encuentra el nacionalismo oficial (el difundido por el Estado). Asimismo, coordinó el libro Emotions and Everyday Nationalism in Modern European History 3 donde se discute sobre las emociones que enrolan los nacionalismos vistos desde la perspectiva de la población en su vida cotidiana. Leia Mais

Naturales de una ciudad multiétnica. Vidas y dinámicas sociales de los indígenas de Quito en el siglo XVII | Carlos Daniel Ciriza-Mendívil

Carlos Daniel Ciriza Imagem UPNA
Carlos Daniel Ciriza-Mendívil | Imagem: UPNA

La imagen tradicional de la América hispana durante el periodo colonial ofrecía una sociedad estática, de divisiones internas y compartimentos estancos basados en diferencias étnicas, raciales y socioeconómicas. En primer lugar, estarían las autoridades españolas; en segundo lugar, las masas de indígenas casi anónimas y, en tercer lugar, los grupos de esclavos africanos llegados al continente desde comienzos del siglo XVI. Esta impresión se habría aplicado a prácticamente todo el Nuevo Mundo, tanto a los espacios rurales como urbanos, con el matiz de una mayor presencia indígena en el campo frente a los espacios urbanos primordialmente “castellanos”. Desde hace unos cuantos años diversos trabajos están dejando esta visión simplista fuera de lugar.

Jorge Cañizares-Esguerra resume claramente la idea al considerar que no se pueden describir las sociedades coloniales simplemente añadiendo a indígenas, negros o latinos a un lienzo narrativo predeterminado, para concluir que sin estos grupos simplemente “no hay lienzo”.1 Varios trabajos recientes han contribuido a ensanchar y complicar ese lienzo, incluyendo también de manera notable la participación de las mujeres indígenas, europeas y africanas como parte sustancial de esta renovación. El trabajo de David Wheat ha reconsiderado la sociedad caribeña entre los siglos XVI y XVII para sacar a la superficie la presencia africana como una mayoría demográfica, pero también como una pieza clave en diversas esferas sociales más allá de la esclavitud.2 A su vez, en un reciente libro, Amelia Almorza Hidalgo concluye que la participación de mujeres fue radical para la creación y funcionamiento de las sociedades americanas; señala que “no se hacía pueblo sin ellas”.3 Leia Mais

Trashumante. Revista Americana de História Social. [México], n20, julio / diciembre 2022.

Trashumante

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Presentación

Os anos 20 e os projetos de modernização do Brasil | Cadernos de Pesquisa do CDHIS | 2022

Fundadores do Partido Comunista em 1922.
Fundadores do Partido Comunista, em 1922. De pé, da esquerda à direita, estão: Manoel Cendon, Joaquim Barbosa, Astrojildo Pereira, João da Costa Pimenta, Luís Peres e José Elias da Silva. Sentados, da esquerda à direita: Hermogênio Silva, Abílio de Nequete e Cristiano Cordeiro | Imagem: Arquivo ASMOB/IAP/CEDEM/Blog da Boitempo.

É com grande satisfação que apresentamos o Dossiê “Os Anos 20 e os Projetos de Modernização do Brasil” neste v. 35, n. 1 (2022), da Revista Cadernos de Pesquisa do CDHIS, do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Uberlândia. Este Dossiê traz como tema os mais recentes debates historiográficos e pesquisas, objetos, problemas e fontes de análise sobre o período da década de 1920 no Brasil, as diferentes visões de modernidade e modernização para o país. Este número é resultado da contribuição de pesquisadoras e pesquisadores de diferentes instituições do país, e se caracterizam pelo olhar e pelo potencial transdisciplinar dos temas, objetos e abordagens apresentados, o que reforça o salutar e promissor caráter coletivo da produção científica no país.

No dia 7 de setembro de 2022 será comemorado o Bicentenário da Proclamação da Independência do Brasil. O tema e a celebração encontram-se em evidência, sobremodo, devido ao contexto político, social, econômico e cultural que o país se encontra atualmente. O cenário de ano eleitoral de 2022 imprime maior expectativa acerca da centralidade que o tema assumirá, inescapavelmente. É um momento oportuno para novas propostas de interpretação sobre os significados de 1822 na história do Brasil, como também o foi em 1922, ano do primeiro Centenário. Um ano que simboliza uma década que pode ser considerada um divisor de águas na história da modernização do país. Leia Mais

Cadernos de Pesquisa do CDHIS. Uberlândia, v.35, n.1, 2022.

Cadernos de Pesquisa do CDHIS

“OS ANOS 20 E OS PROJETOS DE MODERNIZAÇÃO DO BRASIL”

  • Mário Costa de Paiva Guimarães Júnior
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Editorial

Apresentação

Dossiê

Publicado: 01-07-2022

Una ciudad al occidente. Ejidos/ urbanizaciones y barrios obreros en Bogotá | John Rodríguez Farfán

Detalhe de capa de Una ciudad al occidente. Ejidos urbanizaciones y barrios obreros en Bogota
Detalhe de capa de Una ciudad al occidente. Ejidos, urbanizaciones y barrios obreros en Bogotá

Una ciudad al occidente reúne los resultados de la tesis laureada de John Farfán como magíster en Historia y Teoría del Arte, la Arquitectura y la Ciudad de la Universidad Nacional de Colombia. Su investigación reconstruye la transición de la tenencia y apropiación de los ejidos de Santafé, Bogotá en tiempos republicanos, desde las primeras propuestas de ocupación urbana a en 1847 hasta la concreción de esos proyectos en las décadas de 1910 y 1920, pasando por su fraccionamiento y venta en el marco de las reformas liberales en la década de 1860. Para tal fin, Farfán seleccionó cuatro casos de estudio representativos, Ricaurte, San Isidro, Las Mercedes (actual barrio Ricaurte), y El Ejido (hoy barrio Pensilvania), por tratarse de los primeros esfuerzos en convertir un área rural y periurbana en parte de la ciudad como barrios obreros, y que demandaron servicios públicos y vías de acceso, abriendo así el camino para posteriores procesos de urbanización. La selección de estos casos le permite al autor hacer una reconstrucción detallada, con base en fuentes del Archivo General de la Nación, Archivo de Bogotá y Catastro Distrital, de la tenencia de la tierra, y especialmente de los procesos de compra y venta de fincas y, posteriormente, de lotes urbanos.

Más que una síntesis de los seis capítulos que componen la obra es importante destacar sus aportes historiográficos. Primero, resalta la perspectiva de larga duración que adopta. Aunque para su investigación el autor fija como fechas extremas 1847 y 1922, ese marco temporal no es una camisa de fuerza, sino una ventana de observación que, cuando la argumentación lo amerita, le permite remontarse a la antigüedad, al medioevo, al siglo XVIII o al presente. Así, por ejemplo, en el capítulo 1, Farfán explora el origen del ejido y no se limita al punto tradicional de Las siete partidas de Alfonso X en el siglo XIII o a las ordenanzas de Carlos I o Felipe II en el siglo XVI, sino que lo asocia con el ideal de ciudad en el pensamiento judeocristiano registrado en los libros bíblicos de Números y Ezequiel, y con el derecho romano. Leia Mais

La ciudad secular. Religión y esfera pública urbana en la Argentina | Roberto di Stefano

Detalhe de capa de La ciudad secular. Religion y esfera publica urbana en la Argentina
Detalhe de capa de La ciudad secular. Religión y esfera pública urbana en la Argentina

La ciudad secular. Religión y esfera pública urbana en la Argentina es una compilación realizada por Roberto Di Stefano, uno de los especialistas más destacados que tiene el país en historia de la iglesia y las religiones. Publicada en el marco de la colección ‘Las ciudades y las ideas’ de la editorial de la Universidad Nacional de Quilmes, está compuesta por siete contribuciones hechas por historiadores de distintas universidades. La originalidad del tomo radica, por un lado, en aproximarse al vínculo entre religión y ciudad, y por otro, en hacerlo no solamente sobre Buenos Aires sino también sobre ciudades de posición intermedia como Córdoba o Santa Fe, e incluso algunas estrictamente periféricas como las del Territorio Nacional de La Pampa (hoy provincia). Los autores presentan trayectorias académicas particularmente orientadas a la investigación en historia de la iglesia y las religiones, e integran un equipo cofinanciado por el CONICET y la Agencia para la Promoción Científica y Tecnológica, cuyo objetivo más general radica en identificar los momentos en que el conflicto religioso se ubicó en el centro de la escena pública y la manera en que incidió en las inflexiones centrales de la historia argentina.1

La introducción presenta al lector el enfoque que encontrará en el conjunto del estudio. Di Stefano y José Zanca realizan una excelente síntesis de la historia de las prácticas religiosas proyectadas sobre el espacio público de Buenos Aires entre las invasiones inglesas de 1806-1807 y mediados del siglo XX. Sugieren que La ciudad secular abordará manifestaciones religiosas tensionadas por el proceso secularizador del mundo moderno, tomando como lente de observación al escenario urbano. Sobre esto último, bueno es señalar, como lo hace luego Ignacio Martínez en su capítulo, que la ciudad es en general concebida por los autores bajo la acepción material de lo público: espacios concretos, pero de fronteras simbólicas difusas, frecuentados por vecinos/ciudadanos motivados por la proyección de sus acciones para recepción de un otro.2 Leia Mais

Historias urbanas de ciudades intermedias de América Latina | Anuario de Historia Regional y de las Fronteras | 2022

Project Name Renovation of the Alameda Park Jojutla Imagem Archidaries
Project Name: Renovation of the Alameda Park, Jojutla | Imagem: Archidaries

1. Introducción

Cuando fuimos invitados a coordinar un dossier sobre Historia urbana no teníamos claridad sobre el enfoque de este, pero sí sabíamos que queríamos tener la oportunidad de conocer casos y trayectorias de ciudades que no fuesen capitales nacionales o sobre las cuales hay mayor investigación historiográfica. Optamos por hacer una convocatoria amplia bajo la denominación de “ciudades intermedias”, sin una definición taxativa de tal categoría y preguntándonos, además, por su pertinencia para el campo latinoamericano.

Algunos elementos acompañaron la orientación inicial: la noción de “intermedia” significa que está en el medio de, al menos, otros dos elementos, en este caso de dos tipos de ciudades: unas mayores o más grandes, y otras, menores o más pequeñas. Por tanto, la noción de ciudad intermedia lleva implícita la idea de su pertenencia a una red jerarquizada, y a la necesidad de abordar su estudio teniendo en cuenta la noción de escala espacial, idea según la cual algunas dinámicas, actores y procesos no solo se ven de manera diferente respecto el nivel de detalle con el que observemos, sino a que ciertos elementos pueden ser particulares a determinadas situaciones territoriales. Leia Mais

Anuario de Historia Regional y de las Fronteras. Bucaramanga, v.27, n.2, 2022.

Anuario de Historia Regional y de las Fronteras

Hoja bandera

Artículos

Reseñas

Evaluadores de este número

Presentación

Revista do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo. Vitória, v.5, n.10, 2021.

História e Historiografia da Educação Capixaba

Editorial

Apresentação

Entrevista

Dossiê: História e Historiografia da Educação Capixaba

Artigos

Colaborações especiais

Resenhas

Reportagens

Publicado: 01-07-2022

Vozes negras na história da educação: racismo/educação e movimento negro no Espírito Santo (1978- 2002) | Gustavo Henrique Araújo Forde

O livro ora resenhado é resultado da pesquisa realizada pelo autor no doutorado em educação na Universidade Federal do Espírito Santo. Selecionada no Edital de projetos da Secretaria de Estado da Cultura do Estado do Espírito Santo. O texto revela uma face ainda muito silenciada da presença da população negra na história da educação brasileira.

As principais questões que movimentaram Forde ao longo da pesquisa foram: de que modo a educação foi constituída como pauta central do movimento negro do Espírito Santo? Quais usos e sentidos foram atribuídos à educação pelo conjunto desse movimento? De que maneira a militância negra movimenta e mobiliza seus espaços-tempos para o combate ao racismo na educação? De que modo a categoria “negro” é concebida na agenda política do movimento negro? Quais implicações o movimento negro tem produzido no contexto da educação escolar? São questões que o autor responde de forma crítica ao longo de cada capítulo do livro. Leia Mais

AMABA: O esquecido círculo de cultura da Aracaju dos anos de 1980 | Zezito Oliveira

Zezito Oliveira Imagem Blog da Acao Cultural 2
Zezito Oliveira | Imagem: Blog da Ação Cultural

O livro “AMABA: O esquecido círculo de cultura da Aracaju dos anos de 1980”, de Zezito Oliveira, foi lançado em 2021, contando com o apoio financeiro da Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe – FUNCAP, por meio  da Lei Aldir Blanc. Dividido em quinze capítulos, seu conteúdo registra as iniciativas artístico-culturais da Associação de Moradores e Amigos do Bairro América, no período de 1983 a 1990, a partir de fontes documentais (relatórios, ofícios, cartazes e fotos produzidos pela entidade), fontes orais (entrevistas a personagens que vivenciaram a trajetória da entidade) e bibliografia afim (artigos e livros na forma física e digital).

CH Resenhistas 7Antes de adentrar na temática, o autor reserva os capítulos I e II a um breve histórico da formação do bairro  utilizando-se de um livro autoral (Rocha e Corrêa, 2009) e de uma monografia de conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo (Ramalho, 2016). O capítulo III trata do nascimento da Associação (1983) motivada, principalmente, pela luta contra a poluição da Fábrica de Cimento Portland, situada nas proximidades. Cita nomes da primeira diretoria e as sucessivas mudanças na sua composição, a luta e a conquista da sede própria, as mobilizações em torno do transporte coletivo, infraestrutura urbana, creche, escola, alfabetização de crianças e adultos, e a participação em encontros e congressos nacionais. Chama a atenção o registro do trabalho de conscientização comunitária a respeito da importância da Constituinte de 1986-87 e o engajamento em movimentos populares, como o dos Sem-Teto e dos Meninos e Meninas de Rua. Conclui listando as iniciativas artístico-culturais da entidade, grande parte em parceria com órgãos públicos. Leia Mais

Um feminismo decolonial | Françoise Vergès

Francoise Verges 2021 Imagem Anthony FrancinDivulgacao
Françoise Vergès (2020) | Imagem: Anthony Francin/Divulgação

Un féminisme décolonial, [Um Feminismo Decolonial], de Françoise Vergés, reivindica uma teoria multidimensional do movimento feminista: antirracista, antipatriarcal, anticolonial e anticapitalista. O livro também tece críticas ao movimento feminista civilizatório. Apresentado inicialmente por Flávia Rios, no texto ‘Por um feminismo radical’, traduzido por Jamille Pinheiro Dias e Raquel Camargo. A obra é construída por um prefácio à edição brasileira, da própria autora, uma introdução – “Invisíveis, elas “abrem a cidade” – e dois capítulos: “Definir um campo: o Feminismo Decolonial” e “A evolução para um feminismo civilizatório do século XXI”. O livro resulta dos estudos da autora sobre o pensamento feminista e a decolonialidade, publicado originariamente na França, em 2019, e lançado em português, no Brasil, pela Ubu Editora, em 2020.

Um Feminismo DecolonialFrançoise Vergés é cientista política, historiadora, ativista e especialista em estudos pós-coloniais. Graduou-se em Ciências Políticas e Estudos Feministas na San Diego State University (1989) e tornou-se PhD em Teoria Política pela Berkeley University of California (1995) com a tese “Monsters and Revolutionaries: Colonial Family Romance and Métissage” [Monstros e revolucionários: o romance e a mestiçagem da família colonial] (Duke University Press, 1999). Vergés lecionou na Sussex University e na Goldsmiths College (Inglaterra). De 2009 a 2012, presidiu o comitê nacional francês de preservação da memória e da história da escravidão. Entre 2014 e 2018, foi titular do programa Global South(s) no Collège d’études mondiales da Fondation Maison des Sciences de l’Homme e publicou diversos artigos sobre Frantz Fanon, Aimé Césaire, abolicionismo, psiquiatria colonial e pós-colonial, memória da escravidão, processos de creolização no Oceano Índico e novas formas de colonização e racialização. Trabalha regularmente com artistas, tendo sido coautora dos documentários “Aimé Césaire face aux révoltes du monde” [Aimé Césaire em face das revoltas do mundo] e “Maryse Condé: une voix singulière” [Maryse Condé: uma voz singular] (Jérôme-Cécile Auffret, 2002; Paris Triennale, 2012). Vergé também organizou as exposições “L’Esclave au Louvre: une humanité invisible” [O escravo no Louvre: uma humanidade invisível] (Museu do Louvre, 2013), “Dix femmes puissantes” [Dez mulheres poderosas], (2013), e “Haiti, medo dos opressores, esperança dos oprimidos” (2014), ambas para o Mémorial de l’abolition de l’esclavage, de Nantes. (p.139-140) Leia Mais

A Campanha Abolicionista (1879-1888) | Evaristo de Moraes

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Antônio Evaristo de Moraes | Imagem: Blog do Pedro Eloi

A abolição da escravidão, no Brasil, é uma questão de extrema relevância não só para os estudantes da História, mas para a sociedade como um todo. Este, foi o maior movimento negro e popular da história do país. Por isso, “A Campanha abolicionista (1879-1888), escrito há quase cem anos, por Antônio Evaristo de Moraes é leitura obrigatória porque o seu objetivo principal é apresentar, aos seus leitores contemporâneos e aos futuros leitores, os vários aspectos da campanha abolicionista, de maneira técnica, ou seja, como Moraes mesmo mencionou, não é um livro apenas para os “campeões da abolição”, “nem aos sustentadores da necessidade temporária da Escravidão” (p. 22).  Assim, olhar do historiador Evaristo de Moraes é técnico e busca interpretar a história da abolição da escravidão no Brasil de tal forma.

A Campanha Abolicionista Evaristo de MoraesÀ época da escrita desse livro, Evaristo de Morais era um jovem abolicionista, jornalista, advogado e professor que, aos dezesseis anos de idade, esteve presente nas comemorações alusivas à assinatura da Lei Aurea, pela princesa regente, Isabel de Bragança. Nascido na cidade do Rio de Janeiro, em 26 de outubro de 1871, o mulato era (para os padrões da época) pertencente a uma família de classe média. Nos primeiros anos da vida escolar, Moraes estudou no Colégio de São Bento e foi aluno dos notáveis Clóvis Bevilaqua, Tobias Barreto, Sílvio Romero, Artur Orlando da Silva, dentre outros. Em 1888, já era professor de português, jornalista e abolicionista. Leia Mais

Manual didático do professor de História: História local e Aprendizagem significativa | Moisés Reis

Ilustracao de Mateus Oliveira Queiroz para o Manual didatico do professor de Historia Historia local e aprendizagem significativa.
Ilustração de Mateus Oliveira Queiroz para o Manual didático do professor de História História local e aprendizagem significativa.

Manual Didático do professor de História: História local e Aprendizagem significativa, de Moisés Santos Reis Amaral, propõe metodologias ativas para o ensino de História com o uso das modernas tecnologias na educação básica a fim de aproximar o estudante e a atualidade e de envolvê-lo no processo de ensino-aprendizagem. Essa tarefa, segundo o autor, exige formação continuada numa guinada para a criticidade e a interação.

Manual didatico MoisesO livro aborda a história local do município de Fátima-BA, lugar onde o autor trabalha como professor da rede municipal de ensino. Ele é graduado em História pelo Centro Universitário Ages, especializado em História e Cultura Afro-brasileira pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci e Mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Amaral também passou temporada na rede particular de ensino e atua como tutor e palestrante nas áreas de Educação, Ensino de História e Geografia. Leia Mais

Os militares e a crise brasileira | João Roberto Martins Filho

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João Roberto Martins Filho | Foto: Gabriela Di Bela/The Intercept

Os militares e a crise brasileira é uma obra escrita a muitas mãos como declara o seu apresentador e organizador, o cientista político, João Roberto Martins Filho. São pesquisadores das ciências sociais e humanas que destrincham, com análises e evidências consistentes, o emaranhado em que nos encontramos, desde a retomada, em alta intensidade, da ação política das Forças Armadas quando vislumbraram em Jair Bolsonaro, o capitão “dono de uma fé de ofício pobre, reprovável, brutal e curta”, o representante para liderar a agenda autoritária que estava em latência desde o fim da ditadura militar que oprimiu o Brasil, de 1964 até 1985.

Os militares e a crise brasileiraOs responsáveis pelos quinze textos da coletânea são parte significativa do conjunto de estudiosos sobre as Forças Armadas. Muitos estão conectados à Associação Brasileira de Estudos de Defesa (ABED) e a maioria têm larga produção acadêmica na área. O livro é composto por quinze capítulos e uma entrevista com Héctor Saint-Pierre, concedida à Ana Penido. Na fala, esse especialista discorre sobre papel desempenhado pelas Forças Armadas no contexto internacional a partir de três temas: a autonomia diante do Estado e sua relação com a democracia; as percepções de hegemonia regional; e os conceitos de inimigo na dinâmica de guerra e paz. Leia Mais

Eric Hobsbawm: uma vida na história | Richard J. Evans

Richard Evans Foto Philipp Ebellin

Richard Evans Foto Philipp Ebellin

Alguns sobrenomes possuem uma grafia difícil de ser executada corretamente, sendo esse o caso de “Hobsbaum”, geralmente escrito com “u”, que designa o historiador Eric John Ernest Hobsbawm, inglês nascido na cidade de Alexandria em 1917, filho de pai britânico e mãe austríaca, ambos judeus. Contudo, a versão de Eric Hobsbawm – que, durante seu registro, teve, erroneamente, o “w” colocado ao invés do “u” – dificilmente será esquecida graças às obras que ele assina e à biografia em que ele mesmo se apresenta como título. Referimo-nos à obra Eric Hobsbawm: uma vida na história, escrita por Richard Evans e lançada, no Brasil, em 2021.

Eric Hobsbawm uma vida na historiaEvans é especialista em história europeia dos séculos XIX e XX, com foco nos estudos sobre a Alemanha nazista. Foi professor da Universidade de Cambridge e autor de diversos livros, com destaque para a trilogia O Terceiro Reich. Em sua obra mais recente, Evans traz a trajetória de uma figura cosmopolita desde suas origens, alguém que conheceu e foi conhecido em todos os continentes. Não se trata de uma biografia produzida para responder um problema, tampouco de um texto que procura engrandecer ou detratar a imagem do biografado. O objetivo do livro é situar a vida de Hobsbawm e sua atuação como historiador no contexto do século XX; trata-se de apresentá-lo ao mundo do século XXI através de suas “próprias palavras” (p.10). Leia Mais

BNCC de História nos Estados: o futuro do presente | Ângela R. Ferreira, Antonio S. de Almeida Neto, Caio F. F. Adan, Carlos A. L. Ferreira, Paulo E. D. de Mello e Olavo P. Soares

BNCC de Historia nos Estados Detalhe de capa Arte da capa Carole Kummecke
BNCC de História nos Estados (Detalhe de capa) | Arte da capa: Carole Kümmecke

No final do ano passado (2021), a Editora Fi lançou BNCC de História nos Estados: o futuro do presente, reunindo estudos de 25 autores, a maioria dos quais atua em programas de pós-graduação em História, Ensino de História e Educação. Apenas dois são professores da educação básica e os demais são formadores de professores. O livro comunica os trabalhos apresentados no “Ciclo de Debates” (de mesmo título), organizado pelas Universidades Federais de Alfenas (UNIFAL), Espírito Santo (UFES), São Paulo (UNIFESP) e a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), no segundo semestre de 2021, com grande aderência de público em mais de 300 cidades de 26 entes federados (p.12).

BNCC de Historia nos EstadosA publicação já nasce referência. É uma peça crítica à Base Nacional Curricular Comum (BNCC) e às bases curriculares de cada Estado. Além de dar publicidade desses dispositivos na rede mundial de computadores (prática que, há dez anos, seria uma via crucis para o pesquisador), põe a nu alguns “vieses de confirmação” dos nossos colegas da área. Por essas razões, o livro merece ser lido e criticado. Ele oportuniza a discussão e, com muita boa vontade, o avanço da qualidade das políticas públicas para o Ensino de História, seja em termos de formação docente, seja em termos de formação escolar. Leia Mais

Malinos, zuadentos, andejos e sibites: o Aribé nos anos 70 e 80 | Teresa Cristina Cerqueira da Graça

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Andrea Moura e Tereza Cristina Cerqueira da Graça | Imagem: Pra Você Saber

Alguns personagens malignos, barulhentos, errantes, atrevidos e habitantes do bairro Siqueira Campos, na cidade de Aracaju (SE) são o objeto do novo livro de Tereza Cristina Cerqueira da Graça. Essa é a mensagem, traduzida em português culto, que o pitoresco título quer transmitir. Trata-se de uma memória de pessoas para registro da memória de uma pessoa, que é Teresa Cristina Cerqueira da Graça, historiadora da cultura, “malina”, “zuadenta”, “andeja”, “sibite” e moradora do bairro Aribé (oficialmente, Siqueira Campos), durante dois terços de sua vida.

Malinos zuadentosÉ livro desafiador para os nossos tempos acelerados. Quinhentas e três páginas. Uma semana de leitura para quem dedica um turno diário. Lourival Santana foi feliz em seu prefácio. Escreveu pouco, usou convenções – “relato de memórias”, “acurada pesquisa histórica” sobre o “cotidiano de Aracaju”, baseado “em fontes primárias”, escrito em “estilo simples”, que incorporou o depoimento de “quase 120 pessoas”, “trouxe de volta objeto brincadeiras, lugares, cenários e pessoas”, vai “encher os olhos e a alma da geração da época” e despertar a “curiosidade dos jovens do presente”. Leia Mais

Boletim Historiar. São Critóvão, v.9, n.02, 2022.

Historiar UFS

Abr./Jun. 2022 – Boletim Historiar

Imagem: Mulher chorando (1937), de Pablo Picasso

Artigos

Publicado: 2022-07-01

A cultura dos jogo | Domínios da Imagem | 2022

Numero de desenvolvedoras de jogos digitais cresceu para 375 no ano passado no Brasil Imagem
Número de desenvolvedoras de jogos digitais cresceu para 375 no ano passado no Brasil | Imagem: Divulgação/VIP/Exame

Foi com muito prazer que aceitamos o convite e o desafio para organizarmos o Dossiê “A cultura dos jogos”. Em primeiro lugar, por sermos da área de antropologia e, em segundo lugar por termos sido reconhecidas pelos editores da revista como pesquisadoras de games.

Assim, após realizarmos a leitura e seleção dos artigos iremos apresentar os artigos selecionados, mas também aproveitando para retribuir o convite tecendo uma breve reflexão a fim de contribuir para os estudos dos games no Brasil, em função do crescimento do consumo desse tipo de conteúdo digital audiovisual entre nós que tem levado milhões de pessoas a se interessarem e a se envolverem com jogos, sejam como jogadores casuais, ou como jogadores profissionais. Leia Mais

Domínios da Imagem. Londrina, v.16, n. 29, 2022.

RC Capa Revista 300 x 200 11

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Apresentação

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Artigos do dossiê

Artigos gerais

Entrevista

Pesquisas seminais

 

Júlia: nos campos conflagrados do Senhor | Bernardo Kucinski

Bernardo Kucinski Foto Marcos SantosUSP ImagensCult
Bernardo Kucinski | Foto: Marcos Santos/USP Imagens/Cult

“[…] quem pretende se aproximar do próprio passado soterrado deve agir como um homem que escava” (BENJAMIN, 2000, p. 239).

Narrada em terceira pessoa, a novela Júlia: nos campos conflagrados do Senhor, de Bernardo Kucinski, publicada pela editora Alameda, em 2020, retrata a história de uma bióloga que, por um acaso, acaba se debruçando no passado de sua família, até então desconhecido pela jovem. Após o falecimento de seus pais, Júlia, assim como é denominada na narrativa, entra em conflito com seus irmãos Beto e Jair para não vender um luxuoso apartamento que ganhara de herança paterna, pois esse imóvel guardava as memórias afetivas da personagem.

Decidida a não vender seu aposento, essa bióloga compra a parte da herança de seus irmãos. No entanto, por conta de seu doutorado em Londres, ela resolve alugá-lo a Daniel, um pesquisador que conhecera no Instituto Biológico. Esse homem, além de sentir-se o dono do imóvel, acabou deteriorando toda a morada dela. Ao ver tal reação do inquilino, a personagem, depois de vários acordos, consegue despejá-lo de seus aposentos.

Como o apartamento estava bastante danificado, a protagonista decide fazer uma reforma naquele lugar. Durante esse período de reparação de seu imóvel, Júlia encontra uma caixa de fuzil, a qual desperta a sua curiosidade. Ao abrir tal objeto, ela encontra umas cartas que revelam não só a participação de seu pai, o engenheiro Durval, na luta contra o regime militar, mas também o envolvimento de religiosos da igreja católica: uns que colaboravam com o autoritarismo, encobriam mortes e colocavam crianças sequestradas para adoção; outros que tentavam impedir as barbaridades cometidas pelos militares. A descoberta dessas correspondências representa a história de um passado obscuro, que até então a personagem não conhecia, como podemos perceber no fragmento abaixo:

Júlia larga os papéis no meio da leitura. Então era isso que acontecia no Brasil? E o pai sabia de tudo isso? E a mãe será que sabia? E o Beto? Estarrecida, retoma a leitura. […] Ao terminar, noite alta, Júlia sente que descobriu um outro país- e um outro pai. Nunca imaginou atrocidades dessas no Brasil (KUCINSKI, 2020, p. 45).

Por meio dessas cartas, a bióloga descobre que fora adotada por sua família. Esse fato a deixa muito aflita. Isto porque ela percebe que vivera uma farsa durante toda a sua vida, no entanto, mesmo angustiada por saber que era filha adotiva, a personagem decide ir em busca de sua verdadeira história.

Nesse percurso pela busca de seu passado, Júlia encontra Magno, um delegado da Polícia de Santos, que ajudava o pai da bióloga tanto com o repasse de informações acerca de alguns presos políticos, quanto em atividades contra o governo. Através desse homem, ela conhece Paula Rocha, uma jornalista bastante conceituada na área do jornalismo, a qual havia sido perseguida durante o regime, devido a algumas reportagens sobre o tráfico de bebês praticados por membros religiosos, em parceria com militares.

Por meio do contato com a repórter, a jovem bióloga toma conhecimento de que é fruto de um relacionamento extraconjugal entre seu pai e Maria do Rosário, uma jovem enfermeira e ex-militante, criada pelas madres do Orfanato e Casa Maternal São Vicente de Paula.

Além disso, a personagem descobre não só que a sua mãe biológica havia sido presa, torturada e morta pelos agentes da repressão, mas também que a sua avó materna, de nome Maria das Dores, havia sido abusada sexualmente por Felipe Mesquita, um agente colaborador da ditadura.

Desse estupro, essa mulher engravida e, assim que tem a criança, é forçada pelo seu agressor a deixar o bebê em um orfanato. Vejamos: “– Foi o patrãozinho que me forçou, o mais taludo deles o Felipe, a depois nem não quis saber do bebê. […] era para entregar pras madres” (KUCINSKI, 2020, p. 95-96).

Essa criança, a qual a mulher havia entregue no orfanato, era Maria do Rosário. Inclusive, na página final da narrativa, há um trecho bastante significativo que serve de pista para o leitor compreender a violência traumática e autoritária sofrida tanto por Júlia, por Maria do Rosário, quanto por Maria das Dores. Vejamos: “Em vez de encontrar a mãe, encontrou uma tragédia, que também era sua, que passava a ser sua. Uma tragédia atravessando três gerações” (KUCINSKI, 2020, p.181). A narrativa termina com a bióloga indo atrás de sua avó para contar- lhe que a filha por quem chorava tanto, tornara-se uma moça linda, inteligente, boa e que teve uma vida curta.

Através de uma linguagem simples e bastante cativante ao leitor, Kucinski aborda um passado que permanece com suas feridas abertas, pois ao trazer para o centro da narrativa uma jovem, em busca de sua história, o autor mostra-nos a necessidade de olharmos para esse passado, a fim de não só conhecê-lo, mas também de analisar criticamente a densidade simbólica da violência autoritária vivida pelas vítimas da ditadura e seus familiares, pois como bem afirma Gagnebin (2006, p. 47):

A rememoração também significa uma atenção precisa ao presente, em particular a estas estranhas ressurgências do passado no presente, pois não se trata somente de não se esquecer do passado, mas também de agir sobre o presente. A fidelidade ao passado, não sendo um fim em si, visa à transformação do presente.

Ao dialogar com a pensadora acima, percebe-se que o autor, ao resgatar esse passado traumático na narrativa em estudo, busca tirar do esquecimento fatos que se pretendeu não só silenciar, mas também apagar da nossa história, a fim de levar o leitor a refletir sobre a violência autoritária praticada àqueles que lutaram pela utopia de um país mais democrático.

À medida que Kucinski configura o horror perpetrado durante a ditadura em sua obra, também mostra que “[…] enquanto a sociedade não assimilar e superar inteiramente a dor do que viveu, suas perplexidades e fragilidades serão estendidas” (GINZSBURG, 2004, p. 56). Na narrativa em estudo, as marcas desse passado dolorido e violento atingem não somente os pais de Júlia e a sua avó Maria das Dores, mas também a própria personagem, pois ela é vítima de um “trauma sequencial3 ”, ou seja, a personagem carrega as cicatrizes provocadas por esse passado violento.

Outro ponto perceptível, na obra de Kucinski, é a naturalização da violência como um grave sintoma social. Isto porque, quando olhamos a história de Maria das Dores e de sua filha Maria do Rosário, percebemos que a impunidade das agressões sofridas por essas duas mulheres provoca “[…] uma sinistra escalada de práticas abusivas por parte dos poderes públicos, que deveriam proteger os cidadãos e garantir a paz” (KEHL, 2010, p. 124).

Enfim, Júlia: nos campos conflagrados do Senhor insere-se num conjunto de narrativas ficcionais que busca “[…] contestar o discurso oficial nunca totalmente desmentido e de impedir o apagamento coletivo com o qual órgãos oficiais pretenderam e ainda pretendem camuflar a história” (PEREIRA, 2020, p.123). Ao apontar para o dever de memória, o autor convida o leitor a (re)pensar sobre essa grande ferida histórica que ainda permanece aberta e impede de termos uma sociedade mais justa, democrática e menos violenta.

Nota

3 Trauma sequencial é “[…] uma experiência histórica de violência que não atinge apenas os que estão imediatamente vinculados a ela. Na mediada em que essa experiência não é superada, por vários caminhos mediados, suas marcas se prolongam para as gerações seguintes” (GINZSBURG, 2004, p.56-57).

Referências

BENJAMNIN, Walter. Rua de mão única. Obras escolhidas II. São Paulo: Brasiliense, 2000.

GAGNEBIN, James Marie. Lembrar escrever esquecer. São Paulo: Ed. 34, 2006.

GINZBURG, Jaime. Ditadura e estética do trauma: exílio e fantasmagoria. In: CORREIA, Francisco José Gomes; VIANA, Chico (Orgs.). O rosto escuro de Narciso: ensaios sobre literatura e melancolia. João Pessoa: Ideia, 2004.

KEHL, Maria Rita. Tortura e sintoma social. In: TELES, Edson; SAFATLE, Vladimir (Orgs.). O que resta da ditadura: a execução brasileira. São Paulo: Boitempo, 2010.

KUCINSKI, Bernado. Júlia: nos campos conflagrados do Senhor. São Paulo: Alameda, 2020.

PEREIRA, Helena Bonito C. Exílio e deserção em Azul Corvo, de Adriana Lisboa. In: Narrativas brasileiras contemporâneas: memórias da repressão. GOMES, Gínia Maria (Org.). Porto Alegre: Polifonia, 2020.


Resenhistas

Francisca Luana Rolim Abrantes –  Doutoranda em Linguagem e Ensino pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Mestra em Linguagem e Ensino pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). E-mail: [email protected] Lattes: http://lattes.cnpq.br/2815636040264614

José Edilson de Amorim –  Professor Titular de Literatura Brasileira da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Doutor em Letras, área de Literatura, pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Mestre em Letras na mesma área de concentração. Atua no PPGLE/UFCG e desenvolve pesquisa sobre literatura e ditadura no Brasil. E-mail: [email protected]  Lattes: http://lattes.cnpq.br/6524195105007515


Referências desta Resenha

KUCINSKI, Bernardo. Júlia: nos campos conflagrados do Senhor. São Paulo: Alameda, 2020. Resenha de: ABRANTES, Francisca Luana Rolim; AMORIM, José Edilson de. Memória e ditadura em Júlia: nos campos conflagrados do senhor, de Bernardo Kucinski. Literatura, História e Memória. Cascavel , v. 18, n. 31, p. 415-418, 2022. Acessar publicação original [DR]

Autoficção: da memória à ficção | Literatura, História e Memória | 2022

Silviano Santiago Imagem Estado de Minas
Silviano Santiago | Imagem: Estado de Minas

“A verdade não está explícita numa narrativa ficcional, está sempre implícita, recoberta pela capa da mentira, da ficção. No entanto, é a mentira, ou a ficção, que narra poeticamente a verdade ao leitor”1 .

Silviano Santiago

A formação deste dossiê, proposto com o objetivo de fomentar a produção crítica e o debate sobre o tema da autoficção como escrita de si, revela, na diversidade das abordagens e obras selecionadas pelo pesquisadores, que a “A palheta da autoficção é variada e é isso que constitui sua riqueza”2 . É, ainda, um caminho aberto a inovações dos autores tanto na ficção quanto na poesia e em outras manifestações da arte, em que “a narrativa de si é sempre modelagem, roteirização romanesca da própria vida”3 .

A apresentação de pesquisas e debates em eventos científicos da área de estudos da literatura e cultura indica que, como estratégia de escrita de si, o tema ainda está longe de ter sido esgotado, ao contrário, a pluralidade de soluções adotadas pelos narradores revela que o caminho está aberto tanto a inovações na ficção como na poesia e em outras artes e que, após mais de 30 anos do surgimento do termo, a definição de autoficção ainda constitui uma aventura teórica4 . Leia Mais

História da Arte e da Cultura. Campinas, v.3, n.1, 2022.

Historia da Arte e da Cultura

Capa: Paul Chabas, Ninfa loira, s.d. Óleo sobre tela, 61,4 x 50,5 cm, Museu de Arte de São Paulo.

ARTIGOS

RESENHAS

PUBLICADO: 2022-06-30

Revista Eletrônica da ANPHLAC. São Paulo, v.22, n., 33, 2022.

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Revista Eletrônica da ANPHLAC

Apresentação

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Resenhas

Publicado: 2022-06-30

Migrant City: A New History of London | Panilos Panayi

Panilos Panayi Imagem Times Higher Education
Panilos Panayi | Imagem: Times Higher Education

According to a survey carried out by the National Federation of Fish Fryers in the 1960s, the first fish and chip shop was opened by Joseph Malins in 1860 on Old Ford Road in the East End of London (p. 234). The combination of the fried fish that had been sold and eaten in the Jewish East End since the early nineteenth century with chips created what became a quintessentially British meal. This is one of many examples included in Panikos Panayi’s Migrant City: A New History of London of how migrants have contributed to the culture and economy of London and in turn the United Kingdom.

Panayi makes clear the crucial role that migrants have played in the development of London as a global centre of trade, finance, culture, and politics. He ties this to London’s status as both the centre of a global empire and the largest city in the world for much of the nineteenth and twentieth centuries. More than half of migrants arriving in the United Kingdom from abroad moved to London, whose history of migration stretches back to its Roman founding. London, therefore, had long been cosmopolitan and by the late twentieth century had become ‘super-diverse’, with residents born in more than 179 countries, many beyond Europe or the former British Empire. Leia Mais

Religiões e religiosidades na Amazônia: dinamismo e resistências | Canoa do Tempo | 2022

O estudo das religiões e religiosidades têm ganhado novo fôlego no Brasil. Frustradas asteses da secularização, cresceu sobremaneira em todo o país o interesse pelo religioso e nos ambientes universitários, progressivamente, se organizam novos grupos, laboratórios e linhas de pesquisa. De modo geral, os muitos “reavivamentos” serviram também para gestar novas gerações de estudiosos da religião e com elas novos problemas teórico-metodológicos e novos objetos têm emergido.

Esse movimento, ainda tímido na Amazônia, parece estar ganhando forma e apenas isso já justificaria este dossiê.3 Mas vale lembrar também que aqui, como em outros lugares da América Latina, o panorama religioso tem mudado (e num ritmo cada vez mais acelerado),4 não raro encenando tensões entre os interiores do país e as grandes cidades e capitais, entre tradições e modernidades5 : com a força ainda muito atuante do catolicismo (em suas formas populares e no apelo renovado a uma teologia crítica), além da afirmação (muito recente, mas nada insignificante) das religiões afroindígenas, das tradições ayahuasqueiras e até mesmo dos kardecistas. E mesmo diante do crescimento dos evangélicos (sobretudo pentecostais), outras epistemologias têm entrado em cena, adensando, em meio aos “sopros do espírito” e “rumores de anjos”, algumas leituras problematizadoras da força das religiões e religiosidades na esfera pública e na vida privada das pessoas.6 Leia Mais

ArtCultura. Uberlândia, v.14, 2022.

Apresentação

Dossiê-Religiões e religiosidades na Amazônia: dinamismo e resistências

Publicado: 2022-06-29

A cultura cinematográfica e sua história | Faces da História | 2022

Paulo Emilio Salles Gomes em aula na USP Acervo Cinemateca Brasileira Imagem O homem que amava o cinema e nos que o amavamos tantosRevista Cult.

Paulo Emílio Salles Gomes em aula na USP (Acervo Cinemateca Brasileira) | Imagem: O homem que amava o cinema e nós que o amávamos tantos/Revista Cult.

Não se faz cinema sem cultura

cinematográfica e uma cultura viva

exige simultaneamente o conhecimento

do passado, a compreensão do presente

e uma perspectiva para o futuro

(Suplemento Literário do jornal OESP,

23 mar. 1957)

Funções da Cinemateca,

Paulo Emílio Sales Gomes

Para José Inácio de Melo Souza (Cinemateca Brasileira), pesquisador incansável da cultura cinematográfica.

Existem diferentes formas de começar um texto sobre o fenômeno cultural de massa que encantou gerações, comoveu audiências e participou da invenção da vida moderna. Na substituição das antigas formas artesanais de diversão, eruditas e populares, os filmes suscitaram a profunda transformação de diferentes práticas sociais como rituais, comportamentos, simbologias e ideias que, sujeitas à atmosfera de diferentes épocas e contextos geopolíticos, foram transmitidas de geração em geração em diferentes grupos humanos. De todos eles, os rastros mais quentes podem ser encontrados nas trajetórias intelectuais de críticos, cronistas e historiadores que participaram da formação da cultura cinematográfica: os primeiros, implicados no sucesso artístico ou comercial dos filmes; os historiadores, concentrados na preservação e difusão do patrimônio cultural cinematográfico. Leia Mais

Novas tecnologias e ensino de história | Revista Historiar | 2022

Detalhe de capa de Relacoes Etnico Raciais no Contexto Quilombola Curriculo Docencia e Tecnologia de Ana Carolina Mota da Costa Batista Apris 2020.
Detalhe de capa de Relações Étnico-Raciais no Contexto Quilombola Currículo, Docência e Tecnologia, de Ana Carolina Mota da Costa Batista (Apris, 2020).

A relação entre a História e a Internet não é algo tão novo quanto alguns podem supor. Na década de 1990, por exemplo, pesquisadores americanos já discutiam o uso da internet como fonte e ferramenta de pesquisa, como suporte de memórias e espaço de divulgação de trabalhos acadêmicos, e analisavam os impactos do uso dessas novas tecnologias nas noções de tempo e espaço. Desde então, começaram a surgir reflexões sobre a própria escrita da História, agora perpassada pela rede mundial de computadores.

Em 2001, Rolando Minutti, professor de História Moderna da Universidade de Florença, publicou um livro que iniciou um debate que se esboçava à época, destacando as dúvidas e expectativas dos historiadores em relação ao que se chamava de “revolução digital”. Estes debates seguiram na direção de analisar quais seriam os desdobramentos da Internet nos estudos de História (LUCCHESI, 2012). Leia Mais